Capítulo XVIII – Agora e Sempre

Lílian acordou com um único pensamento na cabeça: " Onde estará o idiota do Potter??

O silêncio dominava o dormitório das garotas, embora Alice não poupasse esforços para manter uma conversa, mas só era respondida por monossílabos.

Desceram para o café da manhã, e na mesa foi cada uma para um lado. Lidiane sentou-se ao lado de Tiago, Lílian de Sirius, Lara de Remo e Alice e Pedro ficaram em silêncio, sem saber o que dizer.

- Eu preciso falar com o Potter, mas a Lidiane não faz o favor de soltá-lo... – Lílian sussurrou.

- O que você disse, Lily?

- Ah, desculpe, Sirius. Estava pensando alto, só isso! – ela deu um sorriso amarelo.

- Ok, então... – ele deu de ombros e voltou a tomar seu café.

Terminando o café, Lílian pediu licença a Sirius, se levantou e correu em direção a sala de História da Magia, matéria da próxima aula, que ainda estava vazia.

Sentou na primeira carteira, pegou um pergaminho e escreveu rapidamente:

"Potter,

Me espere na estátua da Bruxa de um Olho Só antes do almoço. É urgente!

L.E."

- Ótimo, agora é só dar um jeito de entregar...

Ela continuou sentada até todos os alunos entrarem na sala e o professor iniciar a aula.

Era impressionante, que sempre que se ficava ansiosa, o tempo passava bem mais devagar.

O professor falava sobre a Revolta dos Gigantes a sei lá quanto tempo atrás, mas Lílian não conseguia se concentrar em mais nada. Se o professor lhe fizesse alguma pergunta, estaria perdida...

Depois de aparentes intermináveis horas, a aula finalmente acabou, e ela poderia colocar seu plano em prática.

Enquanto os alunos arrumavam as mochilas para poderem ir embora, Lílian já tinha terminado tudo, e, passando do lado de Tiago, deu um encontrão com o garoto, ao mesmo tempo que deixava um papel na mão dele.

- Cuidado comigo, Potter! Não presta atenção nas pessoas que estão passando, não?

- Foi você que veio direto na minha direção!

- Ah, poupe-me, Potter! – piscando, ela saiu da sala.

A próxima aula seria de Poções com a Sonserina, e todos corriam para não chegarem atrasados.

O professor era até legal, e conseguia fazer os alunos prestarem atenção nas aulas, mas hoje parecia que ninguém da Grifinória estava interessado em sua aula, deixando-o um pouco triste, achando que o problema era com ele.

Tiago viajava, tentando imaginar o que a Evans devia estar querendo com ele... Deve ser mais uma de sua idéias erradas...

- Sr. Potter, que cor deve ficar a Poção Anti-Lobisomem?

- Ahn? Ah, sim... Azul! – ele disse rapidamente.

Nessas horas é que ele agradecia por Remo têlo machucado aquela noite.

- Muito bem, Sr. Potter. 5 pontos para a Grifinória e mais atenção na minha aula, por favor.

- Desculpe, prof.

- Tudo bem... – e voltou-se para o resto da turma.

Depois que a aula acabou, Tiago pediu licença para Lidiane, com a desculpa de que iria procurar um livro que esquecera no dormitório.

Quando chegou na estátua, Lílian já o esperava.

- Certo, Potter, como eu quero passar o menor tempo possível com você, vou ser rápida. Preciso da sua ajuda.

- Para...?

- Para que todos nós façamos as pazes novamente. Não estou mais aguentando essa situação ridícula!

- E o que você pretende fazer, esperta?

- Bem, eu pensei em mandarmos corujas...

- Cortujas? E como isso ajudaria?

- Por exemplo: A gente escreve uma carta dizendo que uma é do Sirius para Lidiane, e mandamos a coruja do Sirius entregar e marcamos um encontro entre eles tal hora em tal lugar. Fazemos isso com todo mundo, sempre escrevendo as mesmas coisas, e no fim, poderemos pelo menos conversar.

- E você acha que isso vai dar certo, Evans?

- Não sei, Potter, por isso eu quero tentar!

- E quando você pretende fazer isso?

- Bem, hoje já é Sexta, vamos marcar para amanhã a tarde, perto das estufas. Depois do almoço... O que acha?

- Por mim, tudo bem.

- Ótimo. Com a Alice e o Pedro será mais fácil. Eu combino com ela e você com ele, sem precisar de cartas.

- Você falsifica as cartas das meninas e eu a dos meninos, ok?

- Tudo bem, Potter, agora vamos ao almoço!

O plano ocorreu do jeito esperado. Assim que todas as aulas acabaram, Tiago e Lílian foram ao corujal, prenderam as cartas nas patas das corujas de seus respectivos donos e as mandaram entregar. Aparentemente, ninguém fez perguntas.

