Título: Eu Te Amo
Autora: Rayto Tsukishiro
Casal: Touya x Yukito
Avisos: Yaoi/ angst/ lemon
OBS.: Alguma explicação no fim da fic. Espero que gostem, pois essa oi a fic que mais gostei de escrever.
Declaimers: Esses personagens pertecem as maravilhosas mulheres da CLAMP, ate porque eu nao tenho competencia para cria-los! Queria eu.. e como queria...
Eu Te Amo
Parte 1: Tão Perto, Tão LongeTouya sentou-se na cama, pensativo. Há alguns dias, Yukito andava bem estranho, sempre cansado e com sono e seu apetite, então, estava cada dia pior, não que Yukito comesse pouco sempre, mas nos últimos tempos sua fome vinha realmente sendo exagerada.
Na verdade sentia que alguma coisa estava para acontecer. Tinha estranhos pressentimentos e a ar a sua volta começou a ficar pesado. O que estaria acontecendo, e porque logo com Yukito? Ele sabia que Yukito não era exatamente o que todos pensavam e duvidava até mesmo que o próprio soubesse toda a verdade, desconfiava que o que estava para acontecer tinha exatamente haver com isso.
Depois de alguns dias a observá-lo, Touya tinha certeza que ele não estava bem, precisava fazer alguma coisas ou iria perdê-lo para sempre, perdê-lo sem declarar seu amor e saber o que Yukito sentia com relação a ele... isso lhe causava uma grande angustia.
Olhou pra o relógio impaciente. Tinha saído mais cedo da escola e marcara com Yukito para fazerem os deveres juntos, contudo, já se passaram quase três horas e ele ainda não havia aparecido. Ligou pra a casa dele, mas ninguém atendia, resolveu então sair para procurá-lo, ele podia estar em perigo.
O primeiro lugar a ir foi ao colégio, perguntou à alguns alunos e a professores e funcionários, mas os que souberam informar por Yukito, diziam tê-lo visto há mais de quatro horas. Toya estava começando a ficar realmente preocupado.
Foi para a quadra de esportes, um colega seu havia dito que Yukito teria ido para lá logo depois da aula. Olhou em volta, procurando por alguma pista, algum sinal de seu amado e então viu. Uma mão mostrava-se logo abaixo do ultimo degrau da arquibancada do campo de futebol. Correu assustado, tinha certeza que era Yukito.
Não se enganou. Yukito estava estendido no chão, ainda com a mochila nas costas e com um dos braços estirados ao lado de seu corpo e o outro em baixo da cabeça.Touya não teve reação, ficou totalmente paralisado diante da cena e não só pelo fato de encontrar Yukito caído, mas porque viu seu braço ficar transparente e por um segundo desaparecer totalmente.
Ele abaixou e tocou-lhe o braço: sólido. Seu coração disparou, precisava fazer alguma coisa, o processo estava se adiantando demais e se continuasse dessa forma, Yukito desapareceria completamente.
Retirou a mochila e sacudiu Yukito, tentando fazê-lo acordar e ele resmungou algum coisa que Touya não entendeu, mas ficou feliz somente por ter ouvido a sua voz. Ajudou Yukito a sentar-se no chão mesmo e o puxou para um abraço.
Yukito sentiu o rosto corar, porque Touya o abraçava desse jeito? Seu coração também se acelerou e uma sensação agradável passou por seu corpo. O calor de Touya migrava para o seu corpo, se misturando e causando uma euforia que não costumava sentir e nem sabia explicar.
Com Touya não foi diferente, de supetão ele abraçou Yukito e sentiu o cheiro leve que emanava de seu cabelo e corpo, sentiu as batidas do coração dele e tinha certeza que ele sentia as do seu, pois estava mais do que acelerado, a qualquer momento poderia romper seu peito e explodir junto ao corpo de Yukito tamanha a emoção e ansiedade que sentia.
- Você está bem Yukito? – ele perguntou, afastando-se com delicadeza, tocando de leve no rosto dele.
Yukito corou mais ainda, mas nada fez para recusar o carinho de Touya e balançou a cabeça devagar dizendo que sim.
- Eu devo ter desmaiado. – ele disse esfregando os olhos.
