Capitulo três - O diário do filho das sombras.

Três anos passaram desde a destruição de meu pai, o Conde Drácula, desde então me pergunto se realmente valeu a pena...

Ha trezentos anos, venho lutando pelos humanos, pelo bem deles... Duas vezes impedi o domínio do mau sobre o planeta, mas nunca recebi nada em troca...

Tento ajuda-los, mas o que ganho com isso?

Sombras...

Solidão...

Rejeição...

Minha raça esta extinta... Ha alguns anos isso seria um conforto, mas agora... Eu não sei bem o que acontece comigo.

Uma vida inteira lutando contra a minha própria raça, protegendo a quem me odeia, rejeitando a quem me adoraria.

"O que é um humano? Humanos não passam de uma sub-raça, uma evolução destrutiva, uma miserável pilha de segredos obscuros e tão maus quanto nos, meu filho..." dizia meu pai, Conde Drácula "rei" dos vampiros.

"Alucard... ouça... não odeie os humanos! Humanos são seres maravilhosos, apenas são fantoches por serem ignorantes. Eles ainda não sabem do que são capazes, são um dom de deus..." dizia minha mãe, mortal...

Sei que não deveria, mas sinto-me dividido. Eu só gostaria de ser aceito, por todo o bem que os fiz.

Estou morando agora numa pequena cabana, perto de um vilarejo. Como já era de se esperar, eles tem medo de mim.

Qual ser humano não teria medo de um "homem" que vaga pela noite com uma capa, não desejando ser reconhecido?

E alem de tudo... Um homem que alimenta-se de seus animais...

Meu corpo pede por sangue, não consigo negar... para não matar pessoas, alimento-me do sangue dos animais.

"Que humilhante!" Meu pai pensaria, mas eu não tenho escolha... terei de viver assim o resto da eternidade, ou então...

Antes de terminar de escrever suas palavras, Alucard sente uma presença diferente, porem familiar. Logo uma luz forte tomou conta da cabana, apagando a vela que estava sobre a escrivaninha.

Alucard toma uma posição defensiva, até que a luz tomou uma forma assustadora.

"Alucard..." disse a criatura com um tom tenebroso

"O que quer aqui, criatura!"

"Senti que sua alma está cheia de duvidas quanto à essência humana, por isso..."

"Achei que havia te destruído!" interrompeu o vampiro

O estranho ser da uma gargalhada cheia de sarcasmo.

"Acha mesmo que iria derrotar a morte?"

Sim, a Morte. Braço direito do conde drácula, uma figura assustadora. Um esqueleto vestido num grande manto azul, com capuz, carregava uma grande foice de prata onde "ceifava" as almas humanas.

"Tolo! O que te leva a pensar assim?"

"Maldito seja..." disse Alucard "o que quer?"

"Mais uma vez, não vim te pedir para voltar ao nosso lado, mas quero apenas advertir-lhe..."

"De que?"

"Os humanos, a quem você tanto protege, estão chamando dois caçadores para te matar! Ouça o que estou te dizendo, Alucard. Eles não merecem sua compaixão..."

– Não existem mais caçadores de vampiros! – disse o vampiro indiferente

– Ah não? O que me diz daquele seu "amiguinho"?

– Belmont? – Alucard sentiu um frio correr na sua espinha...será que...

– Ah, garoto esperto... pois é ele mesmo que vem te matar!

– Vai embora, criatura do inferno! – Alucard jogou uma adaga que Morte pegou no ar.

– Não queira me enfrentar de novo, criança... adoraria te levar para reencontrar seu pai, mas não estou com a mínima vontade de faze-lo agora. – indiferente, jogou a adaga no chão

– Vá embora!

– Meu recado está dado.

A criatura sumiu diante de seus olhos, dando uma risada maligna e sarcástica.

Tomado por uma raiva tremenda, Alucard joga sua mesa no chão, derrubando assim o caderno e tudo que estava em cima dele.

O vampiro senta no chão e passa as duas mãos pelo rosto, subindo pelos longos cabelos extremamente claros. Passada a raiva, ele vê ao seu lado seu diário. Um grande livro com capa dura, sem nada na capa e paginas em branco para serem preenchidas.

Não pode ser verdade. Esse monstro é apenas uma criatura traiçoeira, manipuladora que aproveita–se das fraquezas dos homens... Não pode ser verdade, Belmont não viria me caçar...

Maria... penso nela todos os dias... como ela estará? Não iria me espantar se ela já estiver casada. Uma mulher tão linda como ela... Nunca vou esquecer da primeira vez que a vi...

Três anos atrás...

Durante minha jornada no castelo de Drácula, eu estava chegando numa sala com um grande relógio. Naquele lugar ha três passagens secretas.

