Lidiane acordara naquela manhã de 20 de dezembro, 6ª feira, com uma sensação de extrema agonia. Como se não devesse sair da cama naquele dia... Mas ela saiu.
Daqui a dois dias teriam o feriado de Natal e Ano Novo e ela iria para casa com os mesmos amigos que foram lá nas férias. Não agüentava mais de tanta ansiedade. Estava morrendo de saudades de Dimi e Natasha.
- Lidi, vá se arrumar, hoje temos aula, sabia? - Lílian falou ao ver a amiga de olhos abertos, ainda deitada, com os dois braços sob a cabeça.
- Não quero sair da cama hoje...
- Mais sairá! Anda logo! - Lílian puxou seu braço e finalmente Lidiane levantou.
Transfigurou a sua camisola nas vestes de Hogwarts e prendeu os cabelos num rabo - de - cavalo firme. As mechas mais curtas caíam no seu rosto. Se olhou no espelho. Estava bonita.
- Vamos? As meninas já estão no Salão Principal. - Lílian estava parada na porta.
- Claro... - ela jogou a mochila no ombro direito e saiu.
- Que desânimo é esse?
- Não sei... Meu coração tá apertado...
- Está apaixonada?? - a amiga sorriu.
- Não é apertado desse jeito! - ela bufou - É uma agonia... Não sei te explicar!
- Eu, hein... - Lílian a olhou.
Chegaram no Salão Principal e Lidiane se sentou, mas não conseguiu terminar de comer nem a primeira torrada e decidiu-se por tomar apenas um suco.
- Tudo bem, Lidi? - Tiago perguntou, em pé, atrás dela - Você está com uma cara esquisita...
- Estou com uma sensação estranha hoje...
- Será que um abraço do seu melhor amigo não melhora? - ele abriu os braços e sorriu.
- Sempre melhora! - ela deu um sorriso fraco, se levantou e o abraçou com toda a força e ele correspondeu do mesmo jeito, acariciando os seus cabelos.
- Tem certeza que não aconteceu nada? - ele sussurrou.
- Acho que tenho... - ela suspirou, um pouco mais calma. Abraçar Tiago era uma sensação gostosa... Parecia que tudo se diluía, que todos os seus problemas iam embora. Ele era o seu irmão que estava ali para protegê-la e não fazê-la sofrer.
- Eu te amo... - ela sussurrou.
- Eu também, linda. - ele sussurrou de volta.
Ela sorriu ao escutar o seu apelido de infância. Sirius e Tiago adoravam chama-la assim quando estavam juntos. O amor que ela sentia por Tiago era sem malícia, ele era o único que estava do seu lado em qualquer circunstância.
- Desculpe interromper, mas temos aula agora! - Pedro falou seguindo os amigos em direção a aula de História da Magia.
De mãos dadas, Tiago e Lidiane foram juntos. Lidiane estava mais calma agora.
A aula estava ocorrendo normalmente chata, quando alguém bateu na porta.
- Entre... - o Prof. Bins odiava que interrompessem a sua aula.
A profª McGonagall entrou. Estava com uma aparência cansada e parecia que tinha chorado. Os olhos estavam um pouco vermelhos.
- Eu gostaria que o sr. liberasse a srta. Armstrong mais cedo, prof.
- Aconteceu alguma coisa? - o fantasma perguntou.
- Aconteceu. Infelizmente...
Neste momento todos olhavam para Lidiane, que agarrara as mãos de Tiago com força. Algo de muito errado estava acontecendo.
- Vai lá... - Tiago falou e lhe deu um beijo na testa.
Como se estivesse caminhando para a morte, Lidiane seguiu a professora.
- Vamos até a sala do Diretor Dumbledore, querida! - McGonagall a olhava penalizada.
- O quê aconteceu?? - ela estava nervosa.
