Capítulo XIII- Como Devia Estar

Era 25 de dezembro...

- Ai, que dor de cabeça... - Lidiane gemeu no momento em que acordou. Havia chorado metade da noite e quando finalmente conseguira dormir, já era de madrugada.

Quando se sentou na cama, apoiando a cabeça nos travesseiros e ainda coberta até metade do corpo, levou um susto: espalhadas por todo o seu quarto, havia todos os tipos de orquídeas, suas flores favoritas.

- Mas... - ela sorriu - Sirius...

Na mesinha de cabeceira, havia um envelope pequeno vermelho. O abriu e leu, só havia uma frase:"Vamos ver se eu ainda consigo te fazer sorrir como antigamente... S.B."

Ele ainda se lembrava de suas flores favoritas...

- Você acordou... - Maria entrou no seu quarto carregando uma bandeja com o café da manhã - Nossa, quantas flores! Quem mandou?

- Sirius...

-Hum... O Tiago está lá embaixo! - ela colocou a bandeja na cama e Lidiane começou a comer. Fazia tempo que não sentia tanta fome.

- Só ele?

- Sim... - Lidiane escondeu sua decepção - Esperava mais alguém, querida?

- Não... Mande-o subir.

- Mas você está de pijama!

- Dane-se! - ela riu - Vai, mande-o subir logo.

Ainda contrariada, Maria desceu.

- Veja se isso é hora de acordar... - Tiago entrou com um grande sorriso no rosto - Pelo visto recebeu o presente de Sirius.

Tiago tirou os sapatos e deitou-se do lado dela, atacando a bandeja.

- Você sabia?

- Fui eu quem deu a idéia... - ele comeu uma uva - Nossa, faz tanto tempo que não te vejo comer assim!

- Estou bem hoje...

- Sirius me contou do que aconteceu ontem...

- Contou, é?

- Uhum... Ele ficou feliz...

- Com o quê? - Lidiane perguntou comendo um sanduíche e bebendo Coca-Cola. Lílian lhe havia oferecido essa bebida uma vez e ela ficara viciada.

- De você Ter"quase" o beijado...

Lidiane quase cuspiu o refrigerante.

- Até isso ele te contou?

Tiago deu de ombros e pegou o copo da mão dela.

- Hum... Isso é bom! O que é?

- Coca - Cola, uma bebida trouxa! Lily me apresentou uma vez e tem sempre uma aqui em casa.

- Vou pedir para a empregada comprar quando puder... Você já viu os seus presentes?

- Só o de Sirius mesmo...

- Seus olhos estão com um brilho diferente...

- A vida segue, né? - um brilho sombrio passou por seus olhos mas logo sumiu - Acho que eles não gostariam de me ver deprimida...

- Nem eles, nem eu! Agora pare de comer se não você vai engordar demais, deixa que eu como por você! - ele riu e atacou a bandeja.

- Assim você vai ficar fora de forma...

- Todas vão continuar a me amar, mesmo... Vá ver os seus presentes logo... Falando nisso adorei aquele kit para vassouras que você me deu!!

Ela riu e se arrastou até o pé da cama onde estavam seus presentes.

Ganhara de Lily dois LPs trouxas d'Os Beatles e dos Bee Gees. Ela tinha uma vitrola trouxa que havia ganho da amiga no ano anterior, também. De Alice ganhara um livro sobre a história de todos os times de Quadribol do mundo, Edição de Colecionador.

- Uau! Sabe que você vai me emprestar, né? - Tiago falou, puxando o livro da mão dela.

Rindo e concordando, ela voltou a abrir os presentes. De Remo havia ganho um prendedor de cabelos com pequenos diamantes encrustados. De Lara ganhara um perfume trouxa delicioso. De Pedro ganhara uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores e sapinhos de chocolate. De Frank ganhara um lindo vestido de gala.

- Você não me deu nenhum presente, sr. Potter!

- Ah, eu me esqueci... - ele lhe entregou uma pequena caixa de veludo preta - Aqui está!

Abrindo a caixa ela viu um lindo cordão prateado, que quando abria, além de Ter uma foto dos dois, tocava a música favorita deles: I Starded a Joke, dos Bee Gees. Uma vez ela estava escutando essa música com as meninas no vagão e Tiago chegou e adorou a música, como ela.

- Que lindo, Tiago! - ela pulou em cima do amigo, sorrindo - Eu te amo!

- Eu também, linda! - ele riu - Vai, deixa eu colocar!

Ela ficou de costas para ele e segurou os cabelos. Depois de colocar o cordão ele lhe deu um beijo na bochecha.

- Meus pais chamaram você para ir jantar lá em casa hoje a noite.

- Tudo bem, eu vou! Mas volto logo depois!

- Ah, dorme lá...

- Não! O Sirius com certeza vai dormir lá também.

- Bem... Na verdade, vai...

- Então eu janto e depois volto para casa!

- Nem se eu te obrigar?

