OXFORD
UNIVERSITY
Capítulo 6 – The Fire
Author:
BETTIN
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Não se preocupe....Não irei machucá-la! De
repente, um homem alto e magro, de nariz aquilino, com longa barba
branca, saiu do meio da densa neblina. Vestia uma túnica
vermelho sangue, e um cinturão de couro de onde pendia somente
um fino bastão com um cristal na ponta, do seu lado
esquerdo.
Quem é você? Ela perguntou,
mantendo-os afastados a dois metros de distância, com a ajuda
do galho.
Um amigo! Ele falava com voz grave que ecoava pela
noite.
Obrigada, mas eu acho que já tenho amigos o
suficiente! Ela o desafiava na tentativa de proteger-se.
Você pertence a uma excelente linhagem...Porque tamanha
covardia? Marguerite podia ver um brilho intenso no olhar daquele
ancião.
De repente, ele estendeu o braço
esquerdo para frente e com a mão voltada para baixo, fechou o
punho. Em seguida virou o punho fechado para cima e o abriu. Sobre a
palma da mão estava o maior e mais lindo rubi que Marguerite
já vira.
Pegue-o, é seu! Ele lhe estendeu a
jóia.
Tudo bem, bom velho! Agradeço a sua
oferta! Então seja bonzinho e coloque a jóia sobre esta
pedra e se afaste....Isso....Assim mesmo! Em seguida, Marguerite
pegou a jóia de cima da pedra ao ver que o velho recuava.
Mas você não me disse o seu nome ou quem você é?
Ela perguntou depois de um longo tempo admirando a jóia.
Isso é o de menor importância neste momento....Você
deixará a covardia dominá-la? Ouço gritos! Ele
colocou sua mão próxima ao ouvido enquanto franzia a
testa.
Marguerite olhou novamente para a jóia e a
colocou dentro do corpete sob a blusa e ao levantar o rosto, o velho
havia desaparecido. A neblina dissipou- se em seguida. .
É
melhor eu ir até eles! Esse lugar ficou perigoso de repente!
Marguerite então correu na direção dos prédios
ao sul.
Chegando lá, ela viu que o incêndio
tomava conta do andar inferior e muitos homens estavam em fila
indiana passando uns para os outros, baldes cheios d'água,
numa tentativa alucinada de apagar aquele incêndio. Ela
procurou, mas não conseguiu avistar onde estavam os seus
amigos, até que ouviu uma voz a chamando.
Marguerite,
aqui! Ela se virou e percebeu que era Adrienne a chamá-la.
Correu até onde estava a amiga.
Chegando no local,
vislumbrou várias pessoas no chão, algumas sentadas
tossindo muito por causa da fumaça que haviam engolido e
outras deitadas no gramado com queimaduras e outros ferimentos.
Céus! O que aconteceu aqui! Perguntava atônita.
O incêndio foi rápido! Parece que um lampião caiu
de uma mesa e o querosene em chamas espalhou-se rapidamente pelo
cômodo! Explicava Adrienne sem saber o que fazer para minimizar
a dor daquelas pessoas.
E onde está o Andrew!
Perguntou olhando para o prédio em chamas.
Ele e os
outros homens estão retirando as pessoas que estavam presas lá
dentro. A viga principal de sustentação desabou sobre a
entrada e eles tiveram que retirar a maioria pelas janelas! Peter
está muito ferido, parece que queimou o braço direito!
Adrienne respondia as perguntas de Marguerite, enquanto tentava
resfriar o calor das queimaduras naqueles corpos, com uma solução
que Andrew lhe dera.
Andrew ainda está lá
dentro? De repente Marguerite sentiu um nó no peito, só
de pensar nele em meio aquelas chamas, sentiu pela primeira vez a
sensação amarga do desespero.
Alguém
tem que tirá-lo de lá! Era um grito.
Calma,
Madge! O melhor é aguardar! Tire suas anáguas!
Precisaremos de tecidos para embeber esta solução e
colocar sobre os ferimentos! É só o que podemos fazer
nesta hora!
Marguerite ajudava Adrienne e as outras pessoas a
cuidar daqueles feridos. A princípio, Marguerite ficou enojada
com tudo aquilo, teve ímpetos de correr dali e se refugiar no
seu quarto. Mas ainda ouvia aquela voz em meio a neblina acusando-a
de covarde! Venceu então as suas limitações e
ajudou o melhor que pôde.
