Beijos Desequilibrados
Capítulo VI - Condolências
Disclaimer : Se eu tivesse criado Saint Seiya, todos o cavaleiros de Athena teriam aparecido. Fazendo um pequeno balanço, apareceram, no mangá, 10 cavaleiros de bronze, 12 de ouro e uns dez de prata (contando com Marin e Shina), fora o mestre de Shun e a June. Devem ter aparecido por volta de 34 cavaleiros. Se Athena tem 88 cavaleiros, então onde andam por volta de 50 a 55 cavaleiros ? São uns folgados mesmo...
Saint Seiya pertence a Masami Kurumada, Toei Animation, etc. Sou apenas mais uma maluca que se aproveita dos coitados dos cavaleiros... '
Amelie Bertaux, Althea, as gêmeas, Lótus e Joseph são criações minhas.
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Kamus acordara cedo naquela manhã. Acordara com um vazio no peito, uma sensação estranha. Não sabia o que era e não queria pensar no assunto. Olhou para o criado-mudo e viu a carta do Grande Mestre. Soltou o ar pela boca, num gesto de desaprovação, e foi tomar um banho gelado em sua suíte.
Kamus adorava banhos gelados. Na verdade, adorava tudo o que era frio. O frio diminuía o caos da matéria, fazendo tudo parecer mais organizado. E ele simplesmente amava organização. Demorou o mais que pôde no banheiro e saiu, vestindo a armadura de ouro. Encontrou Althea animada, terminando de colocar o café da manhã na mesa.
"Bonjour, Althea. Está animada hoje, non ?"
"Bom dia, Kamus-sama ! Viu como hoje o dia está lindo ?"
Kamus olhou pela janela. O sol raiava, o céu estava claro, sem nuvens. A brisa leve soprava, amenizando o calor, e as flores desabrochavam. Estava realmente um dia lindo, mas ele não podia simplesmente ficar em casa. Tinha de recepcionar um cavaleiro de prata...
"Oui, o dia está belíssimo. Pena que não poderei aproveitá-lo..."
"Não diga isso, Kamus-sama. O que o impediria ?"
"O Grande Mestre me pediu para recepcionar um cavaleiro de prata. Um cavaleiro de ouro recepcionando um de prata ! Isso é um ultraje !"
"Ah, mas tenho certeza de que fará um passeio agradável pelo Santuário com este cavaleiro novato."
"Agradável seria passar o dia aqui, lendo um bom livro embaixo de uma árvore."
"Não seja tão ranzinza, Kamus-sama !" – Kamus lançou um olhar fuzilante à garota, que tentou ignorar – "Você não é assim ! Você é uma pessoa muito doce, sabe disso."
"Althea..." – ele deu um sorriso e ela retribuiu – "Agora vejamos de que maneira você irá me engordar hoje. Frutas, pães, bolos... Eu realmente tenho fome !"
Kamus estava comendo enquanto a garota, sentada, o ficava admirando. Terminou a refeição e olhou as horas. Estava perto de oito. Levantou-se e olhou para a amiga.
"Althea, vou indo. Mas voltarei o mais breve possível."
"Sim, Kamus-sama."
Kamus foi descendo as escadarias. Passando por Escorpião, encontrou as duas servas gêmeas de Miro quase surrando a porta, tentando fazê-lo acordar. Deu uma boa gargalhada dentro de si e continuou descendo. Não estava com pressa, o cavaleiro de prata que o esperasse. Quando terminou de descer o zodíaco, foi lentamente se aproximando das arenas e divisou uma figura, no mínimo, interessante.
Era um garoto loiro, de cabelos muito compridos e meio ondulados, e de feições andróginas. Mas o interessante era a roupa que vestia. Usava uma camisa preta, de mangas longas, e uma calça e ainda trazia consigo uma echarpe, que já não mais estava pendurada no pescoço. Ao seu lado, uma urna de armadura.
"Bonjour. Você é Misty, non ?"
"Bonjour. Sim, sou Misty, cavaleiro de prata da constelação de Lagarto. Você é Kamus de Aquário, non ?"
"Oui. Você deve estar morrendo de calor, non ? Aqui é extremamente quente, não precisava ter viajado com estas roupas."
"Mas na França está muito frio."
"É bom se adaptar a este clima daqui. Vai demorar um pouco, mas você consegue. Você não acha que é muito novo para ser um cavaleiro ?"