- Você não se atreveria... Agora eu posso usar varinha fora de Hogwarts, esqueceu?

- Ow, merda... Esqueci...

Ela sorriu.

- Mais você vai, né?

- Vou!

- Jura?

- Juro, sr. Potter!

O jantar na casa dos Potter fora ótimo, embora ela e Sirius não parassem de ficar trocando farpas na mesa.

Tinha acabado de chegar em casa e estava exausta. Tirou a roupa, colocou a camisola e dormiu.

Lidiane estava parada em uma pequena ponte, que ficava sob um laguinho num belo Jardim. O Jardim que ficava trancado a chave e que ela mesma só entrara poucas vezes na vida... Sua mãe adorava aquele lugar.

Ela observava calmamente o leve movimento das flores com a leve brisa que batia... Orquídeas, lírios, rosas, flores do campo, violetas, margaridas, girassóis... Sua mãe adorava flores e ali tinha de todos os tipos.

Lidiane suspirou longamente e fechou os olhos, apenas sentindo a brisa em seu rosto. Quando os abriu, escutou alguns passos vindo em sua direção. Se virando, ela viu a pessoa que menos esperava: seu pai.

- Pai? - ela perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

- Olá, minha filha...

- Você... Você voltou? - as lágrimas agora caíam livremente.

- Não... Vim cumprir a promessa que eu te fiz a 4 anos atrás.

- Ah...

- Por que está triste... Foi você que me pediu, aos 12 anos, que quando eu morresse, viesse te ver e contar como era do outro lado...

- Mas eu pedi para que você viesse quando eu estivesse acordada...

- Nem tudo o que se quer é possível, querida...

- Me conte... - ela engoliu um soluço - Me conte como é do outro lado, então.

- Paz, minha pequena. Tudo o que se tem é paz! Estamos muito felizes...

- Eu sinto a falta de vocês...

- Não deveria... Nós estamos com você sempre... - ele lhe deu um grande sorriso.

- Foi o Malfoy, não foi?

- O que tem o Malfoy?

- Foi ele quem mandou matá-los...

- Isso eu não posso dizer, querida... Não tenho esse direito...

- Por favor, pai...

- Eu tenho que ir, minha filha... Só vim aqui cumprir minha promessa...

- Não, pai...

- Não chore... - ele lhe deu um beijo na testa - E eu vou te ajudar com Sirius, como você me pediu...

- Pai... - ela esticou o braço tentando tocá-lo.

- Adeus, minha filha... - e andando para longe, ele se tornou um ponto, até que sumiu.

- Pai!! - ela acordou chorando, mas de repente sorriu - Ele cumpriu a promessa...

Lidiane jogou as cobertas para o lado, colocou uma pantufa e, pegando um castiçal, saiu andando pelo corredor dos quartos. Foi até a última porta e a abriu. Ela rangeu.

Haviam vários quadros no chão, uma cama e móveis cobertos por lençóis brancos e, numa pequena mesa, havia um lindo porta - jóias.

Ela andou em direção a ele e quando o abriu uma leve música tocou. Tirou um compartimento e pegou uma grande chave um tanto enferrujada. Sua mãe nunca soubera, mais ela, há muitos anos, descobrira onde ficava a chave do seu Jardim e as vezes ia lá a noite.

Sem se preocupar com o frio que fazia por estar com uma curta camisola de pequenas alças de seda, ela correu até os estábulos, que ficava a alguns metros da casa, sem nem mesmo selar, montou num cavalo e saiu correndo.

O vento batia forte por causa da velocidade do cavalo, mas ela não conseguia sentir nada. Precisava ir para o Jardim. Olhou para o céu e percebeu que já estava amanhecendo.

Fazia tanto tempo que ela não via o nascer - do - sol que até se esquecera de como podia ser bonito e lhe trazer paz. Ela cavalgou olhando para o céu, até que puxou as rédeas do cavalo, que parara em frente a uma porta coberta por plantas.

Amarrou o cavalo na árvore mais próxima e correu em direção ao Jardim. Abriu a porta e caminhou lentamente por todo aquele lugar que sua mãe cuidara com tanto carinho...

Tinha um pequeno balanço com as cordas cobertas de flores, preso num dos galhos de um gigantesco carvalho.

Ela andou até lá e se sentou. Começou a movimentar o balanço levemente olhando o sol nascer...

Depois de o sol estar completamente no céu, ela se levantou e foi em direção a ponte em que ela sonhara Ter visto o seu pai. Quem sabe ele não voltaria agora que ela estava acordada.

Ficou lá alguns minutos, e de repente escutou passos vindo em sua direção. Ela sabia que ele voltaria. Seu pai nunca a deixaria na mão. Com um grande sorriso ela se virou, mas ao ver quem era, o sorriso desapareceu.

- Ah, é você... - ela não conseguiu esconder a decepção na voz.

- Eu sabia que você não era a minha fã, mas não achei que me odiasse tanto assim... - Sirius se aproximou e parou do lado da garota.

