Capítulo IV - Dúvidas e uma certeza...
" I wanna be with you
It's crazy but it's true
And everything I do
I wanna be with you
I'd like to know your policy
When it comes to me
I'd like to know what's in your mind
It's not easy to see
I know now what I feel
And what to do
I wanna be with you "
( I Wanna Be With You; Backstreet Boys)
"MALFOY, O QUÊ VOCÊ FEZ?"
Era Gina.
Estava bem e parecia muito melhor.
Mas esperava que primeiro ela tivesse agradecido...
"Eu acho, Srta. Weasley, que um 'obrigado' seria muito mais educado."
Draco tentava não se alterar, mas estava difícil. Não era a primeira vez que a salvava, tudo bem que ela não sabia que ele já a tinha impedido de partir dessa para uma melhor. Mesmo assim, ele merecia uma palavra de agradecimento.
"VOCÊ NÃO ME AJUDOU! EU NÃO QUERIA VIVER, MALFOY! SERÁ QUE VOCÊ PODE ENTENDER ISSO?"
Não entendia. Não queria acreditar que ela estava assim por causa do Potter.
"Não me diga que você está assim pelo Cicatriz?"
Ele viu os olhos dela cheios de lágrimas.
"Eu não acredito! Você é ridícula, Weasley! O cara te traiu com sua amiga há um milhão de anos e ainda gosta dele?".
Não sabia o porquê da sua revolta, talvez soubesse, mas agora não era hora de pensar nisso.
A garota começou a chorar muito e a cada soluço que ela dava ele se desesperava. Odiava choro. Primeiro por que não sabia agir quando alguém começava a chorar na frente dele. E segundo, não queria que ela chorasse pelo menino-que-infelizmente-sobreviveu.
Sentou-se na mesma cama em que ela e a abraçou. Talvez quisesse que ela parasse logo de chorar e viu naquele gesto uma saída. Sentiu Gina aperta-lo muito forte, quase o sufocando e de uma maneira muito estranha percebeu que uma sensação de bem - estar tomou conta de si.
Ela chorou por alguns minutos e depois se calou. Permaneceram abraçados, até o rapaz se afastar e perguntar:
"Melhorou?"
Ela fez que sim.
"Agora você vai contar o que houve?"
"Você acertou, eu quis me matar por causa do Potter. Mas não foi somente por ele. Eu descobri que ele e a Granger se casaram e estão esperando seu primeiro filho. Além disso, cansei de ser feita de empregada por você. Quando eu cheguei aqui pensei que tudo melhoraria, mas quando o vi entrando na sala, percebi que usaria da sua posição de professor para me humilhar. Fez-me de empregada, quer dizer, nem uma empregada faria o que eu fiz. Agüentei tudo calada, mas depois que soube isso do Potter resolvi acabar com essa porqueira de vida, que não serve para nada."
Draco sentiu-se muito mal em saber aquilo. Tinha consciência que agira de maneira vil, mas não pensou que aquilo acarretaria maiores conseqüências.
"Você ainda o ama?"- disse, fingindo que não ouvira a parte sobre ele. Não podia pedir desculpas, era um Malfoy...
"Não sei, estava certa que não, mas quando li a carta da minha mãe falando sobre ele, fiquei em dúvida... às vezes penso que fiquei assim por querer que ele fosse muito infeliz, do jeito que fui e ainda sou... mas eu não sei..."
Os dois se calaram e permaneceram assim por uns poucos minutos.
"A senhorita já pode ir para seu dormitório. Está totalmente fora de perigo."
Ela levantou-se e quando já estava na porta disse:
"Obrigada."
Além da Mágoa
Gina voltou a ir às aulas e recuperou o tempo perdido estudando em dobro. Mais uma vez dedicava-se aos livros para esquecer. E esperava que agora fosse para sempre. Não agüentava mais sofrer por alguém que não merecia a metade de uma lágrimas das várias que ela derramara. Ainda era muito jovem e podia muito bem encontrar um rapaz que a merecesse...e até que estava um pouco temerosa sobre já o ter encontrado...
Não via sua família há seis meses. Não foi para a festa de Natal e muito menos a de Ano Novo. Não compareceu ao aniversário da mãe e ao dos gêmeos. Não podia. Se voltasse ia ver as duas pessoas que mais repugnava. Sabia que sua mãe estava com raiva dela, ela também estaria se sua filha agisse como ela estava agindo, mas isso precisava ser feito.
Ninguém sabia da traição de Harry e Hermione. Todos pensavam que Harry e Gina tinham terminado amigavelmente e que o abatimento da ruiva era normal, afinal ela o amava há muito tempo. Por isso a família Weasley ainda os acolhia como se fossem dois filhos, mas em alguns surtos de maldade a ruiva teve uma vontade muito grande de dizer o porquê da separação. Não os denunciou. Acreditava que eles, um dia, acabariam falando a verdade...
