OXFORD UNIVERSITY
Chapter 15 – Dawn in the Plateau
Author: BETTIN
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- Bom dia, Verônica! Marguerite passou pela mesa onde Andrew, estava sentado. Fingiu não percebê-lo ali. Foi até o fogão de barro, mexeu nas panelas e olhou dentro do bule.
- Eu não acredito! Não tem café? Ninguém fez café? Levantou as mãos para cima, o jeito de sempre quando inconformada com algo.
- Malooone! Cadê o Malone? Primeiro ressoou o nome dele pela casa. Depois perguntou por ele. Não obtendo resposta, disse irônica:
- Muito bem, falem um de cada vez, pois não consigo entender nada com todos falando ao mesmo tempo! E colocou a mão em concha sobre o ouvido, divertida.
- Onde está o Malone, Verônica? Será que ele esqueceu de fazer o café? Esta tarefa é dele! Resmungou, colocando as mãos na cintura. Verônica nem lhe deu atenção, continuando a verificar as ferramentas de jardim que estavam penduradas nos ganchos.
- Você continua a mesma, Marguerite! Com seu típico mau humor matinal! Brincou Andrew.
- Poupe-me de suas gracinhas, Professor Sunderland! O olhar de Marguerite fora tão gelado quanto as suas palavras. Fazendo com que Andrew fechasse o sorriso no mesmo instante.
- Verônica, onde estão todos? Ela abaixou a sua cabeça em frente a jovem loira, para que esta a olhasse nos olhos. Percebeu pela cara dela, que não estava de bom humor, pelo jeito como torceu os lábios para o lado. O jeito típico de Verônica, quando alguma situação a desagradava.
- Roxton deixou um bilhete dizendo que foi para a aldeia Zanga e que ficará por lá. Challenger e Malone foram atrás dele, afim de trazê-lo de volta! Em seguida, Verônica entregou o bilhete com força para Marguerite, que deu dois passos para trás, ante a irritação da jovem.
- O que deu no Roxton para sair de casa desse jeito? Assim, de repente? Marguerite pedia uma explicação, sem tirar os olhos do bilhete, indignada.
- Parece que Lord Roxton não gostou da minha presença aqui na casa! Foi a resposta que Andrew deu, enquanto fumava um cigarro.
- Ele é o seu namorado, Marguerite? Ele soltou a fumaça vagarosamente, em seguida virou-se, elegantemente na cadeira e olhou-a nos olhos.
- Roxton? Meu namorado? Não me faça rir, Professor Sunderland! Ela pegou uma chaleira e começou e enchê-la de água. Depois retirou um pote de porcelana da prateleira.
- Porque continua a chamar-me de Professor Sunderland, Marguerite! Sempre me chamou de Andrew e....Foi interrompido imediatamente por Marguerite.
- Exatamente! Mas isso foi a dez anos atrás, Professor! E eu presumo que todo químico conheça álgebra, certo? Logo...Dez anos correspondem a aproximadamente três mil, seiscentos e cinquenta dias, fora os anos bissextos. Ou seja, tempo demais para esquecer certas informalidades e até mesmo certas amizades, se é que me entende? Um sorriso repleto de ironia iluminava o rosto de Marguerite. Em seguida ela virou e despejou um punhado de ervas secas na chaleira.
- Que droga! Agora eu vou ter que preparar um chá de ervas! Sabe que até sonhei essa manhã com aquele cafézinho cheiroso, Verônica! O Ned bem que poderia ter torrado e moído alguns grãos antes de sair, não é mesmo? Marguerite tentava disfarçar, pois sabia que a Verônica estava ali, atenta a conversa, querendo saber o grau de intimidade que havia entre Marguerite e o Professor Sunderland. E o pior é que aquele idiota deixava escapar certas frases, evidenciando essa intimidade.
Naquele momento ela agradeceu aos céus, o fato dos homens não estarem em casa. Precisava ter uma conversinha séria com aquele boca aberta do Andrew.
Em seguida, viu que a Verônica estava indo em direção ao elevador com uma das leiteiras. Marguerite a seguiu rapidamente e a chamou:
- E você? Está indo pra onde? Marguerite perguntou aflita ao vê-la saindo com a sua bolsa de camurça, repleta de ferramentas e depois falou entre os dentes:
- Você vai me deixar sozinha aqui com ele? Arregalando os olhos e inclinando a cabeça levemente para onde ele estava sentado, a ler um livro.
- Pelo que percebi, vocês tem muitas coisas para conversarem ou esclarecerem, não é mesmo? Verônica falava quase sussurrando e demonstrava saber que havia muita coisa ali.
- Eu nunca lhe disse isso antes, Marguerite...Mas me ouça bem: Veja o que é melhor para você e para o seu coração! Ela apontou o dedo indicador para o peito de Marguerite, para que esta não esquecesse do seu conselho. Em seguida falou em voz alta:
- Estou indo recolher mais "leite" daquelas árvores para o Challenger e cuidar das hortas! Entrou no elevador, acionando o dispositivo de descida.
