Disclaimer: saint seiya não nos pertence, blablabla, isso é criaçao de fã para fã, sem fins lucrativos.

Lia, Camille, Claire, Pierre, Jim, Lolita e Ártemis são criações nossas e não têm nada a ver com os originais de Saint Seiya


O Último Adeus

Chovia naquela noite. Era como se o céu chorasse de alegria pela volta do anjo que havia se ausentado por dez anos. Mas se o céu estava em festa, o mesmo não se podia dizer do santuário.

Mesmo quando ainda era dia, o céu estava pintado de cinza escuro e bastava respirar para sentir o quão abaladas estavam as pessoas que lá viviam. Silêncio... Silêncio... Talvez porque já era de madrugada, parecia que não havia uma viva alma naquele lugar. Até mesmo o barulho metálico de uma agulha que por acaso caísse no chão ecoaria como o soar de um sino.

Não foi o barulho de uma agulha que ecoou pela terceira casa, e sim o de uma lágrima caindo sobre o mármore. A mão alva e delicada estremeceu no elo da porta, mesmo que sua dona soubesse que Saga não acordaria.

Os olhos verdes levantaram-se transbordando preocupação e ternura, e só o que viram foi o cavaleiro dormindo profundamente, a expressão serena de quem esquecia todas as dores durante as preciosas horas de sono. Sorriu, aliviada. Seus passos eram silenciosos por ela estar descalça, mas o silencio custava caro: fazia muito frio. A pele de pêssego estava arrepiada e gelada, os dedos das mãos apertando os braços numa tentativa vã de aquecer a frágil serva.

Mas ela estava acostumada. Independente da temperatura, toda noite ela ia velar o sono do belo grego. Mantinha uma devoção e admiração cegas por ele desde sempre, e era sua serva mais dedicada, embora ele nunca tivesse sabido de sua existência antes do dia anterior - na verdade, ela sempre cuidara pra que ele não soubesse. E em meio a isso tudo, foi impossível não se apaixonar por ele...

Se isso doía? Doía, e muito. Amar com todas as forças alguém que nem ao menos te conhece não é algo que qualquer um conseguiria agüentar, mas ela suportava do mesmo modo como suportava o frio cortante daquela madrugada.

Beijou-lhe a face suavemente, os dedos traçando sua trilha que ia desde o rosto até o pescoço. Não, nunca fora tão longe antes, mas uma segurança fora do comum tomava conta dela. E também uma revolta fora do comum. Estava cansada. Cansada e inconformada como nunca estivera antes. Seu sangue fervia nas veias, o coração pulando no peito, e antes que desse conta, explorava-lhe os lábios, liberando todos os sentimentos que guardara durante anos. Foi quando sentiu os olhos azuis sob os seus abrindo-se demonstrando pura confusão e surpresa.

"Saga-sama! Eu... Não... Sabia o que estava fazendo! Desculpe, eu..." a pobre jovem estava ofegante, trêmula e assustada. Esperava ao mesmo tempo tudo e nada, seus pensamentos fluíam em um ritmo enlouquecedor, mas também haviam congelado-se em sua mente... Realmente, saíra de seu próprio controle. Saga não pôde conter um sorriso.

"Eu não mordo, sabia?"

Sorrindo. Nem ele acreditava que conseguira sorrir num momento como aquele. Era exatamente como o dia anterior... Mais uma vez aquela misteriosa jovem o fizera esquecer, mesmo que temporariamente, tudo o que lhe afligia e lhe arrancara um sorriso sincero. Que diabos ela fazia, afinal? Algum tipo de feitiço? Só podia ser...

Riu mais uma vez, mas dessa vez o motivo era o tom excessivamente rubro que tomara as faces da serva, que mal conseguia levantar os olhos.

"Do que está rindo, Saga-sama?"

"Está com medo de mim?"

O par de olhos verdes finalmente se levantou de vez, demonstrando que Lolita estava mais segura e decidida.

"Nunca."

