Cap. 23: Fidelius.

Nove anos depois, muita coisa havia mudado. E infelizmente, não era pra melhor.

Voldemort finalmente tinha começado a agir com toda sua força, já recrutará vários comensais, um deles, meu irmão. Ele tinha se formado a quatro anos, tinha se informado sobre a recrutagem de comensais ainda na escola, com seus colegas sonserinos, e foi só ele se formar pra começar a agir.

Eu tinha 26 anos, tinha comprado casa própria, mas sempre aparecia na casa de Tiago, que apropósito havia se casado com Lily a dois anos. E agora moravam juntos. Os dois, junto comigo, Remo e Pedro fazíamos parte da 1ª ordem na fênix, tentávamos do jeito que podíamos lutar contra os comensais, muitas vezes já havíamos pego muitos deles. E Tiago e Lily passaram por uma provação que poucos passaram, os dois, haviam enfrentado Voldemort 3 vezes.

Incrivelmente os dois estavam muito bem. E era bom ver que mesmo no meio de tantas desgraças ainda havia amor, e esperança.

Mel não fazia parte da ordem, a mãe dela era muito velha, e ela disse que a pobre mãe não aguentaria se soubesse que a filha estava correndo um risco desse tipo. E, ela ainda trabalha com o Sr. Harries, mas só a tarde, pela manhã ela era auxiliar de curandeira no St. Mungus. Era o jeito dela ajudar os feridos da guerra. E como ela gostava de dizer, um dia tinha a esperança de se tornar uma curandeira profissional. Na minha opinião, ela tinha muito potencial.

Mas, nessa época, uma coisa superior a todas as outras que se sucederam durante aquele ano aconteceu. Tiago e Lily, iam ser pais.

- DÁ PRA ACREDITAR? É A COISA MAIS MARAVILHOSA QUE JÁ ME ACONTECEU! IMAGINA SÓ SIRIUS, QUANDO ELE COMEÇAR A ENGATINHAR PELA CASA! IMAGINA SÓ!

- Tá Tiago, é ótimo mas não precisa me deixar surdo também sabe? – Falei tão empolgado quanto Tiago.

- OQUE? HÁ, claro, desculpe, mas IMAGINE! Sirius! É o paraíso. – Tiago suspirou se jogando no sofá.

- E você Sirius? Quando vai casar? - Falou Lily animada ao lado de Tiago.

- Eu? Não, eu não vou casar. Eu sou um.. espírito livre. Nasci pra ficar solto e aproveitar a vida! – Falei me jogando no sofá de frente a Tiago e Lily.

- Há, não sabe o que é bom! Porque você e Mel não tentam se acertar? – Tiago perguntou.

- Há, a Mel anda muito ocupada, e eu também, então quase não temos nos falado ultimamente, e se tivéssemos também, eu já disse, eu não quero me comprometer.

- Sabe Sirius, Você perde tempo demais bancando o rebelde. – Concluiu Lily.

Enquanto Isso, Remo tentava arrumar um emprego, o que não estava sendo fácil.

Por causa do seu problema que por lei, tinha que ser citado no seu currículo, ninguém queria aceita-lo, Remo estava ficando revoltado.

- É um absurdo! Por eu ser lobisomem eu não consigo nada! Eu não aguento mais isso! Meus pais lutaram a vida inteira pra me dar o melhor, lutaram contra o preconceito que também caía sobre eles, fizeram tudo! E agora eu não consigo nem um emprego! Que inferno!

- Calma Remo. Você sabia que não seria fácil. Você tem que ter paciência, mas você vai ver, mais cedo ou mais tarde você consegue alguma coisa! E se você precisar de alguma ajuda, e só contar com a gente.

- Estou cansado de ter que viver da piedade dos outros, estou farto. Não é possível que não tenha nada que eu possa fazer pra mudar isso. Eu estou num ponto que aceito qualquer coisa! Tudo pra sair dessa vida.

Eu gostaria de nunca ter ouvido aquilo. Um simples desabafo que um amigo me confiou num momento desesperado, fez com que muita coisa mudasse.

Dias depois fomos informados de dois fatos importantes, primeiro, meu irmão finalmente havia recebido a resposta pelos seus atos. Os comensais haviam o assassinado, quando ele tinha tentado abandonar o grupo. Aparentemente (eu soube disso por outras fontes), meu pai havia adoentado de novo, e que dessa vez era sério.