As conversas no Salão Comunal ocorreram normalmente, e depois todos foram dormir.

Lílian levantou na hora do almoço no Sábado, pois ficara até tarde estudando para os exames que seriam na próxima semana, e, logo depois as férias.

Não queria nem pensar no 7º ano, porque as coisas andavam difíceis nos últimos tempos. Dumbledore a cada dia aparecia com uma cara mais preocupada do que a do dia anterior, e os alunos não podiam sequer cogitar a hipótese de sairem do Castelo à noite.

O que aconteceria quando saísse do Castelo? Como viveria lá fora? As vezes tinha um pouco de medo...

- Depois você pensa nisso, Lily! Vá se arrumar e ir para o almoço, porque você já está bem atrasada. – ela disse para si mesma após um longo bocejo.

Se arrumou correndo e seguiu rumo ao Salão Principal, onde todos já comiam. Seu grupo continuava com as conversas em duplas, ignorando uns aos outros.

Sentou-se ao lado de Sirius e comeu em silêncio, pensando no que estava para acontecer daqui a alguns minutos. Ninguém fizera nenhum comentário um com outro, e, aparentemente, tudo estava dando certo. Potter falsificara com perfeição as letras dos amigos e ela também. Anos de amizade a fizera saber copiar a letra de todas.

Alice e Pedro acharam a idéia interessante, porque os dois não sabiam mais o que fazer, e ficavam sem graça, pois não tinham lado para ficar e não gostavam de ver os amigos brigados.

Ela até achou engraçado, porque achara Pedro até um pouco mais confiante do que nas outras vezes que conversara com ele, e ele não parecia mais tão medroso como antigamente. Parecia que o garoto havia crescido mesmo.

Perdida em seus devaneios, não percebera Potter fazendo sinais sutis para lhe chamar a atenção, e só se lembrou da existência do garoto quando sentiu um forte chute na canela.

- AI! – ela gritou e logo colocou a mão na boca, sem graça.

- O que foi, Lily? – Alice perguntou.

- Nada, nada... Besteira... – ela deu um sorriso amarelo e logo depois olhou feio para Tiago.

Ele a olhava de soslaio, e, lhe lançando um olhar de"Está na hora" se levantou e saiu do salão. Ela esperou alguns minutos e fez o mesmo.

- Certo... – Potter falou, já perto das estufas – E agora, o que fazemos?

- Esperamos... – ela deu de ombros.

- Ótimo... E se eles não vierem?

- Virão! – ela deu de ombros e enconstou na porta da estufa. Tiago se encostou do seu lado, os braços cruzados e uma das pernas apoiada na parede.

Quem passasse ali acharia uma cena bonita para um quadro. Eles formavam um casal muito bonito.

- Lidi está vindo... – Tiago falou, de repente, olhando pra frente.

- Sirius também... – ela olhava para a sua direita.

Os amigos foram chegando, todos praticamente ao mesmo tempo, olhando-se interrogativamente.

- O que está acontecendo aqui, posso saber? – Remo perguntou.

- Lógico que pode: Um encontro entre amigos... – Tiago falou normalmente.

- Nem todos aqui são amigos, Tiago... – Lidiane falou secamente, olhando para Sirius e Lílian.

- É mais ou menos nesse ponto que nós queremos chegar... – Lílian falou, pouco se importando com os olhares hostis da garota.

- Pode ser mais clara? Não temos muito tempo a perder aqui! – Remo falou.

- Ah, mas terão que arranjar tempo... Porque vocês não vão sair daqui até que resolvamos nossos problemas, Aluado, nem que para isso eu tenha que lhe lançar um feitiço de pernas presas.

- Qual é, Tiago?! Pra que essa palhaçada toda? Acho que já está bem claro que o grupo se separou, beleza? OS MAROTOS NÃO EXISTEM MAIS! – Remo gritou.

- QUAL É VOCÊ, REMO?! VOCÊ SEMPRE FOI O MAIS MADURO DE NÓS, E AGORA FICA DE FOGO NO CÚ? NEM O PEDRO ESTÁ TÃO INFANTIL DESSE JEITO! NÓS SOMOS OS MAROTOS, CARA! AMIZADE ETERNA, LEMBRA-SE? NEM A MORTE NOS SEPARA! – Tiago passava a mão pelos cabelos nervosamente, enquanto todos olhavam em silêncio.

- Tiago... – Remo respirou fundo para se acalmar - O meu problema não é com você, e você sabe disso. Nós continuamos sendo amigos, mas o que o Black fez foi a maior sacanagem que alguém poderia Ter imaginado!

- Calma, Remo... – Lara acariciou o braço do namorado.

