Beijos Desequilibrados
Capítulo IX – Lágrimas de desespero
Disclaimer : Não sei se apenas sou eu, mas existe mais alguém que seja revoltado com a finalidade das mortes dos cavaleiros de ouro na saga de Hades ? Os coitados comeram o pão que o diabo amassou – principalmente o Dohko, coitado – para morrerem somente para abrir um buraco num muro ! E o pobre do Shaka, que já estava quase nos Campos Elísios quando voltou para o Hades...
Saint Seiya pertence a Masami Kurumada, Toei Animation, etc. Sou apenas mais uma maluca que se aproveita dos coitados dos cavaleiros... '
Amelie Bertaux, Althea, as gêmeas, Lótus e Joseph são criações minhas.
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Kamus se acordou naquele domingo com a certeza de que era a pessoa mais feliz do mundo. Abriu os olhos, esperando ver Miro deitado ao seu lado, mas tudo o que encontrou foram travesseiros e lençóis bagunçados. Sua cabeça, que já doía levemente, começou a latejar.
"Não acredito... De novo não ! Miro sente algo por mim, ele disse que gostava muito de mim ! Deve haver uma boa explicação para isso... Ele deve estar em algum lugar da casa de Aquário... Ele tem que estar..."
Kamus se levantou e caminhou até o banheiro. Marcas vermelhas do fondue e da boca de Miro povoavam seu tronco pálido. Tomou um banho gelado, massageando o couro cabeludo numa tentativa fracassada de acabar com sua dor de cabeça. Recolheu a camisa de Miro, que ficara esquecida no chão desde a hora que o grego fizera-lhe uma massagem. Vestiu roupas simples e foi tomar café da manhã. Encontrou a mesa posta para um e a serva loira, de pé, o aguardando.
"Bonjour. Onde está Miro ?" – Kamus se sentou.
"Miro-sama saiu hoje muito cedo. Estava com pressa, nem ao menos tomou café da manhã."
"Merci. Pode se retirar." – A serva loira obedeceu.
"Deve ter acontecido algo... Provavelmente esqueceu alguma coisa, do jeito que é estabanado... Vou terminar logo e ir para o templo de Escorpião. Ele vai me contar o que aconteceu."
Kamus comeu rapidamente o seu café, tomando uma aspirina junto. Deixou a camisa de Miro para ser passada, vestiu a armadura de Aquário e saiu. Caminhou lentamente pelas escadarias, apesar da ansiedade. Afinal, ele ainda era o cavaleiro mais reservado do zodíaco. Chegou em Escorpião e notou que as servas gêmeas limpavam a casa.
"Bonjour. Miro se encontra ?"
"Bom dia, Kamus-sama. Miro-sama saiu hoje cedo." – Uma delas respondeu.
"Muito obrigado."
Kamus sentiu o coração pesar. Para onde Miro fora ? Bem, se tinha uma pessoa apta a responder aquele tipo de pergunta, esta pessoa era Shaka. Desceu até Virgem da maneira mais rápida e discreta possível e encontrou Shaka flutuando ao realizar sua meditação matinal.
"Bonjour, Shaka. Desculpe-me atrapalhar sua meditação."
Kamus viu Shaka franzir as sobrancelhas e descer lentamente. Ao toca o chão, Shaka levantou-se e foi em direção a Kamus.
"Bom dia, Kamus. Marcamos de treinar hoje ?"
"Non, Shaka. Vim aqui para te perguntar uma coisa, acho que você deve saber."
"Então me pergunte."
"Onde Miro foi ?" – Kamus foi direto.
"Kamus ? Que preocupação é esta com Miro ?"
"Shaka, você sabe a resposta ?"
"Sei sim. Mas você realmente tem a visão de que sou um intrometido, ou não teria vindo perguntar justo a mim !"
"Shaka, você poderia apenas me responder ?"
"Miro saiu a pedido do Grande Mestre. Não sei ao certo o que foi fazer, mas parece-me que vai demorar. Deve chegar hoje à noite."
Kamus fez uma expressão de alívio.
"Merci beaucoup, Shaka."
"Kamus, você não tem nada que queira me dizer ?" – Kamus franziu as sobrancelhas.
"A respeito... ?"
"Miro."
"Acho que não preciso contar nada. As suas suposições já são mais que suficientes."
"Então você realmente está apaixonado ! Quem diria, Kamus, que isto iria acontecer com você !"