- A srta. irá descobrir."Pé-de-moleque" - a gárgula da entrada da Sala de Dumbledore foi para o lado e as escadas em espiral apareceram - O Diretor já está a sua espera!
Lidiane olhou a mulher se retirar e teve que admitir que estava com medo de subir. Medo de escutar algo que não queria. Suspirando, entrou.
- A srta. chegou... Sente-se! - ele lhe apontou uma cadeira de frente para a sua mesa. Lidiane fechou a porta e se sentou.
Todos os quadros estavam olhando para ela. Reconheceu Fineus Nigellus, o bisavô de Sirius e o Diretor mais odiado que Hogwarts já teve. Apesar do que falavam dele, ela simpatizava com o homem. Tivera uma personalidade forte quando vivo e era um homem de grande astúcia, embora não gostasse de jovens.
- Aconteceu algo, Porf. Dumbledore? - ela mexia com as mãos, nervosamente, mas olhava o Diretor nos olhos.
- Infelizmente sim, Lidiane... Não gostaria ser eu a lhe dar essa notícia, mas...
- Fale logo, Diretor!
- Bem... Você sabe que ultimamente têm ocorrido muitos ataques em nome de Voldemort, não sabe?
Ela acenou em concordância.
- Bem... Este mês me parece que seu irmão chegou do Brasil com a noiva dele, não é isso? E que seus pais tinham chamado você e seus amigos para passarem o Natal em sua casa...
Ela acenou novamente.
- Bem... Seus pais costumavam liberar os empregados da casa nessa época para poderem visitar suas famílias, e esse ano não foi diferente...
- Aonde você está querendo chegar, Dumbledore?
- Bem... A única empregada que tinha sobrado em sua casa tinha saído a pedido de sua mãe para comprar algumas coisas e quando ela voltou...
- Quando ela voltou?? Ande logo!!
- Bem... Não sei como dizer... Ela encontrou os seus pais, Natasha e Dimitri... mortos. - ele observou sua reação.
- Você poderia repetir, por favor... Acho que não entendi direito... - seus olhos estavam embaçados pelas lágrimas, e ela ria sem alegria, esperando que tivesse entendido errado.
- Comensais atacaram sua casa. Aparentemente não levaram nada... E, quando nossos bruxos examinaram os corpos, sem querer, descobriram que Natasha estava grávida de algumas semanas... Dimitri sabia disso?
Ela negou com a cabeça. As lágrimas caíam livremente agora, molhando suas roupas. Isso não podia estar acontecendo, não com ela...
- Você será levada hoje, assim que quiser, para a sua casa. Eu sei que será um tanto incômodo, mas o Ministério terá que lhe fazer algumas perguntas...
- EU QUERO QUE O MINISTÉRIO SE FODA!! - os quadros olharam feio para ela, mas Dumbledore continuou impassível.
- Eu gostaria que você se acalmasse, Lidiane... Eles morreram de maneira honrada, lutaram do nosso lado até a morte!
- EU NÃO QUERO ME ACALMAR! - ela gritou se levantando - EU ACABO DE DESCOBRIR QUE MINHA FAMÍLIA MORREU E VOCÊ QUER QUE EU ME ACALME??
- Eu gostaria que você se sentasse...
- VOCÊ GOSTARIA DE MUITA COISA, NÃO É, DIRETOR?? VOCÊ NÃO ENTENDE O QUE EU ESTOU SENTINDO!! - as lágrimas caíam de seus olhos e seu rosto já estava totalmente molhado e seus olhos, vermelhos.
O Diretor não se afetou e a olhou penalizado.
- NÃO ME OLHE DESSE JEITO! SINTA QUALQUER COISA DE MIM, MENOS PENA! - ela precisava descarregar sua raiva em alguma coisa. Olhou para um peso de papel em forma de unicórnio na mesa de Dumbledore e o jogou na parede.
- Por favor, Lidiane... Acalme-se! - o Diretor continuava calmo.
