Disclaimer: Saint Seiya não nos pertence e isso aqui é uma obra sem fins lucrativos , de fã para fã, não queremos processos nem complicações. Agora, quanto às reviews, as aceitamos de muito bom grado

Diferentemente de Saint Seiya, a estória nos pertence, assim como Lia, Camille, Lolita, Pierre, Claire, Jim e Ártemis.


After the Storm

Vinte e dois de maio. Manhã calma, ensolarada e ligeiramente melancólica. A brisa gelada soprava nas flores e algumas poucas nuvens enfeitavam o céu azul, mas tudo passava despercebido por um pensativo Kamus que encarava a própria face no espelho.

"Kamus! Kamus! Já está acordado?"

O francês sorriu ao ouvir os chamados do namorado, alguns segundos antes de ver sua figura na porta. Estava lindo, os longos e brilhantes cabelos descendo pelos ombros fortes e um sorriso terno estampado no rosto corado.

"Sabia que você já estaria de pé..." disse, antes de aproximar-se calmamente do aquariano e abraça-lo por trás, beijando-lhe de leve no pescoço "Você sabe que dia é hoje, não sabe, Kamus?" nesse momento seu sorriso minguou e sua voz tornou-se levemente melancólica.

"Claro. Lia estaria completando doze anos se estivesse viva."

"Vamos visitá-la, não vamos?"

O francês acenou positivamente, e quando encarou os olhos de Milo, viu que estavam cheios d'água.

"Ora vamos, Milo. Você conheceu Lia, sabe que ela te daria uma bronca se te visse assim por causa dela."

"Eu sei, mas é difícil! Podem me pedir tudo, Kamus, menos para eu não sentir falta dela. Devemos tanto a nossa menina..."

Ao ouvir a última frase, Kamus estremeceu, e as cenas do primeiro sonho que tivera com Lia lhe invadiram a mente repentinamente. As luzes, os gritos, a morte, o beijo, a risada... O abandono. Naquele sonho estava seu destino, o de Milo, e também o de Lia. Sentiu-se fraco por ter sido pego de surpresa por sua morte, deveria saber que ela partiria; ela confiara a ele essa informação antes mesmo de tornar-se sua amiga e causar em sua vida todas as mudanças que causara. Se não fosse por ela, Kamus nunca teria descoberto a tempo o quanto amava Milo e não teria dado a ele uma razão a mais para seguir em frente depois de tudo o que a vida exigira dele.

"No que está pensando?" o grego estava curioso com a expressão do outro.

"Em nada..."

Milo riu baixinho. Mesmo que Kamus estivesse um tanto mudado no que dizia respeito a expressar seus sentimentos, certas coisas não mudariam jamais, entre elas o fato do francês relutar em revelar seus pensamentos e emoções mais íntimas.

"Ok, não insisto. Eu amo você, francês!"

Kamus sorriu e aninhou-o em seus braços, sentindo os beijos carinhosos que o outro lhe dava.

"Eu também..."

Milo não pôde deixar de se emocionar ao ouvir aquilo. Sempre se emocionava! Nem mesmo quase dois anos de relacionamento o haviam feito se acostumar. Pensava no tamanho daquela conquista... Reduzir os receios de Kamus a quase nada e faze-lo hesitar menos ao mostrar os sentimentos seriam, no passado, tarefas consideradas impossíveis. Mas a vida conseguira cumpri-las, e graças aos deuses, o amor de Kamus era agora algo com o que Milo poderia contar para sempre...

"Eu não acredito que você está chorando outra vez..."

"É que eu ainda não acredito quando você diz isso... É perfeito demais para ser real."

"Ah, é? Vejamos... o que posso fazer para provar?" a voz de Kamus assumira um tom maroto, como se Milo o houvesse chamado para um jogo e ele, aceitado. O escorpiano entendeu a deixa.

"Você terá muitas oportunidades para provar de forma mais significativa... Mas enquanto elas não chegam, me contento com isto" e roubou-lhe um beijo ardente e cheio de sentimento, que foi correspondido à altura. O contraste entre suas temperaturas distintas provocava em ambos doces arrepios, que eram intensificados pelos toques delicados.

"Satisfeito?"

"Não. Quero outra prova."