Minutos depois, ainda olhando para o elevador que descia, sentiu que Andrew a abraçava por trás, envolvendo sua cintura e falando baixinho no seu ouvido:
- Ela disse "leite" das árvores? Perguntou Andrew curioso.
- Sim! É o látex que extraimos todos os dias das seringueiras. Inclusive esta é uma das minhas tarefas e das do Roxton! Entristeceu ao lembrar-se dele, desvencilhando-se do abraço de Andrew.
- Certo, certo! Bom...Mas agora temos a casa toda para nós, Melanie! Que tal irmos agora mesmo para a sua cama? E a beijou no pescoço.
- Ei! Vê se desgruda, tá! E nunca mais me chame de Melanie, entendeu? Ela falava entre os dentes e ele levantou as mãos no sentido de rendição.
- Que coisa! E eu ainda nem tomei o meu desjejum! Marguerite foi até o fogão e serviu-se de um pouco de chá.
- Você me perdoou, não foi? Ontem você me disse que havia me perdoado! Eu já lhe contei que não fui responsável pelo que aconteceu a você naquela noite em Oxford. Meu pai havia me chamado. Pediu para eu ir até Sunderland resolver uns assuntos de família. Deixei você sob os cuidados de Peter Radcliffe. O que eu não sabia era que o meu pai havia dado aquelas ordens ao Radcliffe. Quando retornei, fiquei furioso com o que soube! Dei um soco na cara do Peter e sai à sua procura. Eu amo você, Me...Marguerite! Acredite em mim! Senão não a teria seguido até o porto de Folkstone! Ele a segurava nos braços, forçando-a a ouvi-lo.
- Mas você sabia que eu e Adrienne estávamos indo para a França. Se pôde ir até Folkstone, o que o impediu de ir me encontrar em Paris? Ela o olhava dentro dos olhos, pois precisava saber a verdade.
- Você sabe! Meus filhos, o negócio das carvoarias, a minha inclinação acadêmica. Você acredita que depois de tudo o que aconteceu, o reitor, a pedido do meu pai, me impediu de retornar para a Universidade de Oxford? Com muito custo, e com a ajuda da minha mulher, consegui uma vaga de professor na Universidade de Dublin. Mas novamente, o meu pai enviou outro capanga para me deixar sob controle. Porém em Dublin, tudo foi mais tranquilo para mim.
- Ou melhor dizendo, nada como a própria Irlanda para abrigar outros mafiosos como você e a ordinária família O' Brian! Ela foi fulminante, o que o deixou desconcertado.
- Então foi em Dublin que conheceu o Professor Challenger, fazendo uma de suas típicas palestras sobre as riquezas e os mistérios da América do Sul, não foi? Ela começou a andar pela sala, passando a ponta dos dedos sobre o sofá de troncos.
- Seria sobre essas mesmas riquezas que o levaram a visitá-lo na Universidade de Edimburgo? Sempre esperta e atenta, Marguerite perguntou.
- Claro que não! Fui participar de outras palestras e aproveitei para assistir a do Professor Challenger! Esse Challenger que conheci aqui é bem diferente do professor de Edimburgo. Ele tornou-se um homem mais ponderado e bom conversador, ao passo que naquela época, ele era um sujeito nervoso e arrogante. Presenciei pelo menos duas boas brigas, de rolarem no chão, entre ele e outros acadêmicos, quando estes discordavam ou faziam gracejos quanto a possível existência de animais pré-históricos em regiões isoladas do planeta. Conseguir conversar com o Professor Challenger, naqueles tempos, era praticamente uma arte! Poucos tentavam a sorte!
- É verdade! Lembro-me do dia em que conheci Challenger na Sociedade Zoológica de Londres! Mas apesar do seu temperamento inflamado, ele sempre foi um perfeito cavalheiro! Pelo menos para com as damas! Marguerite sorria, enquanto lembrava-se daquele dia em que todos brindavam o início da expedição.
Lembrou-se mais ainda de Roxton. Ele estava lindo naquele terno em gabardine de lã cinza com desenho Príncipe de Gales! Sentado displicentemente sobre aquela mesa Mahogany, estava tão elegante! Mas possuia um ar tão arrogante quanto o de Challenger. E quando duvidou da minha habilidade com as armas...Que susto ele levou! Ainda bem que a minha pontaria sempre fora excelente! Jamais me pedoaria se tivesse danificado o "instrumento" do meu Lord Roxton! Meu Lord Roxton? Você ficou maluca, Marguerite? Ela se recriminou, enquanto sentia uma leve excitação percorrer-lhe as costas. Sentia pequenos choques na nuca ao lembrar dos momentos maravilhosos que passara com John, ali no platô.
