Capítulo Dez – Lágrimas Inesperadas

Paris acordou cedo na manhã seguinte, desceu para tomar café e encontrou Gregory na sala de visitas despachando uma coruja.
- Uma amiga mandou uma carta – disse olhando para Paris. – Apenas estou mandando resposta.
- Uma amiga? – ela perguntou erguendo a sobrancelha direita.
- É, uma amiga... Você não é amiga de Draco? – ele riu-se.
- E como ela se chama? – tentou evitar o assunto de sempre, Draco + Paris namoro.
- Bourbon... Giannine Bourbon.
- Beleza de nome, hein...
Gregory revirou os olhos nas órbitas e preferiu não responder o comentário.
- Falando em amigos – ele começou como se a conversa fosse séria, – sobre Draco... Me responda com sinceridade.
- Responder o quê? – perguntou com a voz arrastada.
- Vocês dois são apenas amigos, realmente?
- Sim... Sempre fomos amigos, não acho que agora isso mudaria.
- Bom, sei que vocês sempre foram amigos, mas as pessoas crescem, Paris... E às vezes se sentem atraídas, sabe... E, bem, você cresceu – disse com tom de quem não queria acreditar nisso. – Cresceu e virou uma bela mulher. Não mulher, uma bela garota, eu diria. Draco também cresceu, e é um garoto charmoso. E não adianta me olhar assim, com cara de deboche, eu sei que você o acha muito bonito.
- Daí pra eu querer algo com ele é longo passo, não acha? – disse indiferente.
- Não, não acho – respondeu simplesmente. – Você fala muito dele, até nas cartas que manda pra mim, mesmo que ele não tenha a ver com o assunto, você sempre o coloca no meio e, às vezes, o passo pode não ser tão longo quanto pensa.
- O que está insinuando?
- Sabe o que quero dizer – disse dando uma piscadela.
- Se acha que eu gosto do Draco se engana, Gregory DeLowe McPearson. Todos pensam que "temos um caso" apenas porque nossa amizade é… forte.
- Também já tive muitas amigas, Paris, e acredite... Draco é homem, e é fato de que ele não quer só sua amizade.
- Em primeiro lugar, ele não é como qualquer outro garoto, e me respeita muito, se quer saber... E se ele quisesse algo comigo tenho certeza que viria conversar. Ele é muito seguro de si e falaria isso sem relutância.
- Não... Eu acho que ele não falaria. Por mais seguro de si que ele possa ser, não falaria com você até ter certeza de que você sente o mesmo por ele.
- Bem, se é isso que ele espera, então, não irá falar nunca – respondeu convicta.
- Você sabe o que acontece quando se vira o caldeirão de cabeça pra baixo!
Paris o encarou com a sobrancelha erguida.

Nada, se ele estiver vazio...
- Além do mais – ele continuou, ignorando a resposta da irmã – eu tenho certeza de que Draco seria bem melhor pra você do que McDermitt. Draco nunca brincaria com seus sentimentos, ele cresceu com você e lhe trata como se fossem irmãos, eu sei disso.
- Exato! Somos como irmãos... E irmãos não se relacionam, você sabe disso, não é, Gregory? De qualquer forma, se o problema for esse, Emmiot também me viu cresce...
- Sim, ele a viu crescer, porém não é tão presente na sua vida quanto Draco.
- Mas poderia ser – ele disse encolhendo os ombros.
- Não, você sabe que não poderia. McDermitt é um Comensal da Morte, vive escondido, não poderia lhe dar muita atenção. E Draco, bem, ele é seu vizinho e, além do mais, estuda com você.
- Não necessariamente comigo.
- Na mesma escola que você, e fora do horário de aulas você o vê o tempo todo – disse impaciente.
- Sim, eu sei. Mas quando me tornar uma Comensal, eu vou poder passar mais tempo com Emmiot.
- Vai mesmo? – perguntou erguendo a sobrancelha.
Não, ela sabia que não poderia. Ser Comensal não era apenas torturar e matar a mando do Lord das Trevas... Havia muita responsabilidade, e ela tinha plena consciência disso.
- Ainda assim – ela tentou justificar, – não acho que seria capaz de me apaixonar por Draco... Seria estranho.
- Estranho porquê?
- Ah... Seria estranho beijá-lo... Sei lá.
- Está apenas tentando arrumar uma desculpa, Paris, você sabe disso, pois até onde sei, vocês já se beijaram. Ou esqueceu que me contou?
A garota ficou desconcertada e perdeu o argumento, por isso achou melhor se calar.
Poucos minutos depois, Ashton, Frederick e Bill desceram; eles se sentaram juntos e os elfos-domésticos serviram o café da manhã.
Paris fitava concentrada o seu copo de suco, mal tocara em seu café, enquanto os outros já estavam terminando.

Paris, é bom você começar a logo – mandou, Bill.
- Desculpe, disse alguma coisa, papai? – disse distraída.
- É claro que sim, disse que é bom você comer logo, menina.
- Eu... Bem, eu não estou com fome, papai. Se o senhor permitir, eu posso me retirar?