Kamus riu e colou novamente os lábios aos de Milo, as conhecidas sensações novamente lhes invadindo os corpos sem pedir licença. Mas ambos sabiam que, por mais profundo que o beijo fosse, jamais seria capaz de traduzir seus sentimentos. Seu amor era tão incomensurável e arrebatador que não acreditavam que um dia existiria algo capaz de exteriorizar sua grandeza.

Cessaram o ato somente quando lhes faltara ar, ambos com as faces coradas e a respiração ofegante. Um emocionado Milo enterrou o rosto no pescoço do amado ronronando meigamente, os lábios roçando na pele alva enquanto murmurava 'eu te amo' repetidamente. O francês sorria e, com os dedos acariciando os cabelos do grego, sussurrou em seus ouvidos algo que traria à tona lembranças muito bem-vindas.

"Eu também te amo, Milo de Escorpião.." mordiscou de leve sua orelha antes de continuar "Nunca duvide do quanto... Vou estar com você sempre..."

Milo levantou os olhos

"Kamyu..."

"Você se lembra?"

"Como poderia me esquecer? Você me disse isso depois do nosso primeiro beijo... O que eu não sabia é que você se lembrava!"

"Não só me lembro como reafirmo e garanto que cada letra dita, tanto antes como agora, é verdadeira. Não mudou em nada e nem vai mudar. Ou melhor, mudou sim. Essa afirmação torna-se cada vez mais verdadeira e mais forte, e cada vez que você ouvi-la, pode ter certeza de que foi dita com mais sentimentos do que na vez anterior."

O tom de voz de Kamus era sério e o olhar penetrante como o de um pai que dizia ao filho algo que não desejava que ele esquecesse jamais.

"Kamus.. Você nunca..."

"É, eu sei. Você conseguiu mudar algumas coisinhas, mon amour."

O grego sorriu de orelha a orelha e se jogou sobre o aquariano como uma criança que acabara de ganhar um presente que há muito desejava, derrubando-o no chão, esbarrando acidentalmente em uma mesinha e derrubando tudo o que estava sobre ela.

"Milo..."

"O quê?" Milo balbuciou parecendo um garotinho arteiro que tentava a todo custo derreter o coração alheio para se safar de uma encrenca. Aquário apenas sorriu, para o alívio do escorpiano.

"Eu já te disse alguma vez que a organização de minha casa nunca mais foi a mesma depois que eu passei a freqüentá-la apenas com você?"

O costumeiro comentário causou ao outro algumas risadinhas.

"Algumas vezes se eu contar apenas com o dia de hoje. E eu repito: não reclame. Você conseguiu a proeza de organizar a casa de Escorpião!"

Ambos riram. Realmente, suas casas haviam mudado muito desde que passaram a morar juntos, alternando entre as duas. Os pertences de Kamus, antes impecavelmente organizados e separados, agora viviam misturados aos de Milo e ele volta e meia abria o armário e se deparava com uma bagunça desesperadora. Já os de Milo, que viviam jogados pelo chão, na cama ou em qualquer outro lugar, ganharam muito com a mudança, vivendo muito organizados se comparados aos velhos tempos. No começo, isso era motivo para várias discussões, mas depois ambos acabaram se acostumando e respeitando o jeito do outro.

"E você nem me agradece..."

"Bah! Besta... Eu tinha minha organização..."

O francês arqueou uma das sobrancelhas

"Tinha?"

"Tinha! Eu sabia exatamente onde estava tudo até você chegar com sua mania de organização e me deixar perdido em meu próprio quarto!"

"Milo... Você não conseguia nem andar no seu quarto!"

"Não exagere."

"Eu não estou exagerando."

"Pááááááááára!"

"Ué, eu tenho culpa?"

"Kamus, daqui a pouco anoitece e a gente ainda não saiu!"

Kamus lançou-lhe um olhar do tipo 'não fuja do assunto', mas acabou cedendo e puxando-o pela mão até o cemitério, o que deixou Milo aliviado e satisfeito.

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Apesar dos contratempos, ainda não era meio-dia quando Milo depositou algumas flores sobre o túmulo de Lia, Kamus ao seu lado com a expressão séria. Não era muito de ficar falando como Milo, contentava-se apenas olhando e guardando seus devaneios para si mesmo.

"Você faz muita falta aqui, Lia..." o escorpiano murmurava sorrindo, embora uma lágrima teimasse em escorrer do canto de seu olho esquerdo "Você nunca será esquecida... Pelo menos nós dois jamais esqueceremos um aniversário seu... Ou mesmo o aniversário do dia em que você nos deixou..."