Estava dando água
fresca para aquela gente, quando percebeu que haviam se passado
muitos minutos desde que soube que Andrew estava lá dentro
tentando resgatar duas crianças, que ficaram presas nas
madeiras do segundo andar.
Meu Deus! Faz muito tempo que ele
está lá, Adrienne! Marguerite estava aflita.
Rezemos, Madge...Enquanto cuidamos dessas pessoas! Adrienne também
estava apreensiva pelo amigo, mas não podia perder a calma. Já
estava difícil controlar a histeria de Marguerite.
Foi
quando avistaram Andrew numa das janelas do andar superior chamando
os outros homens. Com uma corda amarrada em volta do peito de um
garoto, ele descia aquela criança cuidadosamente. O menino foi
logo amparado pelas pessoas lá embaixo. Vendo que a criança
estava a salvo, Andrew desapareceu da janela. Tornou a reaparecer,
momentos depois, com outra criança nos braços. Puxou a
ponta da corda, agora livre, e procedeu da mesma forma, amarrando o
laço sob os braços do menino, descendo-o até o
grupo que o aguardava.
Marguerite olhava perplexa para aquela
cena e perguntava-se se tudo não passava de um pesadelo. Foi
quando ouviu a explosão vindo do andar onde Andrew estava. E
soltou um grito, colocando as mãos sobre o rosto. Uma dor
lancinante rasgava-lhe o peito. Teve vontade de correr até lá,
mas o medo a paralisou.
Um homem veio até elas e as
abraçou. Virando-se, viu que Adrienne chorava desesperada e
implorava que o salvassem enquanto que o homem tentava a todo custo
segurá-la ali.
Vejam! Na janela! As pessoas apontavam
para a outra janela do andar. Viram então um homem todo
envolto em um cobertor que pingava água, descer pela corda que
atirara pela janela a poucos segundos. Sobre o seu rosto estava um
pano sujo que cobria-lhe o nariz.
As duas moças
correram naquela direção. Ele estava vivo!
Porém,
ao alcançar o chão, Andrew desabou desacordado. Tinha
muitos ferimentos e queimaduras pelo corpo. Seus amigos o carregaram
rapidamente para a enfermaria da universidade, acompanhados de perto
pelas duas amigas.
Amanheceu na enfermaria da Universidade de
Oxford. O saldo daquela tragédia era de três mortos: uma
mulher e duas crianças. Esposa de um dos empregados da
universidade e suas filhas de cinco e nove anos. Haviam muitos
feridos em maior e menor grau. A preocupação maior era
com as infecções decorrentes das queimaduras. Haviam
somente duas pessoas desacordadas: umas das cozinheiras e o professor
Sunderland.
Na tarde daquele mesmo dia houve mais uma baixa.
Outro empregado, um dos jardineiros, morreu em decorrência das
infecções. A enfermeira chamou Marguerite e Adrienne
num canto.
Eu agradeço a vocês por estarem aqui
me ajudando a cuidar dos feridos! Não sei o que faria sozinha.
Os feridos são muitos e ainda tenho de responder as muitas
perguntas dos professores e do reitor! Mas eu quero falar com vocês
sobre uma outra coisa! Todas as pessoas que foram imediatamente
medicadas com a solução que o Professor Sunderland lhe
entregou, Miss Montclaire, estão se restabelecendo com
incrível rapidez! As outras que não tiveram a mesmo
sorte, como o próprio professor, não estão
respondendo a medicação tradicional!
Você
já comunicou isso a coordenadoria do curso de Medicina daqui!
Perguntou Adrienne preocupada.
Sim! Mas eles não
quiseram me ouvir! Disseram que o meu dever era cuidar dos enfermos
mediante as instruções deles! Eu sei que a solução
é a responsável pela regeneração
acelerada da pele lesada. Se ao menos vocês pudessem encontrar
mais um pouco dela! Mrs. Jones olhava com preocupação
para o leito do professor Sunderland.
Você pensa que
nós já não procuramos! Disse irritada
Marguerite. – Reviramos o laboratório dele, assim como o seu
quarto. Não encontramos nem o medicamento nem um rascunho
desta fórmula!
Então é melhor rezarem!
O estado dele é muitíssimo grave! Eu lamento, pois o
professor é um dos melhores homens que eu já conheci!
Mrs. Jones disse isso e se afastou.
Marguerite e Adrienne
passaram os dias ali alimentando e trocando os curativos dos
enfermos. Pouco a pouco alguns iam se restabelecendo e recebendo
alta. Até mesmo a cozinheira, que encontrava-se desacordada,
foi recobrando os sentidos. Ela foi uma das pessoas que receberam a
solução tópica preparada pelo professor.