- Eu fiquei preocupado. Você não apareceu no horário combinado para estudarmos. – Touya disse levantando-se e o ajudando a levantar-se em seguida. Pegou a mochila de Yukito e olhou bem nos olhos dele. - Você está bem mesmo?
Yukito sorriu pra Touya.
- Estou sim, Touya. – ele disse bocejando, - Só estou com um pouco de sono, mas nada que um cochilo não resolva. – Ele estendeu a mão para pegar a mochila, porém Touya a colocou nas costas.
- Eu levo pra você. – Touya disse sério. – Vou te acompanhar até em casa.
- Não precisa Touya. – Yukito disse sentindo a face corar mais uma vez, e sorriu para ele. – Desculpa não ter ido estudar e ainda por cima lhe incomodei fazendo você se preocupar e vir até aqui.
Touya desviou o olhar e continuou sério.
- Não é incomodo. – disse virando de costas e começando a caminhar. – Você nunca me incomoda.
Yukito surpreendeu-se com a última frase de seu amigo, mas Toya parecia não ter achado nada demais em suas palavras, pois continuava a caminhar e em nenhum segundo olhou para trás. Correu para alcançá-lo e foi para o estacionamento onde suas bicicletas estavam.
Toya disfarçadamente observava cada gesto, enquanto ele delicadamente desprendia a bicicleta e montava com toda sua graça nela. Temia muito perder isso, temia demais perder Yukito e faria qualquer coisa para não deixar isso acontecer.
Yukito bocejou e baixou os olhos. Touya ficou observando-o enquanto ele fechava os olhos devagar. De repente aquela visão voltou-lhe, os dedos que Yukito tinha na boca desapareciam. Ele retirou-os rapidamente, assustando Yukito que caiu de costas na cama.
- Touya? – perguntou assustado. – O que houve?
Touya desviou o olhar, seu amigo estava caído em sua frente, com as pernas abertas e olhando para ele com aquele rosto tão doce. Teve o ímpeto de pular em cima dele e aceitar o convite daqueles lábios que diziam de forma tão carinhosa seu nome. Mas controlou-se, Yukito ficaria muito assustado e teria medo se o agarrasse dessa forma, além do mais tinha certeza de que ele não iria gostar.
Forçou seu auto-controle a voltar e pegou um livro que havia caído.
- Nada. – respondeu ainda sem olhar para ele. – Vamos estudar álgebra agora.
Yukito sorriu e concordou com a sugestão do amigo. Pegou o seu livro e abriu na página que Touya indicava. Seu coração se consolava em apenas estudar com ele, mesmo que nem ele soubesse disso.
Yukito parou um pouco e ficou a olhar para Touya, assim que este passou a prestar-lhe atenção ele sorriu.
- Desculpa Touya. – ele disse ainda sorrindo.
Touya piscou os olhos.
- Mas porque está se desculpando, Yukito?
- Por deixá-lo preocupado. – Yukito parou de sorrir. – Não sei o porquê, mas eu sei que o estou preocupando. É porque eu tenho tido muito sono, Touya?
Touya fechou os olhos por um instante e tornou a abri-los. Fechou o livro e olhou bem nos olhos castanhos de Yukito. Estendeu a mão e tocou o seu rosto de leve. Estava acostumado a tocá-lo assim e por isso sabia que Yukito não reagiria de modo agressivo ou se assustaria, então acariciou seu rosto, mas ficou sério.
- Não precisa se desculpar por isso. – Touya disse. – Eu me preocupo com você porque eu...
- TOUYAAAAAAAA!
Touya levou um susto quase caiu da cama quando ouviu seu nome ser gritado por uma bem conhecida voz. Ele levantou-se irritado e pronto para gritar com Sakura, abriu a porta e desceu de cara feia.
- Mas o que você pensa que está fazendo, sua mosntrenga! – gritou com Sakura.
Sakura se encolheu ao ver a cara de Touya, mas imediatamente se inflamou quando ele a chamou de mosntrenga.
- Eu já disse que não sou mosntrenga! – ela gritou de volta. – Para de me chamar...
Parou quando viu Yukito descendo as escadas, não que ele fizesse barulho, pois seus passos eram bem leves. Os olhos de Sakura brilharam quando o viu e ela estacou no chão.