"Shaka, menos... Fazer alardes não é do seu feitio."
"Desculpe-me, mas vê-lo admitir assim é algo extraordinário ! Você já contou a ele ?"
"Creio que sim."
"Como assim, 'creio' ?"
"Ah, Shaka, não quero discutir minha vida pessoal com ninguém, ainda mais no meio da casa de Virgem !"
"Tudo bem, respeito sua decisão. Agora, se me dá licença, tenho uma meditação para fazer."
"Au revoir, Shaka."
Kamus subiu as escadarias com o coração mais leve. Miro precisava sair, e não quis acordá-lo. Sabia que haveria uma boa explicação para acordar novamente só, pena que Miro não o tinha contado antes. Pouparia toda esta angústia. Sua dor de cabeça já estava passando. Chegou em Aquário sem saber muito o que fazer. Resolveu entrar em sua biblioteca e colocar um cd para tocar. A sua seleção de músicas, músicas estas que tão bem combinavam com sua vida inteira.
Sentou-se no sofá e colocou-se a pensar. Achava-se tão tolo por julgar que Miro era incapaz de amar ! E por ter pensado em acreditar em seu mestre, dizendo para si que o amor é um pecado. O amor não era um pecado, era a suprema felicidade da vida. Agora que sabia ser correspondido, amaria Miro com uma intensidade tal que ultrapassaria os deuses. Faria dele o homem mais feliz do mundo, assim como Miro já o fazia. Lembrava-se daqueles olhos maravilhosos... Como adorava quando aquelas orbes maravilhosas pousavam sobre sua figura !
Finalmente conseguiu se sentir seguro. Não seria como Amelie, não desta vez. Os dois se amavam e tinham todo o tempo do mundo... O fato de serem cavaleiros de Athena não os impedia de serem felizes. Juntos. Para o resto de suas vidas. Ele nunca mais estaria só, nunca mais se sentiria tão só. Não iria mais fugir do amor, não iria mais fugir de sua felicidade. Devia isso não só a Althea, mas como a si próprio. Depois de tantos sofrimentos, ele agora precisava ser feliz. Mas por que ainda achava que tinha algo errado consigo ?
Não queria mais pensar, não queria ter mais receios ou medos... Mandaria toda aquela racionalidade às favas, era tudo o que precisava fazer. Desligou o som e seguiu para a cozinha, precisava comer alguma coisa. Estava ansioso demais por reencontrar Miro que as horas pareciam se arrastar lentamente. Ao ver que já eram oito horas da noite, Kamus tornou a vestir sua armadura de Aquário.
"Pode se deitar, não precisarei mais de você por hoje." – Kamus disse, indiferente, para a serva loira, que fez uma reverência e saiu.
Desceu aquelas escadarias. Como elas pareciam mais longas quando se tinha pressa ! Passou por Capricórnio rapidamente, não queria chamar a atenção de Shura. Não tinha tempo para diálogos, só tinha tempo para Miro. Ao entrar no templo de Escorpião, avistou as servas sentadas na mesa, cochilando. Nenhum sinal de Miro. Teve pena de acordá-las e desceu para Virgem. Encontrou Shaka deitado no chão, mas não sabia se estava dormindo ou pensando. Pigarreou alto.
"Boa noite, Kamus. O que faz aqui a esta hora ?"
"Bonsoir, Shaka. Ainda bem que não te acordei. Desculpe incomodar, mas..."
"Não, Miro ainda não voltou, se é isto que deseja saber."
"Merci, Shaka." – Kamus fez uma cara preocupada.
"Calma, Kamus, está tudo bem com ele. Ele deve ter se atrasado, sabe como ele é enrolado."
"Vou voltar para meu templo. Au revoir."
Shaka ficou olhando Kamus partir com uma ponta de preocupação no coração. Kamus foi subindo as escadarias lentamente, na esperança de ver Miro voltar. Mas chegou até Aquário com um vazio desolador no coração. Nenhum sinal de Miro, era lógico que iria se preocupar ! Sabe-se lá o que poderia ter acontecido com ele ! Era bom que não tivesse acontecido nada, pois Kamus não saberia se ia agüentar. Não agora, quando estava tão próximo da felicidade.