Nos segundos que se passaram, o barulho da chuva foi o único som que se escutou naquele quarto. Escutou. Escutou, porque ouvir, ninguém ouviu nada. Estavam ambos ocupados demais tentando decifrar os olhares um do outro. Mas uma hora alguém tinha que quebrar o momento e Saga tratou de fazer isso logo.

Para quê tentar decifrar olhares se ambos sabiam o que queriam? Não pensou duas vezes – na verdade, nem ao menos pensou – antes de puxá-la para um beijo cheio de desejo e paixão. Seus movimentos, toques e vontades casavam tão harmoniosamente entre si que nem eles próprios conseguiam explicar... E nem queriam. Por que tentar decifrar o indecifrável, afinal?

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Na manhã seguinte, Kamus trazia Milo nos braços pelas escadarias acima. Conseguira a permissão do doutor para que o escorpiano assistisse ao enterro da amiga, mas ele ainda não conseguia andar sozinho, estava muito frágil tanto física quanto emocionalmente. Chorava silenciosamente segurando nas mãos a última carta de Lia, a última coisa que ela fizera em vida.

Kamus se mantinha impassível. Não chorava nem dizia nada, apenas o confortava nos braços e amparava. Não achava que suas palavras pudessem ajudar seu amado naquele momento, mas ouvia atenciosamente às dele, enquanto trajava a armadura de Aquário e escolhia o mais belo traje preto para vestir o outro, já que ele não suportaria o peso da armadura de Escorpião.

"Ela deixou vários recados através de mim, Kamus..."

"Mesmo? Que tipo de recado?" o francês finalmente se pronunciou, enquanto acomodava Milo sobre a cama.

"Tenho que falar com tanta gente por ela... Posso ler em voz alta para você?"

"Se você quiser..."

O escorpiano respirou fundo. Fora a enfermeira Mirela, a que cuidava de Lia, quem lhe entregara aquela carta, aos prantos. Não conseguira esboçar reação alguma quando leu pela primeira vez, mas nas outras, as idéias finalmente haviam adentrado sua mente e ele chorava a cada linha. A caligrafia de Lia mostrava o enorme esforço que devia estar fazendo... Mas as palavras se mostravam impecavelmente alegres, como ela sempre havia sido.

Querido Milo,

Quando você ler isso, provavelmente eu já terei partido... Sei que agora você esteve estar chorando, desesperado e amaldiçoando os céus. Acredite, não foi fácil para mim também, mas foi preciso... Eu cumpri a minha missão e agora preciso voltar para casa... Preciso descansar!

Ah, meu amigo! Se eu pudesse não sairia do seu lado, mas eu não podia mais. Meu corpo não estava agüentando tamanho sofrimento. Eu aprendi tanta coisa com você e com o tio Kamus... Aliás, acho que agora já posso chamar ele só de Kamus, né?

Como ele mudou! Apesar de todas essas angústias, eu consigo ver o sorriso em seus lábios e, no fundo, eu sempre temi não conseguir muda-lo... Falando em Kamus, ele também vai precisar muito de você. Nosso francês está tentando ser forte para não demonstrar seu sofrimento, mas... você sabe! No fundo, o coração dele também está despedaçado.

Quando for pensar em mim, pense que agora estarei ao lado da minha família de novo... Não vou precisar ficar tomando remédios e sofrendo pelos efeitos deles ou pelos sintomas da doença... Agora posso ser livre e fazer tudo o que quiser, sem limites...

Diga ao meu pai que eu o amo muito. Ele é um bom homem, assim como o tio Kanon... Adoro aquele jeito maroto dele. Nesses meses que eu fiquei no Santuário, fiz muitos amigos e sentirei muita falta deles e sei que sentirão de mim... Eu não guardei rancor de ninguém apesar de tudo, nem do Seiya. Afinal, ele estava defendendo seu território como o queridinho de Atena. Como se eu pudesse ameaçar o posto dele!

