Cap. 9: Partida.

Eu realmente não sei bem como conseguíamos nos manter tão firmes perante os exames, conseguíamos nos manter sãos, e calmos, pelo menos dois de nós, Pedro já estava a ponto de roer as pontas dos dedos, por que já não tinha unhas, Remo estava a beira de um surto, e estava concentradissímo enquanto andava nos corredores tentando repassar tudo que havia aprendido.

Embora eu e Tiago tivéssemos aprendido a conviver com a paranóia de Remo, estávamos um pouco cansados.

- Então, vamos ver se vocês decoraram!

Eu e Tiago nos encontrávamos jogados nos sofás respondendo tudo com o máximo de tédio possível, o único que parecia se pendurar nas palavras de Remo era Pedro.

- Urico, o Esquisitão. Era medieval, de datas desconhecidas. Era um bruxo extremamente...

- ...Excêntrico conhecido por usar uma água - viva como chapéu! Pronto tio Remo acertei? Vou ganhar um docinho? – Falei me levantando do sofá e já com uma cara impaciente.

- Está certo, vocês já decoraram tudo, eu só estou nervoso! – Remo falou se jogando em uma cadeira.

- Remo você já fez quase todas as provas, foi bem em todas, historia da magia é a última! Relaxa, você já sabe toda matéria, agora fica ai e para de encher o saco da gente!

Remo me olhou de cara feia.

- O problema é que parece que eu sou o único aqui que parece saber da importância das provas, agora vocês podem achar que elas não são nada, mas no futuro as notas vão contar, e no mundo você só é aceito se for o melhor! Então é preciso tirar boas notas, se mesmo com tudo isso muitos... ainda tem problemas em arranjar alguma coisa, imagino quem ainda não é bom aluno.

- Mas Remo você não é um desses muitos com problemas, você é bruxo e vem de uma boa família, humilde, mas boa! Você vai se dar bem é inteligente! – Falei com meu bom e velho tom impaciente.

- Eu não tenho tanta certeza assim.

- Por que? – Tiago tirou a pergunta da minha boca.

- Oras.. por que.. nunca se sabe o futuro, e eu não tenho um bom nome, quer dizer, os Black poderiam ser até monstros...

- Eles são! – Falei com convicção.

- ...Mas eles tem um nome- Continuou Lupin fingindo que não havia me ouvido- Poderiam ser qualquer coisa! Já os Lupin, ninguém conhece.

- Mas você pode faze-los conhecer – Por incrível que pareça quem falou isso foi Pedro, e eu ainda acho hoje, que foi uma das poucas coisas úteis que ele já falou.

Remo olhou surpreso pra Pedrinho, e também eu e Tiago, Pedro por sua vez não parecia ter se dado conta da força de suas palavras e olhou pra nós interrogativo. Remo riu.

- Mas ele tem razão Remo, com a sua inteligência e capacidade você pode ser um grande bruxo! – Falei.

Remo sorriu tristemente e olhou pela janela.

Finalmente as provas haviam acabado, então, teríamos apenas que esperar, esperar para as notas chegarem e esperar pra finalmente irmos para nossas casas descansar. O que é claro, não era o meu caso, eu já imaginava a cara de meus pais quando chegasse, os gritos da minha mãe por eu não ter respondido a nenhuma carta dela (pelo menos não do jeito que ela esperava), e a cara de deboche do meu irmão, e finalmente, a solidão que eu tinha certeza que iria sentir.

Felizmente eu ainda teria que esperar uma semana para ver todas essas cenas, então eu procurei aproveitar ao máximo os meus últimos dias em Hogwarts.

- Então o que vocês querem fazer? – Falei com empolgação.

- Como assim?

- Como, como assim? Nós não vamos ficar aqui parados vamos?

- Sirius, eu mais do que ninguém admiro sua fibra e incansável energia mas, está tarde, e... estamos cansados sabe? – Tiago falou como se explicasse que 1+1 são 2.