A outra noticia foi que havia uma suspeita de um traidor entre nós. Que passava as informações pra Voldemort.

Na época eu ainda não suspeitava de Remo, mas com o tempo, e com a descoberta de que Voldemort estava atrás de Lily e Tiago, e que alguém parecia ter informado a ele que os dois estavam procurando um modo de se esconder me fez pensar que só podia ser o Remo, era a única pessoa mais próxima de nós, que sabia do plano, e que, achava eu, tinha coragem e motivos pra se juntar aos comensais.

Um mês depois muitas coisas aconteceram em uma só semana.

A primeira dela foi a morte do meu pai. Eu não pude deixar de pensar que era mesmo uma ironia da vida, quem diria, Regulo, o filhinho perfeito, tinha conseguido matar o papai. Quando esse próprio, uma vez me acusará de ser a causa de tantos males do nosso pai.

Enfim, eu aguentei o tranco, me fiz de forte, e até assisti de longe o seu enterro mas não fiz mais que isso.

Na mesma semana, decidimos fazer o feitiço Fidelius, eu achei o plano perfeito se Pedro fosse o fiel do segredo, ninguém nunca desconfiaria dele. Era perfeito. Ou, eu achava que era.

Oito meses depois Harry nasceu. Uma luz na vida de todos, que trouxe paz e esperança em uma época de guerras e mortes.

O batizado foi uma semana depois, eu devo dizer que nessa hora, eu finalmente me senti parte de uma família. Uma família perfeita.

Há, queiram me desculpar, eu esqueci de uma outra coisa boa, um outro nascimento que teve. Minha querida prima Andromeda que havia estudado estudo dos trouxas na escola conheceu um trouxa quando aplicava na prática o que havia aprendido, os dois de apaixonaram, e 6 anos antes de Harry nasceu Nimphadora Tonks .Ela era uma linda menininha e já mostrava um Dom muito raro de metamorfomaga. Eu conheci ela quando saía do enterro do meu pai, foi a última vez que vi minha prima Andromeda. Uma pena, devia ter mantido contato com ela.

Enfim, apesar do nascimento do Harry, Tiago e eu não podíamos nos desligar da ordem, precisávamos de muita ajuda naqueles dias. Cada vez mais aconteciam mais baixas pra nós. Estávamos perdendo muitos bons agentes. E para completar tínhamos receio de pegar gente nova pra nós, pois ninguém mais confiava em ninguém. Eu mesmo, naquela época, sentia que só podia confiar em Tiago, pois pra mim já estava certo que o traidor do grupo era Remo. E apesar de ter confiado a Pedro o segredo do Fidelius, ele não me inspirava muita coragem. E as coisas continuaram assim por mais um ano.

Então, pouco depois de Harry fazer um aninho de idade, e dias antes de tudo acontecer, eu fui gravemente ferido em uma luta contra (adivinha quem?) Bellatrix. Aquela safada com mais 3 comensais me cercaram num beco e enquanto eu lutava com dois(por que um eu já tinha abatido) Bellatrix me jogou um feitiço que me deixou desacordado um bom tempo. O resto eu só soube depois, mas Tiago e Alastor chegaram bem a tempo de me tirar vivo de lá, e me enviaram para o St. Mungus.

Lá, um dia depois de ter sido abatido eu acordei ainda zonzo, tinha uma leve noção de que alguém estava me perguntando algo, e que eu estava respondendo, agora o que ambos estavam dizendo eu não tenho idéia.

- Calma, esta tudo bem... – Uma voz doce e conhecida soou em meus ouvidos.

- Mel?

- Eu mesma, e parece que só você assim mesmo pra eu poder ver você não é? Nunca mais apareceu. Faz quase um ano que eu não te vejo. Você me deu um susto.

- Desculpe, é que tem sido tudo muito difícil. – E depois apertando com força os olhos e me endireitando com um pouco de dor nas costas eu completei- Eu esqueci que você trabalhava aqui. Teria me machucado antes se soubesse que você ia cuidar de mim.

Observei Mel sorrir enquanto suas bochechas coravam, embora ela não demonstrasse estar com vergonha. Até que eu reparei numa coisa. Eu estava nu. Só com uma espécie de camisola que usavam nos doentes, e um lençol fino.