- Olá Sakura! – Yukito a cumprimentou sorrindo como sempre. – Por que está brava com seu irmão?
Sakura se deu conta de que Touya estava em sua frente e lembrou-se do motivo pelo qual o gritara, virou-se pra ele de cara feia.
- Por que você comeu toda a comida? – ela perguntou olhando bem para ele.
Touya ficou impassivo e olhou para Yukito, que corou, ele olhou de volta para Sakura e respondeu.
- Não fui eu. – disse sério. – Mas eu farei o seu almoço. – E dirigiu-se para a cozinha.
Sakura estranhou a bondade repentina do irmão e ficou no lugar piscando, incrédula. Yukito desceu.
- Acho que devo pedir desculpas. – ele disse meio envergonhado, mesmo assim sorrindo. – Fui eu quem comi sua comida, Sakura.
Sakura congelou, sentiu ter pagado o maior mico na frente de Yukito e baixou a cabeça envergonhada também.
Touya foi para a cozinha fazer o almoço de Sakura, suspirou tristemente, a fome exagerada de Yukito devorara o almoço dos três moradores da casa e mais o extra que tinha feito para ele, as coisas estavam piorando a cada dia.
Essa era apenas mais uma das preocupações para com Yukito, se dera conta de que a fome que ele sentia também não era normal, que Yukito sempre comera muito não era surpresa, mas ultimamente ele vinha exagerando. Sentiu raiva dele, pois sabia que a culpa era toda sua. Quase cortou a mão ao pensar nisso.
A criatura por trás de Yukito estava dominando-os, se fortalecendo e isso, é claro, enfraquecia Yukito e aos poucos fazia-o desaparecer. Mexeu a comida no fogo, pensando na solução que daria para isso e sentiu uma energia próxima de si, parou de mexer a comida, mas não se moveu, nem olhou para traz.
- Mamãe... – murmurou ao senti-la.
- Touya, meu filho, faça o que seu coração mandar... – Nadesiko disse antes de desaparecer novamente.
Seu coração. Seu coração estava apertado e com medo. Medo de perder o seu melhor amigo, o seu amado.Mas se fizesse o que estava pensando fazer...
Yukito entra na cozinha acompanhado por Sakura logo atrás. Eles se entreolharam e Yukito corou, pois Touya lhe lançava um olhar devorador.
- Está com fome, Yukito? – ele perguntou sério e Yukito sorriu, o que ele entendeu como um sim. – Pôs a comida na mesa e serviu um prato pra Yukito e em seguida para Sakura, depois sentou-se à mesa e ficou observando-os dois devorarem toda a comida.
Sakura saiu logo depois gritando, como sempre, que estava atrasada. Durante o almoço nem percebera os olhares que o irmão lançava para Yukito e como este corava, tamanha era a fascinação que senti apelo amigo do irmão. Queria ficar mais um pouco, mas Touya praticamente a expulsou ao lembrá-la que estava realmente atrasada.
Touya e Yukito voltaram para o quarto para tentar estudar, mas logo Yukito desabou em cima dos livros e dormiu. Touya correu para acudi-lo e o sacudiu bastante, mas Yukito não acordou, uma lágrima começou a rolar por sua face e ele chorou abraçando o corpo de seu amado e molhando os cabelos dele.
Ajeitou-o na cama e cobriu-o, sentando-se ao seu lado. Deixaria que ele descansasse um pouco e quando acordasse faria com que ele nunca mais lhe deixasse.
Yukito abriu os olhos devagar e o que viu foram os olhos de Touya muito próximo aos seus, os seus narizes quase tocando-se e seus lábios próximos de um beijo.
Touya afastou-se quando viu que ele acordava, por pouco, muito pouco não cedera a tentação de beijá-lo, se ele não tivesse abrido os olhos com certeza teria feito isso.
- O que estava fazendo, Touya? – Yukito perguntou corando, sentira Touya tão perto que seu coração disparara com o pensamento que seria beijado... beijado por Touya.
Touya desviou o rosto, seu coração acelerado também, o que Yukito faria se tivesse acordado justamente no momento que seus lábios tocassem os dele? Ficaria assustado o ponto de brigar com ele? Ou gostaria e retribuiria seu beijo?