Se eu for agradecer a todos, não terei tempo de dizer o que eu quero. Por isso, espero que me perdoem... Não pensem que estou esquecendo de ninguém, mas meu tempo acabou. Antes eu só quero agradecer ao meu anjo, meu amigo Shun. Eu sei que você já passou por muita coisa ruim, mas agora começará uma nova vida repleta de felicidade, ao lado do seu grande amor... Algumas pessoas pensam que Deus repudia esse tipo de sentimento, mas é mentira. Se o amor é puro, não importa que seja entre pessoas de mesmo sexo e sim o sentimento... por isso temos inteligência... por isso somos livres para escolher. Ikki, eu sei que no fundo você tem ciúmes do seu irmão, mas apóie essa união dele com o Hyoga, pois ele ainda vai sofrer muito preconceito e discriminação... Por favor, amigo, eles precisam muito de seu apoio e de suas palavras carinhosas.

Agora tenho que voltar ao Milo... Bom, amigo, como disse acima, não tema o julgamento alheio e seja feliz ao lado do Kamus. Infelizmente vocês nunca poderão ter filhos em comum nessa união, mas sempre há como adotar... Sabe, apesar de tudo, eu realmente estava encarando vocês como uma nova família e cheguei a sentir como se o Saga fosse meu pai de verdade.

Falando nisso, meu pai já está ao meu lado. Ele veio me buscar! Não fiquem tristes por mim, pois eu serei muito feliz e estarei vendo e protegendo vocês, guiando seus caminhos... Não gosto de despedidas, pois as pessoas choram muito... Gosto de ver alegria, felicidade!

Em compensação a tudo o que eu fiz e por tudo o que sofri, eu partirei para um sono eterno. Apesar da fraqueza e do cansaço, já não estou sofrendo tanto mais... Meu pai prometeu que eu não vou sentir dor ao partir e acredito nele. Nunca se esqueçam que estarei olhando por vocês e sempre que precisar, eu estarei em seus sonhos, suas mentes!

Agora preciso ir... Para muitos de vocês, precisará de muitas décadas, mas estaremos lado a lado por toda eternidade e formaremos uma grande família novamente, num mundo superior. Por isso, não digo adeus e sim até logo.

Com todo o amor e carinho que há em minha alma, em meu coração...

Lia

PS: Não desanime, Milo! Eu já estava preparada para esse momento e quero ver seu sorriso novamente. Nem que demore um pouco, mas nunca deixe de ser essa pessoa especial e divertida que sempre foi. Eu te amo muito e não quero ver o seu sofrimento e muito menos do Kamus! Não pense que estou te abandonando. Estarei sempre ao seu lado, cuidando do seu coração e da sua saúde... Até um dia!

Terminou a leitura com a voz trêmula e a face molhada, e ao olhar para seu francês, viu que ele tinha os olhos marejados. Abraçou-o com toda a força que conseguia naquele momento de fragilidade e chorou em seu peito, como já havia feito naquele dia.

"Sabe, Kamus? Não sei se conseguirei enxergar a Lia na menina que vai ser enterrada hoje. Eu ainda não vi o corpo, mas sei que não se parece com ela. Ela era tão alegre e saltitante... Não poderá ser reconhecida em um corpo sem vida."

"Não será ela, Milo... Nesse momento ela já deve estar longe e perto de nós ao mesmo tempo... Como ela mesma disse, ela está em casa."

"Não aceito isso! O lugar dela não pode ser lá. O lugar dela é aqui, com os amigos, junto daqueles que ela cativou! Não pode estar certo..."

"Você acharia justo que ela sofresse por mais tempo para continuar entre nós? Não sejamos egoístas, mon chère"

"Você está certo... Mas é tão difícil..."

"Eu sei... Mas não há nada que se possa fazer. Ela partiu feliz..."

Então, pela primeira vez desde que soubera da morte da amiga, Milo abriu um sorriso. E Kamus abriu outro. Leve, como todos os seus sorrisos, mas sincero. Olhou pela janela.