- Mas Tiago, já se passaram 3 dias desde o término das provas, falta pouco tempo pra voltarmos pra casa!

- Sirius- Pedro falou- Nós entendemos que você está nervoso por ter que voltar pra casa mas, estamos cansados, por hoje já chega, amanhã nós vemos o que mais podemos fazer.

- Mas.. nós não fizemos quase nada hoje!

- Nada? – Dessa vez quem falou foi Remo exasperado- Como assim nada? Nós praticamente nem sentamos hoje! Ficamos dando voltas e voltas pelo castelo! Arrumamos 3 confusões com os sonserinos, que aliás você provocou! Eu tomei um feitiço no meio da cara que quase me arranca um olho ( exagerado)! Levamos 2 advertências de McGonagall! Nós temos é sorte de não passarmos os últimos dias em Hogwarts de detenção!

- Pelo menos nós estaríamos fazendo alguma coisa! – Respondi irritado.

Eu subi as escadas do dormitório masculino e me arrumei pra dormir, eu sabia perfeitamente que eles estavam cansados, e com motivos, e sabia que eu estava com uma energia que não tinha fim nesses últimos dias, mas eu senti raiva deles por não fazerem de tudo pra deixar meus últimos dias em Hogwarts os melhores possíveis. Eu entendia o lado deles, mas naquele momento eu quis ser só egoísta, só quis sentir raiva sem me repreender por isso, sentir raiva e me sentir bem. É bom ter esses momentos as vezes, sem saber bem o porque, sem se repreender, sem pensar um pouco se você está certo em se sentir assim, achar que está certo mesmo que alguma coisa dentro de você diga que não está! Só sentir raiva, e simplesmente isso!

Acordei no outro dia me sentindo bem melhor, e, de fato, tinha que concordar com meus amigos sobre o cansaço, a verdade é que no momento em que coloquei a cabeça no travesseiro eu adormeci profundamente, não tinha a menor idéia de que estava tão cansado.

Desci para o café com um humor bem melhor do que o do outro dia, e os encontrei já sentados. Me juntei a eles, e perguntei em um tom de desculpas o que eles planejavam pra hoje.

De fato o dia transcorreu bem, embora nos tenhamos ficado mais tempo parados na beira do lago do que andando e aprontando pelo castelo.

Então, a noite da véspera do dia da partida chegou, e até mesmo nos meus sonhos minha mãe veio me atormentar. Praga dos infernos. Como se já não bastasse eu ser obrigado a aguentar a cara dela no dia seguinte eu ainda tinha que antecipar tudo pelos meus sonhos, será que esse cara que controla os nossos destinos também controla nossos sonhos? Por que se não eu aposto que eles dois devem ter feito algum acordo.

Então o dia chegou, arrumei o malão como se estivesse arrumando a corda com a qual fosse me enforcar, o que aliás, me pareceu uma visão bem mais agradável do que encarar minha mãe de novo.

- Como você está Sirius?

- Como você acha? – Perguntei encarando Tiago mal-humorado.

- Tá, tá certo mas, vê se se anima, você vai passar um pouco das férias na minha casa esqueceu?

- Claro que não, é só isso que não me fez ir ao escritório de Dumbledore implorar pra ficar aqui. Você tem uma idéia de quando vai poder me chamar?

- Acho que no meio de Julho mais ou menos. – Tiago falou com incerteza.

- Certo.

- Gente, hora de descer- Lembrou Remo quase que num tom de desculpas.

- Tá, vamos. – Tiago fechou seu malão e o suspendeu no ar.

Descemos as escadarias com nossos malões flutuando atrás de nós, e estávamos quase nos jardins quando nos deparamos com Snape- O seboso.

Tá, eu sei que vocês podem considerar maldade. Mas entendam, nossa rixa com Snape era muito antiga e muito forte, não poderíamos perder essa chance, era boa demais.

Eu olhei de esguelha para Tiago e apontei uma porta logo atrás de Snape. Tiago entendeu o plano na hora e o colocou em prática.

