Capítulo XXI – Petúnia Evans
- Lidi! – Lílian gritou ao ver a amiga parada na porta de sua casa na tarde seguinte.
- Olá! – a garota sorriu.
- Vem, entra! Deixa que eu te ajudo com as malas!
- Não precisa... – e virou-se para trás – Paulo, me ajude aqui, por favor.
- Claro, srta. – ele pegou as malas com facilidade e Lílian mostrou-lhe as escadas para que as colocasse em seu quarto.
Depois que colocou tudo, ele desceu, se despediu da morena e foi embora.
- E então? – a ruiva perguntou, enquanto as duas se sentavam na sala – Como vão as coisas?
- Ah, a mesma coisa de sempre. Ontem passei o dia com Tiago e Sirius.
- Sirius?!
- É... Sabe, acho que eu percebi que fiz besteira e vou Ter que correr atrás do prejuízo...
- Pelo menos você percebeu... Tipo, acho que foi a maior besteira o que você fez com ele. Você sabe o quanto ele gosta de você.
- Mas ele é muito imaturo!
- E você, não, né?!
Ela olhou a amiga de esguelha.
- Agora conte-me VOCÊ as suas novidades!
- Ah, nada de especial! Nem deu tempo de acontecer nada, ainda... Mal as férias começaram...
- Mas e o coraçãozinho?
- Ah, vazio como sempre...
- Sabe, Lily... As vezes eu penso que você está a procura do príncipe encantado no pônei rosa...
- Pra ser sincera, acho que eu também penso isso, as vezes... – a garota sorriu.
- Sem querer te desiludir, amiga, acho que você nunca o encontrará! Príncipes encantados não existem, nunca existiram e nunca existirão.
- Nossa! Você fala como se tivesse sofrido uma grande desilusão amorosa! Perderndo as esperanças de encontrar um príncipe... – Lílian riu.
- Eu encontrei o homem de minha vida... Mas ele está mais para sapo do que para príncipe... Paciência, ué! – Lidiane deu de ombros.
- Lílian! – elas escutaram uma voz estridente vinda da escada.
- O que foi, Petúnia? – a ruiva perguntou, impaciente e se virou para Lidiane – Minha irmã insuportável, Petúnia Evans.
- A sua coruja asquerosa resolveu fazer um tour pela casa e invadiu o meu quarto!
- Asquerosa é você, ô, idiota!
Lidiane segurou o riso, porque Petúnia estava descendo as escadas. Era uma garota alta, magrela, com um longo pescoço e curtos cabelos loiros.
- Você me respeite, sua pirralha!
- Eu sou pirralha na idade, mas a minha mentalidade e inteligência é superior a sua! Uma porta consegue ser mais inteligente do que você!
- Você só está falando essas coisas porque mamãe não está em casa e você quer aparecer para essa sua amiguinha, que é tão maluca quanto você!
- É, mais parece que os asquerosos têm te interessado muito ultimamente. Você não pára de perguntar do Sirius e do Potter desde que os viu na estação ano passado!
- Isso é mentira! Eu não me interessaria por pessoas dessa laia!
- Cuidado, hein, Petúnia. Essa daqui do meu lado é a namorada do Sirius... E o Potter é apaixonado por mim, então, acho que você não tem chances! É melhor se contentar com o Válter elefante, que é o único que te quer!
Petúnia pareceu um pouco magoada com o comentário da irmã, pelo que Lidiane constatou, mas não perdeu a pose.
- E esse Potter deve ser um grande idiota, para querer você!
- Eu acho que você se esqueceu que eu sou melhor do que você, não é mesmo, Petúnia?
- Eu não me esqueci, querida, eu nem lembrei! Ainda não consegui descobrir da onde você tirou isso.
- Da realidade, magrela! – Lílian disse e a campanhia tocou.
- Deve ser o Válter... – Petúnia disse enquanto dava um gritinho de excitação.
- É melhor a gente subir, Lidi... O porco ambulante chegou! – ela falou enquanto puxava a amiga pelas escadas.
- Grande irmã você tem... – Lidiane falou, enquanto Lílian trancava a porta do seu quarto, que era pequeno, e ao mesmo tempo confortável.
