OXFORD UNIVERSITY

Chapter 14 – Roxton in Zanga

Author: BETTIN

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Andando pela selva, Roxton se remoía de ciúmes. Mas, evidentemente, ele não conseguia admitir isso para si mesmo.

- Pedirei a Mesabi que me hospede na aldeia por um tempo....pelo menos lá eu sou respeitado! Caminhou decidido rumo a aldeia Zanga ao sul do planalto.

- O que foi que ela viu naquele sujeitinho! Agora ele pensava em voz alta, enquanto ajeitava o chapéu sobre a cabeça. Eram apenas seis horas da manhã, mas o sol dava sinais de mais um dia esplendoroso de verão.

- Ele não sabe nem manusear uma arma, aquele sujeitinho de merda! Não passa dum.... rato de laboratório! Queria ver ele enfrentando as nossos "ratinhos" pré-históricos de um metro e meio. E as nossas "lagartinhas" então! Mandruvás de um metro de comprimento, capazes de derreterem um homem inteiro com seu veneno ácido! Falava alto, precisava que a selva ouvisse sua revolta.

- O Challenger bem que poderia fazer um experimento dele! Mas não! Imagina falar tal coisa de tão nobre colega, PHd em Química pela Universidade de Oxford, não é mesmo! Ai, meu pé! Mas que droga é essa! John deu uma topada numa pedra, estava distraído demais com seus próprios problemas.

- Ele tem o sorriso mais cativante que eu já vi! Agora imitava a voz adocicada da Verônica, fazendo uma careta.

- O que essas mulheres tem na cabeça? Acho que é só cabelo! Esbravejava e mancava, acreditando que sua má sorte era tamanha, que poderia ter quebrado um dos dedos.

- E eu seria capaz de quebrar todos os dentes cativantes do sorriso dele! Num único soco! Deu um golpe no ar, demonstrando a si mesmo como faria.

- Aí sim, eu queria ver as duas suspirarem daquele jeito por um banguela! Porém, um ruído entre as folhagens, o fez alerta novamente. Respirou fundo, olhou em volta e posicionou o rifle. Se havia algo entre as folhagens, já havia se afastado com a presença dele. Era melhor prestar mais atenção à floresta. Os raptors eram ótimos predadores e costumavam usar um deles para atrair a presa, enquanto que os demais atacavam pelos flancos. Mas após andar mais alguns metros, seus pensamentos voltaram a atormentá-lo.

- Afinal de contas, o que uma mulher pode querer com um homem daqueles! Foi sempre eu quem a defendeu e a protegeu esse tempo todo! Bateu com força a mão no peito. A batida fora tão forte que o fez tossir. Roxton estava realmente perturbado com tudo aquilo.

- Chega, chega! Roxton! O que está acontecendo com você, homem! Se ela quer ficar lá, se esfregando com outro, o problema é dela! Continuou a caminhar decidido.

- Será que ela deu pra ele, ontem a noite? Não, acho que não! Eles subiram logo! Se eu não parar de pensar nisso vou acabar enlouquecendo! Resolveu apressar os passos e prestar mais atenção aos perigos enquanto se embrenhava mata adentro.

- E quanto aos outros! Virou seu rosto para o alto para lembrar dos amigos.

- Verônica ficou toda derretida com os elogios do almofadinha. Challenger e Malone ficaram cercando o sabe-tudo como duas fofoqueiras a espera de novidades! Rídiculo tudo isso! Mas e ela? Um sorrindo forçado. Fazendo muitas perguntas sobre como ele chegou até o platô. Rodeando e observando, felina como sempre. Marguerite está tramando o quê desta vez? Haviam algumas dúvidas quanto as atitudes dela para com o estranho.

- É melhor parar com esses pensamentos, Roxton! De repente ele avistou uma manada logo abaixo no vale. Era hora de caçar.

Quando Roxton saiu da casa da árvore, ainda não havia amanhecido no platô. Ele havia deixando um bilhete sobre a mesa "Fui para Zanga. Ficarei por lá. Roxton". Suas palavras eram breves, evidenciando um Roxton irritado. Malone foi o primeiro a encontrar o bilhete. Após a partida de Summerlee, preparar o desjejum ficou sendo a sua primeira tarefa do dia. O amigo ficou preocupado com o que lera, indo em seguida acordar Challenger. Tocou o amigo de leve e colocou o indicador nos lábios para que este não acordasse o hóspede e com o olhar pediu a Challenger que o acompanhasse até o quarto de Roxton.

- Leia, Challenger! Um bilhete do Roxton! Malone entregou o pedaço de papel, sentando em seguida numa banqueta ao lado da cama.

- Vejamos...o que é isso! Nos seus cinquenta e cinco anos, Challenger precisava afastar o papel para poder visualizar melhor o que estava escrito.

