Capítulo III- Decisões...

Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e meu navio chegue ao fundo
e meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas coordenadas,
meus olhos secos como pedras
e minhas duas mãos quebradas.

(Canção; Cecília Meirelles)

A primeira semana de aula passou lentamente, mas Gina não tinha certeza que a causa disso era a detenção com Draco. Além de ter que atura-lo toda noite, ela sentia-se muito incomodada na presença dele. Era como se ele ficasse observando-a todo tempo. No último dia de seu castigo ficou aliviada. Enfim a tortura acabara.

Na segunda-feira seguinte a ruiva está muito mais animada. Estaria mais ainda se não soubesse que tinha que ver a cara de Draco na aula de Poções, mas em compensação o veria só na aula.

Entrou na sala e sentou-se no lugar e costume: na primeira cadeira da fila do meio. Arrumou suas penas e pergaminhos e aguardou a entrada do professor. Depois de alguns minutos a sala estava uma bagunça, só sendo silenciada com a entrada do professor.

O rapaz colocou seus livros na mesa e começou com a aula. Agitou a varinha e no quadro negro surgiu a receita do Esquelesce, a poção que fazia os ossos crescerem de novo. Aquilo a fez lembrar de Harry, ele tinha tomado Esquelesce quando um balaço errante o atingiu. Uma sombra de tristeza passou pelo pensamento da garota, mas ela logo esqueceu quando ouviu o professor chamando-a.

"Srta. Weasley!"

"Ahm...? Quê, Malfoy?" - disse sem se importar e esquecendo que agora ele era seu professor e pelo menos na sala de aula tinha que chamá-lo de Sr.

"Srta. Weasley vejo que a semana passada não adiantou nada, não é mesmo? Continua sem me respeitar e sem prestar atenção à aula, por isso eu vou presenteá-la com mais uma semana de castigo e quantas mais forem necessárias, até a Srta. aprender. "

E toda a alegria da garota foi embora. Tinha certeza que ele estava de marcação. Pensou, um dia, que Snape era o pior professor da face da Terra, mas errara. Draco Malfoy era mil vezes pior.

O dia passou rapidamente. Era incrível como para chegar a hora da detenção era rápido e para acabar a semana era lento demais. Ela não entendia. Devia ter jogado pedra em Merlim e pregado chiclete nas vestes deles para merecer aquilo. Logo depois do jantar foi se arrastando para a sala de Draco. Não se importava se ele ia reclamar. Tudo que ela fazia dava em detenção, até respirar um pouco mais alto já merecia um castigo.

Sentou-se na cadeira à frente da mesa dele esperando instruções. Como sempre ele se atrasara. Isso era insuportável. Além de cumprir o castigo tinha que esperar a boa vontade dele de aparecer na hora marcada.

Depois de meia hora, Draco entrou na sala e disse um "boa noite" como se ele estivesse chegando na hora certa e sentou-se. Determinou seu novo castigo: limpar a sala de aula toda, isso incluía esfregar o chão, tirar poeira das inúmeras estantes com livros e poções. E com o pequeno detalhe de, em hipótese nenhuma, usar magia.

Indiretamente ele a humilhava. Gina sabia muito bem que os outros alunos não eram punidos com detenções, apenas ela. Só cumpria os castigos por que, do jeito que se considerava "sortuda", era capaz de ser expulsa dali só por causa disso. Odiava Draco Malfoy mais do que antes. Se antes pensava que Snape era ruim, estava enganada. Começava a sentir saudade dele.

Pegou um pano, balde, água e sabão e começou a limpar o chão. Enquanto fazia isso pensava no porquê de merecer aquilo. Tinha quase certeza que ou tinha jogado pedra em Merlim ou pregara o chiclete mais vagabundo nas vestes dele. Só podia ser.

E a mais uma semana passou, lentamente, como se nunca fosse acabar. Na sexta-feira estava um pouco mais feliz. Sabia que tinha ainda mais um dia de humilhação, mas sabia que era o último. Ia evitar levar mais detenção, de agora em diante ele não teria mais motivos para castiga-la.

Mas infelizmente, mais uma vez, ela se enganou...

Estava limpando a última estante. Nem acreditava que tudo ia acabar depois que limpasse aquele móvel, por isso começou logo seu trabalho.