"Veja, Milo. Já estão descendo para o velório... É melhor se apressar..."

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Aos poucos os cavaleiros enchiam a sala mal-iluminada perto do salão do grande mestre que continha o caixão de Lia. O rosto dela não mostrava a dor e o sofrimento que certamente assombraram seus últimos dias, e sim a serenidade que nunca a abandonara nem por um segundo.

Chegava a ser irônico que, enquanto no resto do lugar, a palavra "morte" estivesse sendo berrada pelo vento, a sala onde jazia o corpo inerte da menina transpirasse paz. Era como se apenas velassem o sono de sua querida criança e a qualquer momento ela fosse acordar.

Por mais inacreditável que fosse, não estava sendo derramada uma única lágrima. Só o que podiam ver nos rostos um do outro eram sorrisos nostálgicos e olhares carregados de amor, saudade e leveza. Pairava a certeza de que o espírito dela estava lá, voando, saltitando, dançando entre eles. Correndo como fazia quando era viva; fazendo piruetas e trapalhadas. A gargalhada. Ah! Aquela doce e deliciosa gargalhada infantil ecoando nas mentes de todos, sem exceção, ao mesmo tempo, como se fosse a música tocada para a despedida, escolhida por ela mesma. Uma música que, apesar de ser levemente triste, trazia esperança e serenidade.

"Amigo é coisa para se guardar

Debaixo de sete chaves,

Dentro do coração,

assim falava a canção que na América ouvi,

mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,

mas quem ficou, no pensamento voou,

com seu canto que o outro lembrou

E quem voou no pensamento ficou,

com a lembrança que o outro cantou.

Amigo é coisa para se guardar

No lado esquerdo do peito,

mesmo que o tempo e a distância, digam não,

mesmo esquecendo a canção.

O que importa é ouvir a voz que vem do coração.

Seja o que vier,

venha o que vier

Qualquer dia amigo eu volto pra te encontrar

Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar."

Uma despedida que dizia "Até logo!" e não "Adeus!", como se a menina apenas fosse viajar, ausentar-se por um bom tempo e logo estaria de volta. Tinham a certeza de que iriam reencontrá-la em breve, por mais absurda que parecesse essa afirmação, já que estavam vendo seu corpo sem vida ali. Sua imagem seria guardada a sete chaves no peito de cada amigo sincero e, mesmo tristes pela sua partida, poderiam ter a alegria de acessar essas lembranças sempre que a saudade apertasse e poderiam desfrutar de seu sorriso pelas inúmeras fotos que os amigos e parentes haviam tirado dela.

Um ruído na porta atraiu a atenção de todos: Milo, cabisbaixo, chegava. Cambaleando, fraco e pálido, andando com a ajuda do amado. Trajava uma jaqueta e calça pretas, mas não pôde evitar colocar uma camiseta branca que a menina tanto adorava quando ele vestia. Kamus, por outro lado, mantinha uma postura altiva e impassível. Como sempre, não se deixara levar. Trocara a letra inicial da palavra que lhe estampava a alma, substituindo o "m" pelo "f", de forte. Quem olhasse naqueles olhos não veriam qualquer vestígio de sentimento, a bela face sem expressão e a reluzente armadura dando ainda mais imponência à figura do aquariano.

Iniciou-se a coreografia. Todos os cavaleiros, de ouro e de bronze, vestidos com suas armaduras e usando um lenço negro amarrado no braço - exceto Kanon, porque a armadura de Gêmeos estava com Saga –, abriam caminho para os dois se aproximarem do corpo, demonstrando claramente seu respeito mudo à dor do casal.

Ao chegar, Milo tocou com os dedos trêmulos a pele da amiga morta, contornando seus traços, demorando-se nos olhos fechados e nos lábios que esboçavam um sorriso. Não se espantaria se ela suspirasse e virasse o rosto. Na verdade, esperava isso. Não havia qualquer vestígio da doença a não ser a cabeça nua, que dirá de morte!