Deitou-se, mas demorou a dormir. Tinha um sono inquieto, remexendo-se toda a hora na cama. Sua expressão era de quem estava tendo um sonho ruim. Acordou repetidas vezes, estava preocupado demais com Miro para que pudesse dormir tranqüilamente. Ao perceber que o sol nascia, desistiu e foi tomar um banho. Comeu pouco e viu que a serva deixara sobre a mesa a camisa de Miro dobrada e passada. Ficou enrolando, mas acabou descendo novamente as escadarias às oito horas, agora com a camisa do grego em mãos.
Descia com calma, tendo não transparecer sua preocupação. Chegou em Escorpião quase uma hora depois – afinal, Miro costumava dormir até tarde. Entrou. Estava tudo muito quieto. Quieto demais. Não gostava de encontrar um templo assim. A última vez que isso aconteceu, Althea morreu em seus braços. Vasculhou todo o templo e não viu nenhum sinal de Miro. Restava ainda a porta do quarto. Girou a maçaneta. Estava trancada. Resolveu bater. Silêncio. Suas batidas se tornaram mais nervosas. Respirou mais calmamente quando ouviu um "Quem ousa me acordar a esta hora ?" do outro lado da porta. Miro estava bem ! Viu a porta se abrir e seu coração falhou uma batida. Miro estava bem demais.
Quando a porta se abriu, Kamus viu Miro envolto num roupão negro mal fechado, deixando seu tórax a mostra. Viu várias marcas vermelhas em seu corpo. Olhou para trás de Miro e sentiu como se tivesse aplicado uma Execução Aurora em seu coração. As duas servas gêmeas de Miro ressonavam juntas na cama do grego, envoltas apenas por um lençol. Miro, ao fitar Kamus, deu seu costumeiro sorriso.
"Bom dia, Kamus..." – falou com uma voz sonolenta.
"Bonjour." – Kamus respondeu, seco – "Estou aqui para lhe devolver sua camisa." – Atirou o pano violentamente no rosto de Miro – "Não tenho a intenção de incomodá-lo, então estou me retirando."
Kamus se virou e começou a sair. Miro fitou o francês, incrédulo. Correu atrás dele e o segurou pelo braço, forçando-o a se virar.
"O que diabos aconteceu com você, Kamus ? Por que me tratou deste jeito ?"
"E você ainda pergunta !" – Kamus se descontrolou – "Como você achava que eu reagiria ao te ver com duas mulheres numa cama ?"
"Calma, Kamus !" – Miro tentou argumentar – "Nós não temos nada um com o outro, somos apenas bons amigos !"
"Amigos ? Qual a sua definição para amigo ?" – Kamus se soltou do braço de Miro com um movimento brusco e violento, ficando com uma marca vermelha – "Amigos não transam, Miro."
"E então por que você vem falar estas coisas agora, depois de isto ter acontecido uma segunda vez ?" – Miro bufou.
"Da primeira vez, simplesmente aconteceu, Miro !" – Kamus estava furioso; tinha seus braços estendidos ao longo do corpo e as mãos crispadas – "Nós não estávamos em condições normais ! Mas desta última vez foi diferente !"
"Diferente ? Diferente em quê ?" – Miro irritava-se com o tom de voz do francês – "Apenas demonstramos um carinho especial um pelo outro !"
"Miro, amigos não fazem o que fizemos e nem do jeito que fizemos. Amigos não se declaram apaixonados nem tentam seduzir uns aos outros !"
"Kamus, você me interpretou errado !" – Miro aumentou o tom de voz para que Kamus o deixasse falar – "Em nenhum momento eu disse que te amava ! Eu disse que gostava muito de você, que você era especial. Afinal, você é o meu melhor amigo !"
Kamus parou por um segundo. Lembrou-se das palavras de Miro naquela noite.
- # Flashback # -
- Mas você não é frio. Você é um cara legal. – Miro falou.
- E qual a sua definição de "cara legal" ?
- Alguém que sabe se divertir, sabe ser amigo, alguém com quem você pode contar. Uma pessoa especial. Gosto muito de você, Kamus.
- Também gosto muito de você, Miro. Você também é um cara legal...
- # Fim do Flashback # -
"Sinto muito, Miro. Realmente me equivoquei." – Kamus tentava se controlar, mas aquilo já era insuportável – "Mas non quero ser o seu melhor amigo. Non depois de toda essa palhaçada. Eu fui mesmo um grande idiota em acreditar que você pudesse amar ! Que você pudesse me amar !" – Kamus tinha tanta raiva que encravava suas longas unhas em suas mãos, fazendo-as sangrar – "E o que eu significo pra você, hein ? Sou apenas mais uma conquista, mais um troféu para você exibir ! Claro, você deixou bem claro isto na noite de sábado... Como foi que você disse mesmo ? Ah, você disse 'Agora eu vou te mostrar porque tenho fama de conquistador...'." – Kamus ironizou – "Não é apenas fama, Miro. É a mais pura realidade ! Vamos, se orgulhe do seu título tão adorado !"