"Muitos me dizem isso, mas eu me acho extremamente preparado."
"Extremamente preparado ? Com um corpo esguio desses ?"
"Ora, o verdadeiro poder é jamais ser atingido pelo adversário. Um cavaleiro de verdade não deixa uma única gota de sangue cair."
"A vida ainda vai lhe ensinar muitas coisas, Misty. Mas acho que você teria se identificado muito com Afrodite. Creio que vá conhecê-lo depois."
"Quem é ele ?"
"Afrodite de Peixes, guardião da décima segunda casa. Ele tem uma linha de raciocínio parecida com a sua. Mas vamos deixar esta conversa para depois. O Santuário é grande e você precisa conhecê-lo."
"Concordo plenamente."
"Bem, este lugar onde está é onde ocorrem treinamentos. São as arenas, onde jovens aspirantes a cavaleiros costumam treinar. Os cavaleiros de prata também treinam aqui."
"E os de ouro ?"
"Treinamos em locais separados. Você deve combinar seus horários de treinamentos com outros cavaleiros de prata. Quando chegarmos lá, você mesmo trata disso. Agora siga-me."
Kamus conduziu o outro até a entrada do templo de Áries.
"Aqui é o zodíaco de ouro. As doze casas são guardadas por doze cavaleiros de ouro. No topo, está a sala do Grande Mestre e, atrás, a estátua de Athena. Você deve respeito e obediência ao Grande Mestre, como já deve saber."
"Oui. Posso subir até a sala do Grande Mestre quando precisar ?"
"Não deveria. Você só deve ter necessidade de ver o Grande Mestre quando ele o convocar. Assim, os cavaleiros de ouro permitirão a sua passagem. Entendido ?"
"Oui, Kamus."
"Ali mais adiante está o cemitério dos cavaleiros de Athena. E lá estão as casas das amazonas e de seus pupilos – até agora ainda não são muitos."
"Quem são elas ?" – Misty apontou para duas mulheres mascaradas.
"A que está conversando com um rapaz é Marin, da constelação de Águia. O rapaz é Aioria, cavaleiro de ouro de Leão. A outra é Shina, da constelação de Cobra. Dê-me licença um instante, sim ?"
"Claro." – Misty ficou observando Kamus se afastar.
Kamus seguiu em direção a Aioria. Quando este o viu se aproximar, fez uma careta que obrigou Marin a se virar para ver de quem se tratava.
"Bonjour, Marin, Shina e Aioria."
"Bom dia, Kamus." – Marin respondeu.
"Aioria, por que ao está trajando a armadura de ouro ? Não sabe que é nosso traje cerimonial ? Quantas vezes terei de repreendê-lo ?"
"Quantas vezes você quiser, Kamus. Vê se não me enche, eu não tenho a mínima vontade de andar com ela por aí."
"Marin, não sei como consegue dialogar com este homem. Agora, se me permitem." – Kamus fez um gesto de saída.
"Já não era sem tempo." – Aioria resmungou. Kamus não deu ouvidos e voltou até Misty.
"Misty, já está ficando tarde, sim ? Vou levá-lo até os outros cavaleiros de prata, eles se encarregarão do resto. Siga-me."
Andaram por mais algum tempo até chegarem a umas casas um pouco melhores, onde dois rapazes conversavam na porta.
"Bonjour, cavaleiros !"
"Bom dia, Kamus. Quem é este ?"
"Mon Dieu ! Vocês são os cavaleiros de prata e não sabem ! Ele é Misty, cavaleiro de prata de Lagarto."
"Prazer, Misty." – um rapaz com uma cicatriz no olho estendeu a mão para Misty – "Sou Moses, de constelação de Baleia Branca."
"E eu sou Babel, de Centauro. Creio que vamos nos dar muito bem. Agora venha, está na hora do almoço. E você deve estar fervendo dentro destas roupas."
"Au revoir, Kamus."
"Au revoir, Misty."
Kamus deixou Misty com um alívio imenso. Odiava servir de guia para os outros, principalmente para crianças. Sim, porque Misty não passava de uma criança ainda, do mesmo jeito que os outros dois cavaleiros de prata.
