Capítulo Quatorze – Streit.

- Então, Paris, que desculpa vai dar a Montague para não ir com ele a Hogsmead? – perguntou Selena, na sexta-feira da segunda semana em Hogwarts.

- Nenhuma... Eu disse que ia com ele, não disse? Não adiantaria fugir dele no domingo, sendo que vou vê-lo durante o resto do ano do letivo. Além do mais, eu não vou morrer se passar um dia com aquele aprendiz de trasgo.

- É claro... Eu tinha esquecido que você e Draco não estão se falando.

- E?

- E está mais do que óbvio que você só vai sair com Montague para causar ciúmes em Draco.

- Besteira!

- Então me responde, porque, de repente, você começa a conversar mais com os meninos, começa a se encontrar todas noites com Edward Streit, que por acaso é uma das pessoas que Draco mais odeia...

- Coincidências... Eu não conversava com os outros meninos porque, quando não estava com você, estava com Draco, então, agora eu tenho tempo pra conhecer melhor outras pessoas. E estou saindo com Streit porque me dá vontade, ora. Ele é bonito, beija bem, e ainda por cima é rico, sua família é muito conceituada no mundo bruxo, e seu pai é um dos mais respeitáveis membros do Ministério da Magia. Eu não saio com qualquer um, Selena, você já devia saber isto.

- Aham... De qualquer forma, eu concordo com Parkinson, essa briga entre você e Malfoy é a maior besteira, e já está enchendo o saco um alfinetando o outro o dia inteiro.

- Vocês nem ao menos sabem porque nós brigamos e ficam por aí falando merda... – acusou Paris, com a voz arrastada.

- Bem, eu saberia se você me contasse, não é mesmo? Porque, até onde eu sei, nós somos amigas.

- Ah, não me venha com chantagens, Selena.

- Eu estou falando sério... Então, vai contar ou não?

McPearson resmungou durante poucos minutos, mas acabou por ceder e contar o motivo da briga.

- Paris, como você é idiota! – riu-se, Selena. – Você não percebeu, não é mesmo?

- E o que tem para perceber?

- Vejamos... Ele diz que confia em você, que a respeita, que você é diferente das outras garotas, ele sente ciúmes de você, e ainda por cima diz que também queria te beijar, claro, o que não é de hoje... Sem falar dos ataques que ele tem quando você começa a falar de McDermitt. Oh, por Merlim, Paris, o que você quer que o garoto faça? Estenda uma faixa na Mansão McPearson dizendo o que sente por você?

- Oh não, não me venha com essas! Não agüento mais todos dizendo essa mesma ladainha! Draco gosta de mim, eu gosto dele, nós devíamos namorar, blábláblá...

- Um blábláblá bem verdadeiro, se quer a minha opinião...

- Obrigada, mas não quero sua opinião...

- Que seja pela amizade de vocês, então! Parem com esta idiotice e peça desculpas de uma vez por todas!

- Eu não vou ir me desculpar com Draco, tudo começou por culpa dele, portanto, se quiser, ele é que venha se desculpar, então, talvez eu pense em fazer o mesmo.

- Vocês se amam... – riu-se. – E se merecem, também.

- Cala essa boca, pode ser?

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Paris sonhou com Frederick novamente, não conseguiu mais dormir, e como prometido, resolveu escrever a carta para Gregory.

- Incendio! – sussurrou para acender a lareira do gélido salão comunal nas masmorras.

Sentou-se no sofá mais próximo ao fogo e rabiscou poucas palavras no pergaminho. Re-leu o bilhete, então enrolou e amarrou o pergaminho com um pedaço de fita vermelha. Voltou ao dormitório, vestiu seu casaco e pegou a capa de invisibilidade de Draco, que estava com Paris há quase dois meses. Então seguiu para a Torre Oeste o mais silenciosamente possível. Não sabia porque, mas queria despachar a coruja sem que Draco soubesse, por isso foi ao corujal durante a madrugada. Durante o percurso de volta, Paris teve que se esconder de Filch e sua gata Madame Nora por cerca de dez minutos atrás da estátua de Gerina "A Manca" Dunwich, famosa medibruxa que tinha apenas a perna direita, sua outra perna fora arrancada e engolida por uma Quimera, enquanto o Senhor Dunwich se atirava na frente do monstro grego para proteger a esposa.

- Você não deveria estar andando por aí de madrugada! – uma voz conhecida soou quando Paris adentrou o salão comunal. – Principalmente usando a minha capa. Eu poderia lhe entregar para o diretor, se quisesse...

Draco estava sentado no sofá que antes era ocupado pela menina. Paris fez uma expressão desgostosa e atirou a capa no colo de Malfoy.

- Onde você estava? – ele perguntou.

- Por aí, Draco, não é da sua conta... – respondeu cansada. Não agüentava mais esse estúpido jogo, porém não daria o braço a torcer e se desculparia primeiro.