Não tem minha permissão.

Por favor, eu posso comer no meu quarto?

Não, Paris, já disse que não pode – o rosto de Bill estava vermelho. – Gregory e eu viemos para casa para ver você, portanto, mostre ao menos que tem educação e tome café com todos nós.

Claro. Isso foi egoísta. Desculpe-me, papai – disse com um sorriso fraco nos lábios.

Mesmo sendo contra sua vontade, a garota, terminou o café da manhã.

Pode subir agora! – informou, Bill.

Obrigada, papai. Com licença – disse levantando-se da mesa e subindo para o quarto.
Ficou deitada em sua cama, pensando no que Gregory disse, e não viu a hora passar.
- Ahn... Paris? – chamaram da porta deu seu quarto.
- Quem é? – ela perguntou levantando-se.
- Sou eu! Quem é? Que pergunta estúpida.
"Belo momento você escolher pra aparecer, seu infeliz!", ela apenas pensou, reconhecendo a voz.
Andou até a porta e a abriu.
- Olá – disse sorrindo fraco.
- Você tem alguma coisa? – perguntou Draco, estranhando a expressão de Paris.
- Tenho várias coisas... Muitas mesmo – ela respondeu em uma tentativa fracassada de fazer graça.
Draco ergueu a sobrancelha, como que chamando a garota de idiota.

Não... Não tenho nada – ela resolveu dizer. – Por quê?
- Não sei. Está com uma expressão... Diferente.
- Eu estou bem, acredite...
- Que seja – ele disse balançando a mão. – Vim te chamar pra caminhar um pouco.
- Caminhar? Você nunca gostou de caminhar.
- Eu sei... Mas hoje acordei com vontade de caminhar por aí... Vamos, o tempo está do jeito que você gosta – ele sorriu. – Frio... Com um sol fraco no céu.
Paris o encarou e sorriu.
- Então, você vai?
Ela confirmou com a cabeça e foi se agasalhar melhor. Desceram minutos depois.
- Aonde vão? – perguntou Gregory sorrindo.
- Apenas caminhar – respondeu Draco encolhendo os ombros.
- Oh, que romântico! – zombou Frederick.
Gregory continuou sorrindo e encarando a irmã enquanto dava uma cotovelada em Frederick.
- Isso doeu! – ele reclamou massageando o local em que foi acertado.
- Essa era a intenção, Frederick...

Gregory, você pode avisar o papai, por favor? – pediu, receosa.

Não se preocupe, Paris, ele estava apenas estressado hoje de manhã. Podem ir – disse olhando para Paris e Draco.

– Mas voltem a tempo de almoçar, sim?
Paris assentiu e os dois saíram.
- Então... Pra que lado vamos? – ela perguntou quando passaram do portão.
- Na direção do bosque – respondeu Draco, sorrindo. – Eu gosto daquele lugar.
- Humn, é um lugar bonito...
- Não é precisamente por isso que gosto, mas não importa... Vamos.
O dia estava frio, com poucos raios de sol brilhando no céu. Eles caminharam bosque adentro. Ora conversavam... Ora ficavam mudos e apenas se olhavam... Até que pararam – depois de andar por quase quarenta minutos – onde havia um belo lago, algumas pedras e árvores altas... Eles sentaram-se em uma das pedras – que era grande o suficiente para caber os dois, lado a lado – e ficaram quietos.
- Você quer me dizer ou perguntar algo? – Draco quebrou o silêncio.
A garota ficou levemente rosada. Draco a conhecia o suficientemente bem para saber que ela queria contar alguma coisa.

Quando me aproximei mal sabia o que falar

Nem vi você mudar

Nem vi você crescer, mas

Nunca te imaginei assim
Como pode tudo mudar?

Num segundo, nem pensar

Não vou voltar atrás

Agora é assim que vai ser

(Tudo Mudar – Charlie Brown Jr.)

Bem... É só que... – ela começou, desconcertada. – Eu... Eu queria saber se você seria capaz de... De gostar de mim – completou olhando firmemente para o lago.
- No sentido de me apaixonar por você? – ele perguntou naturalmente.
Paris balançou a cabeça positivamente.
- Não que eu estivesse interessada em você ou algo assim – acrescentou rapidamente. – Eu apenas queria saber... Er... Sua opinião masculina, por assim dizer.
- E desde quando se importa com isso ou se sente insegura em relação a garotos?

Apenas responda, pode ser?