Então o escorpiano derramou a primeira lágrima do dia, que não foi acompanhada por um soluço, apenas transbordou dos olhos úmidos e quase maternos. Num último gesto de carinho, inclinou-se e beijou a fronte da menina, acariciando-a em seguida. Tirou do bolso o gorrinho inseparável de Lia, que fora a última lembrança de sua mãe, e cobriu-lhe a cabeça.

Depois deles, todos tiveram seu momento para despedir-se dela. Alguns apenas olhavam, outros acariciavam, e outros deixavam com a pequena objetos que estimava. Saga e Kanon deixaram ao lado da dona o sorridente Tommy, e Shun e Hyoga deixaram do outro lado o desenho favorito dela, que ela punha ao lado da cama onde quer que dormisse. Todos pareciam ter uma lembrança... Menos Seiya, que permanecia sério ao lado de uma Athena estática, que nem naquele momento abrira mão do vestido branco. Ambos cheios de pesar por não ter nada para se lembrar da menina e tendo que agüentar os olhares dos outros, que achavam que eles não deveriam estar ali.

Os dois últimos foram Afrodite e Máscara da Morte, o primeiro inconsolável e inconformado e o segundo tranqüilo, mas ainda incrédulo. Antes que fechassem o caixão, o pisciano fez uma rosa diferente de todas as outras que já fizera. Uma rosa branca, sim, mas não uma rosa sangrenta. Era branca e pura, sem espinhos, sem perfume e nem veneno, e pôs entre as mãos pequeninas.

Ao fechar o caixão, muitos pareciam ter caído em si. Shun que sempre fora emotivo ao extremo chorava muito, abraçado a Hyoga, que também derramava suas lágrimas, embora estivesse mais forte. Mu chorava com pequenos soluços, apertando a mão de seu namorado, que chorava silenciosamente e Kanon não conseguiu evitar algumas lágrimas que desciam de seus olhos, involuntariamente. Milo e até Kamus, deixaram suas lágrimas descer e molhar seus rostos. Era estranho, mas não era um choro melancólico, triste... E sim algo que demonstrava a saudade que eles já estavam sentindo do anjo que entrara no Santuário e mudara a rotina e o comportamento de muitos dos ali presentes.

Todos, menos Milo, Saori e Seiya – o primeiro por estar fraco demais e os outros dois porque sabiam que não deviam – se revezaram para carregar o corpo de Lia até o cemitério do Santuário, e mesmo depois que ela havia sido enterrada, ninguém moveu o pé. Mesmo não sendo nenhuma amazona, Lia foi enterrada com a honra de um grande guerreiro, com o mesmo ritual que um cavaleiro de ouro seria, mesmo a contra-gosto da deusa. Saori afirmava que isso ia contra todas as regras e já estava sendo benevolente demais em deixar a menina ser enterrada no cemitério do Santuário, mas teve que voltar atrás, já que, com exceção de Milo e Dohko – o primeiro por estar no hospital e o outro por não querer interferir -, os demais cavaleiros haviam se unido e a encarado por não poder enterrar a menina com todas as honras que ela merecia.

A frase em seu túmulo demonstrava tudo o que Lia realmente era. "A maior guerreira que já adentrou esse Santuário, trazendo grandes mudanças com forças para lutar até o fim, suportando toda a sua dor sem nunca perder a sua alegria e coragem." Era uma frase longa para um túmulo, mas foi impossível evita-la. Era um exemplo a todos de coragem e perseverança... Um exemplo que deveria ser seguido pelos defensores de Athena.

O vento gélido cortando as faces de todos, as nuvens negras anunciando que uma tempestade estava por vir. E ela de fato veio. Kamus teve que arrastar um Milo aos prantos de volta para casa antes que as gotas começassem a cair. O grego relutava, queria permanecer ao lado da amiga, berrava a plenos pulmões que não seria uma chuvinha besta a lhe tirar o mérito de ser o último a sair.

