Este capítulo foi escrito logo no começo da Fic, mas para chegar até ela, deveriam acontecer muitas coisas primeiro. Agradeço a Lady K que na época me ajudou, fazendo algumas modificações, pois eu ainda não conhecia todos os episódios. Agradeço também a Lady F, a JessNobre, a Nessa, a Taiza, a Rosa, a Claudia B, e a Rosa pelas reviews. Maryanne, ontem lembrei de você quando assisti pela segunda vez Pacto com Lobos. Lord Ed, a parte da tara por pés escrevi pensando em você! Aposto que a sua Rachel já recebeu esse carinho seu, né! Risos...Quero agradecer a todos vocês por deixaram reviews! É muito estimulante!
OXFORD UNIVERSITY
Chapter 13 – Bitter Memories
Author: BETTIN
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Deitado em sua cama, Roxton ouvia a conversa animada de seus amigos com aquele sujeito, apesar de não ouvir a voz de Marguerite. Mas foi no momento em que ouviu Andrew dizer a Marguerite, que precisavam conversar a sós e ouvir o barulho do elevador descendo, aquela hora da noite, foi que rasgou um pouco mais, a ferida já aberta.
Aquilo era demais para Roxton. Ele soube esperar por dois longos anos as dúvidas, inquietudes e ironias de Marguerite. A princípio, a exuberância e a frieza daquela mulher instigaram os seus desejos de caçador a adquirir mais um troféu. Porém, presos naquela terra inóspita, cercados de perigos e lutando pela sobrevivência, ele foi aprendendo a conhecer o caráter de cada um, inclusive o dela.
Ela era ambiciosa, mesquinha, e é bem verdade, pouco confiável. Mas havia dentro dela uma doçura e sentimentos bons, que ela tentava esconder de todos a qualquer custo. Desconhecia o passado dela, mas sabia que tentava sobreviver aos infortúnios que a vida lhe causara.
Seu desejo por aquela mulher fora vencido por outro sentimento que ele nunca sentira por qualquer dama que conhecera. Ainda não sabia explicar para si mesmo que sentimento era aquele. Sentia um nó na garganta e um aperto no peito quando se via obrigado a separar-se dela, durante as atividades em que todos se viam obrigados a fazer. Mas também havia os calafrios na nuca e o fogo que parecia incendiar cintura abaixo, com a aproximação e o cheiro dela. Deitara com belas mulheres e muitas cortesãs, mas nenhuma despertara tanta felicidade, como Marguerite despertava. Viver na casa da árvore junto dela e de seus amigos, trouxe a Roxton a alegria e o aconchego que há muito tempo havia perdido.
John Richard Roxton pertencia a uma família nobre. Ele e o irmão mais velho, William, estudaram no aristocrático colégio Ethon, juntamente com outros de sua linhagem. Mas John sentia-se como a sombra de William, tanto no colégio, quanto em casa nas férias. Fosse no Albany ou em Avebury, onde possuiam propriedades, todas as atenções pareciam voltar-se para o irmão.
William era um rapaz inteligente, de natureza afável, adorava os livros, a boa música e as mulheres, é claro. Amável e bom ouvinte, era adorado por todos. Só perdia sua costumeira calma com o caçula John, com quem sempre acabava trocando uns socos e pontapés, vez ou outra. Dono de uma teimosia insuportável e uma impaciência própria da sua personalidade, John vivia a provocar o irmão. Ciúmes talvez? Talvez. Mas Roxton amava o irmão, a seu modo.
O pai, Lord Roxton, sempre envolvido com os negócios da família e a severidade típica dos pais daquela época, não era muito participativo na educação dos meninos, apesar de amá-los e orgulhar-se de ambos.
Quando estavam em casa, nas férias escolares, deixava a educação dos mesmos sob a supervisão do mordomo Harry. Fora fácil para Harry ensinar tudo que um cavalheiro deveria saber ao jovem Will, mas quanto ao pequeno John....quanta energia!