- Mel... Você trocou minha roupa? – Perguntei tentando de todo modo não rir.

- Há, bem, não, foi outra curandeira, agente teve que te dar banho, ainda não inventaram um feitiço pra dar banho sem tirar roupa então...

- Mas...você me viu sem roupa? – Perguntei ainda me controlando.

Mel ficou bem vermelha por um momento e pareceu estar pensando em uma boa desculpa, mas acabou por respirar fundo, e tentar fazer uma cara controlada e profissional, embora a voz ainda estivesse um pouco alterada e as bochechas bem vermelhas.

- Sirius eu sou uma curandeira, eu tenho que cuidar dos meus doentes e não posso ficar dando uma de fresca que não pode ficar... olhando os doentes só porque... estão pelados.

- Sei...bom han, então, você que é a responsável por mim? – Disse tentando mudar de assunto, e ainda segurando a risada.

- Eu só cuido de você pela manhã. E eu não quero mais ver você assim, você chegou horrível sabia. Eu quase tive um troço quando vi você desmaiado nessa maca.

Embora tivesse feito muito bem pro meu enorme ego ouvir aquilo eu não demostrei muita satisfação. Ou, pelo menos tentei.

- E tire esse sorriso convencido da cara! Eu teria ficado assim por qualquer amigo meu que tivesse chegado nessas condições. – Ela disse tirando mesmo o meu sorriso.

- Bom, como vai todo mundo? – Ela continuou, parecendo um pouco sem jeito. – Eu, não vejo ninguém faz tempo, a Lily me escreve de vez em quando, me mandou até uma foto do Harry, mas... não é a mesma coisa, tenho sentido muito a falta de vocês. A gente só vê chegando pessoas machucadas, quase mortas, é tudo muito tenso, e eu fico preocupada pensando se vocês estão bem. E...a gente sente falta de falar com um amigo.

Pobre Mel, eu realmente senti pena dela. Ela realmente devia estar muito sozinha esses dias, me senti culpado por abandona-la desse jeito.

- Desculpe Mel.

- Não, tudo bem, eu não culpo você, nem ninguém, vocês tem estado muito ocupados, eu entendo. Devo dizer que eu realmente acho vocês corajosos sabe? Eu, não sei se teria coragem de estar lá fora lutando, quando você vê o jeito que todos vem pra cá. Realmente você perde a coragem de lutar.

- É, não é fácil mas, alguém tem que fazer. E além disso você está ajudando muito! Cada um esta fazendo a sua parte do seu jeito nessa guerra, se não tivesse uma boa curandeira, assim que nem você, aqui no St. Mungus pra cuidar da gente, realmente nós estaríamos ferrados sabe? E além disso, eu devo acrescentar que se todos os meus companheiros de guerra soubessem que tem uma curandeira tão bonita por aqui eles estariam bem mais animados a se machucar.

Continuamos esse papo por um bom tempo, disse animado as ultimas novidades sobre Tiago e Lily, um pouco amargo as novidades de Remo, o pouco que eu sabia de Pedro e contei um pouco sobre as táticas que estávamos querendo aplicar contra Voldemort (e devo dizer que ela não tremeu ao ouvir o nome dele) .

Mel realmente era uma boa curandeira, e não digo isso só por mim, mas pelo jeito que eu via ela cuidando dos outros pacientes. Ela era calma, atenciosa, cuidadosa, divertida, e realmente sabia o que estava fazendo.

- Mesmo? Você me acha uma boa curandeira? – Disse Mel muito satisfeita quando eu elogiei o seu trabalho.

- Claro! Você é ótima! Por que a surpresa? – Disse animado.

- Há, bom, é que eu nunca fui totalmente boa em nada sabe? Nunca fui filha perfeita, aluna perfeita, a, garota perfeita, sabe? Aquelas que os meninos sempre enrolam a cabeça quando passam, nada...

- A Mel, não diga isso, você podia ter problemas, podia não tirar as melhores notas, apesar de que você não era uma aluna ruim, suas notas sempre eram altas, mesmo que não fossem as máximas, e, quanto a ser a garota perfeita, bom, eu realmente acho que você precisa de um espelho aqui no St. Mungus, vai me dizer que você se acha feia? – Perguntei abismado.

- Há, feia não, mas também não sou bonita.