Draco entrou, como sempre, atrasado. Sentou-se e ficou olhando a moça trabalhando. Ela ficava cada vez mais incomodada com isso, era chato o olhar dele em cima dela. Até parecia que o homem fazia alguma azaração para ela derrubar as coisas. Não desgrudava o olho um minuto sequer.

"O que é?"- disse ela sem mais agüentar.

"Ahm..?"

"O Sr. Fica olhando para mim o tempo todo. O trabalho está errado?"

"Não."

"O Sr. Está me azarando? Tentando fazer que eu derrube as poções e os livros?"

"Não."

"E então?"

"Nada, Srta. Weasley. Eu não tenho porquê responde-la."

Gina calou-se e continou com seu trabalho. Depois de algum tempo ouviu a voz de Draco e assustou-se, quase pondo seu trabalho a perder, quando quase derrubou um vidro.

"E o Potter, como vai?"

"Eu não sei dele."

"Como? Eu lembro que você era uma das fãs dele. E que até tiveram um caso."

"Eu não tenho casos.. e não era fã..."

"Não era? Ainda é?"

"Não era, não fui e não sou."

"Weasley, Weasley... eu sinto ressentimento na sua voz? Oh... o Potterbicha te deixou, foi?"

"Eu não tenho porquê responder isso..."

Draco riu e Gina continuou seu trabalho. Não queria falar de Harry, a menção do nome dele já provocava tristeza nela.

"Nem precisa, Weasley. Na época em que você o viu com a sangue - ruim todo mundo soube. E claro que você ficou com a fama de corna...mansa ainda mais."

"Se você sabe, para que pergunta, idiota?"

"Respeito, Weasley... "

"Quer saber, Malfoy?Cansei de você e de seus castigos estúpidos. Se quiser me prejudicar, tudo bem. Não me importo. Não existe só essa Escola de medi-bruxaria . Eu não preciso estar sofrendo isso para me manter aqui. Tenho notas boas e capacidade para entrar em qualquer outra Escola. Você é um imbecil, idiota, sem ética, infantil, que desconta seus recalques em mim.Mas isso é o que você pensa. Eu não tenho culpa se você não teve nem capacidade para ser a porqueira de um comensal da morte. Se você agora está trabalhando para sobreviver, por causa da sua ilustre família de assassinos, eu não tenho nada a ver com isso."

O rosto de Draco estava sem emoção, como sempre. Gina não sabia se ele está com raiva ou com ódio. Ele permaneceu calado e ela continuou:

"E quanto ao Potter, sim, ele me traiu. Com a sangue- ruim. E daí? É da sua conta? Eu acho que não, não é mesmo? A não ser que você o quisesse também, mas eu sinto muito, você não tem que competir comigo e sim com a puta sangue-ruim (n.a: foi mal o palavrão...hehehe)."

Ela ficou esperando ele responder, mas o homem continuava calado. Gina terminou de limpar e ficou aguardando ele falar alguma coisa. Ele apenas a dispensou, sem olha-la ou responder aos insultos.

Gina foi para o dormitório quase se arrastando. Entrou no quarto e viu em cima da sua cama uma carta. Abriu-a e viu a letra de sua mãe. Nela, Molly perguntava como a moça estava e falava de cada irmão dela. Também disse que Harry e Hermione esperavam seu primeiro filho e tinham acabado de se casar.

Isso a deixou muito mal. Percebeu que lá no fundo ainda gostava dele e tinha uma certa esperança dos dois se separarem. Os acontecimentos das duas últimas semanas mais essa notícia fez com que Gina voltasse a ficar triste, sem querer comer e sem ir para as aulas.

Não precisava evitar ninguém, os outros já a evitavam, a consideravam desequilibrada por sempre estar chorando pelos cantos. Não tinha amigos ali e sentia muita falta da sua família.

Numa tarde de sábado em que estava no auge de sua depressão, tomou uma decisão. Não a tinha feito ainda por que não tinha coragem e antes considerava uma atitude de fracos.

Mas ela era uma. E por isso mesmo ia acabar com aquilo.

Lembrou-se que viu uma poção para dormir na sala de Draco. Foi até lá e viu o lugar vazio. Entrou e pegou o vidro que estava o líquido. No modo de usar dizia que quem tomasse mais do que uma dose podia entrar em um coma profundo, levando a pessoa à morte.