Olhando para aquele homem ela se lembrou de uma coisa que Dimitri lhe disse a alguns anos: "Dumbledore é um sábio, Lidi... Sábios não podem demonstrar tristeza, paixão, ódio ou medo. Nunca espere vê-lo chorando ou algo do tipo. Os sábios não têm esse direito!" Pensar em Dimi doía, agora. Pensar em qualquer um de sua família doía. Lágrimas continuaram a cair.
- Diretor, está na hora da... - McGonagall parou ao ver Lidi ainda ali - reunião.
- Tudo bem... - o Diretor se levantou - Fique aqui o quanto quiser, Lidiane.
Ela observou o velho homem sair ao lado de McGonagall e fechou os olhos, fazendo mais lágrimas caírem.
- Sabe, menina... - ela escutou uma voz a sua esquerda, e abrindo os olhos, viu Fineus falando com ela - Eu conheci o seu bisavô... Grande homem ele foi. Sua família é uma grande família.
Ela tentou sorrir, mas não conseguiu.
- Eu não gosto de jovens... Vocês se sentem sempre incompreendidos, e você não foge da regra, mas você é corajosa, menina. Você tem potencial e eu gosto disso! Acho que está na hora de você ir enfrentar os seus medos. - ele terminou de falar e desapareceu do quadro.
Limpando as lágrimas, ela se levantou e saiu da sala de Dumbledore. Queria ficar sozinha, pensar...
Andou pelos corredores, a esse horário vazios, e foi para o seu esconderijo. Ficava no 1º andar e era uma pequena área que ninguém frequentava, com uma fonte e que não possuía tetos. Sempre que estava triste ia para lá, e dessa vez não seria diferente.
Quando chegou lá, sentou-se escondida trás da fonte. Era uma manhã fria, mas ela não conseguia sentir nada. Apenas repetia dentro de sua cabeça tudo o que havia escutado do Diretor e de Fineus. Porque isso tinha que acontecer?
Já era hora do almoço e Lidiane ainda não tinha aparecido.
- O que será que aconteceu, Tiago?? - Sirius perguntou, preocupado.
- Não sei, Sirius... Mas eu estou muito preocupado...
Algumas corujas entraram no Salão e todos ergueram suas sobrancelhas. Já haviam recebido as cartas hoje.
- São as corujas do Profeta Diário... - Lílian comentou - Mas eu já recebi o meu hoje.
Quando a coruja parou na sua frente, ela viu que não era o mesmo jornal que recebera de manhã.
- "Edição Especial do Profeta Diário" - Alice leu, se inclinando para enxergar o que estava escrito.
Lílian começou a ler, e a cada palavra, mas sua boca abria e seus olhos arregalavam-se.
- Potter! - ela o chamou.
- Espere um pouco, Evans.
- Potter... - ela chamou de novo.
- Eu já mandei esperar!
- POTTER!!
- Porra, Evans! Fala logo!
- Existe outra família Armstrong por aqui?
- Não... Por que?
- Leia isso... - ela entregou o jornal ao garoto.
TRAGÉDIA EM TRÊS ATOS
"Estamos lhes entregando essa Edição Especial do Profeta Diário em primeira mão, pois um triste fato ocorreu ontem pela tarde.
A grande e rica família Armstrong foi encontrada morta por uma empregada, e de acordo com a perícia, foram assassinados com um Avada Kedavra.
A única pessoa da família que ainda se encontra viva é Lidiane Armstrong, que se encontrava na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts no dia do atentado.
Ninguém sabe exatamente o motivo das mortes, mas acredita-se que foi a mando de Voldemort, o novo bruxo das trevas que vem aterrorizando o mundo bruxo.
O primogênito da família, Dimitri Armstrong, resolvera vir do Brasil, onde mora e trabalha, para Londres com sua esposa para passarem o Natal com a família e depois das mortes, a perícia descobriu uma gravidez de algumas semanas na noiva de Dimitri, a brasileira Natasha Barbosa. Mais informações na pág. 5."