Mas
Mr. Sunderland continuava desacordado e suas feridas infeccionadas. A
febre aumentava e não haviam meios de controlá-la.
Adrienne
exausta, disse que iria para os seus aposentos dormir um pouco
enquanto que Marguerite preferiu ficar, umedecendo com água
fresca, a testa de Andrew, para que a febre baixasse.
Ao se
debruçar sobre ele, o rubi pulou do seu corpete, e caiu no
peito largo de Andrew. Daquela jóia começou a irradiar
uma cor vermelha intensa, que espalhava-se sobre o seu tórax.
Como
todos os leitos daquela enfermaria eram como uma cama dossel,
Marguerite ao presenciar aquele súbito mistério, fechou
as cortinas imediatamente, para que a enfermeira Jones não
visse o que estava acontecendo. Por onde a luz passava podia-se ver
as feridas secando uma a uma, deixando no lugar apenas cascões
ressequidos. Marguerite meio apreensiva, colocou a mão na
testa de Andrew e sentiu que estava refrescada. Com cuidado, retirou
a pedra de sobre o tórax e a colocou sobre as pernas dele. A
grande extensão de bolhas aquosas, foram aos poucos murchando
e no lugar ficou uma pele espessa, porém seca. A luz da pedra
apagou. Marguerite a retirou e tornou a recolocá-la em seu
corpete. Para que Mrs. Jones não percebesse aquele milagre,
alardeando o fato pela universidade, Marguerite o cobriu com um
lençol, amarrando-o no dossel para que o mesmo ficasse a
poucos centímetros acima do corpo de Andrew. Em seguida, abriu
as cortinas da cama.
Não é prudente uma moça
como a senhorita, se fechar com um homem enfermo, dentro do leito!
Mesmo que esse homem esteja entre a vida e a morte, Miss Krux!
Repreendeu-a Mrs. Jones, assim que as cortinas foram abertas.
Desculpe-me, Mrs. Jones! Mas arrumei um jeito de cobrí-lo sem
tocar nas feridas, para que as mesmas cicatrizem...Veja! Mostrou como
conseguira amarrar o lençol sobre o corpo de Andrew.
Coloque a mão sobre a testa dele, Mrs. Jones! A febre abaixou!
A senhora está conseguindo curá-lo! Marguerite esperta,
enganou a enfermeira.
Nada como a dedicação,
minha menina! Nada como a dedicação! Mrs. Jones, se
afastou orgulhosa de si mesma.
Na manhã seguinte, foi
Adrienne quem viu Andrew abrir os olhos pela primeira vez. Marguerite
exausta, foi para seu quarto dormir, assim que a febre dele
cessou.
Como vai, Adrienne! Disse Andrew ainda sonolento.
Graças a Deus! Você melhorou, meu bom amigo! Senti tanto
medo! Adrienne sorria.
A quanto tempo estou aqui? Como estão
aquelas pessoas? Perguntou querendo levantar-se.
Calminha
aí, professor! Você não está em condições
de levantar! Acalme-se e eu contarei tudo o que aconteceu!
Depois
que Adrienne contou-lhe todo o ocorrido. O incêndio. Os salvos
e mortos. Da solução tópica ao milagre da sua
cura, Andrew inquieto, perguntou por Marguerite
E
Marguerite, onde está? Ela está bem?
Sim, a
sua amada está muitíssimo bem! Melhor do que nós
dois juntos! Gracejou Adrienne.
Você já
percebeu, hein! Será que nada escapa do seu olhar de águia,
Adrienne! Ele brincou.
Nada, meu caro! Bom....Já são
seis horas....mas mesmo sendo uma ótima notícia, eu não
seria insana ao ponto de acordar Marguerite a esta hora da manhã,
não é mesmo!
Ela é tão mal
humorada assim pela manhã? Ele quis saber.
Eu acho
melhor você perguntar para ela!
Adrienne....Você
não está infeliz por este meu interesse por Marguerite,
está? Ele perguntou preocupado.
Você é
um ótimo professor, Andrew! Em todos os aspectos! Sabemos que
fomos uma ótima companhia um para outro, mas é só
isso! Esse é o nosso segredinho e espero que você cumpra
a sua parte! Avisou Adrienne.
Pode deixar! Prometeu
Andrew.
Então está na hora de acordar a Bela
Adormecida! Adrienne sorriu, saindo em seguida da enfermaria...