Se Milo não queria sair por causa da chuva, a mesquinha deusa e seu protegido a aproveitaram para deixar o lugar o quanto antes, e em poucos minutos, as únicas pessoas que restavam em frente ao túmulo eram Ikki e Camille, completamente encharcados e abraçados.

"Estou com medo..." balbuciou a francesa, tremendo de frio e de pavor. Fênix apenas abraçou-a mais forte, ainda quase sem palavras.

"De quê?"

"De tudo. Do mundo."

"Da morte?"

"Sim."

"Eu não deixaria que você morresse. Nem que algum mal te acontecesse."

"Você não entendeu. Temo a morte, mas não a minha." Suspirou e, ao ver a expressão confusa do cavaleiro, continuou "Já te disse, Ikki. Prefiro morrer a perder as pessoas que amo. E isso inclui... Você!"

"Tentarei cumprir minha promessa" declarou, referindo-se à noite passada, em que Camille o fizera prometer que nunca deixaria de estar ao seu lado.

"Gostaria de poder ajudar..."

"Não precisa" Ikki falava com naturalidade, sério como sempre, os olhos penetrando fundo a alma da menina. "Basta você existir"

Foi a vez de Camille encara-lo, confusa. Sim, entendera o que ele quisera dizer. Mas não acreditava que sua interpretação estava correta. Ikki era tão forte, seguro, decidido, sincero... Tudo nele a encantava profundamente... Inclusive o fato de parecer inatingível. Fácil de conquistar, fácil de esquecer, costumava pensar, embora fosse desanimador às vezes. Resolveu arriscar

"Você quis dizer que..."

"Que eu te amo? Sim."

Do alto de seu pedestral, Ikki riu ao perceber que Camille estremecera. Ela parecia tão frágil daquele jeito, toda molhada de chuva, os cachinhos azul-esverdeados se desfazendo sobre seus ombros, as faces rubras e a pele trêmula junto de um olhar assustado e indefeso... Mas ao mesmo tempo, estava mais provocante do que nunca. O vestido negro e encharcado colado ao corpo devido à água, marcando as curvas delicadas, os lábios entreabertos como se convidassem para um beijo...

E o convite de fato não foi recusado. Ikki colou os lábios aos da francesinha, as mãos firmes em suas costas. Sorriu internamente ao ver o quão entregue ela estava. Sempre tão meiga e sensível, sua Mille... Sua.

Não deixou que um único canto daquela boca tão delicada ficasse sem ser explorado num ritmo docemente selvagem e imensamente apaixonado.

Se estivesse esperando um prêmio por sua ousadia, não imaginaria um tão maravilhosamente perfeito quanto o que ganhou. A visão daqueles olhos claros tão brilhantes e daquele sorriso branco e quase infantil era algo do que valeria se recordar pelo resto de sua existência, talvez até mais do que o beijo que roubara dela...

Na verdade, ambos haviam sido incríveis demais para serem comparados...

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Alguns dias se passaram, e finalmente um dia de sol nasceu em Atenas. Milo se recuperava aos poucos, e a vida no santuário, também aos poucos, voltava ao normal, na medida do possível, pois jamais voltaria ao que era antes... Graças aos deuses, exceto por um cavaleiro.

Afrodite de Peixes andava abatido e mais sensível do que de costume. Era como se tivesse resolvido lamentar por tudo o que já lhe acontecera de ruim de uma única vez!

Carlo estava muito preocupado com o estado emocional do sueco, mas não queria interferir diretamente. Achava que não podia ajudar muito. Então se lembrou de Ártemis. Céus, como pudera esquecer?

Não demorou a falar com Athena e mandar uma carta. A deusa não se opôs, assim como não se opusera quando os cavaleiros quiseram chamar a família de Kamus, e alguns dias depois, ouviu-se um grito nas escadarias.

"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIII! Meu pé! Essa escadaria horrorosa feriu meu pé!"

"E o que meus ouvidos têm a ver com isso?" Kanon saiu da casa de Gêmeos, que ficava bem em frente ao local do grito "Quer que te carregue no colo?" sua voz soava irônica e debochada, uma das sobrancelhas erguida.