Afastou-se, trêmulo, e libertou todo o pranto que estava entalado em sua garganta desde que entrara naquele lugar enquanto Kamus afagava-lhe os cabelos, sem palavras. Foi quando um ruído estranho e abafado chamou a atenção do francês.

"Shhhhh... Milo... Você está escutando?"

"Han? O que... Deuses! O que é isso?"

"Um choro de criança, pelo menos é o que parece."

"Vem de onde?"

"Eu nunca vou saber se você não parar de falar."

Bastou isso para que o escorpiano se calasse. Kamus começou a andar silenciosamente atrás da criança que chorava até parar em frente a uma moita.

"Parece que é aqui."

"O que você está esperando? Procura!"

"Mon dieu..." o francês murmurava, estupefato ao ver um bebê abandonado em uma cestinha no meio da moita. Inexplicavelmente, o bebê parou de chorar assim que Kamus pegou-lhe no colo "Essa criança poderia ter morrido se ninguém chegasse aqui até o fim da tarde"

"Quem foi o monstro que teve coragem de abandonar uma criaturinha tão lindinha?"

"A questão não é essa, e sim como essa criança apareceu aqui, dentro dos limites do santuário..."

"Olhe, Kamus!" Milo despertou o outro de seu transe, apontando um bilhete que estava pendurado no cestinho.

"Parece que o 'monstro que teve a coragem de abandonar uma criaturinha tão linda' deixou um recado..."

"Leia logo, Kamus!"

"Hum... Aqui diz que é uma menina e que ela nasceu hoje pela madrugada... E a pessoa que escreveu está pedindo para cuidarmos dela com carinho..."

"Tem nome?"

"Não. Nem da menina nem da mãe."

"Kamyu.. Você não acha que..." o grego tinha os olhos úmidos outra vez

"É, é uma grande coincidência acharmos uma menina loira de olhos azuis muito parecida com a nossa Lia abandonada no cemitério ao lado da tumba dela no dia em que ela completaria doze anos..."

"Os deuses a devolveram para nós!"

"Continue fazendo esse escândalo e ela volta a chorar."

"Ah, Kamus... Pára... Me deixa ficar feliz..."

"Eu deixo... Desde que você não atrapalhe a criança!"

"Posso segura-la?"

"Eu ia mesmo te pedir isso para eu responder o bilhete... Provavelmente, a mãe da menina virá amanhã ver se alguém a pegou..."

Milo pegou a criança no colo cuidadosamente enquanto Kamus pegava uma caneta do próprio bolso e escrevia com sua caligrafia impecável um 'nós cuidaremos, não se preocupe'.

"Kamus.. Ela se chamará Lia, não é?"

"Eu tinha pensado nisso, mas não achei que você fosse concordar."

"Como não? Vai ser Lia e pronto!" O grego sorria todo bobo com a menina nos braços "Nosso anjo querido que voltou para perto de nós..."

Kamus não pôde deixar de sorrir devido ao sentimentalismo do outro.

"Vamos, Milo... Ou esse vento frio vai acabar fazendo mal à menin... Digo, à Lia."

O francês não precisou dizer nem mais uma palavra para que Milo se virasse e saísse do cemitério, pondo um paninho sobre a cabeça da pequena Lia para protegê-la do frio.

Não demorou muito até que pudessem ver Mu e Shaka caminhando calmamente pelo jardim da casa de Áries de mãos dadas e dedos entrelaçados. Foi Shaka o primeiro a notar a presença de Milo e Kamus, cumprimentando-os com um sorriso.

"Bom dia!" saudou Mu, à nota-los também.

"Bom dia" um sorridente Milo respondeu, sua felicidade visível a quem olhasse em seus olhos.

"Quem é a criança?"

"A achamos no cemitério quando fomos deixar flores para Lia" embora a pergunta tivesse sido feita para Milo, era Kamus quem respondia "Abandonada."

"Mas como..?"

"Também não sabemos. Só se..."

"A mãe fosse uma serva." Shaka adivinhou os pensamentos do francês.

"Exatamente. Ou uma aprendiz de amazona..."

"Vocês vão cuidar dela?" Mu, que até então estava calado e pálido, finalmente se manifestara.

"Sim." O sorridente Milo respondeu "Se chamará Lia, em homenagem à nossa menina."