Era o que ela queria. Bebeu quase metade do vidro e em poucos segundos caiu no chão. O corpo quase sem vida segurava o frasco da poção.

->D/G -

Estava com 19 anos e se considerava um fracasso. A vida inteira sonhou em ser um comensal da morte famoso, assim como seu pai. Sabia que só conseguiria aquilo se fosse mais cruel e violento do que gerador. Mas simplesmente não pôde. Matar pessoas inocentes e servir um cara com o corpo em estado de decomposição era o que ele menos queria.

A guerra acabou e ele não realizou o sonho de seu pai. Ainda lutou do lado de Voldemort, mas não tinha idade para ser um comensal. Além de acabar com a sua vida, a guerra matou seu pai e sua mãe, os dois receberam o beijo do dementador logo após a morte de Voldemort.

Ficou órfão e o pior, para ele, pobre. Seus bens foram tomados pelo Ministério. Só terminou Hogwarts pela bondade de Snape, que por ser seu padrinho, pagou os seus estudos e o criou até ele completar os 17 anos.

Terminou os estudos sem muitas expectativas de vida. Então escolheu o caminho que seria o mais certo para ele, ser professor. Era o mais apropriado por ter pouca duração, apenas dois anos. Fez assim o curso e especializou-se na matéria que seu padrinho ensinava.

Conseguiu arranjar o emprego na Escola por causa da indicação de Snape. Agradecia a ele, mas mesmo assim não era aquilo que ele desejava.

Quando viu a Weasley sentiu vontade de desistir. Ela ia humilha-lo, claro, um Malfoy sendo professor era a última coisa que alguém podia imaginar. Mas viu que a garota na oferecia perigo, ela sentia-se acanhada por vê-lo ali e aquela seria a oportunidade de descarregar todas suas raivas.

Dava detenções por puro divertimento. Adorava vê-la com raiva, parecia que ficava mais bonita. Assustou-se ao perceber isso. Estava achando a Weasley bonita e isso não era bom. Realmente estava no fundo do poço, pensou que nunca viveria para achar alguém de cabelos vermelhos berrantes bonitos, era o fim.

Na última vez que a viu ela estava com raiva dele e com razão, ele a insultara. E depois disso não a viu mais nas aulas e nem pelos corredores. Ao pensar que a moça desistira por causa dele sentiu um aperto no peito. Começou a pensar que precisava de um médico quando percebeu que sentia falta de encarar os olhos castanhos tão desafiadores dela, e os cabelos tão vermelhos, que pareciam em chamas.

Voltava para sua sala depois de procura-la de novo pela Escola. Olhou em todos os lugares: biblioteca, refeitório, pátio, corredor e até pelos dormitórios, mas não a viu.

Assim que fechou a porta sentiu um cheiro forte. Foi até as estantes e viu Gina caída, com um frasco na mão. Olhou a poção e deduziu o que acontecera. Não podia leva-la para a Ala Hospitalar, os curandeiros iam perceber o que ela tinha feito e esses casos eram repreendidos severamente pela diretoria da Escola.

Levou-a para o lugar da sala onde tinha uma cama (era o quarto dele) e a deitou lá. Procurou a poção que revertia os efeitos da que ela tinha tomado, mas não achou. Sabia que devia ser rápido, se o caso fosse cuidado de maneira imediata, podia ter esperanças de sobrevivência.

Começou a preparar a poção com a maior rapidez possível e depois de quase quatro horas terminou. Foi até a garota, levantou sua cabeça, abriu sua boca e colocou o líquido. Esperava que ela engolisse, mesmo estando daquele jeito.

Sentou-se em uma cadeira ao lado da cama e aguardou o efeito da poção. Esperou tanto que acabou dormindo ali mesmo, só acordando no outro dia com um grito.

"MALFOY, O QUÊ VOCÊ FEZ?"

Era Gina.

Estava bem e parecia muito melhor.

Mas esperava que primeiro ela tivesse agradecido ...

Nota da Autora: Cacilda...ta péssimo esse capítulo...eu confesso...to piorando a cada dia, pqp...desculpa gente!

Obrigada pelas reviews! Vou responde-ls por email..fiquei sabendo que agora quem responder review por aki a fic eh apagada...mó idiotice...bem...Beijos povo!

Manu Black