Subiu o zodíaco de ouro com muita fome. Conseguiu ouvir a voz de Miro ecoando na casa de Virgem – a voz de Miro tornava-se incrivelmente alta quando ele se empolgava numa conversa e Shaka devia estar bastante animado naquele dia. Chegou a seu templo e notou um silêncio profundo. Estava silencioso demais. Estranhou. Sentiu um calafrio percorrer sua espinha e foi andando pelo lugar. Nenhum sinal de vida. Ao entrar na cozinha, tomou um susto com a cena.
Althea, extremamente pálida, estava caída no chão. Suas mãos seguravam seu peito e ela fazia uma cara de dor. Respirava com dificuldade e tinha os olhos cheios de lágrimas. Fitou Kamus, em pé, com uma expressão triste no olhar. Kamus correu e se sentou no chão, colocando a cabeça da garota em seu colo. Começou a afagar-lhe os cabelos.
"Althea, o que houve ? O que você está sentindo ?"
"Não é nada, Kamus-sama, não precisa se preocupar. Já aconteceu antes e vai passar."
"Aconteceu antes e você não me disse nada ?"
"Sim, é que tenho uma doença no coração desde pequena, isso acontece de vez em quando."
"Deveria ter me avisado ! Providenciaria um médico para você ! Vamos, vou te levar para um hospital em Athenas."
"Não quero ir !" – Althea se esforçou para a voz sair um pouco autoritária.
"Como ?" – Kamus a olhou, estupefato.
"Disse que não quero ir ! Sei que não adianta mais."
"Você não tem como saber !"
"Não dizem que as pessoas sentem quando vão morrer ?"
"Você não vai morrer ! Eu não vou deixar !"
"Deixe de ser egoísta, Kamus-sama ! Você não é assim ! E está um dia tão lindo para morrer..."
"Althea, não me abandone..." – Kamus começou a chorar.
"Por favor, não chore, Kamus-sama. Não quero partir sabendo que o fiz chorar." – Kamus enxugou as lágrimas – "Prometa-me que vai ser feliz."
"Como posso prometer uma coisa dessas ?"
"Apenas prometa."
"Oui, eu prometo."
"Kamus-sama..." – ela começou a chorar – "Eu te amo tanto... Sempre me conformei com meu amor platônico... Lembro-me de quando te conheci, há alguns anos. Você me escolheu dentre tantas outras garotas para ser sua serva ! Acho que foi amor à primeira vista..."
"Althea, poupe suas forças..." – Kamus começou a acariciar o rosto dela.
"Não ! Deixe-me falar ! Durante todo este tempo eu nutri este sentimento, mesmo sabendo que não seria correspondida. Nutri esse amor com as minhas ilusões de garota porque ele era grande demais para que eu pudesse sufocá-lo."
"Pequena..." – Kamus deu um beijo na testa da garota.
"Você nunca me chamou assim... Que pena que estou partindo justo agora, que poderia ouvir mais destas palavras ! Sempre percebi o amor que você tinha por Miro-sama e confesso que sentia inveja dele."
"Um anjo não sente inveja." – Althea sorriu, mas continuava com uma cara de dor.
"Quem me dera ser um anjo... Mas quem sabe agora eu não me torne seu anjo da guarda, Kamus-sama ?"
"Você sempre foi meu anjo da guarda, esta é a verdade." – Kamus não conseguia conter as lágrimas que rolavam pelo seu rosto.
"Já pedi para que não chorasse... Não sabia que era tão teimoso !" – Kamus deu uma pequena risada – "Kamus-sama, agora que estou partindo, gostaria de te pedir uma coisa."
"Peça o que você quiser."
"Kamus-sama, eu sempre tive vontade de sentir como seus lábios eram... Sentir o teu calor e o teu carinho... Kamus-sama, me beija..."
Colocou seus lábios nos dela e sentiu-a esboçar um sorriso leve. Sabia que era a única coisa a se fazer : dar um momento de felicidade àquela garota antes dela partir. Se seus lábios poderiam proporcionar este momento, então por que não ? Sentiu-a amolecer em seus braços e o calor do corpo dela se esvair. Althea tinha partido. Partido como um anjo em todo o seu esplendor. Queria chorar, mas não derramaria mais uma lágrima. Ela pediu que ele não chorasse.
