Cap. 5: 1º dia em Hogwarts.

Bom, me entendam, a vida de ninguém é uma aventura sem fim, todos nós temos dias que simplesmente queremos nos afogar no lago, por que simplesmente não a nada pra fazer. Eu sei que vocês conhecem minha fama de encrenqueiro, mas, todos nós, alguma vez, aprontamos coisas, nós, bom, nós aprontávamos um pouco mais que o resto das pessoas, mais ainda sim, vocês não podem esperar que a minha vida tenha sido sempre excitante, ela não foi, a vida de ninguém é, as vezes, nós achamos que é, pelo menos comparada a nossa horrível vida, e acho que é ai que está o problema, o que muitas vezes nos faz infelizes, não é pelo fato de que nossa vida é ruim, e sim achar que a vida dos outros é melhor que a nossa. Mas pra mim, do meu ponto de vista a minha vida era normal, e é do meu ponto de vista que vocês vão conhecer essa historia, minha vida tinha dias muito engraçados, daqueles que vocês pensa que vale a pena viver, mas também tinha muitos dias tristes, e eu pretendo lhes contar todos, os alegres, e os tristes. Bom, pelo menos todos que mais permaneceram na minha memória, mas, mais uma vez, não esperem ver milhares de peraltices a cada instante, saídas espetaculares, aventuras sem fim, entradas triunfais, essa é só uma vida comum, com um pouco mais de magia, travessuras, e confusões que a de vocês, mas ainda sim, minha vida, e cá entre nós, eu sei que é só por isso que vocês tão prestando atenção nisso, vamos, vamos, admitam, eu sei que sou de mais.

Taí, mais umas das coisas que eram comuns em mim, minha excessiva alto confiança, mas, que na verdade era só fachada, sim, com o tempo eu aprendi a me defender, a responder, e me comportar de acordo com que queria. Fui vendo e aprendendo que sabendo o jeito certo, meu, e principalmente dos outros, eu poderia ter o que eu quisesse, principalmente das garotas, que felizmente, eu exercia certa- grande- influencia, mas não era nada mais que isso, com um pouco de teatro eu podia conseguir o que quisesse, é só você saber o que cada um quer. Eu aprendi que certas garotas eram muito previsíveis, por isso eu já sabia exatamente o que fazer, e também, por isso eu transpirava alto confiança, mas em uma situação desconhecida, algo que eu não esperava, uma resposta ou atitude, me fazia tão vulnerável quanto o resto do mundo, é claro, que uma situação de perigo, ou simplesmente em um caso que alguém, ou até mesmo eu, pudesse estar em problemas, eu simplesmente reagia, eu, posso dizer com firmeza que nunca deixei de dar o melhor de mim em uma briga! Mas isso pode acontecer com qualquer um com sangue quente nas veias, isso não me fazia um poço de confiança, pelo menos não pra mim, acreditem, eu tinha tantas duvidas, e tantas fraquezas quanto qualquer um, eu simplesmente não deixava ninguém perceber, ou simplesmente, ninguém queria perceber, e eu não posso culpa-los, é muito mais confortável ter alguém do seu lado que seja sempre alegre e alto-confiante, é estranho ter alguém pra baixo, as pessoas não sabem como agir, o que falar, é por isso que as vezes elas preferem não ver os problemas de alguém, e é isso que separa o resto do mundo, dos seus amigos, eles simplesmente se importam, eles simplesmente se sentem na obrigação de falar alguma coisa, de simplesmente perguntar ``você está bem?`` , e isso, muitas vezes, faz uma diferença enorme, muitas vezes a única coisa que você quer é justamente que as pessoas a sua volta percebam como você está, percebam que você está ali e não está bem, muitas vezes você deixa transparecer a sua tristeza só pela imensa vontade de ver se alguém, vai perceber, se alguém vai se importar.

Faz bem as vezes nós termos alguém que possamos simplesmente mostrar nossa tristeza, que possamos nos deixar ser consolados, eu, durante muito tempo não tive isso, durante muito tempo me senti só, e nem, se eu quisesse mostrar a minha triste pra alguém, qualquer um, eu não teria pra quem mostrar, por isso durante muito tempo eu só engolia toda a minha tristeza, transformava-a em raiva, isso é muito mais fácil de engolir, mas é muito mais difícil de se recuperar.