"Kamus ! Não diga uma atrocidade destas ! Eu nunca faria isso com você ! Se deixei que tudo aquilo acontecesse, era porque achava que não era nada demais, apenas uma demonstração de carinho. Eu jamais usaria você para me vangloriar, não sou este monstro que você pensa. Você é uma das pessoas mais importantes da minha vida !"
"Pois não é o que parece, mon ami." – Kamus frisou bem as duas últimas palavras –"Eu lhe disse uma vez, quando você me contou sobre Amelie, que você não sabia o que era amar e vejo que eu realmente estava correto."
"Kamus... Você me ama ?" – Miro pareceu finalmente entender a dimensão de todas aquelas palavras proferidas por Kamus. Tinha um olhar diferente, preocupado. Teve receio de fazer aquela pergunta, mas precisava saber.
"Oui, Miro, seu grande idiota !" – Kamus não conseguiu segurar duas lágrimas grossas; apertou ainda mais as mãos de tanta raiva por chorar na frente de Miro – "Eu te amo com todas as forças do meu coração, como não amei ninguém mais em minha vida. Se eu não te amasse, não estaria aqui assim, deste jeito !" – Enxugou as duas lágrimas rapidamente, deixando ligeiras marcas de sangue próximo aos olhos – "E o que você fez com o meu amor ? Ignorou-o e ainda se aproveitou dele ! Aproveitou-se da minha ingenuidade em achar que você pudesse estar me amando ! Você só ama a si próprio !"
"Kamus..." – Miro tinha na voz uma nota de sincero arrependimento. Nunca vira Kamus chorar antes; ele ficava ainda mais belo, se é que isto ainda era possível. Uma cena digna de um esplendoroso quadro. Mas aquilo também era de cortar o coração.
"Agora se me permite, grande conquistador do Santuário, eu tenho mais o que fazer em meu templo, não sou um desocupado que nem você." - Kamus se virou novamente, e Miro o segurou.
"Kamus, pare com isso ! Escute-me !" – Miro olhou para os cortes nas mãos de Kamus – "E pare de se machucar ! Se alguém aqui merece sentir dor, este alguém sou eu !"
"Solte-me." – Kamus falou com um olhar completamente frio.
"Não vou soltar !" – Kamus começou a elevar seu cosmo, congelando a mão de Miro – "Kamus, me desculpe, não foi a minha intenção te fazer sofrer ! Se eu soubesse que isso ia terminar assim, teria feito tudo diferente ! Perdoe-me !"
Kamus apenas o fitava sem emoção. Miro foi forçado a soltá-lo, ou teria sua mão completamente congelada. Ficou apenas observando o francês sair, sem saber o que fazer. Observou as manchas de sangue no chão. Sentiu uma imensa raiva de si próprio e voltou para o quarto. Transtornado, viu as duas garotas dormindo.
"Acordem ! Deixem-me só ! Agora !" – Miro gritava enquanto as duas garotas acordavam, assustadas, e obedeciam as ordens de seu mestre.
Rapidamente Miro se viu só, trancado em seu quarto e perdido em suas emoções. Acontecera tudo tão repentinamente que ele precisava digerir os fatos. A coisa mais importante e que ele ainda não acreditara ter ouvido era que Kamus o amava ! Sim, ele tinha dito que o amava. Desde quando ? Começou a se lembrar de certas atitudes do francês. A não-fuga do quase beijo na biblioteca, a primeira noite deles, os carinhos... Por que não percebera isso antes ? Tudo estava tão claro a um palmo de seu nariz e ele simplesmente não conseguira enxergar !
Sentiu se coração se comprimir mais ainda. Como ele acabou por fazer uma atrocidade daquelas com a pessoa que mais adorava na vida ? Perdeu a noção da quantidade de vezes que se amaldiçoou por ter feito aquilo com Kamus. Principalmente depois de conhecer toda a história dele com Amelie ! Sim, ele havia agido como Amelie, a única diferença era que não amava Kamus. Mas como podia ter certeza de que realmente não o amava ? Seu coração parecia dilacerado desde a discussão. Sentia-se vazio e solitário...
