Cap. 19: Férias de Natal.
Estávamos a uma semana do natal. Eu tentava pensar no que dar de presente para cada um dos meus amigos. Isso tinha que ser rápido, porque eu ia passar o natal na casa de Tiago, mas tínhamos ficado de entregar os presentes ainda essa semana.
Finalmente tinha conseguido um pouco de paz de espirito, pois eu tinha ficado sabendo que o estado de saúde do meu pai estava bem melhor, e ele já até saia do quarto para esticar as pernas. Mel tinha ouvido Bellatrix comentar com Narcisa no banheiro feminino e viera correndo me contar. Desde então eu vinha quebrando a cabeça tentando pensar no melhor presente que eu podia dar a ela. Ela não era como a maioria das garotas de Hogwarts, eu sabia que, é claro, como uma menina, ela ia gostar de jóias, roupas, e coisas do tipo, mas não ia ser o presente perfeito. Não pra ela.
- O que tem no sorriso dele tem dentes! – Exclamou Tiago de repente.
- O que? – Perguntei confuso.
- Frank Longbotton! Você disse que a Lily acha o sorriso dele bonito!
- Há...É.
Desde que eu contara a Tiago sobre o que Mel me dissera a respeito de Lily gostar do sorriso de Frank, sempre que Tiago os via juntos exclamava essa frase.
- Então Remo, você já sabe que presentes você vai dar nesse natal? – Perguntei a Remo deixando a indignação de Tiago de lado.
- Já tá querendo cobrar o seu é? – Remo falou divertido.
- Não, é que eu tava querendo uma luz sabe? Não sei que presente eu dou pra uma garota.
- Essa garota por acaso é a Mel? –Remo Falou assumindo uma postura mais séria.
- Por acaso é. Porque? – Perguntei desconfiado.
- Olha Sirius, você é um cara legal, mas, você não consegue ficar muito tempo com uma mesma garota, e a Mel é bem legal, então se você...
- Ei, pode ficar tranquilo, a Mel é só minha amiga, ela tem me ajudado muito esse ano, e eu sou muito grato a ela, e por isso mesmo eu jamais faria qualquer coisa pra magoa-la, juro. E, além disso, eu sei que você gosta dela. – Falei marotamente.
- Não, não do jeito que você acha que eu gosto. – Remo falou com uma cara indecifrável.
- Sei...
Bom, o fato é que eu passei toda a semana pensando que presente a Mel gostaria até que um dia antes veio a solução.
Melanie estava sentada a sombra de uma árvore com uma perna esticada na qual ela apoiava um caderno, e a outra dobrada balançando de um lado para o outro. Ela parecia bem concentrada no que fazia, tinha uma ruguinha entre as sobrancelhas, e os lábios contraídos, e vez ou outra virava a cabeça tentando olhar o que estava fazendo por um outro ângulo.
Fui me aproximando devagar, por traz dela, e tentando ver o que ela estava fazendo, da distancia que eu estava dava pra ouvir uma pequena musica que ela cantarolava, fui me abaixando devagar, e quando a minha cabeça estava quase encostando no ombro dela ela virou de repente e deu um grito de susto.
- SIRIUS! Não faça isso de novo! Você quer me matar de susto, credo!
- Desculpe Mel, eu queria ver o que você estava fazendo.
- Isso. – E ela me mostrou um desenho de uma ave.
- Que ave é essa?
- É uma fênix. A ave mais linda desse mundo na minha opinião.
- Hum... Dumbledore tem uma não é?
- É, ele tem sorte, e coragem, eu não teria coragem de ter uma, são aves muito fiéis, mas se demora ganhar a sua confiança. Então, eu fico com desenhos.
Mais tarde do dormitório masculino eu tentava pensar em qualquer coisa que pudesse ter uma fênix no meio, talvez eu pudesse pintar um quadro, ou, invadir o escritório de dumbledore e arrancar uma pena da fênix dele, qualquer coisa. Talvez algo transfigurado no desenho de uma fênix que se mexa, eu só não sabia o que.
Eu peguei um livro de animais fantásticos e estudei um pouco a fênix, ela era conhecida por sempre renascer das cinzas, pela cor avermelhada, pelo bonito canto que tinha... e foi ai que eu tive a idéia.
- Bom, eu espero que você goste, e que te sirva também.
Melanie entregava o seu presente pra Remo, era um bonito casaco bege de inverno que serviu muito bem nele.
Na sala comunal se encontrava nesse momento todos os marotos, com mais Melanie, e uma Lílian que parecia não estar gostando nada de estar ali.
- Bom, eu comprei isso pra você, espero que você goste. – Remo disse entregando seu presente a Mel, era um livro de poesias, com uma capa dura vermelha.
- Há, Remo obrigada, eu gostei muito.
Era agora, tinha chegado a minha vez.
- Bom, eu não achei nada pra comprar, então, eu mesmo fiz o presente eu espero que goste, eu soube que você é um pouquinho atrapalhada as vezes, então coloquei até um feitiço ante-quebra pra caso de você o derrubar, então, pode ficar tranquila.
Melanie abriu o presente, seu rosto passou de alegre para surpreso, e por fim encantado.
Com a idéia da musica da fênix, eu bolei uma caixinha de musica, e quando se abre a tampa em vez de achar uma bailarina dançando ou uma coisa do tipo se via uma pequena fênix voando. Eu havia conseguido transfigurar uma miniatura de um pomo de ouro que Tiago tinha em uma pequena fênix, ela era vermelha e emanava uma pequena luz dourada em sua volta.