- Como eu ia dizendo...A vida ensina, não é mesmo? Ela tomou outro gole de seu chá e retomou a conversa que estava tendo com Andrew. Em seguida olhou ao longe, através da janela. Via o dia claro e ensolarado. Será que Roxton ficaria definitivamente em Zanga? Teria ido embora por achar que existia algo entre ela e o professor Sunderland? Seu coração de repente, contraiu-se. Nervosa, sorveu todo o conteúdo da xícara.
- Agora venha, Marguerite! Vamos aproveitar que estamos só nós dois aqui. Sinto muita saudades de você! Ele a olhava de cima a baixo, excitado.
- Sente mesmo, Andrew? Marguerite foi até ele e o beijou nos lábios. Depois acariciou o seu rosto, felina, e disse:
- Mas se você me quiser novamente, terá que se comportar melhor, Professor Sunderland! Ou seja...Na frente dos nossos anfitriões, somos apenas velhos amigos da universidade, compreendeu? Sabe como são os homens...Apesar da refinada educação britânica, são como qualquer outro macho...Melhor dizendo, chegam mesmo a serem verdadeiros selvagens quando farejam estranhos invadindo o seu território! Ela falava pausadamente essas palavras, enquanto mordiscava levemente, o lóbulo da orelha dele.
- Entendi perfeitamente, Miss Krux! Ela viu no rosto de Andrew o medo que as suas palavras provocara.
Mesmo assim, ele a pegou no colo e foram para o quarto dela. Mataram o desejo que atormentava seus corpos. Meia hora depois, os dois já estavam recompostos na sala. Enquanto Marguerite cuidava da arrumação do andar superior, Andrew estava observando o laboratório de Challenger. Do alto, Marguerite observava-o atentamente.
- Não se preocupe, Marguerite! Não mexerei em nada aqui! Ele falou alto sem olhar para cima, sabia que ela o observava enquanto ele conferia os muitos inventos e algumas experiências em andamento.
- É bom mesmo que você não mexa em nada! Tudo que esta aí, é muito importante para o Challenger! E ele não gostaria de saber que o seu nobre colega andou revirando as suas coisas! Agora, por favor, suba! Não conseguirei arrumar esta casa, parada aqui lhe vigiando! Ela disse isso enquanto repousava os braços sobre a vassoura.
De repente o elevador começou a subir e minutos depois, Verônica entrava com uma cesta repleta de hortaliças, legumes e frutas.
- Achei melhor trazer isso! Apesar de estar com pouca fome hoje. Verônica então, colocou a cesta sobre a mesa e a leiteira com látex na parte baixa da prateleira.
- Pode falar Verônica! Você trouxe isso tudo porque hoje é o meu dia de cozinhar, não é mesmo? Eu bem que me esforço, mas vocês não me dão o menor valor! Marguerite fingiu irritação. Ela mesma sabia a péssima cozinheira que era.
- Ainda não aprendeu a cozinhar direito, Marguerite? Acredito que a mocinha seja melhor dona de casa do que você! Ele sorria, mas seu sorriso gelou ao deparar-se com os olhares fulminantes de Marguerite e Veronica que mais pareciam duas panteras prontas para atacá-lo.
- Eu arranco os olhos dele ou você faz isso, Marguerite? Declarou Verônica, teatralizando uma certa selvageria.
- Você na frente, Veronica! Afinal, a casa é sua! Marguerite deu de ombros e cruzou os braços.
- Peço desculpas pela grosseria, mademoiselles! Acho melhor eu descer para o solo! Ele levantou-se rapidamente e pegou o seu chapéu e rifle. Já ia subir no elevador, quando Marguerite pediu para esperá-la.
- Você disse que nos mostraria a saída do platô ainda hoje! É melhor eu ir com você! Ela também pegou o chapéu, o rifle e o cinturão onde levava um revolver. Então ambos desceram para o solo.
Após alguns minutos de caminhada, Marguerite continuou a sondá-lo com perguntas:
- Se você conseguiu chegar até aqui através de uma fenda na rocha, juntamente com seus ajudantes, onde estão eles agora? Ela arqueou uma sombrancelha.
- Alguns cairam nos poços de lava que haviam se formado. Mas muitos conseguiram chegar vivos aqui comigo. O que desconhecíamos, era o tamanho dos monstros que encontraríamos pela frente! Fujimos, mas alguns foram mortos por carnívoros gigantes e outros lagartos ferozes. Das outras feras, nossas balas deram um jeito! Marguerite ouvia atentamente as explicações de Andrew, enquanto embrenhavam-se pela mata.
Caminharam por um bom tempo, até chegarem a uma parede rochosa onde haviam várias fendas. Andrew acendeu uma tocha. Segurou em seguida a mão de Marguerite e juntos, entraram numa daquelas estreitas cavernas verticais.