"Muito obrigado por tudo, Althea. Por me ouvir, por cuidar de mim. Você foi uma pessoa muito importante na minha vida. E é mais uma pessoa importante que eu perdi. Sinto-me tão impotente diante das forças obscuras que parecem sugar todos aqueles que me dão momentos de alegria ! Se eu não tivesse ido recepcionar Misty e ficado aqui, lendo como eu queria, Althea provavelmente não teria morrido. Eu cheguei tarde demais para evitar que sua alma descesse até o Hades para ser julgada." Kamus fechou as pálpebras dela e foi no quarto. Pegou duas moedas e colocou sobre seus olhos fechados. "Estas moedas são para que tu pagues o barqueiro. Tenho certeza que, ao te julgarem, te mandarão para os Campos Elíseos. Althea, tu eras um anjo que quis viver na Terra."
Kamus ficou admirando o rosto da garota morta por algum tempo, até que sua outra serva, loira, entrou na cozinha e se espantou com a cena. A garota começou a chorar quase que instantaneamente, murmurando :
"Kamus-sama, me desculpe... Eu sou a culpada..."
Kamus lançou um olhar congelado à garota.
"De fato, você é culpada. Não me avisou que Althea já tinha passado mal antes. Se eu soubesse, teria cuidado dela."
"Mas ela não queria que o senhor soubesse..."
"Mas isso não é um fato que se deve esconder !" – a voz de Kamus se alterou – "Agora pegue um pedaço de papel e uma caneta para mim. Rápido !"
A serva saiu apressada. Kamus estava alisando aquele corpo gelado quando ela regressou. Pegou o papel e escreveu um bilhete.
"Vá imediatamente e entregue isso ao Grande Mestre. Volte apenas quando estiver com a resposta dele."
A serva saiu e Kamus ergueu o corpo de Althea nos braços. Caminhou e se dirigiu ao quarto dele, depositando-a sobre sua cama macia. Foi até o guarda-roupa e pegou um grande manto negro. Abriu a janela e o pendurou. Queria que todo o Santuário soubesse que a casa de Aquário estava de luto. Encostou-se na janela e ficou observando o corpo fracamente iluminado.
"Althea era realmente uma garota linda... Por que não pude me apaixonar por ela, ao invés de Miro ? Realmente seria melhor que eu não me apaixonasse – mas faria tudo para trocar o amor que tenho por Miro por ela. Sentirei muito sua falta... Não sei como poderei cumprir a promessa que fiz a você, Althea. Ser feliz é uma coisa um tanto distante para um cavaleiro de Athena."
A serva loira regressou com um outro papel. Kamus leu e sorriu.
"O Grande Mestre autorizou o enterro de Althea aqui, nos fundos da casa de Aquário. E ainda disse que está tudo providenciado ! Estão chegando aqui daqui a uma hora para enterrá-la... Que eficiência sobrenatural ! Agora se retire. Quando chegarem, traga-os aqui. Você poderá ver o enterro."
A serva saiu e, quase simultaneamente, alguns cavaleiros de Ouro entraram. Eram Afrodite, Shaka, Aldebaran, Shura e Aioria. Os cinco foram até a cama e observaram a garota que jazia lá.
"Que moça bonita ! Uma beleza sublime que agora desaparecerá deste mundo... Qual era o nome dela, Kamus ?" – Afrodite perguntou, depositando uma rosa branca nos cabelos da garota.
"Althea." – Kamus respondeu mecanicamente, observando tudo da janela.
"Fiquei imaginando quem poderia ter partido e me dirigi imediatamente para cá. Não sabia que estimava tanto esta jovem, Kamus."
"Sempre curioso, Shaka. Adora se intrometer nas casas alheias..." – Aioria replicou.
"E o que estamos fazendo todos aqui, Aioria ? Kamus, meus pêsames." – Aldebaran se pronunciou.
"Muito obrigado, Aldebaran."
"Ouvi dizer que ela vai ser enterrada aqui."
"É verdade, Shura." – Kamus respondeu.
"Então ela deve ter sido muito fiel a você. Agora vamos, cavaleiros ? Precisamos voltar." – Shaka se manifestou.
Os outros quatro concordaram com a cabeça e partiram. Kamus continuou parado na janela, observando a garota. Agora também tinha um outro peso no coração : Miro não viera. "Será que nem ao menos ele ficou curioso com a minha atitude ? Eu sou tão insignificante assim ? Máscara da Morte não vir é normal. Mas o Miro..."