O teto era branco, e as paredes de um verde água. A cama era de viúva e o edredom era cheio de lírios desenhados. Ao lado havia uma pequena mesa de cabeceira com um telefone e um abajur. Havia uma poltrona verde encostada perto da janela e de frente para a cama havia uma cômoda com várias gavetas, onde, em cima, ficavam a televisão e a vitrola. Na outra parede tinha um guarda-roupa e logo ao lado a porta que dava para o banheiro. Do outro lado da cama havia uma escrivaninha com todos os livros de Hogwarts usados em todos os anos, pergaminhos, tinteiros e penas e uma foto de um sr. de idade, que Lidiane identificou como o pai da amiga. Nas paredes haviam varios quadros pintados pela ruiva, que tinha talento para a coisa e os pintava quando tinha muita coisa na cabeça, e um mural com fotos dos amigos de Hogwarts e de seus pais.
- Ela é insuportável! Ela me considera uma anormal por eu ser uma bruxa, mas no fundo acho que ela sente inveja...
- Inveja? – Lidiane ergueu uma sobrancelha.
- Sabe como é... Eu tenho poderes mágicos, posso fazer levitar coisas, mudar minha aparência, passo o ano todo longe da minha mãe, convivo com garotos maravilhosos, sou popular, inteligente... Ela não. Tem uma vidinha medíocre, já terminou a escola e está fazedno faculde de moda, mas duvido muito que no futuro ela vá trabalhar. Pra mim ela vai ser daquelas donas de casa que ficam tomando conta das vidas alheias enquanto fazem comida e cuidam de um filho insuportável.
- Nossa, que futuro trágico...
Lílian deu de ombros.
- Sinceramente, é o que eu acho...
- Não é um estilo de vida muito agradável... Eu sonho em ser auror, trabalhar bastante, mas também quero Ter meus filhos.
- Como deverão ser os seus filhos com o Sirius, hein?!
- No mínimo, insuportáveis! – Lidiane riu.
- Nossa! Que horror!
- Mas é verdade...
- Gostaria de saber como serão meus filhos... – Lílian suspirou.
- Depende... Quem você quer para marido?
- Boa pergunta, não sei se quero um marido...
- O que você quer, então? Ser daquelas tias solteironas que ficam cuidando dos filhos das irmãs?!
- Das irmãs, não! Não pretendo cuidar dos filhos de Petúnia, MESMO! – as duas riram.
- Como é o namorado da sua irmã?
- Em poucas palavras? Um porco! Eles se combinam, na verdade... Dois animais: um porco e uma girafa.
- Sabe, você pode ser bem maldosa as vezes...
- Maldosa não. Sincera. Você iria achar o mesmo se visse o Válter. Ele é gordo, chato, metido, e depois que Petúnia contou para ele sobre o Mundo Bruxo, ele não se atreve a chegar nem perto de mim. Imagine se descobrir que tem outra bruxa aqui... Eles acreditam que eu posso fazer mágica fora de Hogwarts, e eu também não faço muita questão de desmentir.
- Lembre-me de morrer sua amiga...
- Ah, você morrerá, não se preocupe! – ela deu de ombros – Agora o que vamos fazer?
- Ah, sei lá... Não entendo muito do mundo trouxa...
- Podemos ouvir música.
- Claro, sempre quis conhecer a música trouxa!
- Ah, é bem legal... Eu, particularmente, gosto de duas bandas: Bee Gees e Beatles. Bee Gees é a banda que canta a música que toca nesse seu cordão que o Pottero te deu: I Started a Joke. Eu tenho todos os CDs deles.
- Sério? Coloque para eu ouvir!
- Nossa, não sei como você consegue aguentar ouvir tanto essa música. Você já anda com ela por aí nesse cordão, ainda tem coragem de continuar ouvindo-a!
- Ah, mas ela é tão linda...
Sacudindo a cabeça, Lílian ligou a vitrola e colocou o LP dos Bee Gees.
- As músicas deles são lindas! – Lidiane falou – É a melhor banda trouxa!
- Como você pode saber se só conhece ela e algumas brasileiras?
- Porque eu gosto deles...
- The Beatles também é muito legal!
- Nunca ouvi... Mas as bandas brasileiras que eu conheço também são muito legais! Por falar nisso, eu trouxe os discos delas pra cá!
- Sério? Me empresta? Sempre quis conhecer as músicas brasileiras, embora eu não entenda nada.
- O Dimi me ensinou a língua portuguesa e até que eu consigo falar direitinho, mas é um tanto complicado...
- Imagino...
- Se você quiser, eu posso tentar traduzir algumas músicas dessas bandas pra você, mas não garanto nada... Meu português anda meio enferrujado, faz muito tempo que eu não vou ao Brasil...
- Ah, eu agradeceria.
- Lílian! – elas escutaram alguém gritar ao pé da escada – O almoço está pronto!
- Mamãe chegou! Vamos almoçar!
- Oba! Comida trouxa...
- Com Coca - Cola... – a amiga falou, sabendo que Lidiane amava essa bebida.