O ariano ficou estranhamente pensativo nesse momento. Ele e Shaka se olhavam demonstrando cumplicidade, como se o ocorrido confirmasse ou os lembrasse de algo que apenas eles sabiam até que Shaka rompeu o silêncio.

"Boa sorte. Que vocês e ela sejam muito felizes e que ela traga tanta alegria quanto a primeira Lia. "

Os dois agradeceram e seguiram para Touro. A cena que encontraram seria até engraçada se já não estivessem acostumados.

"PELO AMOR DOS DEUSES, VOCÊS DOIS SABEM FAZER ALGUMA COISA ALÉM DE FICAREM SE AGARRANDO NA MINHA ESCADA?" gritava um irritado Aldebaran para duas figuras que eram escondidas pela enorme silhueta do taurino, o que não impedia Milo e Kamus de saberem de quem se tratava.

"Ah, Deba, vá plantar batata!" eles puderam ouvir a voz de Kanon por trás do enorme cavaleiro "Lá em gêmeos não dá... O Saga fica pra lá e pra cá com a Lolita e em câncer também não dá porque o mala do Afrodite interrompe toda hora e eu não tenho saco pra isso."

"Hey!"um sonoro tapa fez-se ouvir juntamente com o protesto feminino "Não fala assim do meu maninho!"

"Bah, Ártemis, falo como quiser. Ele é um mala que só sabe acabar com a minha festa."

"Mas sem o mala NÃO TEM FESTA! Porque o motivo da festa ama o mala e só veio parar aqui por causa dele."

"Pergunta respondida. Vocês também sabem brigar... NA MINHA ESCADARIA!"

"Caham" Kamus pigarreou para chamar a atenção, e os três se viraram.

"Ah, oi, Kamus. Oi, Milo. Desculpem a gritaria, é que esses dois estão me dando nos nervos..."

"Tudo bem, nós entendemos..." disse o francês, sendo desmentido pela pequena Lia, que começou a chorar, assustada "... Ela que parece não entender"

Ao ver a expressão de surpresa no rosto do taurino, Kamus explicou-lhe tudo sobre a menina. Aldebaran, é claro, ficou contente e desejou-lhes boa sorte antes de voltar a ralhar com Kanon e Ártemis, que a essa altura já tinham feito as pazes e voltado a se beijar sem pudor.

Desde que Ártemis chegara no santuário, ela e Kanon viviam nessa instabilidade. Não se decidiam sobre seu próprio relacionamento. Viviam se agarrando pelas escadas, principalmente a de Touro, mas bastava uma letra mal interpretada para que começassem a discutir. Mas eles faziam as pazes tão rapidamente quanto começavam a brigar, e não se passavam nem dez minutos até eles estarem novamente trocando beijos e palavras carinhosas. E quando perguntavam se eles eram namorados, eles apenas se encaravam sem saber o que responder e acabavam dando uma resposta vaga que permitia diversas interpretações. Já Saga e Lolita estavam casados há um ano e a ex-serva estava esperando o primeiro filho dos dois. E foi ela, Lolita, radiante e com a barriga já crescida, quem cumprimentou os dois cavaleiros quando chegaram a Gêmeos. E, como não podia deixar de ser, não demorou até que seu esposo aparecesse, abraçando-a por trás e olhando curioso para a pequena Lia.

"Esta é Lia, Saga." apresentou Milo. Saga ficou estático, e aproximou-se da criança cuidadosamente, não conseguindo conter uma lágrima ao ver melhor seu rosto.

"Ela se parece tanto com a primeira..."

O geminiano sorriu ternamente para a menina, que despertou de seu cochilo e ficou encarando-o com seus grandes olhos azuis como se já o conhecesse, o que rendeu mais lágrimas emocionadas a Saga e Milo. Após esboçar algo que parecia ser seu primeiro sorriso, a pequenina voltou a aconchegar-se no peito de Milo, fechou os olhos e adormeceu.

Claro que Saga também quis saber sobre a origem da criança, e também ficara contente por tê-la por perto.

Ao aproximar-se da casa de Câncer, Milo não pôde deixar de se lembrar do dia em que voltara do hospital e Carlo e Afrodite receberem tão friamente a ele e Lia. Quem visse a cena jamais poderia imaginar que ambos tornariam-se muito amigos da menina e freqüentadores assíduos da casa de Escorpião.

Se naquele dia o comportamento do casal foi estranho, o mesmo não se podia dizer do momento em que apareceram em Câncer com o bebê...