- Touya? – ele perguntou arqueando as sombracelhas.
- Yukito, precisamos conversar. – Touya disse muito sério.
Yukito sentiu o coração acelerar, não imaginava que assunto tão sério teriam para conversar para Touya estar dessa maneira. A mão de Touya tocou-lhe o rosto novamente e ele fechou os olhos ao sentir as caricias que o amigo lhe fazia.
Quando os lábios de Touya tocaram os seus devagar ele abriu os olhos surpreso. Seu coração parou por um instante e ele esqueceu de respirar quando a língua de Touya entrou, tocando o céu de sua boca e quis enroscar-se na sua.
Uma voz em sua mente lhe dizia para chegar para trás, afastar-se de Touya, mas seu coração mandava que se entregasse a esse acontecimento pelo qual esperara tanto tampo. Sua língua encostou-se na de Touya e seus lábios abriram-se mais para que o beijo ficasse mais confortável. Era o seu primeiro beijo.
A mão de Touya continuava em seu rosto e a outra pousara agora em sua cintura. Yukito segurou-o pela nuca com os dois braços e caiu na cama com o peso que Touya fazia em cima de seu corpo.
Touya beijava-o com muito cuidado, tentando ser o mais delicado possível com Yukito, queria saborear cada momento, sentir o gosto de seu amado em cada segundo. Abriu os olhos e separou-se dele carinhosamente, chegando-lhe ao ouvido para sussurrar.
- Não quero que ele vá... Deixe que ele fique comigo...
- Touya? – Yukito estava confuso, por que Touya estava falando com ele como se estivesse referindo-se a outra pessoa? O que estava acontecendo? E quem iria para onde?
- Meu poder será suficiente por enquanto... - ele continuou a falar.
Yukito não se movia, ouvia atento cada palavra de Touya e sua cabeça começou a rodar, estava perdendo a consciência, queria dizer isso para Touya mas não conseguia mexer-se, não podia falar. Seus olhos foram fechando-se e tudo a seu redor escurecia.
- ... Tome o meu poder e deixe que ele fique comigo.
Uma luz branca e muito forte tomou conta de todo o quarto, Touya sentiu uma energia muito forte vinda de baixo de si e sentiu um arrepio na espinha. Então era esse ser que estava sugando as energias de Yukito, era ele quem queria tomar o seu amor. Não conseguia ver o que estava acontecendo e teve que fechar os olhos para que o clarão não o cegasse.
Aos poucos a luz diminuiu e ele abriu os olhos devagar. Sua expressão não se alterou em nenhum momento ao constatar que quem estava embaixo de seu corpo não era mais Yukito. Levantou-se devagar e a criatura o fitou sentado-se na cama em sua frente.
Um homem muito bonito estava à sua frente, usava uma túnica branca por cima de uma calça também branca com detalhes lilás. Seus cabelos prateados pareciam tão compridos que deveriam ir-lhe até os pés e estavam presos perto da ponta. Uma franja cobria parte de sua testa e seus olhos... seus olhos eram cinzas, olhos frios e inexpressivos como o gelo.
- Meu nome é Yue, sou o Juiz do Mago Clow. – o homem disse com sua voz baixa e extremamente inexpressiva, do mesmo jeito que anunciava uma execução ou absolvição se apresentou para Touya. – Prazer em conhecê-lo Touya Kinomoto.
- Yue, então você é a criatura por trás de Yukito? – Touya falou também numa voz que era quase um sussurro.
- Touya, eu vim fazer o que me pediu e assim deixar que Yukito continue vivendo sua vida de mentira. – Yue continuou a falar em sua voz sussurrante.
- Não diga que ele vive uma vida de mentira. – Touya retrucou. – Yukito não é um brinquedo.
- Como queira. – falou Yue. – Acredite no que melhor lhe convém. Vamos ao que interessa agora, você está pronto Touya Kinomoto?
Touya assentiu com a cabeça. Deixar que Yukito permanecesse nesse mundo era a renuncia aos poderes que tinham e que lhe permitiam ver sua mãe, mas nada disso interessava agora, o amor que sentia por Yukito já superara todos os seus medos, não tinha mais dúvidas daquilo que precisava fazer.