- O que acha, Malone? Será que a presença de Sunderland aqui na casa da árvore o levou a tomar essa decisão? Challenger arqueou uma sombrancelha.

- Provavelmente! Roxton foi o único que não aprovou a vinda dele para cá! Disse Malone entrelaçando os dedos sobre os joelhos dobrados.

- Mas não há nada de errado com o Professor Sunderland! Ele demonstrou por diversas vezes que é um homem de bem....um cavalheiro! Concluiu altivo Challenger, no seu sotaque britânico.

- Ora Challenger! Sabemos que o problema do Roxton não é o caráter de Sunderland e sim o que Sunderland representa para Marguerite! Concluiu Malone.

- Tem razão, meu jovem! Tem razão! Roxton é o cão fiel de Marguerite. E nestes últimos dias, eu devo confessar, ela o tratou com muita indiferença! Afirmou Challenger.

- A indiferença maltrata a alma dos homens, professor! Romanceou Malone.

- Para nós, homens das ciências e das letras, a indiferença é uma atitude até que digamos, contornável. Mas não para um homem como Roxton, meu caro! Ele não é versado como nós, Malone! Apesar de sua linhagem nobre, Roxton tem os seus princípios ligados à terra, à família, à nobreza de caráter. Ele pode transitar com destreza pela a alta sociedade britânica, mas a suas ligações estão no sentido simples da vida. Aprendi muito com Roxton e sei quem ele é. Ele protege a tudo aquilo que ama. Aceita e defende sem julgar. Para ele, indiferença é mais que traição!

- Vamos, Malone! Num súbito, Challenger colocou-se de pé, recolhendo chapéu e armas da parede.

- Vamos para onde? Perguntou Malone, apesar de suspeitar das intenções do amigo.

- Tentar salvar Roxton dele mesmo! Hospitalidade de Verônica à parte, quem deve permanecer nesta casa, mais que qualquer outro aqui, é Roxton! Se alguém tem que sair....este não é ele! Empunhou teatralmente seu rifle para o alto, enquanto sorria .

- Estou pronto! Confirmou Ned.

Já anoitecia quando Roxton alcançou a aldeia de Zanga. Não que a aldeia fosse tão longe assim. Mas ele não queria chegar de mãos vazias para o jantar. Abateu no caminho um javali formidável. Esperava presentear o chefe da tribo com a sua bela caça.

Após a refeição, Roxton e Mesabi foram conversar próximos à fogueira. Roxton não disse ao amigo o motivo real da sua estada ali. Declarou apenas que queria caçar como eles e aprender a fazer novos tipos de armadilhas. Mesabi era um índio corpulento e altivo. Abaixo do Grande Chefe e do Curandeiro, era respeitado por todos como velho caçador e sábio conselheiro. Nos seus quarenta e oito anos bem vividos, não foi difícil para Mesabi perceber que o que trouxera o caçador branco para aldeia não fora somente a sede de aventuras. Isso se confirmou ao oferecer a aguardente de raízes, receita especial da tribo de Zanga. O caçador branco que sempre a recusava, dizendo preferir um tal de vinho, aceitou a oferta de imediato.

Naquela noite, bebeu quatro cuias cheias da aguardente, enquanto contava várias façanhas de caçador, intercaladas por um riso ora frouxo, ora melancólico.

Assim como era tradição de algumas tribos canibais comerem os bravos guerreiros de outras tribos para adquirir a sua coragem, em Zanga havia uma pequena diferença. Oferecer suas mulheres à bravos guerreiros para que gerassem homens corajosos, era uma honra. Porém uma honra sempre rejeitada por Roxton.

Naquela noite, Mesabi na sua sabedoria tribal, percebeu que o que estava deixando o corajoso caçador branco naquele estado, era um coração desolado por causa de uma mulher. E nada melhor que oferecer uma das mulheres da tribo à ele. Mesabi mandou chamar Assai e após conversar com ela num canto, voltou a sentar com Roxton e outros guerreiros em volta da fogueira.

- Grande Caçador Branco! É uma honra para mim e para a aldeia que você permaneça conosco! Assai o levará para sua cabana! Aceite a nossa hospitalidade! Declarou o chefe dos guerreiros.

- Saberei retribuir a sua hospitalidade, Grande Mesabi! Reverenciou o chefe dos guerreiros, um Roxton bêbado.

- Venha! Por aqui! Disse Assai segurando o braço de Roxton, que cambaleava, levando-o para seus novos aposentos.

- Aqui tem tudo o que você precisar, Roxton! E se algo lhe faltar, é só pedir! Disse Assai, virando para a entrada da cabana e batendo palmas, cadenciadas, três vezes.

Entraram no pequeno cômodo, três belas nativas, vestidas em sarongues coloridos, enfeitadas com colar e adornos de flores perfumadas. Sorriam para Roxton. Ansiavam serem escolhidas por ele.