Desde a sua tentativa frustrada de suicídio que via Draco de uma maneira diferente. Ele parecia muito mais bonito e isso era estranho demais para ela. Os dois se olhavam durante a aula inteira e ela não o encarava mais com um olhar desafiador, mas questionador. Gostaria tanto de saber o quê aqueles olhos azuis, que pareciam pedacinhos do mar, estavam querendo dizer. Eram frios, não tinham emoção, apesar de, às vezes, pensar que eles tinham...
Ele não aplicava mais detenções e nem muito menos dirigia a palavra a ela. Muitas vezes se viu pensando no porquê disso e logo chegou a conclusão de que estava muito perturbada, sentia falta dos castigos dele, não pelo o castigo, mas por estar perto dele. E isso era tão ridículo!
Não podia estar gostando dele. Se antes o namoro dela com Potter era impossível, pelo simples fato dele gostar de sua melhor amiga, agora era mais improvável o namoro dela com Malfoy, seu inimigo mortal. Talvez fosse um pouco masoquista e gostasse de sofrer? Por que só gostava de pessoas que eram impossíveis de se relacionar?
Achou que tinha, definitivamente, enlouquecido ao perceber que tinha pensado em futuro com Malfoy... não podia, não queria, estar gostando dele... agora sim teria motivos para tirar a própria vida.
Além da Mágoa
Já estava há quase um ano na Escola e não conseguia tirar o loiro da cabeça. Na sua cabeça não passava a mínima lembrança de Harry ou Hermione, se os visse na rua era capaz de nem reconhece-los.
Decidiu falar com Malfoy. Não sabia para quê e nem o quê ia dizer a ele, mesmo assim foi até sua sala e percebeu que esta encontrava-se vazia, mesmo assim entrou e sentou-se na cadeira à frente da mesa. Viu uma espécie de bacia em cima da mesa. Levantou-se e olhou melhor o objeto. Reconheceu como sendo uma penseira. Chegou mais próximo e foi puxada para dentro do objeto. Sabia que era errado estar vendo as memórias de Malfoy, mas não se segurava de curiosidade.
Percebeu que estava em Hogwarts. No mesmo corredor que há dois anos atrás ela desmaiara. Viu Draco andando calmamente até se deparar com o corpo de uma menina. Era muito magra e estava pálida, parecendo um pergaminho. Reconheceu como sendo ela. O rapaz abaixou-se e verificou se a menina tinha pulso, depois a pegou e a levou para a Ala Hospitalar. Ele falou algo para Madame Pomfrey e ficou velando o sono da menina. Quando viu que ela estava acordando saiu.
Gina assistiu aquilo com muita vergonha. Na época pensara que o Potter tinha salvado-a. Nem conseguia acreditar que o seu salvador tinha sido Malfoy, e o pior por duas vezes.
Acordou do devaneio com a voz de Draco.
"Weasley, 'lendo' meus pensamentos?"
Ela saiu da penseira e ficou olhando para o rapaz. Malfoy parecia estar com muita raiva, sabia que tinha errado entrando na vida dele, mas aquilo dizia respeito a ela, afinal ele a salvara.
"Por que você não me disse?"
"Como?"
"Por que você não quis que a Madame Pomfrey me dissesse quem tinha me levado para lá?"
"Bem, eu acho que se eu disser que sou um Malfoy já ajuda um pouco, não é?"
"Você sabia que fui atrás do imbecil do Potter pensando que ele tinha me ajudado?"
"Oh Merlim! Você e o Potter! Tudo é esse infeliz!'".
"Por que, Malfoy? Você sabia que eu me iludi?"
"Oh, desculpe, Weasley... você queria que o herói te salvasse, mas eu sinto muito se quem fez isso foi o vilão..."
Percebeu que ele falou aquelas palavras como se as cuspisse... não sabia se ele estava com nojo por tê - la livrado da morte ou se estava amargurado...
"Eu sou quero saber o porquê."
"Não, Weasley, eu não te amava. Apenas a levei para a Ala Hospitalar assim como levaria qualquer um. Ao contrário do que dizem, eu não gosto de ver os outros morrendo, mesmo que eles sejam meus inimigos.."
Decepcionou-se ao ouvir isso. Mais uma vez estava se iludindo e outra vez com a pessoa errada...
"Está bem, Malfoy. Obrigada mais uma vez..."- disse, indo em direção à porta.
"Espere, Weasley. Eu imagino que você não veio aqui só para ver minha penseira, não é mesmo?"