O único problema era que eu nunca tinha ouvido o canto de uma fênix, e uma caixinha de musica sem musica era um absurdo, então eu lembrei da musica que a Mel cantarolava no dia que eu a vi fazendo o desenho, e coloquei como a musica da caixinha. Tinha ficado uma obra de arte.
- Sirius está... lindo eu, nem sei como agradecer eu...
Eu só não esperava que de repente, a cara encantada de Mel, fosse mudar mais uma vez, só que dessa vez pra uma cara de tristeza. Eu olhei desesperado para os lados sem saber o que fazer, até que Mel saiu correndo da sala comunal chorando, com Lílian - que aparentemente também estava chocada - no seu encalço.
Mel nunca me contou o porque desse choro, ela só apareceu umas horas depois pedindo desculpas, falando que era uma boba e que tinha adorado o presente. Eu cheguei a conclusão que a musica talvez a fizesse lembrar de alguma coisa triste, e por isso o choro. Mas eu provavelmente nunca vou saber se foi realmente isso. Se um dia eu sair de traz desse véu, e a encontra, eu vou perguntar e ela. Temos muito o que conversar.
Chegada a semana do natal eu me encontrava já confortavelmente instalado na casa de Tiago.
Mas, como felicidade pra mim dura pouco, fui atacado pelo, como posso dizer... Seria orgulho? Bom, não sei bem o que foi. Mas por mais que os pais de Tiago me fizessem me sentir em casa, e me tratassem como um segundo filho, eu me sentia mal por estar lá sem poder ajudar. É claro que a família de Tiago contava com uma boa soma de galeões. Mas eu não achava justo ficar lá sem poder ajudar em nada. Ser sustentado por uma família que por mais que eu adorasse e me tratasse bem, não era a minha.
Foi quando em uma pequena visita ao beco diagonal eu achei a solução. Ou a solução me achou.
- Sirius! – Uma vozinha feminina e conhecida me chamou na multidão.
- Oi Mel! O que faz por aqui? – Perguntei me aproximando dela.
- Eu trabalho aqui, sabe? Uma forma de ganhar um dinheirinho extra nas férias. Estou na hora de almoço você me acompanha?
- Claro! Onde você trabalha?
- Numa lojinha de vassouras que tem aqui.
- Nunca vi nenhuma por aqui além da Artigos para quadribol. – Tentei puxar pela memória.
- Bom, eu não me admiro, é uma lojinha pequena e simples, pouca gente conhece, e de um Sr. chamado John Harries.
- É? E ele paga bem?
- E...até que paga. Porque?
- Estava pensando em arrumar um emprego.
- Você? Mas... Você não é rico?
- Han... temos algumas coisas pra conversar.
Expliquei tudo o que aconteceu para Mel, que imediatamente entendeu e disse que falaria com o Sr. Harries para tentar convencê-lo a me arranjar um emprego.
- Por que não me leva pra falar com ele?
- Han... ele não é muito... receptivo a pessoas estranhas. Eu acho melhor falar com ele primeiro. Amanhã você volta aqui e eu falo o que ele achou.
Passei a noite na expectativa de conseguir um emprego no dia seguinte, nem que não pagassem tão bem, só o fato de não depender mais totalmente dos Potter já me deixava bem mais satisfeito.
No outro dia acordei cedo e esperei Mel em frente a lanchonete, ela chegou uns 5 minutos depois com aquele sorriso lindo que ela tinha e me levou pra conhecer o Sr. Harries.
- Olha, umas coisas que você precisa saber antes. O Sr. Harries não é muito simpático, na verdade ele é bem rabugento, você vai precisar de paciência com ele, e tente não contraria-lo ok?
- Nunca contrariaram ele?
- Já tentaram, mas ai decidiram que gostavam de viver.
Um pouco nervoso admito, entrei pra conhecer o Sr. Harries, pelo que a Mel tinha falado ele parecia mais um membro da minha família. Mas ao entrar eu encontrei um senhor que devia ter uns 80 anos, pouco mais de 1,70, um barrigão, e uma cara que não parecia ser tão ameaçadora. Engano meu.
- Então, você é o garoto hein? Bom eu vou lhe explicar as regras daqui. Nada de atrasos, nada de bancar o garotão, nada de ficar pedindo aumentos todo mês. É quero deixar claro que só eu e a Sr. OHara dávamos muito bem conta de tudo, eu só lhe aceitei aqui porque a Sr. OHara disse que o Sr. precisava muito do emprego porque e esforçado e não queria depender a vida toda dos pais, e como eu dou todo meu apoio pra garotinhos ricos mas com algo de bom na cabeça, eu o aceitei. Fui claro?
- Límpido... - Falei um pouco chocado.
- Ótimo, pode começar a trabalhar, vá limpando e polindo as vassouras daquele canto certo?
Em seguida ele se dirigiu a uma mesa e começou a assinar uns papéis. E Mel se aproximou de mim com cara de riso.
- Não se assuste, ele é assim no começo mesmo, mas depois você se acostuma, ele não é tão mau quanto parece.- Disse Mel alegremente.
Embora eu, tivesse minhas dúvidas.
- Os dois, nada de conversa, ao trabalho.