Humn... Você é uma garota legal – disse achando que escolhera as palavras erradas. – E bonita também... Então, não vejo porquê um garoto não gostaria de você.
Ela sorriu. Sentia-se mal... Não era normal ela ficar envergonhada quando conversava com Draco.
- Mas... E você? – ela insistiu. – Você seria capaz?
Draco a encarou, a confusão – ou compreensão? – expressada em seu rosto.
- Bem... Acho que sim... Seria capaz de gostar de você, quem sabe. Mas, por que a pergunta?
- Por nada – ela respondeu automaticamente.
- Certeza que não tem mais nada a me dizer? – ele perguntou novamente.
- Não... Tudo bem. Era apenas isso.
Draco continuou fitando a garota por algum tempo. "Ela está escondendo algo... Eu a conheço, tenho certeza de que está escondendo algo".
Ficaram ali, em silêncio, contemplando o lugar por mais trinta minutos. Trocavam poucos olhares, mesmo quando conversavam.
- Acho melhor voltarmos... – sugeriu Draco.
- Sim... É melhor – ela concordou.
Fizeram o caminho de volta em silêncio. Sem querer, ás vezes um olhar encontrava o outro... Mas não falavam nada.
- Almoça comigo? – perguntou Paris, quando pararam no portão da Mansão McPearson.
- Acho melhor não – ele respondeu, mesmo a contra-gosto. – Não quero que minha mãe almoce sozinha...
- Ah, então tudo bem – ela sorriu fitando o nada. – Er... Até mais! – deu um beijo no rosto de Draco e entrou.
O garoto ficou parado no portão da mansão acompanhando, com o olhar, Paris entrar em casa.

Tudo bem, Draco? – perguntou Narcisa enquanto eles almoçavam.
- Sim, por quê?
- Me parece estranho desde que voltou da tal caminhada com Paris. Aconteceu alguma coisa?
"Argh... Porque elas sempre percebem tudo?".
- Não... Não aconteceu nada – disse, tentando parecer natural. – Apenas caminhamos, conversamos...
- Se você diz, tudo bem – ela sorriu e voltou a comer.

Paris comeu pouco e subiu para o seu quarto. Jogou-se na cama e ficou dando travesseiradas em sua cabeça por cerca de cinco minutos; de modo que quisesse espantar – ou espancar, o que é mais apropriado – seus pensamentos.
- Paris... Posso entrar? – perguntou Gregory, batendo à porta do quarto.
- Claro – ela murmurou.
Gregory entrou, trancou a porta e sentou-se na cama, ao lado da irmã.
- Você está diferente desde que voltou do suposto passeio com Draco.
Ela sorriu fracamente olhando o irmão.
- Estou, é? Nem percebi. A propósito, não foi um suposto passeio, se quer saber.
- Parece estar triste...
- E por que eu estaria triste?
- Eu lhe faço a mesma pergunta. Aconteceu alguma coisa?
Paris suspirou pesadamente.

"(...) Aprende que falar pode aliviar dores emocionais"

Você me deixou confusa! – acusou.
- E por que? – ele resolveu perguntar, apesar de ter a resposta.
- Dizendo todas aqueles coisas sobre Draco e eu. Eu fiquei confusa. E não conseguia parar de pensar nisso.
- Se ficou pensando nisso, é porque levou a sério e acha que eu posso estar certo... Caso contrário apenas ignoraria o que eu disse.
- Eu sei disso – resmungou triste. – Mas eu não deveria estar assim... Tive uma boa resposta de Draco.
- Uma boa resposta? – perguntou Gregory intrigado. – O que disse a ele?
Paris contou, então, sobre a conversa com Draco no lago.
- Se ele ficou desconcertado, assim como você, é porque pensa da mesma maneira. Apenas está com medo de assumir, assim como você.
- Não sei se acertou desta vez – ela disse, deitando no colo do irmão.
- Talvez sim... Talvez não... Mas vocês irão descobrir – ele sorriu afagando os cabelos de Paris.
Odiava se sentir desta maneira. Odiava ficar confinada em seu quarto pensando sempre na mesma pessoa, e sentindo dores de cabeça, causadas por choros melancólicos.


N/A:

A citação "Aprende que falar pode aliviar dores emocionais" faz parte do texto "A Vida Tem Valor" de William Shakespeare.

Calma. A aposta foi com a Luna, porque apostas Draco-conquista-Gina está batido. Ta. Eu sei que não foi criativo, mas tudo bem xP. E a Gina vai aparecer, não se preocupem.

Provavelmente, antes de atualizar a fanfiction, meu computador será formatado. Então, depois disso, eu vou atualizar com mais freqüência, normalmente eu demoro assim por que o computador não coopera, é muito lento, eu perco a paciência e fecho tudo, ou então simplesmente não faz upload do documento porque tem 98415456789 de vírus aqui no pobre coitado.

A propósito, ele precisa de um nome para parar de ser chamado apenas de "o computador". Sugestões? Hehe.

Reclamações, dúvidas, sugestões, elogios via reviews aí no seu browser ou e-mail: ou MSN xP

Ah sim. E o "Loony" não foi por engano, okie? Eu acho "Di-Lua" ridículo e me recuso a escrever assim. Da mesma forma que "Bellatrix" não será "Belatriz" xx

E desculpem a bagunça de linhas, e tudo o mais, mas o não está cooperando comigo ��

Domo arigatou pelas reviews ;)