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OXFORD UNIVERSITY
Chapter 18 – Dangerous Flyings
Author: BETTIN
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Marguerite podia ver os dois aviões pousados sobre a clareira. A clareira devia ter uns dois quilômetros de comprimento e aproximadamente uns trezentos metros de largura. Era praticamente o lugar ideal para uma pista de pouso!
Um dos aviões ela já conhecia de perto. Era sem dúvida um Fokker DR-1, com aquelas duas metralhadoras afixadas na proa. O outro era um pouco maior, mas totalmente fechado. Ouviam-se rumores de que já estavam construindo aviões maiores, de carga. Mas até o ano de 1919, quando partiu de Londres, rumo ao porto do Pará no Brasil, nunca vira um daqueles. Era fato que a indústria aérea alemã havia sido desmantelada, após a derrota na guerra. Marguerite possuía informações, de forma ilícita, que os alemães revoltados, estavam construindo secretamente, outros Fokkers e aviões de maior porte.
Lá embaixo, podia-se ver o movimento de seis homens rodeando os dois aviões. Pareciam consertar o menor e embarcar algo no maior. De repente, um dos homens virou a cabeça para o alto, como se houvesse pressentido que alguém o observava. Marguerite esparramou-se sobre a relva o máximo que pôde, para não ser vista. Depois de alguns instantes, levantou novamente a sua cabeça e observou novamente o local. Em seguida, rastejando de costas, quase deitada no chão, foi descendo o pequeno monte e voltou para o caminho que a levaria para a casa da árvore.
Caminhou apressadamente pela floresta, pois se escurecesse, ela não poderia continuar a jornada. Teria que encontrar rapidamente um lugar para se esconder até que amanhecesse. E só de pensar em ficar sozinha na selva à noite, já entrava em pânico!
- Onde eu estava com a cabeça! Deveria ter saído mais cedo de lá! Ela se recriminava, quando parou e olhou para o céu. A noite se aproximava rapidamente.
Foi então que começou a correr pela mata. E encontrou um dos galhos que quebrara, enquanto seguia o Andrew! Agradeceu em pensamento ao Roxton, por tê-la ensinado a identificar os sinais na selva. Sabia que estava no rumo certo e continuou a correr. Esgueirar-se tão rápido pela vegetação, poderia atrair a atenção de algum predador noturno, mas precisava fazê-lo!
Não sabia se era pior continuar a correr ou ter que subir em alguma árvore e permanecer em vigília a madrugada toda, até que amanhecesse. Mas quis o destino que a aquela noite fosse de lua cheia e, além disso, o céu estava limpo e sem nuvens! A luz prateada da lua iluminava toda a selva. Sorrindo de alívio, ela sabia que tomando as precauções necessárias, acharia facilmente a trilha. E a encontrou, pois conseguiu identificar os galhos quebrados por ela dos outros. Mesmo assim, teria que redobrar a atenção, pois a ameaça das feras da noite era eminente.
Eles eram perigosos sim! Mas não tanto quanto os terríveis raptors que geralmente atacavam de dia. Nem tampouco o T-Rex, que raramente caçava a noite, por possuir uma visão difusa. Mas os homens-macacos poderiam cruzar seu caminho! Sempre havia os vigilantes que observavam a selva a noite, para protegerem seu grupo. Mas Marguerite estava confiante. Algo na sua intuição lhe dizia que chegaria sã e salva na casa da árvore. E finalmente ela conseguiu chegar!
- Veronica! Verooonicaaa! Ela gritava lá embaixo, rouca e ofegante.
- Marguerite? É você Marguerite? Veronica perguntava, pois os ruídos da noite não a deixavam identificar direito de quem era aquela voz feminina.
- Sim, sou eu! Envia o elevador! Rápido! Ela tentava segurar as pernas trêmulas devido a corrida, ao medo da escuridão e dos perigos da selva.
O elevador chegou depressa. Marguerite subiu nele e ainda arfava quando desceu os dois lances de escada e deparou-se com uma Veronica aflita, que retirou o rifle que estava pendurado em um dos ombros e aquele binóculo diferente, olhando-o com atenção, antes de depositá-los sobre uma mesa no canto da sala.
- Venha, Marguerite! Sente-se aqui! Veronica encheu um copo com água fresca e o entregou para a mulher ofegante.
Depois de vê-la refeita e com a respiração voltando ao normal, Veronica perguntou:
- O que foi que aconteceu? Faz um bom tempo que anoiteceu...Porque você não parou em alguma caverna ou subiu numa árvore? Você poderia ser atacada pelos predadores noturnos! Veronica não sabia onde começava o sermão e onde terminava a preocupação com a integridade física de Marguerite.
- E onde está o Professor Sunderland? Veronica perguntava enquanto olhava Marguerite retirar de dentro das botas vários papéis, o canivete que ela roubara do Burton, o caçador de troféus, e um saco de veludo negro. De dentro desse pequeno saco, caíram diversas esmeraldas que esparramaram por sobre a mesa.