E ai seboso, parece que finalmente Hogwarts vai cheirar bem novamente.- Ele falou com uma incrível cara de desdém.

É, Você está indo embora. – Snape falou já se colocando em guarda e assumindo uma postura de defesa.

E enquanto eu me segurava pra não rir da cara de indignação de Tiago, eu ia sorrateiramente por trás de Snape, abrir a porta pra Tiago poder agir.

Se eu fosse você Seboso, não me sentiria tão seguro assim. – Disse Tiago já se preparando pra sacar a varinha.

E eu posso saber porque Potter? – Snape estava tentando passar uma postura segura, mas estava claramente sentindo o contrário.

Por isso. – Tiago vendo o meu sinal sacou a varinha antes que Snape pudesse fazer qualquer coisa, e atirou um Expelliarmus, que jogou Snape com toda força pra dentro do armário de vassouras. Com sorte eu consegui pegar a sua varinha, pra que não caísse com ele dentro do armário. Isso renderia a ele mais tempo pra refletir, ou até mesmo mais tempo preso sentido o próprio cheiro horrível. Vai que agente fazia até ele tomar vergonha na cara e tomar um banho? Estávamos era fazendo um bem a ele e a humanidade.

Pronto, agora podemos ir felizes. Já tenho uma ótima coisa pra lembrar nas férias. – Falei muito satisfeito comigo mesmo.

Mas... não tem mais quase ninguém no castelo, pode demorar horas pra acharem ele! – Remo falou, como sempre, preocupado com tudo a toa.

Oras, ai é melhor ainda não é? Vamos.

Chegamos a uma cabine com um Remo muito culpado, falando a toda hora que devíamos avisar alguém sobre Snape. Mas é claro não demos muita atenção aos seus pedidos.

- Bom.. quem tá afim de uma partida de snap explosivo?

Foi divertido ver a cara de derrota de Pedro depois de ter jogado contra Tiago, Remo, e eu, já conformado com a minha volta pra casa, e tentando pensar que talvez não podia ser tão ruim assim, o que é claro meu subconsciente gritava pra mim que podia .

Chegada a noite fomos surpreendidos por uma pequena garoa que caia lá fora.

Saindo do trem pude avistar Bellatrix e Narcisa , acompanhadas de Lúcio Malfoy, que cursava o mesmo ano que a última.

Então finalmente eu atravessei a barreira e pude avistar quem eu menos queria ver, minha mãe com a pior cara do mundo, acompanhada de meu pai, meu irmão, os pais de Narcisa e Bellatrix e (finalmente alguém agradável), Andromeda que olhava timidamente pra todos. Ignorando a cara feia de minha mãe me despedi de meus amigos.

- Bom, ficamos por aqui.

- Espera, olha, aqueles ali são meus pais! – Tiago apontou um casal muito simpático que acenava pra nós, Tiago obviamente era muito parecido com o pai.

- E ali eu vejo a minha mãe, meu pai não, veio deve estar ocupado. –Remo apontou uma senhora com uma roupa simples, mas que parecia ser muito simpática também.

- Os meus ainda não chegaram –Disse Pedro tristemente.

- Eles devem chegar logo Pedro! Bom, então eu vou escrever pra você nas férias marcando um lugar pra gente se encontrar depois tá certo? – Continuou Tiago apressado olhando a cara dos meus pais que pareciam que a qualquer hora me puxariam pelos cabelos, se eu resolvesse demorar muito ali.

- Certo, bom, então, tchau a todos! Até! – Me afastei tristemente dos meus amigos e fui em direção a família mais simpática da plataforma.

- Vamos ter uma bela conversinha quando chegarmos em casa Sr. Sirius!

Dei uma última olhada a meus amigos, que acenaram uma última vez, e estava pronto pra acenar também quando uma mão forte me puxou pelo ombro me guiando de volta a que seria pra sempre minha prisão.