- Como sabia que eu estaria aqui?

- Eu sempre sei... - ele deu de ombros e esticou um sobretudo - Coloque... Está muito frio...

Ela ainda não tinha reparado o quanto estava com frio e o quanto estava arrepiada.

- Como sabia que eu não traria um?

- Te conheço o suficiente! - ele sorriu e a ajudou a colocar o sobretudo - Vem... Vamos voltar para dentro da sua casa... Está muito frio aqui...

- Como chegou aqui?

- Cavalo... Vem... - ele a empurrou levemente.

Ela montou no seu cavalo e ele no cavalo que pegara da casa de Tiago e foram devagar em direção a casa de Lidiane.

Deixaram os animais no estábulo e Sirius a levou até seu quarto e a ajudou a se deitar. Ele já estava indo embora quando ela o chamou.

- Sirius... - ela não o chamara de Black e nem se dera ao trabalho de corrigi-lo.

- O quê?

- Fica aqui comigo...

Ele voltou a fechar a porta e se sentou na beirada da cama dela. Eles ficaram um tempo em silêncio. Ela deitada e ele sentado na ponta da cama, quase caindo.

- Sirius... - ele a olhou - Chegue mais perto, eu não pretendo te azarar!

Ele chegou.

Mais um incômodo silêncio.

- Sirius... - ela repetiu.

Ele a olhou com a sobrancelha erguida.

- Me beije...

- Perdão...

- Você não sabe o que é beijar, Black?

Com a boca aberta ele colocou a mão no rosto dela para ver se ela estava com febre.

- Eu não estou doente! - ela se irritou - Eu estou pedindo para você me beijar!

- Se você faz tanta questão... - ele se inclinou um pouco, e apoiando a mão nos travesseiros, colou seus lábios nos dela.

Ela ergueu as mãos e colocou uma na nuca e a outra nos cabelos dele. Sirius tirou os sapatos e se deitou sobre ela, sem parar de beijá-la. Ele já estava começando a ficar sem fôlego, mas não queria parar. Tinha medo de que quando acabasse, levasse um belo tapa na cara. Mas ela parou.

Continuou de olhos fechados esperando o tapa que não veio. Muito pelo contrário. Ela tomou fôlego e logo o puxou novamente. Ele caiu e ela ficou sobre ele, colocando os cabelos para trás da orelha e o beijando.

De repente ele a empurrou levemente e a tirou de cima dele.

- O que foi? - ela o olhou.

- É melhor não...

- Por quê?

- Simplesmente mais tarde você vai acordar e vai me expulsar daqui dizendo que me odeia!

Ela sorriu.

- Sirius, se eu não te quisesse aqui já tinha te expulsado.

- Eu vou embora... - ele pegou os sapatos e já estava com a mão na maçaneta quando ela falou:

- Se você sair por essa porta, Black, você nunca mais volta! NUNCA! - ele respirou fundo. Estava indeciso.

Olhou para ela... Estava tendo a melhor chance de sua vida, mas não sabia como seria a reação dela quando acordasse... Ai, Merlim... Me ilumine...

Ele suspirou e pensou: Por quê não arriscar?

Trancou a porta, jogou os sapatos no chão e, deitando-se novamente ao lado dela, a puxou e a beijou.

- Eu te amo... - ele sussurrou no ouvido da garota, que sorriu.

- Eu também... - ela respondeu tirando a camisa dele.

Lidiane acordou mais tarde e sentiu alguém abraçado a ela. Sorriu e olhou para Sirius ao seu lado, que ainda dormia. Ela começou a acariciar os cabelos negros dele. E pensar que quase o deixara escapar... Agora estava quase tudo como devia estar, quase tudo...

Lhe dando um leve beijo nos lábios, ela fez menção de se levantar, mas sentiu as mãos de Sirius em sua cintura a puxando de volta.

- Está acordado a quanto tempo?

- Desde antes de você... - ele sorriu - Gostei do cafuné!

- Vai, me deixa levantar que eu quero tomar banho.

- Ah, não... Você vai ficar aqui comigo, abraçadinha...

- Eu estou falando sério, Sirius!

- Eu também... Daqui a alguns dias nós vamos voltar para Hogwarts, mesmo... Me deixa aproveitar enquanto eu posso!

Ela sorriu quando Sirius a puxou e a beijou de novo.

- A srta. Lidiane já acordou, Maria? - o jardineiro perguntou para a mulher que estava andando pelos jardins.

- Não... E acho que hoje ela não sai do quarto tão cedo... - a mulher falou olhando para a sacada do quarto da garota, sorrindo.


N.A.: Para quem pediu Sirius e Lidiane juntos, aí está! (Gabizinha, esse capítulo é pra vc q disse q o Sirius é o seu favorito! ;) Lily ), vc q sempre pede o Tiago e a Lily juntos, acho que daqui a uns 7 capítulos ou um pouco mais eles começam a sair, blz?