Apesar do gênio intempestuoso do caçula, William era todo paciente com este. Disputavam o tempo todo, mas era William quem levava o pequeno John, agora com quatorze anos, até o prostíbulode Madame Janine, para que este aprendesse as artes do "amor".
William era um jovem atraente e elegante. Tratava as damas refinadas, as camponesas e as meretrizes com o mesmo cavalheirismo e educação. John observava o irmão e gostaria muito de ser como Will. Mas como todo adolescente, lutava por ter personalidade própria.
Mas a verdade mesmo é que John não era muito voltado para os estudos, sua hiperatividade o levava a dedicar-se mesmo aos esportes de que tanto gostava. Sua inclinação para as caçadas e outras atividades que o deixassem em constante movimento era tudo que ele precisava. Esse temperamento, de certa forma, o tornava por muitas vezes, arrogante e grosseiro.
Portanto provocar o Will, também fazia parte de um dos seus esportes preferidos. Tanto que, depois de muito provocá-lo, chamando-o de medroso, John conseguiu convencer até mesmo ao seu pai, de que William deveria acompanhá-lo num safári na África do Sul.
Porém, por ironia do destino, um acidente nas selvas africanas fez com que ele, justamente ele, tirasse a vida do irmão. Com um tiro certeiro, seu rifle disparou a bala que atingiria o coração de William, na tentativa frustrada de salvá-lo daquele animal.
- Maldito gorila! Roxton resmungava baixinho, revirando-se na cama, ora sofrendo com essas lembranças angustiantes, ora imaginando o que os dois estariam aprontando lá embaixo. Lágrimas rolavam pelo seu rosto ao lembrar-se agora, do funeral do seu pai.
Lord Roxton morreu três semanas após o acidente de William. Sua mãe nunca mais comentou sobre o ocorrido, calando-se talvez para suportar a dor daquelas perdas. Culpa e frustração tornaram-se companheiras inseparáveis de John que passou a participar de expedições arqueológicas, caçadas, estratégias militares e tudo aquilo que o arrancasse de uma vida solitária e sem propósitos. Era assim que sobrevivia Lord John Richard Roxton. Trazendo consigo, um título herdado por uma sucessão desastrosa.
Foi quando ficou sabendo da expedição do Professor George Edward Challenger para a América do Sul. E tudo mudou. Quantos dias ele e Marguerite passaram juntos enfrentando os perigos da selva. Quantas vezes ela o fizera rir com seu humor ácido e apropriado. Mas e agora? O que fazer com aquele sentimento que dilacerava seu peito? Seria a paixão dela do passado que estava ali no platô entre eles?
Ele viu o modo como ela olhava para aquele sujeito. Havia um segredo entre os dois. Mas qual? Como era o nome dele mesmo? Andrew Sem Cabeça? Pois este era o seu desejo mais ardente naquele momento.
- Tomara que um dos nossos amiguinhos escamosos o devore, a começar pela cabeça catedrática de tão conceituado professor! Que morra! As duas últimas palavras foram ditas em voz alta, tamanha a fúria dos seus pensamentos.
Mas de repente ouviu-se o barulho do elevador subindo. Roxton ouviu quando Andrew deu boa noite a Marguerite. Mas dela não ouviu nenhuma retribuição. Ouvia-se somente os passos decididos das botas dela, rumo ao seu quarto. Enquanto que Andrew fora para o quarto de Challenger, onde dormiria na cama que fora de Summerlee.
O que disseram? O que fizeram? Revirou-se na cama sabendo que não conseguiria dormir mesmo. Então levantou-se e começou a arrumar os seus pertences na sua mochila. Verificou o seu rifle preferido, a Winchester 45, com mira telescópica, e os seus revolveres.
Preencheu o máximo que pôde o seu cinturão com as balas de calibre 45 e colocou muitas outras de calibre 38 na mochila. Logo, logo, amanheceria. Partiria para a aldeia de Zanga.