As pessoas encarregadas de fazer o enterro chegaram. Kamus observou todo o trabalho delas. Quando tudo estava pronto e o caixão estava sendo levado para o lado de fora, Kamus sentiu uma mão tocar seu ombro e dar um leve aperto. Virou-se para trás. Era Miro.
"Kamus, vim assim que pude."
"Muito obrigado, Miro."
"Quem faleceu ?"
"Minha serva e amiga, Althea. Ela tinha problemas cardíacos."
"Não sabia que ela significava tanto para você."
"Sim, significava muito mesmo." – o caixão estava terminando de ser enterrado.
"Mas, se ela era tão importante, por que você não derruba uma lágrima sequer ?"
"Eu não seria tão egoísta, Miro. E ela mesma pediu para que eu não chorasse."
"Egoísta ?" – Miro fez uma cara confusa.
"Sim, egoísta. A maior demonstração de egoísmo humano se dá quando alguém morre. Nós choramos porque somos egoístas, Miro. Não choramos porque aquela pessoa está partindo, mas sim porque não ouviremos mais sua voz, não sentiremos mais o seu toque, seus carinhos e até suas reclamações."
"Discordo ! Como você pode dizer algo desse tipo ? Você é tão insensível assim ?"
"Não sou insensível, sou realista. Você, nascido sob um signo associado à água, é que é idealista. Vamos supor que uma pessoa que você conhecia, mas não tinha muita intimidade, morresse. Você iria chorar ? Iria sentir falta dela ?"
"Não. Já que não a conhecia, a morte dela não iria me machucar."
"E se eu morresse, por exemplo ? Você choraria ? Você sentiria a minha falta ?"
"Nem fale uma coisa destas ! É óbvio que eu choraria, você é o meu melhor amigo ! Quem mais iria pegar no meu pé, ralhar comigo e ouvir as minhas idiotices ? Eu não posso viver sem as suas censuras !"
"Exato ! Você sentiria a minha falta porque eu fazia algo para você. Quando uma pessoa morre, há gente que fica muito triste e muito feliz. As duas reações são sinais de egoísmo. Você poderia me dar a definição de egoísmo, para eu te demonstrar ?"
"Egoísmo é um amor excessivo ao bem próprio, sem consideração aos interesses alheios."
"Certo. Se uma pessoa fica triste quando outra morre, é porque sente falta dos carinhos, gestos amigáveis, repreensões e outras atitudes que aquele que partiu tinha para com ela. Entristece-se porque nunca mais terá aquilo que tanto gostava de novo. Já uma pessoa que se sente feliz age desta forma porque se sente livre dos incômodos que a outra pessoa causava. Ou seja, duas atitudes tipicamente egoístas, non ?"
"Detesto ter que concordar com você, mas é a realidade. Uma realidade muito cruel e dolorosa, da qual não gostaria de fazer parte. Portanto, prefiro não concordar com você, Kamus. Prefiro viver no meu mundo a encarar a dor da perda como egoísmo." – Miro olhava tristemente para Kamus.
"Faça como quiser. Sabia que você não iria concordar mesmo... E quer dizer que você não consegue viver sem ouvir minhas censuras, non ?"
"Ah, Kamus !" – Miro deu um sorriso e o abraçou – "Você é muito importante para mim, não se esqueça disso. E chore. Chorar faz bem. Vai parecer que tirou um peso das costas. Afinal, todos os seres humanos são egoístas, não há escapatória."
Kamus ouvia Miro falando em seu ouvido e se arrepiava involuntariamente. Não queria ter mais aquelas sensações, mas simplesmente não conseguia evitar. 'Prometa-me que vai ser feliz.'. Ah, era realmente impossível ! Miro não o amava, senão tinha dito algo agora. Fora a oportunidade perfeita para uma declaração, e Miro não a fizera. Soltou-se do abraço com um sorriso, olhando fixamente para aquelas safiras que tanto o encantavam.
"Agora preciso ir, Kamus. E acho que você deve querer ficar sozinho por hoje. Aproveite o lindo dia para pensar no jardim. Pense sobre a efemeridade da vida. Naquilo que deve ser feito antes que seja tarde demais." – Miro depositou um beijo na testa e Kamus, bagunçou os cabelos do amigo e partiu.
Kamus ficou observando Miro partir e se sentou na sombra de uma árvore, recostando-se nela, perto da lápide de Althea. Miro tinha sugerido uma boa coisa a se fazer, afinal. Sim, a vida era realmente efêmera. E Kamus precisava de um empurrão para tentar aproveitá-la. Talvez, quem sabe, a morte de Althea tivesse sido este empurrão do qual ele tanto precisava.