Não estava com sono, porém não queria ficar no salão comunal apenas com Draco como companhia, uma vez que não estavam se falando. Então, preferiu voltar para o dormitório.

- Sinceramente – ouviu Draco dizer, e parou no meio do caminho, – toda essa besteira de ficarmos sem falar um com o outro, já me encheu o saco!

- Bem, a culpa disso tudo é sua!

- Minha? Quem foi que chegou na minha casa e simplesmente começou a dar chiliques e me dizer que eu sou um idiota que não percebo as coisas?

- Eu não disse necessariamente que foi você quem começou a brigar, mas sim que a culpa é sua, e isso é verdade! – ela voltou e se sentou no sofá diante de Draco.

- Você me culpa porque sabe que, na verdade, isso aconteceu por sua causa.

- Olha, se você for ficar aqui apenas me enchendo a paciência e me acusando, obrigada, a proposta é tentadora, mas eu tenho outras obrigações, se não se importa!

- É? Como o quê, por exemplo?

- Como ficar melancólica e arrependida por não ter enfiado a mão na sua cara neste exato momento...

- Você é irritante, sabia? Humpft!

- Se minha presença incomoda, é só se retirar Draco Malfoy.

Os vinte minutos seguintes foram feitos de silêncio, olhares frios e cenhos.

Draco respirou pesadamente; fora vencido.

- Me desculpe, ok! Aquilo tudo foi... Quer dizer, eu fiquei estressado, por isso eu gritei a primeira coisa que me veio na cabeça.

A garota continuou em silêncio. Depois de agüentar o máximo de tempo possível, resolveu falar.

"Oh Paris, porque você não consegue fazer isto com ele? Com todos os outros dá certo, e logo agora que fez Malfoy se desculpar, vai estragar tudo...", ela pensou penosamente.

- Eu sei que a culpa foi minha... Eu estava irritada comigo, por não saber o que pensar sobre uma certa situação, e queria descontar tudo em alguém. Bem, a primeira pessoa que apareceu foi você. E me desculpe por dizer que... Hmn, quevocênãomebeijouporqueeracovardeetevemedo – disse a frase tão apressadamente, que mal entendeu o que saia de sua boca.

- Oh. Eu não lembrava desta... Parte específica.

Paris sorriu, envergonhada, e foi se sentar ao lado de Draco.

Silêncio. Silêncio. Silêncio.

Os únicos barulhos na sala eram as respirações e o crepitar do fogo na lareira.

- Er, Draco... Naquele dia, você disse que sentia vontade de me beijar há um certo tempo... Isso, er-

- Sim, é verdade.

- Ah! Er... – apenas sorriu, não soube o que dizer depois de ouvir do seu melhor amigo que ele sente vontade de beijá-la. Principalmente pelo fato desse melhor amigo se tratar de Draco, a pessoa que vinha ocupando seus pensamentos há um bom tempo.

Draco retribuiu o sorriso, então aproximou seu rosto. Paris, encabulada, abaixou a cabeça, o que fez com que Draco levantasse o rosto dela e a encarasse durante alguns segundos. O que aconteceu em seguida foi tão repentino, que Paris não soube como reagir. Os lábios se encontraram e ao toque da mão de Draco no rosto da garota, ela conseguiu apenas fechar os olhos e mergulhar na situação. Ainda não sentira nada parecido com a sensação daquele beijo. Já havia beijado Draco uma vez, mas foi algo tão diferente, que não soube explicar. Queria parar de pensar, e apenas continuar ali, com Draco, sentindo como se estivesse flutuando. Então, a maldita voz resolveu se pronunciar.

"Pare com isso, Paris... Você está se dando tão bem com Edward".

"Ora, cale a boca", respondeu para si mesma.

"Não, não calo. E você trate de me ouvir. Edward também é lindo e... Whoa! ELE é lindo, e não seria nada simpático traí-lo com seu melhor amigo!

Com o maior pesar do mundo, Paris afastou o rosto de Draco e o fitou, envergonhada.

- Me desculpe, Draco, mas, eu não posso... Quer dizer, você sabe, eu-

- É, eu sei... Streit! – disse com frieza.

Ela suspirou pesadamente, deu boa noite a Draco e voltou para o dormitório.

"Sinceramente, eu não sei por que ainda te ouço...", disse para a imagem refletida no espelho da cômoda ao lado de sua cama.


N/A:

Gerina Dunwich é autora do livro "Wicca, a feitiçaria moderna", hehe. Eu gostei do nome dela xP

Hmn, este capítulo saiu assim só por que todo mundo estava pedindo alguma coisa entre o Draco e a Paris, rs. Mas não vai passar muito mais disso, afinal, a fic é D/G, ne oO

E me perdoem, mas não deu tempo de revisar.

Küsse