Eu tive a sorte de ter sido salvo a tempo, de ter tido alguém pra confiar, e contar todas as minhas magoas e tristezas antes de toda essa raiva e rancor me consumirem, e por isso, só por isso, eu não me tornei uma pessoa amarga e rancorosa, e é por isso, que eu espero, e desejo, do fundo da minha alma (que eu espero que ainda tenha, por que nesse lugar eu já não sei mais de nada), que vocês tenham alguém assim, por que num mundo como o nosso, ninguém sobrevive sozinho, e se sobrevive, é amargo e rancoroso de mais, pra confiar a alguém, a sua historia.

Enfim, deixando a tristeza e a filosofia de lado, meu primeiro dia de aula foi como é pra maioria das pessoas, tudo novo, tudo uma nova descoberta, novos amigos, novos inimigos, eu tive a sorte de pelo menos ter me inturmado logo com Tiago, assim não estava tão só e perdido, conhecendo uma pessoa fica mais fácil de você conhecer mais.

Bom, então como posso dizer? Era uma bela manhã, fazia muito sol, embora o clima estivesse um pouco frio, eu acordei cedo, o que, aliás, eu nunca consegui explicar como nos conseguíamos acordar no horário, devia ter algum feitiço naquelas camas, embora que, se nós estivéssemos mesmo ferrados de sono não havia feitiço que nos tirasse daquelas camas, bom, enfim, continuando, eu acordei, me levantei, escovei os dentes, fiz minhas necessidades básicas, tomei banho, e por fim me arrumei, eu nunca achei que ficaria tão feliz, e tão bem, em um uniforme, mas eu estava radiante, fiquei feliz por ninguém estar acordado, seria uma cena ridícula se alguém visse minha cara radiantemente retardada em frente ao espelho só por causa de um estúpido uniforme.

Então, estava pronto pra descer ao café, mas eu estava com uma duvida, se eu acordava ou não Tiago, ele parecia estar ferrado no sono, e eu não era tão intimo assim dele pra acorda-lo, tem gente que fica realmente com um humor horrível se é acordado a força, ele podia ser um deles, como eu ia saber? Mas ele não parecia do tipo que gostaria de perder o café, e aliás, eu achei que bem que ele precisava de uma comida reforçada, ele podia ser alto mas em compensação era magérrimo, por fim decidi que era melhor acorda-lo, afinal, como já havia dito a mim mesmo antes, se eu queria ser popular tinha que me desfazer da vergonha.

Me aproximei devagar de Tiago, e no meio do caminho vi que já tinha uma cama vazia(e muito bem arrumada por sinal), o que significava que eu não era o primeiro a acordar. Deixei minha grande e importante descoberta de lado, e resolvi cutucar Tiago.

- Ei! Tiago, psiu, acorda, ou vamos perder o café.

Depois disso eu não sei bem o que aconteceu, mas pelo que me recordo, depois da frase ``perder o café``, Tiago se mexeu de uma forma tão brusca que no instante que ele se virava e levantava de uma vez, com uma velocidade que eu pensei ser humanamente impossível, além de me acertar um soco no nariz em cheio ele ainda me deu uma cabeçada que eu nunca vou esquecer, nunca, na minha vida, eu pensei que alguém pudesse ter uma cabeça tão dura.

- Au! AU! – Esse foi o único som que eu fui capaz de produzir, pensando agora, acho que eu sempre tive grande tendência a me comportar como cachorro, bom, voltando a historia, eu só me lembro de ter vistos estrelas na minha frente antes de cair com tudo, de bunda no chão.

- Que está acontecendo aqui? – Foi a voz que eu ouvi vindo de uma das camas, ela veio de um menino gordinho, e baixinho, que mais tarde eu viria a saber, que se chamava Pedro.

- Au....

- Nada! Sirius! Cara, você tá bem? Desculpe foi sem querer!

- Imagino se fosse querendo..