A jovem olhou-o de cima até embaixo. Achou-o muito bonito, na verdade, mas não daria o braço a torcer.

"Não. Estou limpa e perfumada, caso não tenha percebido."

Kanon riu. A filha da mãe o estava testando! Reparou bem nela. Enormes olhos azul piscina, pele clara e bem-cuidada, longos cachos rosados, curvas de enlouquecer qualquer homem. Bonita. Linda, para ser mais sincero. E o estava testando.

OK. Teria o que estava pedindo. Imprensou-a na primeira parede que viu pela frente, colando os corpos e deixando os rostos a milímetros de distância.

"ÁRTEMIS!" uma voz gritava imensamente feliz atrás dos dois. Kanon olhou confuso para a dama, que acenava freneticamente para alguém que estava às suas costas. Virou-se e viu Afrodite, sorridente como há muito não era visto.

"Sinto muito, rapaz. Depois você termina" Ártemis sussurrou no ouvido do geminiano, dando-lhe um selinho e afastando-se com um sorriso maroto no rosto. Uma vez livre dos braços de Kanon, a sueca correu em direção ao pisciano, quase derrubando-o no chão e deixando para trás um grego embasbacado que não conseguia entender o que se passara e nem o que estava se passando em frente a seus olhos.

"Maninha! Que saudade! Olhe só como você está linda!"

"Ah, Dite! Que é isso… Você é que continua lindo, como sempre."

"Epa, epa! Pára tudo!" um irritado e confuso Kanon batia palmas, interrompendo a cena. "Alguém me explica que merda é essa!"

"Esta é Ártemis, minha irmã gêmea. Eu estava sentindo tanto a falta dela! E agora ela aparece assim, de repente..."

"Hey! De repente? Como assim?"Ártemis é quem estava confusa agora.

"Ué! Te chamaram aqui?"

"Lógico! Eu não sou mal-educada a ponto de aparecer sem que me chamem, ou sem aviso." dizia com as mãos na cintura e com certa indignação.

"Mas quem...?"

"Não me pergunte, eu não sei. Não consegui ler a assinatura. Deus me livre, aquela era a letra mais garranchada que eu já vi! Sem contar que o remetente não se decidia sobre o idioma que usava! Nem ele mesmo devia saber se estava escrevendo em grego ou em italiano..."

Afrodite abriu um largo sorriso. Só conhecia uma pessoa que tinha uma letra ilegível e misturava qualquer língua com a italiana na hora de escrever. Olhou para trás, para a casa de Câncer. Carlo estava encostado na porta com o sorriso mais safado possível estampado no rosto

"Quem é?" a moça perguntou, curiosa.

"É o Carlo, Ártemis!"

"Ah! Seu italiano... Wow. Bonito. Aprovado. Só precisa melhorar a letra..."

Afrodite riu e deu um estalado beijo na bochecha da irmã

"Venha! Eu tenho que te mostrar o santuário! E tem um monte de gente que você precisa conhecer..."

Logo, os gêmeos suecos saíram do alcance das vistas de Kanon e Máscara da Morte, que sorriam satisfeitos. É... Afrodite voltara.


Nota da Amy: Olá, gente... desculpem pela demora . é que demorou para bater inspiracão para este cap... E eu não queria que saísse de qualquer jeito, já que ele é especial. Eu gostei bastante de escreve-lo, embora ainda ache que podia ser melhor... Nhai! E... EU ENTERREI O TOMMY! Enterrei meu irmãozinho! Não creio! . tadim...

Gentem,a fic tah chegando ao fim. Este foi o penúltimo cap T.T eu não queria me despedir dessa história! Ela foi tão especial pra mim! Escrever com a Nana é uma honra enorme! E uma responsabilidade também. E digo o mesmo sobre o tema...