- Bem...Você viu que sai hoje cedo na intenção de encontrar a tal fenda ou caverna por onde o Sunderland nos disse ter acessado o platô, certo?
- Certo! Concordou Veronica.
- Errado! Sunderland nunca chegou até aqui por caverna, fenda ou qualquer outro buraco! Eles vieram de avião! Ou melhor, há dois aviões lá embaixo, numa clareira próxima a tal fenda que ele me levou. A caverna é apenas o esconderijo deles! Cinco dias são insuficientes eles terem construído todas aquelas prateleiras, mesas e cadeiras, tornando aquela caverna habitável. Havia até um fogão de barro! Marguerite pegou a moringa e tornou a encher o seu copo com água.
- Então embebedei o Sunderland e o deixei dormindo! Porém, ao sair da caverna, ouvi um barulho diferente dos ruídos da selva. Com aquele binóculo ali, constatei que junto com Sunderland, estão mais seis outros homens! Dos dois aviões, o menor eu já vi um igual antes. É um triplano Fokker DR-1, igualzinho ao que Richthofen utilizou durante a Grande Guerra! Ela tomou mais um gole de água.
- Sei! A Guerra Mundial que envolveu muitos países de vários continentes. O Ned me contou que participou como correspondente nas trincheiras da tal guerra! Veronica mostrava estar entendendo a narrativa de Marguerite.
- Isso mesmo! Eu conheci pessoalmente Richthofen e ele me mostrou o seu avião. Era uma aeronave com duas metralhadoras acopladas as asas. A metralhadora é uma arma letal, Veronica! Cada uma dessas, dispara uma rajada de 40 tiros por minuto! O Roxton teria que sacar 40 vezes o seu rifle, para atingir a mesma pontuação!
- E onde e como você conheceu esse tal de Richthofen? Veronica quis saber.
- Eu o conheci numa festa, na casa de uns amigos em comum, em Berlim. Eu estive com ele apenas duas vezes. O suficiente para saber que estava lidando com um belo homem militar, de sangue frio e orgulhoso. Tinha um jeito de falar pausado, era muito seguro de si! E adorava ser seduzido por uma bela mulher! Mas ainda assim, era um piloto elegante e um verdadeiro cavalheiro! Manfred Von Richthofen era respeitado e admirado por pilotos de todas as nações envolvidas na Grande Guerra. Os laços entre os aviadores superavam as barreiras, raças e conflitos. Mesmo entre inimigos, prevaleciam as regras do cavalheirismo!
- Você acredita Veronica que, após ele ter abatido um dos aviões das tropas aliadas e pousado perto dos destroços do avião abatido, para pegar um "souvenir" para a sua coleção, Richthofen encontrou o piloto inimigo ainda vivo! E sabe o que ele fez? Levou o ferido para ser cuidado e orientou a sua tropa que o tratassem como convidado de honra!
- Manfred era mesmo muito ousado ou talvez exibido! Pintou o seu avião de vermelho! Qualquer um poderia ver aquele avião cruzar os céus! Era como se quisesse ser realmente localizado pelos seus inimigos! Não demorou muito para o apelidarem de Barão Vermelho! Marguerite sorria envolta nas suas lembranças.
- Eu o vi pela última vez no dia do seu funeral, em 1918. Um ano antes de virmos para o platô! Eu me orgulhava muito por ter conhecido o terror das tropas aliadas! Você sabia que ele abateu aproximadamente 80 aviões da RAF? Imagine todos aqueles De Havillands, Albatros e Voisins, abatidos pelo Capitão Von Richthofen, caindo por terra!
- Dizem que o Manfred foi abatido apenas por um piloto da RAF, o Capitão Roy Brown! Mas eu acredito que tenha sido uma emboscada bem articulada! Precisariam de pelo menos três aviões de caça para conseguirem acompanhar as acrobacias aéreas do Barão Vermelho! O corpo de Richthofen foi recolhido com glórias pelos ingleses e enterrado com honras militares num cemitério para heróis de guerra na França! Marguerite abaixou seus olhos, respirou fundo e tornou a levantá-los. E séria falou para Veronica:
- Mas deixando as lembranças de lado, o que eu quero realmente dizer é que lá fora há um avião tão perigoso quanto o do Richthofen e há um outro, ainda maior, para carga! Eles não chegaram até aqui por nenhuma fenda, formada pelo terremoto, como ele disse! Esses papéis provam isso! Ele usou o abalo sísmico para que nós acreditássemos na sua história. E omitiu a presença dos aviões, porque deve ter outros planos! Concluiu Marguerite e perguntou:
- Tem algo para comer? Meu estômago está enjoado, pois a única coisa que eu tomei hoje, foi um chá logo cedo e aquele uísque maravilhoso! Devia ter trazido a garrafa comigo! Não é sempre que se prova um bom scotch de 30 anos, não é mesmo!
- Você já roubou o binóculo, esses papéis e essas esmeraldas! Você não acha que já possui "souvenirs" demais, Marguerite? Veronica fazia biquinho ao pronunciar a palavra "souvenirs", o nome chique que Marguerite dava para todos os objetos valiosos que furtava.