"Ora, ora, veja só quem resolveu dar as caras! Dom Pedra de Gelo e Bichinho Peçonhento!" disse um animado Máscara da Morte, recebendo os amigos.

"Realmente, tinha tempo que não nos víamos!" completou Afrodite.

"Quando passamos aqui de manhã, vocês estavam em Peixes, e..." Kamus tentou responder, mas foi interrompido por Milo.

"Sim, nós estamos dando as caras por aqui novamente, sabe? Toda vez que descemos o santuário, temos que visitar o casalzinho de mariscos..."

Um momento silencioso se seguiu, os quatro cavaleiros se encarando sem expressão. Mas não agüentaram muito, e em menos de um minuto, todos explodiram em gostosas gargalhadas (exceto Kamus, que apenas sorriu), só parando quando ouviram um pequeno protesto vindo do bebê.

"Que bonitinho!" exclamou Afrodite, olhando curioso para Lia " Quem é?"

O escorpiano abriu um largo sorriso antes de explicar novamente a origem da criança em seus braços. Após a explicação, tanto Afrodite quanto Máscara da Morte demonstravam estar muito felizes, o segundo tendo que conter, e muito, sua alegria para não incomodar a criança.

"Ah, mas ela vai ficar LINDA quando crescer! Vai ser ótimo ensiná-la a se pentear e se maquiar! Prometam que vão trazê-la sempre aqui ou em Peixes!"

"Mesmo que não prometam... Nós vamos visitá-los em Aquário ou Escorpião..."

"Ficamos felizes por isso... Mas não podemos ficar conversando por muito tempo. Está ventando, e ela é muito novinha...Temo que esta brisa possa fazer mal a ela."

"Claro" concordou o pisciano " Vão! A saúde da pequena fica em primeiro lugar! Vamos visitá-los ainda hoje, tudo bem?"

"Oui. Esperaremos por vocês."

Aioria poderia até estar esperando por eles em Leão... Se não estivesse ocupado demais tentando manter quieta uma Marin grávida de nove meses, sendo ajudado por Aioros e Shura.

"Por que vocês me tratam como se eu estivesse doente? Que coisa!" resmungava a irritada ruiva.

"Por que seu filho pode nascer a qualquer momento!"

"Do jeito que vocês falam, parece que ele vai escorregar por entre minhas pernas!"

"Ah, não exagere! Só estamos nos preocupando com você."

"Podem se preocupar! Apenas me deixem livre."

Aioria bateu na própria testa, suspirando resignado.

"Calma, Oria." Aioros tentava tranqüilizar o irmão caçula enquanto seu namorado convencia Marin a não sair para assistir o treino das aprendizes. Foi quando Milo e Kamus entraram.

"Er... Licença?"

"Milo? Kamus? Entrem!"

"Estamos voltando do cemitério... Hoje seria aniversário de Lia... O segundo desde que ela se foi."

Aioria limitou-se a murmurar um 'ah...', cabisbaixo. Gostava muito da menina e ainda não tinha se acostumado com o fato de ela estar morta. Preferia pensar que ela estava de férias.

"Mas dessa vez foi diferente." Milo completou, sorrindo e olhando para a pequena que segurava em seus braços. Só então o leonino notou sua presença

"Nota-se que foi..." disse, curioso. Após as explicações, o semblante de todos mostrava a mais pura felicidade.

"É... Os tempos são outros..."

"Logo este santuário vai estar lotado de crianças..."

"Nós nem saímos mais à noite, não é, Milo?"

Milo riu

"É. E agora vai ficar mais difícil ainda..." lançou mais um olhar carinhoso à criança "Não que seja algum sacrifício..." completou, olhando apaixonadamente para Kamus

"Não mesmo..." o leonino abraçou a esposa, a mão pousando carinhosa e cuidadosamente sobre a enorme barriga da ruiva. Enquanto isso, Sagitário e Capricórnio apenas trocavam olhares enamorados e sorrisos sinceros.

Mas, infelizmente, não puderam demorar muito e em menos de quinze minutos, já haviam passado pela vazia casa de Virgem e chegavam em Libra, onde Dohko estava sozinho.

"Olá, mestre ancião." Cumprimentou Milo, sorridente.