Mas bem, chega de falatório e vamos à nota da Nana... e depois eu respondo às reviews ;-)

Nota da Nana: Pra mim tb é uma honra escrever com essa "irmã gêmea". Temos mt em comum! Mesmo sem nunca ter visto ela pessoalmente, já a considero mais q amiga... Considero como uma gêmea idêntica! Agora chega de babar ovo pra cima da Amy e vamos falar sobre a fic...

Para quem não percebeu, a música apresentada é Canção da América, de Milton Nascimento e Fernando Brant. Na versão que a Amy me mandou ela abria o capítulo, mas qdo eu pedi para que ela colocasse essa letra, a minha intenção era fazer uma despedida durante o enterro ou logo depois dele, pois acho que é a q mais se encaixa nesse momento e por me fazer lembrar do enterro do Ayrton Senna. Por isso, a metida aki o colocou no meio do capítulo. Não pude evitar alterar alguns trechos e espero q a Amy não me mate qdo chegar de viagem e ler esse capítulo. Inseri alguns parágrafos e frases na narrativa, mas o texto em si é todo da nossa fadinha. (O que mudei é menos de 10 por cento do texto original). Parabéns amiga! Agora rumo ao último capítulo.

Lola: respondida a pergunta? ;-)

Luna: q bom! Mais uma leitora! Nha, q bom q gostou da fic... e num importa q vc tenha demorado o/ estamos mt felizes por vc estar lendo e gostando do nosso bebê XD bjo pra vc tb. E estamos esperando mais reviews

Ilia: nhai! Fizemos vc ficar deprê? . sorry. E eu já disse na minha nota o qt eu tb fico triste pela EV estar acabando. E uêpa! Nom eh a claire q ta com o ikki! (camille morrendo d ciúme da própria mãe). E nha.. vc viu q eu fiz os dois feiosos retardados (saori e seiya) ficarem deslocados, né? Ok. Fui boazinha. Eles não mereciam. Mas... fzr o q? quanto às perguntas sem resposta XDDDDD esquecemos do dohko! Ele sumiu na história! Portanto, nem nós sabemos se ele deixou ou não de ser chato. E organização d família XD coisa maluca. Nha, vc n viu nd ainda. As doideras q eu e nana aprontamos no msn... nossa família maluca... aquilo sim q eh uma arvore genealógica totalmente embolada. Bjos.

Respondendo aos 'P.s'... n sei se vamos continuar o Santuário nos Aguarda... mas vamos pensar em vc na hr d tomar a decisão ... e eu no orkut... axo q era eu mesma. Bem, se for uma menina chamada Marina Gottardi q diz em uma comunidade m/k q screve essa fic, sou eu sim.

Gemini-sama: (amyzinha cai pra trás qd vê o tamanho do review) nhai! Q honra vc usar nossa bebê na escola... esperamos q dê boa sorte. Depois nos conte como foi.. obrigada pelos elogios

Valkiriah: Sim, sabemos como se sente. Chorei mt escrevendo este cap e o anterior tb. Lia fará mta falta

Mikage: também chorei. E nana também. E tb não queremos q acabe. Continuação? Acho q nam.. talvez algumas sidestories.

Tia Vê: nhaaaaaa. Triste. EV vai dxar saudades... assim como a gênese deixou, neh, dona? Jah q vc a abandonou! Hunf u.ú obrigadinha pelo elogio eu gosto d escrever songs...

Anjo Setsuna: (amyzinha entregando lenço) T.T (debruçada sobre o corpo de shun, q setsuna matou) como pode? Shunzinho!

Carola: pode nos bater. Fomos garotas malvadas, sabemos disso. E sim sim... vc se deu bem agahou o saguinha. Tah ae o enterro. Espero q goste. Bjinho

p-chan: nha! Sua primera review aki vc sab q essa fic foi feita pra vc, neh? ;-) bom q esteja gostando. Bjo. T dolo mto.

Sini: nhai! (imaginando a sini sem reação) tadinha! Brigadinha pelos elogios eu fikei c mto medo d ter errado a mão c o ikki e o noninho...