- Oh! Não! Exclamou Roxton colocando a mão na cabeça. Num instante, o torpor da aguardente dissipou e ele lembrou que prometera retribuir a hospitalidade da aldeia. Teria que escolher uma nativa e dormir com ela naquela noite.

- Você prometeu a Mesabi, Roxton! Assai estava se divertindo com a situação em que ele se encontrava. Como amiga dos Leyton e da Verônica desde criança, ela conhecia as tradições dos britânicos. Mas também conhecia Roxton. Ela mesma já pusera os olhos no caçador certa vez, e teria grande honra em deitar-se com ele se já não estivesse prometida a outro grande guerreiro da tribo.

- A nossa tribo lhe oferece as nossas jovens mulheres: Yuni, Essaê e Kilii para a grande glória de Zanga! – Disse solenemente, enquanto apresentava as três belezas.

- Uau...Vocês são realmente muito bonitas, garotas! Afirmou desconsertado e arqueando as sombrancelhas.

- Mas é que...bem...eu...Assai venha cá um minuto! Chamou-a num canto, segurando-lhe o braço.

- Não dá pra você me livrar desta situação? Só desta vez? Olhava para Assai atônito e em seguida sorria ao olhar para as nativas.

- Você já recusou várias vezes, Roxton! E os chefes o respeitaram! Mas agora, foi você quem disse que retribuiria a hospitalidade! O que foi? Elas não servem para o caçador branco? Perguntou Assai com um sorriso. Ela via como ele olhava para as nativas com indisfarçado interesse, toda vez que vinha a Zanga. E como fingia nem percebê-las quando Marguerite estava por perto.

- Não! Elas são lindas! Lindas mesmo! Ele estava sendo sincero.

- Mas eu acho que não estou em condições de...bem...deitar-me com três belas mulheres esta noite! Acho até que não consigo dar conta de uma só! Ele coçou a cabeça e olhou para o seu membro.

- Tudo bem, Roxton! Assai riu e virou-se para as mulheres:

- Mulheres de Zanga! O Grande Caçador Branco disse que sentiria honrado de poder fecundar a todas. Mas na tribo dele, só se pode fecundar uma de cada vez. Sendo assim, ele pede que aquela que se sair melhor no jogo de Zuei, ficará com ele esta noite. Não desmerecendo as demais, é claro! Declarou em voz alta para as outras e depois falou entre os dentes com ele – Melhor assim?

- Se é o melhor que pode ser feito! Tudo bem! Ele confirmou, coçando a testa. Então as jovens sairam da cabana felizes para se prepararem para um jogo da tribo do tipo "resta um".

- Até amanhã então, Roxton! Assai acenou ao sair da cabana. Ela colocou a mão na boca, rindo, se divertindo com a cara de perdido do Roxton.

- Até amanhã! Ele disse, jogando-se sobre a cama de madeira e palha e adormecendo em seguida..

No meio da noite, Roxton sentiu um corpo quente e perfumado moldado ao seu. Ainda sonolento, virou-se na cama de palha de milho para observar quem estava ali. E ao abrir os olhos, viu aquela beleza nativa, com colares e pulseiras de flores amarelas e rosas, a abraçar-lhe.

- Qual é o seu nome, minha bela menina? Roxton acariciou o rosto da jovem e olhou para seus grandes olhos castanhos e cabelos quase cacheados.

- Meu nome é Kilii, Grande Caçador! É uma honra estar aqui com o senhor! Disse emocionada.

- Você me parece diferente das outras mulheres de sua tribo, Kilii? Com esses olhos castanhos e esses cabelos? Perguntou Roxton ao mexer naqueles cachos castanhos dourados.

- É que sou filha de um grande guerreiro das terras encharcadas nas planícies bem abaixo do grande rio.

- Ah! Claro! Roxton lembrou que essa tradição era antiga. Pelos traços físicos, provavelmente ela falava de algum homem branco do Pantanal Matogrossense, no Brasil.

- E você já deitou com outro homem antes, Kilii? Perguntou preocupado.

- Não senhor! Admitiu ela.

- Você sabe que eu só a fecundarei esta noite...para a honra de Zanga...e que depois você deverá encontrar um bom guerreiro e fazê-lo muito feliz, não é mesmo? Perguntou pausadamente para que selassem ali um acordo.

- Sim, eu sei! Sei que após esta honra, muitos guerreiros irão querer casar-se comigo! É sempre assim, aqui na aldeia! Ela sorria feliz.

- É...parece que não é só aqui não! Roxton pensou alto.

- Muito bem....serei bem gentil com você! Caso comece a doer, você me fala que eu irei com todo cuidado...está bem? Ela meneava a cabeça afirmativamente.