Yue levantou-se da cama e olhou em volta, o quarto de Touya, o quarto que tantas vezes vira pelos olhos de Yukito, fez aparecer nos seus lábios um sorriso quase imperceptível.
Touya aproximou-se de Yue com cuidado, não sabia do que aquela criatura era capaz de fazer caso se sentisse ameaçada de alguma forma, apesar de muito belo, isso Touya não pode deixar de reparar, parecia também muito perigoso.
Sua beleza era fenomenalmente hipnotizante, seus cabelos prateados refletiam um brilho magnetizante, que era também muito belo. Seu rosto era muito delicado, seu nariz fino e seus lábios bem desenhados completavam o conjunto de extrema beleza que formava aquele ser sobrenatural.
Yue apenas observava Touya com seus olhos frios e impenetráveis, o viu aproximar-se e preparou-se para receber o poder que seria lhe dado por aquele jovem rapaz humano.
Os dois ficaram frente a frente e se abraçaram, um abraço leve e ao mesmo tempo intenso, no qual circularam tantos sentimentos que nenhum dos dois poderia explicar por certo. Yue sentiu uma coisa, uma coisa que morrera há tanto tempo que tinha certeza absoluta que jamais poderia sentir novamente.
Tudo o que Touya sentia era um braço forte em volta de seu corpo e a sensação de que estava salvando Yukito, mas nesse mesmo segundo uma preocupação: como Yukito reagiria a isso tudo? Fechou os olhos e deixou que seu poder fosse transportado para o corpo de Yue.
Um brilho forte e um vento leve preencheu o quarto por um segundo e do mesmo jeito desapareceu completamente. Quando Touya abriu os olhos, foi Yukito quem viu com a cabeça deitada em seu ombro e foram seus braços que o abraçavam e seu cheiro que sentia.
Yukito abriu e piscou os olhos sentindo-se um pouco tonto, um milhão de coisas passava por sua cabeça, coisas que ele não conseguia compreender, lembranças que não eram suas inundavam sua mente e as suas se transformavam em meras cenas de uma vida que nada significava. Ele não compreendia o que se passava agora e nem conseguia compreender o que havia se passara há instantes atrás, o que ele era agora? O que seria de sua vida?
Sentiu os braços de Touya envolvendo o seu corpo, mas continuou com a cabeça deitada no ombro dele, não tinha coragem suficiente para encará-lo e tentava encontrá-la em algum lugar.
Touya não o soltou em momento algum e nem pensava em fazer isso. Por ele continuaria abraçada a Yukito por toda a eternidade, pois jamais queria vê-lo longe de si. Apertou-o com mais força, para dizer mesmo sem palavras o quanto o amava. Só esperava que Yukito sentisse isso.
Yukito devolveu o forte abraço de Touya e lembrou que momentos antes eles haviam se beijado, um beijo tão doce que desejava que durasse para sempre. Mas não podiam ficar ali assim o tempo todo e com delicadeza foi soltando Touya.
- Touya... – ele começou falando tristemente enquanto olhava depressivamente nos olhos de seu amigo. – ...você sempre soube, não é mesmo?
Touya sustentou o olhar, não poderia fraquejar agora, logo na hora em que Yukito mais precisava dele.
- Sempre, Yukito. – respondeu. – Mas isso nunca interferiu para que eu sentisse o que sinto por você.
Yukito estava surpreso, Touya lhe falava com tanto carinho, ele mantinha os braços em sua cintura e dizia aquelas coisas, o que Touya sentia por ele, seria o mesmo que sentia por Touya?
- E o que você sente por mim, Touya? – ele perguntou tentando conter a expectativa para que não parecesse desapontado caso Touya lhe dissesse o contrário daquilo que queria ouvir.
- Eu te amo, Yuki. – Touya disse sem tirar os olhos de cima dele e aproximando cada vez mais o rosto do dele.
Yukito fechou os olhos e sua tontura voltou, dessa vez mais intensa. Ouvira mesmo Touya dizer que o amava ou estaria ficando louco? E ele? Será que aquele sentimento que o fazia tremer e corar toda vez que o amigo chegava perto, a raiva que sentia quando alguém se aproximava dele, a vontade desesperada de abraça-lo e de sentir seu beijo, será que isso é amor?