Estava praticamente desarmado. Usava um escudo de bronze de péssima qualidade e uma espada curta, mas estava conseguindo matar todas aquelas criaturas.

Eu procurava por minhas armas, que haviam sido roubadas pela Morte. Poderiam estar em qualquer lugar daquele castelo.

Foi quando cruzei aquela porta e deparei-me com aqueles olhos verdes. Não parecia assustada, nem perdida. O que uma humana de aparência tão frágil estaria fazendo num lugar como aqueles, sozinha?

Espere um momento! Você parece humano... mas... O que faz aqui? – ela perguntou curiosamente. Eu não consegui responder, fiquei parado alguns segundos apenas contemplando aquele rosto tão angelical, tão doce...

Eu vim para destruir este castelo. – respondi

Então nós temos o mesmo propósito... Confiarei em você por enquanto. Sou Maria, qual seu nome?

...Alucard...

Não é muito falante, posso ver... bom, tenho que ir... talvez nos encontremos logo, isto se você sobreviver... adeus!

Ela deu as costas e saiu... eu não sei o que aconteceu comigo na hora, mas não tive coragem de segui–la. Quando resolvi ir atrás, já era tarde demais... ela sumira diante daqueles corredores...

XxXxXxx

Há dois anos não a vejo, mas posso lembrar de cada detalhe do seu rosto angelical... Seus longos cabelos dourados como o sol, caindo sobre os ombros, seus olhos verdes, sua pele alva como a luz da lua. Sua voz, adulta e sensual.

Hoje...contento–me com lembranças...

XxXxXxXxX

Maria e Richter foram a casa de William, contar o que haviam visto na casa. O homem já estava melhor, porem seus olhos cansados...

Acomodaram–se na sala, Belmont cedeu a outra poltrona a Maria e puxou uma cadeira da mesa de jantar.

Richter não pode deixar de reparar em como Samara era bonita. Ficava a observar a mulher enquanto ela cuidava do filho.

– Richter! – disse Maria impaciente

– Hã? – Richter despertou

– Já é a terceira vez que o chamo! – reclamou Maria

– Perdão...

– Ela está atrapalhando? – perguntou William apontando para a esposa

– De jeito nenhum! Eu...apenas me distraí...

– Então vamos ao que interessa. – cortou Maria – Não achamos ninguém na casa, como o senhor havia dito. Mas achamos algumas coisas estranhas.

– Estranhas? Como? – perguntou o homem

– A casa era muito simples. Bem pobre. Mas encontramos objetos e moveis bem caros. – disse Richter – um tapete, a escrivaninha de madeira de lei, baús muito bonitos, um repleto de livros. Realmente esse individuo é muito suspeito. Precisamos investiga–lo mais a fundo.

Então um rapaz aparece na janela. Tinha um cajado nas mãos, seus cabelos era dourados.

– Senhor! Achamos outro animal morto! – disse o rapaz de aproximadamente dezesseis anos

– Ora... enterre–o!

– Acho melhor verem! Está totalmente sem sangue e com duas marcas cravadas no pescoço.

Maria e Richter entreolharam–se.

Foram direto ao pasto, onde num arbusto encontraram o corpo do animal.

– Moça, o cheiro está muito forte... – disse o rapaz

– Não me importo, já vi coisas piores... – respondeu Maria

O jovem puxou o cadáver pelas patas. Era uma ovelha adulta, sem pelos. Moscas rodeavam o local e um forte odor exalou fazendo Maria sentir um leve enjôo.

Tapando o nariz com um lenço, Richter abaixa ao lado do animal, tentando observar o pescoço.

– Aqui está... – disse Richter

Maria sentiu seu coração pulsar mais rápido. Ficou alegre, agora sim suas suspeitas aumentavam quanto a existência de um vampiro no local.

– Maria... venha ver... – disse Richter

– Preciso mesmo? – ela perguntou

– Claro! Que foi? Está com nojo? Não disse que havia visto coisas piores? – ironizou

– Duvida que realmente vi? – retrucou Maria abaixando–se com raiva ao lado do animal

– Não! – respondeu Richter seriamente – vamos logo ver esse bicho antes que escureça...

Maria viu as marcas no pescoço da ovelha.

– Morcegos? – perguntou Richter

– Não, a distancia entre os dentes é grande para ser morcego...

– Sim, e não há morcegos por aqui... – comentou William

– Entendo... Maria... – Richter levantou–se e estendeu a mão para Maria levantar – temos de traçar um plano para pegar essa coisa. Teremos uma longa noite pela frente... caçando vampiros...

Maria levantou–se num pulo e deu uma risada satisfeita.

– Então vamos nos reunir logo antes que escureça! – disse William olhando para o céu e vendo que já estava quase escurecendo – Arthur, amanha você dá um fim nesse bicho... – disse para o rapaz

Continua...