- O que está acontecendo aqui?

- Já disse que não foi nada se meta na sua vida!

Pedro parecia ter se ofendido muitíssimo com esse comentário de Tiago, levantou da cama e foi se vestir. Outro menino que ainda restava na cama nos olhou desconfiado, e imitou Pedro.

Finalmente Tiago parecia ter percebido que eu estava mal e levantou da cama pra me ajudar.

- Desculpe cara! Tá doendo muito?

- O que você acha? –Finalmente eu tirei a mão do meu nariz pra que Tiago visse como ele estava.

- Ai cara, desculpe, vem eu te levo na infermaria, seu nariz tá sangrando.

- Jura? Sabe que eu ainda não havia percebido?

- Pelo menos seu humor continua o mesmo, vamos, han.. espera, será que você pode esperar eu tirar o pijama?

- Tá, tá, espero, mas vê cê vai logo.

- Tá.

Tiago realmente se vestiu rápido e foi comigo para a enfermaria, passamos por Pedro no caminho, e ele nos olhou com desagrado, mas nós não nos importamos, finalmente, depois de muito andar(um pequeno problema que nós havíamos esquecido que era, onde era a enfermaria?), nós chegamos, e madame Pomfrey não pareceu nem um pouco feliz em nos ver tão cedo logo no primeiro dia de aula.

- Horas mas eu não acredito! É o primeiro dia de aula e vocês já arrumaram briga! Como pode! Será que vocês garotos não podem apelar menos pra selvageria! Vamos, agora o que diabos ouve!?

- Não foi uma briga senhora..- Começou a explicar Tiago.

- Madame Pomfrey por favor!

- Sim, madame Pomfrey, foi um acidente, eu... acabei dando uma cabeçada nele, enquanto acordava, foi, sem querer.

- Uma cabeçada? Ó, santa paciência! Será que vocês não passam um dia sem se machucarem? Vamos venha aqui Sr...

- Black, Sirius Black.

- Black han... certo, venha cá Sr. Black, vamos logo dar um jeito nisso pra que vocês peguem pelo menos o fim do café.

Tiago que pelo jeito se esquecera totalmente do café arregalou os olhos com a possibilidade de não chegar a tempo, se meu nariz não estivesse doendo tanto eu teria rido.

- Vejamos, aqui!

- AI! – Em um instante meu nariz estava doendo(principalmente depois dela bater na ponta dele com a varinha), e no outro estava totalmente curado, não pude deixar de me lembrar no estojo de poções e curativos de mamãe.

- Prontinho Sr. Black! Agora vá, rápido, antes que perca o café.

- Obrigado!

Fomos correndo o máximo possível pra chegar a tempo pro fim do café, o que, felizmente conseguimos, restavam poucas pessoas no salão, mas o que nos importava, e que ainda tinha comida, arrumamos um lugar e nos sentamos, no momento em que enchemos a boca de comida um garoto mais velho que eu reconheci como sendo o mesmo que havia nos mostrado onde era a sala comunal, o que eu pude confirmar pelo distintivo que tinha preso a roupa, se aproximou de nós com uma cara emburrada.

- Até que enfim! Aqui estão! Seus horários! Não se atrasem!- E dizendo isso se afastou.

Eu e Tiago nos olhamos com uma sobrancelha erguida e a boca cheia de comida, demos de ombro e voltamos a comer, eu não pude deixar de sentir uma dose de pena do garoto, provavelmente ele teve que ficar ali plantado até nós chegarmos, pra nos entregar os horários, anotei mentalmente nunca querer ser monitor.

Depois do café voltamos a nossa sala comunal pra arrumar a mochila de acordo com o nosso horário, então seguimos para as aulas, o que vem depois não interessa, foram aulas chatas, com professores mais chatos ainda, por fim, quando o horário de aulas terminou, eu e Tiago juntamos nossas coisas e fomos a biblioteca fazer nossos deveres, que eu por sinal achei exageradamente grandes para um 1º dia de aula do 1º ano.