- Foi por isso que Dumbledore queria vê-la... - Sirius falou com a voz embargada.
- Eu preciso ver a Lidi!! - Tiago se levantou bruscamente e sua cadeira caiu, chamando a atenção de todos no Salão - Alguém sabe onde ela está?
- Eu acho que sei, Potter... - Lílian falou baixo.
- Aonde, Evans?
- Na fonte... Ela sempre vai lá quando quer ficar sozinha!
- Alguém vem comigo? - ele olhou para os lados.
- É melhor só você e a Lily irem, cara... Vocês são os melhores amigos dela... - Lara suspirou tristemente.
- Anda logo, Evans!
- Estou indo, Potter! - ela o olhou feio. Até nessas horas ele fazia questão de ser irritante e insuportável.
Eles correram pelos corredores e finalmente chegaram no lugar que Lílian falara.
- Lidi... - Lílian chamou.
Ninguém respondeu.
- Lidiane, responde...
Eles escutaram um soluço vindo de trás da fonte, e andaram devagar até lá.
- Você está aí! - Tiago se jogou no chão ao seu lado e a abraçou forte.
- Me abraça... Me abraça forte... - ela apoiou a cabeça no peito do garoto.
- Shhh... Eu li no jornal o que aconteceu...
- Foi o Malfoy! - ela falou com raiva, tirando a cabeça do peito de Tiago.
- Como? - Lílian se sentou do lado de Lidiane também.
- Você lembra que o Black nos contou que no dia da discussão Malfoy falara que ia acabar com a nossa vida??
- Mas...
- Ele resolveu começar por mim... Eu juro, eu JURO que eu ainda vou matar esse desgraçado!!
- Não pense nisso agora... - Tiago beijou seus cabelos - O que Dumbledore falou?
- Ele disse que todos lutaram até o fim e que quando foram analisar os corpos, descobriram que Natasha estava grávida de algumas semanas...
- Por Merlin... - Tiago falou com raiva.
- E que ainda hoje eu terei que ir para casa e que o Ministério terá que me fazer algumas perguntas... Eu não quero ir, gente... Não quero!
- Shhh... É melhor você ir, sim... para acabar logo com isso tudo. Meus pais e os do Sirius com certeza estarão lá, do seu lado.
- Vamos, Lidi... - Lílian passou a mão pelos cabelos da amiga e se levantou junto dela e de Tiago.
Com dificuldade, eles carregaram Lidiane pelos corredores até o dormitório feminino da Grifinória.
- Você quer ajuda para arrumar as malas?
Ela deu um leve aceno de cabeça.
Depois das malas arrumadas com a ajuda de Tiago e Lílian, ela foi para o jardim, onde uma carruagem já a esperava.
Lidiane estava parada em frente aos portões de entrada de sua casa. Olhou para o brasão da família... Duas fênixs enlaçadas em um A dourado. Agora não existia mais família...
Apesar da propriedade ser gigantesca e precisasse andar muito até chegar a porta de sua casa, ela já podia reparar no movimento que nunca havia nessa época do ano. Aurores e pessoas do Ministério por todos os lados.
Ela se lembrou das palavras de Fineus: "Acho que está na hora de você ir enfrentar seus medos..." Segurando o choro e respirando fundo, ela andou com passos decididos até a entrada da casa. Em todo lugar que passava recebia olhares penalizados e isso a estava irritando profundamente.
- Lidi! - ela escutou a voz de uma mulher assim que entrou.
Cabelos negros e olhos castanhos. Um corpo bonito para a sua idade e ao seu lado um homem de cabelos despenteados pretos e olhos negros. Amanda e Ricardo Potter.
Depositando as malas cuidadosamente no chão, abraçou os seus segundos pais e na atual situação, únicos.