- Eu sei que eu errei... – Sirius se manifestou pela primeira vez – Mas já tentei me desculpar milhares de vezes, Remo...

- O que estava pensando, Black? Que ia fazer suas brincadeiras infantis e logo depois tudo ficaria bem? – Lidiane atacou o ex.

- Gente... se acalma... – Alice e Pedro tentavam, em vão, acalmar os ânimos.

- Cale a boca, Lidiane! – Sirius falou, irritado.

- EU NÃO VOU CALAR A BOCA MERDA NENHUMA!

- PAREM COM ISSO OS DOIS! – Lílian gritou, de repente.

Com o susto, todos ficaram estáticos e em silêncio.

- PELO AMOR DE DEUS, A QUE PONTO NÓS CHEGAMOS? QUE PAPEL MISERÁVEL É ESSE A QUAL ESTAMOS NOS PRESTANDO, PRECISANDO ARMAR ENCONTROS PARA VER SE COLOCAMOS JUÍZO NA CABEÇA DE VOCÊS? – ela suspirou, nervosa – Eu pensei que fôssemos amigos...

- E éramos... – Sirius falou, conformado – Mas as coisas mudam...

- Não mudam tanto assim, Almofadinhas... – Tiago falou, arrumando os óculos no nariz – As coisas não mudam, mas sim as pessoas.

- A que ponto nós chegamos? – Lara perguntou, mais para si mesmo do que para os amigos.

- Ah, gente, por Merlin... O que vocês queriam? Que as coisas continuassem as mesmas? – Lidiane falou – Sirius faz uma sacanagem daquelas, eu pego minha melhor amiga quase beijando o meu ex namorado e tudo continua normal?

Todos olharam surpresos para Lílian e Sirius. Então fora esse o motivo da briga.

- AH, LIDIANE, DEIXE DE SER CRIANÇA! VOCÊ TEM 16 ANOS NESSA CARA E JÁ DEVIA TER MATURIDADE O SUFICIENTE TAMBÉM, PRINCIPALMENTE POR TUDO QUE JÁ ACONTECEU COM VOCÊ! – Lílian gritava a plenos pulmões – VOCÊ TERMINOU COM O GAROTO NO MOMENTO QUE ELE MAIS PRECISAVA DE VOCÊ! E PELO QUE EU SAIBA O SIRIUS NUNCA TE DEIXOU NA MÃO DESSE JEITO! QUANDO SUA FAMÍLIA MORREU ELE FICOU O TEMPO INTEIRO DO SEU LADO, CUIDOU DE VOCÊ, E NA SUA VEZ DE PODER AJUDÁ-LO VOCÊ LHE VIROU AS COSTAS!

- E COMO A AMIGA PRESTATIVA QUE VOCÊ É, FEZ ISSO NO MEU LUGAR, NÃO É?!

- AH, LIDIANE, LARGA DE SER CRIANÇA!

- SERÁ QUE VOCÊS PODERIAM PARAR DE DISCUTIR? – Tiago gritou, de repente – CALEM A BOCA, PELO AMOR DE DEUS!

E, por incrível, que pareça, elas ficaram em silêncio.

- Lara tem razão, a que ponto nós chegamos? Nós viemos aqui para fazermos as pazes, não para ficarmos gritando um com o outro.

- Mas... – Remo começou, mas Tiago o interrompeu antes.

- A Evans tem razão, estamos agindo feito crianças. Nós devíamos Ter maturidade suficiente para saber enfrentar as dificuldades. Nós somos amigos, e uma amizade não acaba de um dia para o outro. Qual é, gente?! Nós só temos mais uma semana de aula, depois disso virá o 7º ano e logo depois a maior idade, a vida lá fora, fora dos muros de Hogwarts, onde o mundo não é maravilhoso e existem perigos inimagináveis. Nesses momentos nós deveríamos estar unidos, amigos... Não arrumando escândalos de uma hora para a outra. O que custa perdoarmos uns aos outros?? Todos cometem erros na vida, principlamente aos 16 anos!

Lílian olhava para Tiago estupefata. Aquele com certeza não era o Potter que ela conhecia, não o Potter arrogante, metido, com a cabeça cheia de titica que só se importa consigo mesmo e nos feitiços que usa para azarar as pessoas nos corredores. Era um Potter maduro, que entendia das coisas e não estava a fim de fazer brincadeiras.