- Mel, você, é linda, e você pode nunca ter visto, mas os garotos olhavam sim pra você, é que a maioria olha de longe, ou espera a garota passar, mas vai dizer que você nunca pegou um garoto olhando pra você?

- Há, já, mas durante toda minha estadia em Hogwarts, a minha primeira proposta pra sair foi no 6º ano! E nem foi de um garoto muito interessante. Eu só queria que, já que os garotos me achavam bonita, fosse convidada pra sair, ou, fosse elogiada, e isso nunca acontecia, só acontecia com as garotas mais populares.

- É que elas eram mais oferecidas, pros garotos sem coragem elas eram mais fáceis de serem convidadas, você sempre foi na sua, isso intimida um pouco os garotos, dá a impressão de que você é alto confiante, e que não precisa desses garotos bobões pra ficar feliz.

- Ou... dá a impressão que você é sem graça demais pra sequer ser convidada pra sair.

- Olhe Mel – Disse já tentando enfiar de qualquer maneira uma coisa obvia naquela cabeçinha linda e teimosa da Mel.- Você mesmo disse que acha a Lily linda, e ela também demorou a receber um convite pra sair, o primeiro foi quando no...5º ou 6º ano? O problema é que vocês sempre souberam se virar sozinha, sem ligar pra esses manés. E além disso se inspire em mim, era assediado por todos os lados mas não dava bola pra ninguém! Era superior a essas meninas estúpidas que só ligam pra popularidade. Assim era você também. E, caso você ainda não tenha se convencido, saiba que qualquer garoto que conhecesse você como eu conheci se interessaria por você. – Disse sem perceber a dimensão do que tinha dito.

- Você se interessou? – Mel falou olhando profundamente nos meus olhos. E eu não soube o que responder. – Hum... – Concluiu Mel, obviamente sem tomar real conhecimento da verdade.

O relógio tocou anunciando o meio dia, e o fim do período de Mel como curandeira.

- Bom, eu vou indo, o velho Sr. Harries me espera. Sirius foi muito bom ver você, as suas coisas estão naquele baú, você vai ter alta ainda hoje, seu machucado não é tão grave assim, você só vai precisar tomar uma poção que a outra curandeira vai lhe passar pra tirar as dores, e repousar um tempo e logo vai ficar bom. Precisamos sempre de uma maca vazia pra qualquer paciente mais grave que venha. Eu realmente vou sentir saudades.

- Eu juro que venho aqui pra te ver ok? – Falei realmente sentindo que aquela despedida era muito dolorosa.

- Se cuida tá?

- Tá. Agente se vê em breve.

- Ok. – E dizendo isso Mel saiu me deixando lá sozinho, e aquela foi a última vez que eu a vi.

Eu realmente sai logo do St. Mungus. E todos da ordem me obrigaram a permanecer em repouso como me havia sido recomendado.

Até que um dia, cansado de tanto repousar, eu resolvi sair de casa e ir procurar Pedro, pra ver se estava tudo bem com ele. E foi ai, que tudo mudou de uma hora pra outra.

Pedro não estava, mas não havia sinais de luta, então, fui para a casa de Tiago na minha moto, a única coisa que passava pela minha cabeça era a última vez que eu havia falado com ele, um dia antes da tragédia.

- Sirius eu não quero saber de discussão, eu sei que é um saco, mas fique de repouso pelo menos por mais uns 3 dias, você precisa voltar recuperado para a guerra!

- Eu quero ajudar! – Falei revoltado.

- Você vai ajudar não atrapalhando! Sirius se você voltar assim pra guerra vai ser abatido logo! Nós vamos ficar bem! Não se preocupe! Descanse e se cuide! A gente se vê amanha!

Bom, eu não o via no dia seguinte, só vi os restos do que havia sobrado da casa. Só pude lembrar de tudo que eu e meu amigo já tínhamos passado juntos, tudo aquilo, em alguns minutos haviam sido destruídos. E o pequeno Harry, que eu achava que também havia morrido, que mal começará a viver, soterrado nos escombros.

Então, em muito tempo, como eu não lembrava de ter feito antes algum dia eu chorei, como nunca havia chorado.

O resto, não está muito claro na minha cabeça, eu me lembro de ter falado com Hagrid, e ter pedido pra pegar o Harry. Lembro que ele não me deu, e me mandou descansar, lembro de ter pegado a minha moto e voado atrás de Pedro, me lembro de ouvir fogos estourando por toda a parte, comemorando a queda de Voldemort, mas eu não via nenhum motivo pra comemorar, nenhum.