-Hem, hem... Desculpe interromper, mas precisamos fazer umas perguntas à srta. Lidiane. - um homem não muito velho, de cabelos castanhos muito bem penteados e vestes negras falou.
- Eu acho que o momento não é muito oportuno, Rookwood! - Amanda bradou.
- Tudo bem, tia... - Lidiane suspirou e esticou a mão - Lidiane Armstrong.
- Muito prazer, sou Augusto Rookwood, do Departamento de Mistérios do Ministério da Magia.
- Eu sei quem é você! Sente-se. - ela apontou para o sofá em que estava.
- Eu sei que é muito indelicado da minha parte, mas é o meu trabalho... A srta entende, não??
- Eu não tenho que entender, só quero que ande logo. - ela nunca estivera tão seca.
- Você sabe de alguém que poderia estar perseguindo a sua família?
- Não.
- Algo na sua casa que os Comensais poderiam querer?
- Não.
- Alguma ameaça que vocês poderiam estar sofrendo?
- Não.
Ela não pretendia dar informação nenhuma para aquele homem que não parecia ser nem um pouco confiável.
- Acho que a srta. não está ajudando nas investigações.
- Acho que a srta. não pode ajudar nas investigações, Rookwood. - Ricardo falou.
- Bem... E eu sei que é indelicado eu Ter que tratar disso agora, mas o Ministério terá que confiscar os bens de sua família, srta. Armstronng.
Lidiane ergueu a sobrancelha direita com indiferença.
- Acho que não, Rookwood! - Amanda tomou a dianteira. Ela era conhecida por ser uma das maiores advogadas bruxas em ação no país - Não houve roubo aparente, os Armstrong não estavam sendo acusados de praticarem artes das trevas e com a morte de todos os seus familiares tudo isso aqui é de Lidiane. O Ministério não tem direito algum de confiscar os bens da família e vocês só o querem fazer, porque todos sabem que o sonho do Ministério é acabar com a riqueza dos Potter, dos Armstrong e dos Black. É claro que os Malfoy estão fora, não é mesmo? Eles dão dinheiro para o Ministério e muita gente lá dentro é espião de Voldemort!
- Hem, hem... Acho que você tem razão,Amanda! - e se levantando e saindo - Vou continuar com as minhas investigações. Se quiserem ver os corpos, estão numa maca lá fora!
- Com licença! - Lidiane se levantou rápido e correu para as escadas. Não fora só por causa da ameaça de Malfoy que invadiram a sua casa, lógico que não! Como pudera ser tão burra a ponto de não Ter pensado nisso antes?
Chegou ao 3º andar e abriu as portas do escritório com um estrondo. Como imaginara... Um corpo sem vida caído em frente ao quadro do cofre.
- Voldemort quer a arma de Rowena... - ela já ouvira falar do grande estrago que a união das quatro armas dos Quatro Grandes poderia causar...
Desceu as escadas e avisou para um dos aurores que ali estavam do corpo no escritório e novamente se sentou ao lado dos Potter.
- Por quê você subiu daquele jeito, querida?
- Fui comprovar uma tese... Descobri o plano de Voldemort...
- Aonde você quer chegar, Lidiane? - Ricardo estava muito sério.
- Ele vai tentar juntas as armas dos Quatro Grandes de Hogwarts. Uma delas está aqui em casa... - ela não reparara que Rookwood estava ouvindo atentamente a conversa.
- Aonde?
- No cofre... Mas não tem perigo, apenas um legítimo Armstrong pode abrir o cofre e o verdadeiro herdeiro pode pegar na arma.
- E qual delas está aqui?
- O arco - e - flecha de Rowena Rawenclaw.
Amanda e Ricardo se encararam e depois olharam de esguelha para Rookwood, que na mesma hora disfarçou e voltou a dar ordens para os aurores.
- Hum... Será que vocês poderiam me levar para ver os corpos?
- Você tem certeza, Lidi?