Foi pega no pulo. Não sabia o que responder, então ele acrescentou:
"Será que a Srta. está com saudades de nossas detenções?"
Sentiu o rosto arder. Sim, ela sentia saudade, mas não podia dizer isso a ele...
"Claro que não, Malfoy."
"Sei e por que será que a Srta. está tão vermelha?"- o loiro disse parecendo estar se divertindo até demais.
"Interessa?"
Viu Draco se aproximar cada vez mais dela, até chegar próximo ao seu ouvido e dizer:
"Confesse, Weasley."- ele disse um pouco mais alto que um sussurro.
Queria sumir dali o mais rápido possível, mas não tinha como. Tentou virar-se, não pôde, as mãos de Malfoy a seguravam firmemente.
"Solta-me!"
"Não enquanto você não admitir."
"Eu não que fazer isso."
"Então nós vamos ficar assim para sempre."
"Está doendo, Malfoy. Eu vou gritar."
"Você não seria capaz, Ginevra."
"Claro que eu sou. SOLTA..."
Mas não pôde terminar a frase, foi calada com a boca de Malfoy. Ele a beijava de forma feroz e ela tentava se desvencilhar, mas não conseguia. Depois tudo foi ficando mais calmo e Gina desistiu de fugir, correspondendo ao beijo.
Não sabia o quê estava fazendo. Sabia, mas não queria imaginar a razão de o estar fazendo. Queria sair dali e voltar para seu quarto, só que não conseguia. Tinha a consciência de que aquilo era muito errado, não por serem Weasley e Malfoy, mas por serem professor e aluno.
Pensando nisso se afastou. Não podiam, poderia custar a vaga dela ali ou até mesmo o emprego dele.
"O que foi?"- ele disse com cara de decepção
"Nós não podemos."
"Por que?AI, NÃO ME DIGA QUE É POR CAUSA DO CABEÇA RACHADA!"
"Claro que não!"
"E então?"
"Você é meu professor..."
"Sim?"
"Se nos descobrirem vão matar a gente. Eu posso ser expulsa e você pode perder o emprego. É melhor esquecermos isso, ok?"
E antes de ele ter tempo de falar ela saiu correndo para seu dormitório. Deitou-se e chorou. Pela primeira vez sentiu que podia ser amada, mas não podia viver isso porque ele era seu mestre...
Além da Mágoa
Ficou sentado na sua escrivaninha com os olhos na página de um livro que tentava ler, mas não entendia nada. Há poucos minutos tinha feito o que desejava fazer a mais ou menos um ano atrás, quando viu uma ruiva sentada na primeira cadeira da fileira do meio de sua sala de aula.
Agora tinha certeza que gostava dela. De uma maneira muito patética para ele. Sabia que, se seu pai vivo fosse, o mataria. Ele seria a vergonha da família. Não se importava com isso. Pela primeira vez na sua vida gostava de alguém e queria ficar com ela. Não importava os seus sobrenomes ou se tinham uma relação aluna/professor a ser preservada.
Sentia vontade de pedir demissão naquele momento, mas lembrou-se que na tinha mais condição de fazer isso. Precisava do dinheiro para sobreviver.
Tinha que inventar um jeito de tê-la, não importava o quão proibido fosse. Precisava de um plano. Fechou o livro que fingia ler e se pôs a pensar no que faria. Chegando à conclusão, depois de algumas horas, que nada poderia ser feito.
Além da Mágoa
Passou as férias na Escola. Evitava, de todas as formas, uma visita à casa dos Weasley. Mas no final de setembro recebeu uma intimação da mãe, exigindo que ela fosse à Toca no começo do outro mês. Não podia faltar, se o fizesse, sabia que a mãe era capaz de ir busca-la na Escola.
Escolheu o dia mais improvável de Harry aparecer por lá: o aniversário de Hermione. Supôs que os dois estariam fazendo uma festa particular e nem iam aparecer na sua casa. E não se enganou.
Disse à mãe que o motivo de sua ausência era a Escola que estava cada vez mais difícil, a progenitora apenas fingiu que acreditava. Ficou na Toca apenas uma tarde e depois foi-se embora.
Chegando na Escola, somente à noite, viu uma carta. Abriu-a e ficou surpresa ao ver que era do diretor da sua Escola. Pensou se alguém tinha descoberto o que houve entre ela e o professor, mas a carta era apenas um aviso de um baile que ocorreria no dia das bruxas. Seria à fantasia. Jogou a carta para o lado e preocupou-se em fazer os seus deveres e, principalmente, em parar de pensar em Draco.
Além da Mágoa
Nota da Autora: Aiiii, capitulo sem noção! Hehe... Mesmo assim espero que gostem, um pouquinho, pelo menos...
Beijos e comentem, se puderem...
Manu Black