Lembrou-se, por fim, da amargura que sentiu ao ver que Kamus se importava tanto com outra pessoa além dele. Tinha um sentimento possessivo em relação ao amigo que nunca tivera com ninguém antes. Mataria aquele ou aquela que fosse capaz de encostar num fio de cabelo do francês. Que sentimento era este, então ? Afinal, o que era amar ? Não era querer bem ao outro ? Não era se dedicar ao outro ? E isso não era exatamente o que ele sentia por Kamus ?
"Por Athena ! Como fui tolo ! Eu sempre amei Kamus e simplesmente não percebi ! Sim... Tenho ciúmes daquela garota que morreu devido a afinidade que Kamus parecia ter com ela... Tudo fica tão mais claro agora ! As minhas reações, os meus chiliques possessivos que guardava só para mim... É incrível como só percebemos que as coisas são realmente importantes para nós quando as perdemos..."
Miro começou a chorar copiosamente. Esmurrava a parede como se ela fosse a grande responsável por toda aquela dor. Como se, ao puni-la, o coração de Kamus fosse novamente consertado. Trincou os dentes e fitou a parede, cheio de ódio por si próprio. De repente, teve um assomo de esperança e um brilho de determinação se fixou em seu olhar.
"Mas eu ainda não perdi o Kamus ! Claro que não ! Sei que o que fiz foi terrível, imperdoável, mas eu preciso conversar com ele ! Preciso explicar-me, dizer o que aconteceu. Se eu for agora, Kamus vai me matar antes mesmo de me ouvir. Devo deixá-lo se acalmar... Ao entardecer eu irei até Aquário. Ele vai me ouvir, mesmo que não queira."
Miro tentava por os pensamentos em ordem, escolher as palavras certas para dizer a Kamus. Era a sua felicidade que estava em risco. E mais importante : era a felicidade de Kamus que também estava em risco. Passou o dia inquieto, se martirizando e pensando em mil e uma maneiras de dizer a Kamus o que havia acontecido. Maneiras de se declarar e pedir perdão. Miro nunca tivera tanto medo na vida quanto estava tendo agora. Medo de perder o seu grande amor por culpa de suas tolices.
Esperou pacientemente o entardecer e subiu as escadarias em direção a Aquário. Corria tanto que assustou Shura no caminho, que ficou soltando alguns palavrões em espanhol. Chegou no templo como um furacão e começou a vasculhar todos os locais. Havia um silêncio sepulcral naquele lugar, um silêncio que incomodava demais Miro. Nenhum sinal de Kamus e sua serva. Começou a se desesperar. Encontrou o quarto de Kamus aberto e todo bagunçado. Era uma bagunça diferente, uma bagunça que lhe remoia por dentro. Seu coração se apertou mais ainda ao ver um bilhete em cima do criado-mudo. Sentou-se na ponta da cama e o pegou. Abriu o papel e o leu. Era um bilhete muito curto, mais perfeitamente explicável. Não conseguiu conter as lágrimas de dor e desespero ao terminar.
Kamus havia partido para a Sibéria há uma hora atrás.
Continua...
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N/A : Gente, eu sei que vocês devem estar me amaldiçoando. Eu também estou fazendo isso, mas a história tem de seguir o seu curso natural. O capítulo ficou um tanto repetitivo, mas precisava me estender mais até a "conversa" entre os dois... A fic está agora entrando no seu trecho mais tortuoso em busca de seu fim. Não sei quantos capítulos mais terei, mas posso afirmar que serei a mais fiel possível.
Ah, o está ficando meio louco... Como disse a Calíope no blog dela : "O começou uma caça às bruxas e não quero servir de bode expiatório para ninguém.". Então a seção Mural de recadinhos da Chibi-chan teve de ser cancelada. Não quero correr riscos, certo ? Estou estudando a possibilidade de mandar as respostas por e-mail, o problema é o tempo. Mas quero agradecer a todos os reviews : Anne (coincidência incrível !), Caliope, hakesh-chan, Ilia-chan (você disse algo semelhante no capítulo anterior), Kitsune Youko, Lili Psique (é uma honra ter você lendo minha fic ! amei todos os seus reviews !), Megara-20 (foi o primeiro review que você deixou aqui, muito obrigada !), Mikage-sama e Perséfone-san. Beijinhos !