Achei Pedro quase uma hora depois, lembro que ele me enfrentou, gritou que eu era culpado, não parei pra raciocinar o que ele estava pretendendo, só senti uma enorme fúria, me descontrolei demais e ele aproveitou pra jogar um feitiço que eu não achei que ele fosse capaz de fazer. Em seguida, e disso eu me lembro bem, chegaram aurores, Pedro já tinha fugido, e eu, tinha caído na sua armadilha. E então, sem saber direito o porque, eu ri, gargalhei, tudo arruinado eu questão de horas. Toda a minha vida, e todos que eu amava indo embora. Eu, sempre convicto de meus planos infalíveis havia caído no truque sujo de um rato de esgoto. Havia praticamente matado meus amigos, arruinei sozinho a vida de meus melhores amigos.

Fui levado de carro para um porto de onde se pegava um barco pra ir até Azkaban. No caminho, vi gente comemorando, todos sem saber que duas pessoas maravilhosas haviam morrido. Como eles podiam não saber, ou não perceber o que tinha acontecido? Como eles não sabiam que o motivo da alegria deles era o motivo da minha maior tristeza. Mas agora, pensando bem, eu não posso culpa-las, porque muitas delas haviam perdido familiares, e estavam felizes por finalmente ter havido justiça, ou uma esperança de paz. É uma pena, que isso tinha que ter acontecido a custa dos meus amigos, mas o mundo continua, por mais que doa.

Na vida ninguém escolhe quando chega a sua hora, todos os dias pessoas morrem por motivos bobos, poucos se vão por motivos tão nobres. As pessoas deviam se lamentar sempre por elas, porque essas pessoas não tiveram escolha, elas simplesmente se foram. E é um pouco de egoísmo pensar que alguém em especial é tão importante assim para que tenha uma chance de voltar. Porque pra alguém, essa pessoa é sempre a mais importante do mundo. E eu acho que não sou ninguém pra ter sido salvo, mas acho, e prometo, que se algum dia eu sair daqui eu vou fazer valer a pena.

Sabe, eu lembro quando estava na ordem, e alguém morria, se falava sempre para os parentes que um dia isso passaria. Mas agora, eu sei que isso nunca passa, essa dor e esse vazio nunca somem, não há como substituir que se foi, não há justificativa ou sentido.

Enfim, chegando em Azkaban, alguns dos seus encarregados estavam lá, todos vazios, me olhando, me julgando, alguns rindo como se suas vidas pobres e miseráveis dependessem do destino de outras pessoas, sem realmente se importar com elas. Todas elas julgando sem conhecer, sem saber de nada, ali, como se tivessem o poder e a verdade, como se pudessem ver a minha alma e dizerem que eu era culpado, mas eles não podiam ver a alma de ninguém, não podiam ver nem o que estava escancarado na cara deles, ninguém ali podia ver nada além do que seus olhos podiam mostrar. E foi ai que eu lembrei da Mel, e das palavras que ela disse, que um dia, eu saberia como é ser julgado pelas aparências, e, é, eu realmente soube. Parado ali, esperando que de repente alguém podia se erguer da cadeira e dizer que eu não podia ser culpado, que aquelas pessoas eram as pessoas mais importantes do mundo para mim, e que eu nunca faria mal a elas. Mas ninguém disse, ninguém se levantou, ninguém nem se importava se eu fosse viver o resto da minha vida encarcerado em uma cela de Azkaban. Alguém que para eles não significava nada.

Foi ai, que Crouch apareceu. Com seu ridículo ar imponente, me olhando se cima em baixo, e decidindo sem nem pensar duas vezes, que eu era culpado, e que seria preso sem um julgamento. Daí, eu fui jogado aos dementadores, que me jogaram em uma sela suja de Azkaban, cheia de aranhas, e pontas pontiagudas nas janelas da parede. E foi lá que eu vivi 12 anos.

Todos os piores pensamentos passaram pela minha cabeça naquele dias.