- Amanhã, o tal Sunderland e os homens dele estarão aqui embaixo para resgatar os "souvenirs" deles! E todos os homens da casa estão lá, ao sul, na aldeia dos Zanga! E sabe-se lá quando pretendem voltar! Enquanto isso, a Madame Krux, fica arrumando confusão por aí, não é mesmo? Verônica cruzou os braços sobre os peitos volumosos.
- Tá bom! Tá bom! Eu sei que errei! Mas nós duas precisamos arrumar um jeito de nos livrarmos deles! Marguerite estava realmente preocupada.
- Veja, Marguerite! Estamos sozinhas aqui! Eu sei que você teve um envolvimento muito mais íntimo com o tal Andrew de Sunderland, do que tenta esconder! A sua sorte é que os homens estavam fora daqui e, somente eu, ouvi que há uma ligação muito forte entre vocês dois! Se você não me contar o que está acontecendo, ficará difícil de eu lhe ajudar, você não acha? Com os braços cruzados, Veronica tamborilava os dedos, recostada na cadeira, esperando uma explicação.
Sem outra alternativa, Marguerite contou tudo o que aconteceu na Universidade de Oxford, desde quando chegou lá, seu envolvimento com ele, até a última vez que o viu no porto de Folkstone. Contou também sobre a explicação que ele lhe dera sobre o aborto que fizeram nela lá no laboratório de química da universidade. Omitiu que se relacionou sexualmente com ele na cama dela, na casa da árvore, naquela manhã. Veronica não a perdoaria por ter maculado o seu lar.
- Posso imaginar então o que aconteceu naquela caverna o dia todo! Vocês relembraram os bons e velhos tempos, não é mesmo? Veronica deu um ligeiro sorriso ao ver Marguerite tomando o segundo prato de sopa que ela havia preparado.
- Hummm! Hummm! Era sua forma de confirmação, pois estava com a boca cheia.
- Bom! Deixe-me pensar o que faremos em primeiro lugar...Ah! Já sei! Veronica se levantou e foi até a prateleira e pegou um vidro de ervas, que estava dentro de um jarro de barro. Depois encheu uma chaleira com água e pôs no fogo para ferver.
- É essa a sua grande idéia? Preparar um chá para nós? Muito bem...Agora é só pegar o baralho e jogaremos uma partida de bridge ou talvez pôquer! Ficaremos aqui sentadas, tomando chá, esperando tranqüilamente aqueles malditos mafiosos virem nos pegar! Ironizou Marguerite.
- Você não espera ter outro filho daquele sujeito, não é mesmo? Veronica perguntou.
- Lógico que não! Marguerite se assustou. Ao relacionar-se com Andrew, esqueceu da tal possibilidade. Começou a roer a unha, nervosa.
- Então eu vou preparar esse chá e você o tomará! Sentirá mal estar, dores no ventre e poderá ocorrer até um pequeno sangramento...Mas não se preocupe, você não terá outro filho daquele sujeito, eu lhe garanto! Disse Veronica com propriedade, entregando uma xícara para Marguerite.
- Você sabe mesmo se cuidar, não é Veronica? Marguerite sorriu agradecida, ao pegar a xícara das mãos da amiga.
- Eu vivo aqui sozinha desde os onze anos, lembra-se? Aprendi muita coisa...A propósito, você se divertiu muito com o Sunderland naquela caverna, esta tarde? Veronica deu aquele sorrisinho de canto de boca.
- Sim...Muito! Marguerite arregalou os olhos, e esses diziam que fora uma ótima tarde!
- Veronica? Você não contará isso para os homens, contará? Marguerite estava apreensiva quanto ao seu passado. Roxton não entenderia. Nem Challenger ou Malone. Conhecia os homens e o seu machismo.
- Contar o quê? Que esse tal de Andrew de Sunderland foi somente o seu professor na Universidade de Oxford? Pois é só isso que eu sei! Veronica então, esticou o braço sobre a mesa e segurou a mão de Marguerite.
- Nunca lhe disse isso antes...Mas você é uma pessoa maravilhosa...Uma verdadeira amiga, Veronica! Marguerite beijou o dorso da mão da Veronica. E a jovem pode constatar o quanto aquela mulher orgulhosa estava sendo sincera.
- Você ainda o ama? Ainda sente amor pelo tal Sunderland? Havia doçura e cumplicidade no olhar da Veronica.
- Não, Veronica! Não mais! Quando ele apareceu aqui eu tremia toda! Mais com medo que ele revelasse o meu envolvimento com ele, do que qualquer outro sentimento. Sentia também desejo! Afinal, até você viu o quão bonito ele é! Mas quanto a esse desejo...Eu já o aplaquei esta tarde! Fora isso, não existem mais amarras! Marguerite falava com decisão, enquanto sorvia o chá amargo.
- Certo! Disse Verônica. - Agora vamos ler esses papéis e saber o que trouxe esses mafiosos para o platô. Vejamos isso aqui! E assim, elas ficaram avaliando os papéis e conversaram muito, até tarde da noite...
Por favor, review...