Será mesmo que Touya dissera que o amava sabendo o que ele era? Mas e se... se Touya amasse não a ele, mas ao outro? O que ele faria agora? Diria para Touya que também o amava ou fugiria dali?
Nenhuma das opções foi levada em consideração, a tontura tomou conta de seu cérebro e uma escuridão o envolveu. Yukito desfaleceu caindo nos braços de Touya, que o segurou-o com todo o carinho, o carregou e colocou na cama.
Sentiu um misto de medo, preocupação e alívio. Declarara-se para Yukito de uma vez, e justamente na hora em que ele estava mais frágil. Isso era esperado depois do que ele passara, mas ainda assim perguntou-se se isso tinha algo haver com sua declaração. Todavia alegrara-se ao vê-lo a seu lado, mesmo que Yukito não o quisesse como amante, esperava ainda poder tê-lo como amigo.
Levantou-se e andou pelo quarto suspirando. Tinha plena consciência do que poderia acontecer quando Yukito acordasse, embora eles houvessem se beijado antes, isso não significava exatamente nada. Um beijo. Esse beijo poderia nada significar para Yukito mesmo que para ele fosse a coisa mais maravilhosa que acontecera.
Parou na janela do quarto, a noite estava sombria e nuvens cobriam todo o céu, era impossível ver qualquer estrela, Touya sentia-se mais perdido ainda, nem uma estrela aparecia no céu para prestar-lhe qualquer conforto. Tornou a olhar para Yukito e suspirou profundamente, tudo dependia dele quando acordar.
Sentou-se na ponta da cama e ficou a olhar para o amigo que respirava devagar e parecia dormir profundamente, fez menção de tocar-lhe o rosto, mas baixou o braço antes que fizesse isso, não iria tocá-lo sem o seu consentimento, não agora que Yukito sabia o que senti por ele. Torturava-se pensando no que fazia se ele recusasse seu amor. Fechou os olhos, tentando afastar tais pensamentos ruins de sua mente, olhou para o relógio e desceu, já estava quase na hora de seu pai chegar e iria preparar o café para ele e Sakura.
Menos de meia hora depois estava tudo pronto e quando ele ia subindo com uma bandeja com o café a porta abriu e seu pai entrou acompanhado por Sakura.
- Boa noite, Touya! - cumprimentou Fujitaka Kinomoto e em seguida olhou para a bandeja que ele segurava, havia uma quantidade de comida demasiada para uma única pessoa. – Está com visitas?
Touya corou um pouco pelo modo que seu pai falou "visitas", até parecia que queira insinuar alguma coisa, mas manteve-se sério quando respondeu.
-Tudo bem se Yukito dormir hoje aqui, pai? – perguntou firme. – É que ele veio estudar e passou mal acho que não deveria se esforçar muito, ainda com o temporal que está para cair.
Fujitaka sorriu para o filho e Sakura também. Acordar e vê Yukito logo pela manhã seria o máximo e ainda iriam juntos para o colégio.
- Ah! É Yukito quem está aqui. - comentou Fujitaka sorrindo. – Tudo bem sim. Essa comida é para ele?
Touya corou mais ainda e virou um pouco o rosto para tentar disfarçar.
- Se ele acordar. – respondeu falando baixo. – Mas eu duvido que fará isso, está muito cansado. Mas eu ficarei no quarto, para caso ele precise de mim. Boa noite, pai.
O Sr. Kishomoto sorriu e Touya subiu com a bandeja. Realmente não tinha a menor intenção de deixar Yukito sozinho, embora necessitasse manter uma certa distancia dele e para isso precisaria de muito esforço e concentração.
Jantou e ajeitou-se no sofá. Não dormiria na cama ao lado do amigo apesar de todo o seu ser pedisse por isso, se ele acordasse no meio da noite ou se levantasse primeiro pela manhã, poderia não gostar de o ver a seu lado.
Continuou a observar a beleza serena, doce e levemente inocente de Yukito, era muito diferente da beleza sobrenatural, fria e agressiva de Yue, como ambos poderiam ser a mesma pessoa? Imaginando o que ocorreria quando o outro dia chegasse adormeceu quase sentado.
Continua...