"Olá, Milo" Dohko parecia muito contente toda vez que via Milo feliz e saudável. Jamais se esqueceria do dia em que o escorpiano esfregara em sua cara o diagnóstico de sua doença. Sim, fora difícil deixar de ser tão duro, pois isso fazia parte de sua pessoa, e, admitia para si mesmo, não conseguira reduzir sua rigidez a nada. Dizer o contrário seria mentir. Mas agora pensava duas vezes antes de dizer algo. Prometera a si mesmo que jamais feriria alguém como ferira Milo.

Milo, por sua vez, não guardava nenhum tipo de mágoa do libriano. Pelo contrário, até se sentia meio que grato a ele, pois se não fosse por ele, não teria feito os exames tão cedo, e talvez não tivesse descoberto a doença a tempo. Então não teria chegado a viver os melhores dias de sua vida, e não teria descoberto nunca o quanto era amado...

A passagem por Libra foi rápida, pois apesar de definitivamente não serem inimigos, também não chegavam a ser exatamente amigos.

Ao contrário da sétima casa, a oitava comportava quatro pessoas: Camille, Ikki, Shun e Hyoga. Os quatro também andavam se revezando entre as casas de Aquário e Escorpião, como Kamus e Milo, e pareciam muito felizes vivendo com as pessoas que amavam e com amigos. Os jovens os receberam calorosamente, como sempre, ficando muitíssimo animados com a idéia de ter um bebê na "família". Família... Sim, de certa forma eram uma grande e incomum família, e agiam como tal.

Com sua habitual praticidade, Kamus abandonou Milo e os garotos para arranjar uma ama-de-leite à pequena, que logo despertaria faminta. Também decidiu improvisar um berço, muitas roupas e tudo o que fosse preciso ao bem-estar de Lia. O aquariano levou horas nos preparativos, mas quando voltou à casa de Escorpião tinha certeza de que agora realmente estava pronto para cuidar e criar de sua menina. Havia aproveitado, também, para informar a deusa sobre o aparecimento do bebê e avisar que ele e Milo adotariam a menina como filha, criando e educando a criança da melhor forma possível.

Milo agradecia aos céus pelo fato do namorado ser um homem tão culto e preparado, pois sabia que, se dependesse dele, por maior que fossem os seus cuidados e carinhos, nunca prestaria atenção a "detalhes" tão básicos e importantes como uma adoção legal, o registro em cartório ou mesmo como alimentaria o bebê tão frágil e dependente do leite materno. Sabiam que tinham muita coisa a aprender antes de se declarar pais de Lia, afinal, nenhum dos dois nunca havia trocado fraldas na vida – tarefa que aprenderam com as servas. Sim, tinham muito amor e carinho para dar, mas foram aprendendo aos poucos, que não era o suficiente!

Ikki foi um grande referencial aos pais, que se sentiam marinheiros de primeira viagem diante da situação, devido a sua experiência com Shun e Camille surpreendeu a todos ao demonstrar sua habilidade com o bebê. Ao ser questionada sobre o fato, brincou ser um sexto sentido materno, algo próprio das mulheres, obtendo vaias e brincadeiras como resposta. Com o passar do tempo e o nascimento dos outros bebês, logo conseguiam trocar experiências com os amigos, que até então sempre arranjavam tempo e oportunidade para visitar Lia, com a certeza de que não era mais uma Lia e sim a verdadeira e única; a menina que conseguira mudar a vida no santuário, ajudando não só Kamus e Milo, mas sim todos com quem teve oportunidade de conviver. De sua forma meiga, carinhosa e inocente, ensinou-lhes a viver!


Nana: Oi gente! Quantas saudades... Olha, eu sei que não posso falar muito, por isso deixe-me avisar que estou muito feliz pelo resultado positivo dessa fic e que já estou com saudades dela. Aliás, com exceção dos 3 últimos parágrafos – q foram feitos por mim – o resto é da autoria da nossa querida Amy, que como sempre, foi divina ao escrever. Obrigado pelo carinho de todos. Mais comentários e respostas dos reviews no blog: thesenseiclub(ponto)blogspot(ponto)com.

Nota da Amy: Olá, pessoas! Bem... eu realmente não queria me despedir dessa fic.. Ela foi muito especial para mim... Obrigada a todos pelos elogios e pelo apoio, e, para todas as amigas que fiz escrevendo EV, fica meu 'obrigado' e 'eu adoro vocês'. Entrem no nosso blog para ver o resto dos comentários. beijos!


ps - Ainda terá o epílogo. Portanto, até lá, beijos!