- Gente... Eu nunca pensei que iria dizer isso, mas eu concordo com o Potter. Nós somos amigos, merda! Uma família. Convivemos juntos mais do que com os nossos próprios pais, nos ajudamos sempre que um precisa do outro... Meninos, olhem para vocês! Vocês são os Marotos, poxa! O grupo mais famoso de Hogwarts, conhecidos pela amizade inabalável. Lembrem tudo que vocês já fizeram juntos, todas as brincadeiras, as vezes que bolinaram as regras do Castelo apenas pelo prazer de quebrá-las. Remo, pensem em tudo que vocês fizeram juntos... Pense nos perigos que os meninos correram para que você não ficasse sozinho nas noites de lua cheia. O quanto vocês quatro precisaram estudar para entenderem tudo sobre animagia, para poderem ficar juntos a noite em Hogsmeade. Porque acabar com tudo isso agora? Logo agora que tem um bruxo das trevas lá fora, apavorando tudo e todos, deixando alunos como nós com medo do futuro... Será que vale a pena esquecer tudo isso?

Todos pareceram pensar nas palavras de Tiago e Lílian. Eles tinham razão...

- Galera, – Tiago começou novamente – escutem a gente. Nos não estamos aqui de bobeira, falando essas coisas de zoação. Porra, a gente se ama! Eu nunca me imaginei vivendo sem vocês. Até mesmo você, Evans... Acho que não conseguiria viver sem você, porque é a única garota que consegue Ter respostas a altura dos meus comentários! – ele falou com seus olhos crispando e ela não conseguiu evitar um sorriso divertido – Lidi, você e Lílian são melhores amigas, tudo que passaram desde que se conheceram foram juntas. Eu tenho certeza de que você não deixou ela se explicar sobre o que foi visto entre ela e o Sirius. E mesmo que eles estivesses quase se beijando, você está cansada de saber que é de você que o Sirius gosta... O cara quase morreu quando você terminou com ele, e é uma palhaçada você ficar ignorando-o! Vocês vão deixar morrer todos os bons momentos que passamos juntos desde os 11 anos? Será que vale a pena perder as alegrias de toda uma vida, por uma brincadeira, por um único erro? Essa brincadeira de Sirius só serviu para nos mostrar que nós não tínhamos uma amizade tão inabalável assim! Qual é, gente?!

- Amor, eles têm razão... – Lara falou para Remo.

- Eu concordo com tudo... – Sirius suspirou.

- É... bem... – Pedro começou, um pouco tímido. Não gostava de expressar suas opiniões em público – Eles têm mesmo toda a razão... Quer dizer... Somos amigos, não somos? Vamos estar sempre juntos, certo? Para que perder essa amizade toda? Vamos estar juntos em qualquer momento... Vamos parar de brigar... Eu e Alice não sabemos mais o que fazer. É ruim Ter que ficar escutanso seus melhores amigos falando mal um do outro, sem poder fazer nada.

- Bom... – Remo começou – Acho que eu só tenho uma coisa a fazer... – e, meio exitante, foi em direção a Sirius e falou, com um grande sorriso – Da cá um abraço, Almofadinhas, amigão!

Sirius o olhou surpreso, mas logo depois deu o mesmo sorriso e o abraçou forte.

- Bem, acho que se Remo perdoou Sirius, ninguém mais aqui tem o direito de julgá-lo, não é mesmo? – Alice falou, sorrindo.

- Lily... – Lidiane chamou a amiga – Acho que eu te devo desculpas, não é?

- É... Acho que sim... – a ruiva sorriu.

- Bem, e então?

- Ah, cala a boca e me dá um abraço! – ela sorriu e abraçou a amiga com força.

- E então pessoal, amigos novamente? – Tiago perguntou de repente.

- Agora e sempre! – todos gritaram.

- Acho que agora está tudo bem, não é?

- Quase tudo, Lara... Quase tudo...

Todos olharam para Tiago de sobrancelhas erguidas.

- E qual é o probelma, Potter?

- É com o Sirius. – e foi avançando em direção ao amigo – Que história é essa de você quase beijar a Evans, sabendo que eu sou a fim de sair com ela a anos?

Embora o tom de voz de Tiago fosse de irritado, havia um brilho de divertimento em seus olhos.

- O que eu posso fazer se eu sou melhor do que você, Potter?

- Você não é melhor que eu nem em bolinhas de gude, Black!

- Isso tudo é inveja?

Todos olhavam rindo para a cena, até mesmo Lílian. Na verdade, ela estava bastante surpresa com a atitude de Potter com os amigos e com todas as coisas que ele falara. Será que ele não era tão infantil quanto parecia?

- Não abuse da minha paciência, Black...

- O que você vai fazer? Me enfeitiçar?

- Não... Pior!! – e se virou para Remo e Pedro – Meninos, montinho no Almofadinhas!

Todos eles pularam em cima de Sirius, que caiu no chão soterrado pelos amigos. Os meninos se divertiam, pulando um em cima do outro, enquanto as meninas caíam na gargalhada com a cena.