Roxton começou a beijá-la e sentiu que ela devolvia os seus beijos com uma intensidade sensual. Roxton conhecia os ensinamentos de Zanga. Como na Tailândia, as meninas eram ensinadas desde cedo na arte do amor. Apesar de virgem, Kilii possuía uma sensualidade libidinosa e saberia fazer qualquer homem desejá-la com todo fervor.

A essa altura, Roxton já havia esquecido o motivo que o levara para Zanga. Só conseguia ver aquele jovem vulcão pronto a explodir nas suas mãos. Ele se entregou sem reservas as delícias daquela carne perfumada. Começou a beijar aquele corpo que exalava um odor de mel e especiarias. Não podia deixar de sorver os seios fartos, chegando a machucá-los, tamanha avidez da sua boca. Ela gemia e pedia mais. Isso era música para os seus ouvidos. Roxton desceu seus rosto pela extensão do abdômen dela, fazendo-a rir pelas cócegas causadas pela barba por fazer.

- Sabe o que vou fazer agora com você? Ele perguntou arfando de excitação.

- Sei e quero! Ela declarou arfante.

- Você é muito....digamos...envolvente, sabia? A honra aqui é toda minha! E sem mais uma palavra ele percorreu toda vagina de Kilii, com a sua boca sensual. Sorveu cada lábio, um a um, em seguida roçando seu rosto contra o clitóris pulsante dela.

- Eu quero mais! Mais! Ela pedia.

- Quer mais, é? Ele perguntou excitado e então pousou seu corpo sobre o dela. Já vira que ela estava lubrificada o suficiente para receber seu membro endurecido que chegava a doer de tanto pulsar.

- Me beija, mulher, me beija! E no momento em que ela o beijava, ele a penetrou. Seu membro deslizava entre as pernas dela. E foi entrando numa calma gentil, enquanto sua língua exploradora penetrava loucamente na boca de Kilii.

- Você está bem, menina? Ele perguntou, olhando-a nos olhos.

- Sim! Sim! Ela queria mais.

- Ele começou então o entra e sai luxuriante que só os bons amantes conhecem. Seus corpos suados, encheram de calor aquela rústica cabana. Envolvidos pela música dos próprios gemidos, enroscavam-se como duas serpentes consumidas pelo fogo. Nem por um instante sequer, ele deixou de olhá-la para conferir se ela estava bem. E ela estava bem. Muito bem!

Havia se passado quase uma hora desde que Roxton começara aquele ritual de paixão. Ele se segurava para que ela sentisse o gozo gostoso que encerra toda união física. E então...num grito de êxtase....ela explodiu...parecia ter desmaiado...mas ele podia sentir o coração dela bater descompassadamente e ver seus olhos brilhando quando os abriu novamente.

- Está mais calma agora, minha linda? Ele sorria e quando ele sentiu que o coração dela se acalmara declarou:

- Então agora é a minha vez! E enterrou sua espada naquela bainha freneticamente, sentindo o seu membro arder naquele poço de lava escaldante. Foi quando sentiu que seu gozo estava para explodir. Colocou então sua mão direita sobre os olhos de Kilii e retirando-se de dentro dela, a beijou molhadamente enquanto jorrava todo o seu sêmen na terra ao lado da cama. Voltou a deitar-se tão rápido sobre Kilii que a jovem nem percebeu o que acontecera ali. Roxton então passou o braço esquerdo sob a cabeça dela e acariciou seu rosto repleto de satisfação.

- Devo ir para a minha cabana agora, Senhor? Perguntou Kilii, lânguida e manhosa.

- Claro que não! Que homem eu seria se deixasse você sair da minha cama a esta hora da noite! Fique aqui abraçadinha comigo e durma, meu bem! Amanhã cedo sairemos juntos. Agora durma! Disse Roxton carinhosamente, depositando em seguida um beijo na testa da jovem. Adormeceu em seguida.

Roxton estava sentado num banco no pequeno cômodo, contemplando o sono da bela nativa enquanto fumava um dos seus cigarros de folhas marrom. Ele não gozou dentro dela. Não poderia. Ele e seus amigos lutavam para sair daquela terra estranha. Não engravidaria uma jovem inocente como aquela e a deixaria com um filho seu para trás. Era um homem honrado. Seus pais o ensinaram a ser assim. E se tivesse sido com Marguerite? Se perguntava. Teria derramado seu sêmen na terra ou a teria amado até ver seu ventre expandir-se, gerando uma nova vida, fruto da união deles? Se Marguerite já era terrível e manhosa no seu normal, imagina com a sensibilidade de uma mulher grávida. Ele sorriu diante daquela cena e fechou seu cenho no minuto seguinte. Agora ela era de outro. Ela jamais saberia que ele, Roxton, era o único homem que poderia fazer dela a mulher mais feliz do mundo, se ao menos ela lhe desse essa chance.