- Tiago também se apaixonou por Coca depois que ele experimentou quando foi lá em casa. Ele sempre pede para os empregados comprarem!
Conversando, elas desceram as escadas e foram para a cozinha, onde a sra. Evans, Petúnia e Válter já as esperavam.
- Até que enfim... – Válter grunhiu – Vocês deviam ser mais educadas e não demorarem!
- Ah, cala a boca, animal! – Lílian falou – Larga de ser morto de fome. Se quiser, coma em sua casa!
- Lily! – sua mãe a repreendeu, embora não gostasse do genro – Olá, Lidi!
- Oi, tia! – Lidiane sorriu, enquanto se sentava.
- Como vão as coisas lá no mundo de vocês?
- Mais uma anormal... – Válter falou, maldosamente.
Lidiane respirou fundo, pois não queria fazer algo mal educado na casa de Lílian, mas a ruiva tinha razão: aquele gordo era insuportável.
- Ah, vão indo... Mas as coisas estão começando a ficar muito feias.
- Eu fiquei sabendo sobre esse tal de Voldemort, Lily me contou. Ele parece ser bem medonho.
- Ninguém sabe como ele é de fato, mas tem bastante poder e influência. As pessoas estão começando a Ter medo do futuro no Mundo Bruxo...
A sra. Evans olhou para a garota com uma expressão penalizada e carinhosa. Lílian havia lhe contado sobre o fim que sua família tivera, e ela ficara muito triste. Lidiane era tão jovem e inteligente, e não merecia uma coisa dessas. Que Deus protegesse a pobre menina, pois parecia que ela iria sofrer muito ainda, sem os pais para poderem lhe ajudar.
- Bem, mas vamos mudar de assunto! Hora de almoço não é hora de falar de assuntos tristes. – ela falou, sorrindo, e colocou a comida na mesa.
- Tiago diz aqui que as coisas estão indo de mal a pior. – Lidiane falou para Lílian.
Já faziam algumas semanas que ela estava na casa da amiga, e nesse momento elas se encontravam no quarto fazendo os deveres das férias.
- O pai dele não pára mais em casa, e até mesmo a sua mãe está tendo que trabalhar muito... – Lidiane continuou – O Ministério está um caos e até mesmo o Profeta Diário se dirige à Voldemort como Você-Sabe-Quem!
- As pessoas são tolas... – Lílian suspirou, sentando-se na cama e puxando um travesseiro para o seu colo – Não pronunciar o nome do perigo o torna mais real.
- Elas têm medo, simplesmente, Lily... Não sabem como agir... Elas não sabem o que é o perigo, realmente. Não estão preparadas para ele até ele acontecer. – Lidiane deu de ombros.
- O que mais o Potter diz aí?
- Ah, te mandou um beijo... – ela de um sorriso debochado – Disse que o Sirius está com saudades, que as férias estão um saco, mas pelo menos ele está podendo visitar a Academia de Aurores e ver como são os treinos.
- O tempo passa e ele não consegue deixar de ser abusado... – Lílian falou.
- Ah, mas bem que você gosta de Ter alguém aos seus pés 24 horas por dia. Se ele parasse com isso, você iria estranhar!
- É... Eu tenho que admitir que é divertido...
- LÍLIAN! – Petúnia abriu a porta com um estrondo.
- Quem te deu a liberdade de entrar assim no meu quarto, sua doida varrida?
- Uma coruja acabou de invadir o meu quarto, e, ainda por cima, quando eu fui expulsá-la, ela começou a me dar bicadas na cabeça.
Lílian soltou uma gargalhada.
- Sua moral anda em baixa, Petúnia. Até mesmo uma coruja te acha insuportável...
- Oras, sua maluca! Cale a boca e tire aquele... aquele...troço do meu quarto!
- Já vai... Já vai... – ela falou, se levantando lentamente e indo para o quarto da irmã, que ficava de frente para o seu.
Quando entrou lá, encontrou uma das corujas de Hogwarts voando em círculos pelo quarto da irmã.
- Lidi, a lista de materiais chegou! – ela gritou para a amiga que ainda se encontrava no seu quarto.
- Quando iremos ao Beco Diagonal comprá-los?
- Não sei, depois pergunto para a minha mãe... – ela disse.
Depois de tirar a carta da pata da coruja e guiar a coruja para fora da casa, se virou para a irmã:
- Pronto, mala ambulante. Pode voltar pra lá que a coruja já foi embora.
Sem nenhuma outra palavra, Petúnia saiu do quarto da irmã, e, ao entrar no seu, bateu a porta com força.
