I - Onde está Bichento?

Aquele dia das bruxas prometia ser o melhor de todos, pelo menos para Rony e Harry. Já Hermione estava preocupada com Bichento, pois havia duas semanas que ele sumira e voltava de vez em nunca para o dormitório.

– Com certeza arranjou uma namorada e devem estar por aí – Rony sugeriu, desinteressado, naquele café da manhã.

– Bem, eu sei que os gatos são animais independentes, mas o Bichento nunca deixou de passar a noite no dormitório... – Hermione tentou não parecer nervosa.

– Sempre achei gatos bichos traiçoeiros – Rony falou sem pensar – Só gostam do lugar em que moram e não do dono... – parou quando viu o olhar de censura de Harry e a expressão de tristeza de Hermione.

– Bichento já demonstrou que gosta de todos aqui, Mione – Harry tentou consolá-la – Ele nos ajudou com o Sirius, lembra? – diante de uma fungada de Hermione, ele propôs:

– Vamos procurar por ele, temos o dia livre.

Rony soltou um muxoxo e Hermione ralhou.

– Não precisa ir se não quiser! Podemos achar Bichento sem a sua ajuda!

– Só falta procurarmos por esse gato e ele estar metido no Salão Principal! – ele cogitou.

– Rony, Bichento sequer dormiu na Grifinória hoje!

Do

outro lado do salão, mais precisamente na mesa da Sonserina, Draco Malfoy ouvia entediado uma conversa entre Pansy Parkinson e Emilia Bulstrode, enquanto tomava seu café.

– Não sei como ela conseguiu sair da Sala Comunal, eu sempre a deixava lá e agora ela sumiu! E ainda por cima, acho que estava prenha...

– Você não viu se ela estava com algum outro gato da Sonserina?

– Não, eu acho que foi com outro qualquer. Até coloquei umas gotas de uma poção na comida dela pra ver se não tinha os filhotes, mas acho que ela percebeu e por isso sumiu de vez.

– Pansy, não tem medo de que tenha envenenado a sua gata?

– Sophie é uma gata de raça, tem que ser mais forte do que essas vira-latas! E não tem que ficar se misturando por aí. – e se virando pra Draco, fingindo inocência – Você não quer me ajudar a procurar, Draco?

– Não vou perder meu feriado procurando uma gata pulguenta – ele se levantou, deixando Pansy ofendida – Ela deve ter ido procurar um lugar mais seguro para ter os filhotes...

Saiu sem olhar pra trás e pouco ligando para o que Pansy pensaria dele. Ultimamente Draco se sentia cansado de ser paparicado por aquela garota, sabia que ela era falsa com todos, até mesmo com ele, apesar de fazer de tudo para chamar sua atenção, talvez por ele ser de sangue puro, mas agora não fazia tanto sentido para Draco ficar com alguém apenas pelo sangue.

Ele não gostava de Pansy e as garotas da Sonserina não eram muito interessantes. Porém, seu pai sempre quis que Draco ficasse com uma sangue-puro. Tudo para perpetuar a raça em grande estilo. Como se Draco não tivesse vida própria para suas escolhas!

Perdido em seus pensamentos, ele reparou nos três alunos que fuçavam por toda parte daquele corredor. Seus alvos preferidos: Harry Potter, Hermione-sangue-ruim-Granger e Weasley, seja lá qual for seu primeiro nome. Não tendo nada melhor para fazer, resolveu praticar seu esporte favorito: provocá-los.

– Ora, ora... Sua família está tão necessitada de dinheiro pra você procurar moedinhas perdidas, Weasley?

Rony se virou para responder.

– Não se meta onde não é chamado, Malfoy. – disse ele, orelhas vermelhas. Harry parou de procurar e encarou Draco de frente.

– Deviam chamar mais gente pra ajudar, quem sabe não formam uma organização voluntária para ajudar os mais necessitados, nesse caso, os Weasley?

– Os Weasley podem não ter bens materiais, mas têm algo muito mais valioso do que dinheiro – foi Hermione quem respondeu, depois de procurar atrás da última armadura.

– É mesmo, Granger? E o que pode ser, se eles mal têm onde viver?

– Amizade e união, algo que você com certeza nem sabe o que é.

– E o amor não é mesmo lindo? – Draco perguntou, irônico – Não seja patética, Granger! Se vocês gostam tanto, continuem juntando lixo com sua amizade e união, quem sabe não conseguem vender material reciclável para ganhar um dinheirinho e sobreviver...

– Por que você não vai procurar os seus amigos, aquelas duas paredes? – Harry segurou Rony pelo braço e tomou a frente – Vá procurar o que fazer com eles e nos deixe em paz.

Draco ia responder, quando sentiu algo passar por suas pernas que o distraiu. Era Bichento.

– Bichento! – Hermione o pegou no colo, porém, o gato teve pressa de se desvencilhar da dona e correr novamente corredor afora.

– Parece que finalmente esse gato percebeu que você é uma sangue-ruim, Granger. – Draco riu – Saiu de perto por causa do seu cheiro.

Hermione não lhe deu atenção, mas Rony sim.

– Se tem alguém fedendo aqui, é você!

– Acho que Bichento quer que o sigamos – Hermione continuou sem dar atenção a Malfoy – Nunca o vi tão nervoso.

Logo os três passaram por Draco, Rony dando um empurrão no loiro, correndo atrás do gato. Draco não deu tanta importância e recomeçou sua caminhada.