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N/A : Capítulo triste, não ? Eu fiquei com peninha de matar a Althea... Estava gostando tanto dela ! Tive de escrever duas vezes a cena da morte, porque a primeira ficou uma porcaria... Embora eu ainda ache que ficou ruim... Não sei se consegui expor a minha teoria sobre egoísmo de uma forma coerente, através do Kamus-chan. Li e reli, tentando ver se dava pra entender aonde eu queria chegar. Espero que esteja claro . Apesar de ser de Peixes, consigo ser realista, às vezes. É que a vida nos exige isso... Mas vou parar de divagar e de amolar a paciência de vocês.
Ah, e pelo amor de Kami-sama, se vocês lerem isso aqui, mandem reviews ! Eu sei que tem gente que lê e não deixa uma review, mas você não sabe a felicidade de um autor quando ele vê que alguém deixou um recadinho para ele !
Agora vamos a seção "Mural de recadinhos da Chibi-chan" !
Amy-Lupin-Black – Olá ! Seja bem vinda ! Althea sendo alvo das mágoas de Kamus ? Bem, realmente eu até pensei nisso, mas depois desisti. Aí a coitadinha teve este fim... Não fique com inveja do Shaka ! Para acariciar o Kamus, vai ter que fazer fila... Beijinhos !
Anne – Olá ! Ainda bem que tem gente do meu lado ! É difícil escrever, ainda mais quando você sabe que outras pessoas vão ler aquilo que foi escrito. Cenas de lemon, então... Parece que os dedos travam ! E eu também acho que o Kamus tem mais é que aproveitar e comer todas as maravilhas que ele puder ! Com tantos treinos, ele não vai engordar nunca ! Beijinhos !
Caliope Amphora – Olá ! Beber água da privada foi ótima (risos)! Bem, o motivo do Miro tê-lo tratado assim fica para próximos capítulos... E o Kamus na Sibéria é uma das partes mais interessantes de se escrever, pois eu mergulho mesmo nos acontecimentos do mangá. O ta mesmo bem maluquinho... Beijinhos !
Celly M – Com muita honra e orgulho, dou-lhe as boas vindas aqui na minha fic ! É um prazer saber que você está gostando da minha fic – esforço-me ao máximo para escrever bem e sei que ainda falta muito chão pela frente. Eu realmente não pensei em utilizar o Misty para provocar ciúmes... Não teria sido uma má idéia, mas coloquei o Misty apenas para tirar Kamus de casa... Realmente a chegada não foi legal, mas não do jeito que você esperava. Tomara que continue gostando da fic ! Beijinhos !
hakesh-chan – Calminha ! Sei que realmente foi uma palhaçada, mas é que eu não consegui terminar a cena. Por favor, não me mate e nem desista da fic !
Ilía – Olá ! Seja bem vinda a minha humilde seção ! Olha, eu não recebi o seu comentário anterior, mas fiquei curiosa para saber o que você tinha escrito. Sou uma pessoa que aceita humildemente sugestões e críticas – elas realmente podem ser muito úteis. Então, se tiver algo a dizer, simplesmente diga ! Ficarei imensamente grata. Ai, fiquei tão feliz quando você disse que estava entrando no espírito de um aquariano ! Mas acho que não vou entrar por muito tempo... Eu tenho um defeito quando escrevo, que é colocar muito de mim no personagem. Então ele sempre fica com um quê de pisciano... Preciso aprender a me corrigir ! Obrigada pela dica do "razão x sentimentos", vou tentar explorar mais isso – mais até do que já estou fazendo. Bem, o Shaka estava bastante OOC no capítulo anterior, mas a razão do Misty ter entrado na fic ficou bem explícita agora, não ? Ah, e realmente não é tão fácil encontrar gente do nordeste por aqui... Beijinhos !
Perséfone-san – Olá ! Qual a diferença, a sutil diferença entre você esperar tudo e quase tudo do Miro ? Sinceramente, não consigo imaginar uma coisa a qual você não esperaria que ele fizesse... Kamus atacando de guia turístico foi uma idéia bem louca, não ? E fico lisonjeada por ter o maior review já escrito por você ! Beijinhos e boa sorte com o computador... !