- Tenho!- ela se levantou e foi guiada pelo casal até as macas nos Jardins.
Olhou para cada corpo no chão... Nenhum deles tinha expressões de medo, com exceção de Natasha, claro, que era trouxa. Se ajoelhou do lado deles e olhou para o rosto de seu irmão. Ele era tão lindo... Forte, alto, braços e pernas musculosos, cabelos castanhos caindo nos olhos e um grande sorriso que quase nunca saía de seu rosto.
Ela acariciou os cabelos dele e uma lágrima caiu de seus olhos no rosto do irmão. Estava tão feliz que iria revê-lo... Mas não queria que fosse morto... Os pais estavam com expressões de nojo no rosto. Como amava-os...
Não queria chorar na frente de tantas pessoas, mas era tão difícil...
- Lidiane... - Amanda a acordou e ela se virou - Eu e Ricardo estávamos pensando... Você e Tiago são tão amigos... Por que você não vai morar lá em casa?
Ela sorriu.
- Eu agradeço, tia... Mas não. Minha casa é essa, e é aqui que eu vou ficar.
- Mas... Sozinha? Todos os empregados foram embora.
- Eu não me importo... - ela deu de ombros.
- Você pode ficar aqui, Lidiane, mas eu não permitirei que fique sozinha! - Ricardo falou - Mandarei Maria vir morar com você. Os únicos empregados que ficaram aqui foram o jardineiro e a empregada que achou os corpos, mas ela não tem mais condições...
- Mas Maria é a governanta de vocês!
- Nossa preocupação é com você, querida. Nós faremos isso e acabou! - ela sorriu - Morgana e Arthur estão chegando.
Depois de abraçar os pais de Sirius, ela quis ir se deitar. Estava precisando descansar e quem sabe acordar na manhã seguinte, no Castelo de Hogwarts, descobrindo que tudo fora apenas um pesadelo...
"...Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso
Os sonhos vêm
E os sonhos vão
O resto é imperfeito...
...E há tempos nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
Há tempos são os jovens que adoecem
Há tempos o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
E só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção
Meu amor, disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é Ter coragem..."
"Quando o sol bater na janela do teu quarto
Lembra e vê que o caminho é um só
Por que esperar se podemos começar tudo de novo
Agora mesmo
A humanidade é desumana
Mas ainda temos chance
O sol nasce pra todos
Só não sabe quem não quer
Quando o sol bater na janela do teu quarto
Lembra e vê que o caminho é um só
Até bem pouco atrás
Poderíamos mudar o mundo
Quem roubou nossa coragem?
Tudo é dor
E toda dor vem do desejo
De não sentirmos dor
Quando o sol bater na janela do teu quarto
Lembra e vê que o caminho é um só."
N.A.: Aí está... A partir daí começa o tempo das trevas... Tipow, eu amei escrever esse capítulo, mas eu admito que também chorei mt, eu sou mó manteiga derretida. Eu sou péssima para dramas, mas eu gostava muito desses personagens. Apesar de Dimitri e da Natasha nunca terem aparecido, eu sabia da personalidade deles e eu fiquei muito mal de Ter q matá-los, mas eu precisava fazer isso para a fic seguir... E eu acho q o capítulo não tocou mt, né?? As duas músicas no final da fic eu decidi colocar de última hora, porque eu estava escutando o CDLegião Urbana - As Quatro Estações. São as músicasHá Tempos eQuando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto. Eu queria colocar um pedaço de todas as músicas do CD, e tive que me segurar para só escolher uma, mas desisti e coloquei essas duas... Eu não tenho muita certeza ainda, mas eu acho que o próximo capítulo vai ser uma song, ok?? Vai depender de como as idéias rolarem... Ah, o título eu tirei de um livro da Agatha Christie e eu achei que ia ficar legal! Espero que tenham gostado deste capítulo, pq foi até q bom escrevê-lo... Bjinhus :
"Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito!"