Lá nos afundamos em pergaminhos e livros, foi quando algo interessante aconteceu, eu estava em uma mesa com Tiago, quando este se levantou pra procurar um livro na biblioteca e eu fiquei na mesa tentando me concentrar, o que estava achando um pouco difícil, me encostei na cadeira e fiquei distraidamente olhando em volta, vi um grupo de 4 sonserinos que pareciam ser do ultimo ano olharem e rirem para alguma coisa, segui o olhar deles e me deparei com um menino de óculos que vinha sozinho caminhando com dificuldade segurando uma pilha de livros que quase o impediam de ver o caminho, ele parecia muito concentrado em chegar até uma mesa pra perceber os sonserinos que olhavam maldosamente pra ele, não sei por que, mais naquele instante me veio a cabeça o episódio com Snuffles, quando aqueles garotos começaram a correr atrás de nós. Eu me sentei reto a cadeira e me virei na direção deles pra olhar atentamente a cena.

Os sonserinos haviam se levantado e andavam na direção do menino que ainda não parecia ter se dado conta disso, quando percebi o que os garotos iam fazer me levantei mas era tarde demais, eles haviam esbarrado com tudo no pobre menino que caíra no chão por cima de livros e tudo, seus óculos haviam caído e um dos sonserinos o havia chutado pra debaixo de uma mesa, o pobre menino estava no chão tentando recolher os livros e achar os óculos, reparei que ele também parecia ter lagrimas nos olhos, realmente, não pude deixar de lembrar de mim e Snuffles, me xinguei mentalmente por estar só olhando em vez de ir ajudar.

Passei por detrás dele e peguei seus óculos, olhei em volta, ninguém parecia estar ligando para o menino, senti raiva deles.

- Tome, aqui estão seus óculos.

- O que? – O menino olhou pra mim e parecia estar processando a informação de que alguém o estava ajudando, me perguntei se esse tipo de coisa já havia acontecido com ele antes- Há, muito obrigado!

- Não a de que, deixe que eu te ajudo.

- Certo, obrigado – Dizendo isso o menino pôs os óculos, e eu o reconheci como sendo um dos meninos que eu dividi o barco.

- Escute, você está estudando sozinho? Eu e meu amigo estamos ali naquela mesa, não quer se sentar conosco?

- Há.. eu não quero incomodar.

- Imagina não é incomodo algum, você é..?

- Lupin, Remo Lupin.

- Sou Sirius Black, prazer – Estiquei a mão para que ele apertasse, pude ver que quando disse meu nome ele me olhou divertidamente surpreso, por justamente um Black, o estar ajudando, mas apertou minha mão.

- Certo – Eu disse – Então vamos para minha mesa.

- Certo!

Eu podia ver no fundo dos olhos dele, e eu acho que, tirando Snuffles, nunca, alguém me olhou tão agradecido na vida.

Tiago voltou depois carregando o livro e só reparou que tinha mais alguém na mesa quando se sentou.

- Har! Finalmente eu achei o maldito livro, achei que tinham dado fim, nunca vi uma coisa tão bem escondida na vid... – Ele parou, olhou Remo, olhou pra mim de novo, e voltou a olhar Remo, esse que deu um sorriso tímido e ficou vermelho até as orelhas, não pude deixar de rir.

- Tiago esse e Remo Lupin, Remo esse e Tiago Potter, Tiago ele vai estudar com a gente tá legal?

- Tá! Só espero que seja melhor do que a gente em Historia da magia, por que nós estamos perdidos – Disse Tiago com bom humor, realmente, eu sempre o valorizei muito por isso, ele sempre estava aberto a uma situação nova, e sempre aceitava tudo com muita alegria, era de verdade uma boa pessoa.

- Claro! No que precisam de ajuda?

- Em tudo! – Falou Tiago rindo e olhando pra minha cara.

- Certo, eu explico.

- Nosso salvador, Sirius onde você achou essa preciosa genialidade? – Dei de ombros e só disse:

- Trombamos por ai. – Remo riu e olhou pra mim, aparentemente agradecido por eu não ter contado seu acidente.

Então foi o começo da nossa grande amizade, os que seriam pra sempre considerados com todo carinho, e merecimento, os verdadeiros marotos.