Eu realmente achei que devia estar pagando pela minha arrogância. Minha maldita certeza de que meus planos nunca falhavam. Agora graças a mim, eu tinha estragado a vida de meus amigos, o futuro de Harry que poderia ter tido uma vida maravilhosa, agora teria que viver com aqueles tios. Essa era a herança que eu tinha deixado pra ele. Além de tudo, ia saber que tinha um padrinho prisioneiro de Azkaban. Por que mais cedo ou mais tarde ele ficaria sabendo. Meus amigos, todos longe, a maioria mortos e os que haviam sobrevivido agora achavam que eu era culpado, todos iam sentir vergonha de mim. Ninguém ia se preocupar comigo, eu ia morrer sozinho, sem ninguém.

Não podia culpa-los, eu havia arruinado a vida de todos eles. Eles se sentiriam traídos, achariam que eu era um mentiroso nojento, cheio de moral, mas que não passava de um verme. Graças a mim, que Voldemort tinha descoberto o paradeiro dos Potter, o que, pra falar a verdade, era mesmo. A vida de muitos acabadas, sem concerto, e todos iriam me culpar. É, eu com certeza iria ficar sozinho, eu merecia isso.

Bom, Azkaban realmente mexe com a sua cabeça. Mas as vezes, mesmo depois de muito tempo longe de lá, eu ainda penso em alguma dessas coisas, será que tudo que aconteceu comigo foi uma lição pra me fazer pagar por toda a minha arrogância? Bem, com certeza eu nunca saberei não é?

Enfim, depois de algum tempo em Azkaban, eu tinha certeza que ninguém me reconheceria. Em apenas semanas parecia que tudo sumia de nossa cabeça, agente não sabia se ainda sentia ou pensava. Por vezes parecia que nós apenas existíamos. Eu estava magro, cansado, meus cabelos desgrenhados e muitos caíam por fraqueza. Eu não podia acreditar que um dia havia sido um cara atleta, saudável e feliz, eu mal podia acreditar que um dia, eu havia tido uma vida, que eu havia existido.

I hurt myself today/ To see if I still feel / I focus on the pain / The only thing that's real / The needle tears a hold/ The old familiar sting / Try to kill it all away/ But I remember everything /

Chorus:

What have I become / My sweetest friend/ Everyone I know goes away/ In the end / And you could have it all / My empire of dirt / I will let you down / I will make you hurt / I wear this crown of thorns/ Upon my liar's chair / Full of broken thoughts / I cannot repair / Beneath the stains of time/ The feelings disappear/ You are someone else / I am still right here /

Chorus:

What have I become / My sweetest friend/ Everyone I know goes away / In the end / And you could have it all/ My empire of dirt / I will let you down / I will make you hurt / If I could start again / A million miles away/ I would keep myself /

I would find away/

Foram os piores anos da minha vida, coisas que eu não quero, e nem consigo me lembrar, pensamentos e sonhos, todos estranhos, incompletos. Nunca achei que algum dia eu me veria em uma outra prisão como Azkaban, só que mais clara e limpa. Azkaban podia ser horrível, mas pelo menos eu via uma porta, alguma coisa a que me agarrar, uma possibilidade de fuga. Mas aqui, nesse véu, a única coisa que se pode ver é...

Fawkes?

--------------- -------------------- -------------------------- --------------- ----------

(Tradução -

Johnny Cash-
Hurt)

Machucar

Eu machuquei eu mesmo hoje/ Pra ver se eu ainda sinto/ Eu focalizo a dor/ É a única coisa real/ A agulha abre um buraco/ A velha picada familiar/ Tento matá-la de todos os jeitos/ Mas eu me lembro de tudo/ Refrão: O que eu me tornei ? Meu doce amigo / Todos que eu conheço vão embora/ No final, E você poderia ter tudo isso/ Meu império de sujeira/ Eu vou deixar você pra baixo/ Eu vou fazer você sofrer/ Eu uso essa coroa de espinhos / Sentando no meu trono de mentiras/ Cheio de pensamentos quebrados/ Que eu não posso consertar/ Debaixo das manchas do tempo / Os sentimentos desaparecem/ Você é outro alguém/ Eu ainda estou certo disso/ Refrão: O que eu me tornei ? Meu doce amigo / Todos que eu conheço vão embora / No final/ E você poderia ter tudo isso/ Meu império de sujeira/ Eu vou deixar você pra baixo/ Eu vou fazer você sofrer/ Se eu pudesse começar de novo/ A milhões de milhas daqui / Eu poderia me encontrar/ Eu poderia achar um caminho/