Sae- Capítulo 2

Sae acordou tateando o outro lado da cama.

- Goro? Goro, cadê você? –uma pitadinha de desespero na voz, já que "quem deve, sempre teme".

Nisso, Ooji entra no quarto com uma bandeja cheia de coisas gostosas e um ramalhete de flores.

- Hihihi-Sae-A gente vai comer na cama? Você tá maluco?

SMACK!

- Talvez...Hahaha...Você me deixa maluco, Sae.

- Hum, tá uma delícia, Ooji.

Sae ficou um tempo observando Goro comer um bolinho de arroz, pensando "Hum, ele é muito bonito mesmo".

SMACK!

- Goro, eu até gosto de você, sabia?

- Haha! Como assim? Ontem você me amava, e hoje "até gosta de mim"? Mas assim nós estamos regredindo...Haha!

Sae emudeceu ("eu e minha grande boca")

- Er... Caramba, já tá escuro! Olha a hora!Meus pais já vão chegar em casa, eu preciso de um táxi!

- Relaxa - Goro, terminando o bolinho-Eu levo a minha princesa pra casa.

E, naquele momento, as palavras 'minha princesa'não soaram tão brega como das outras vezes.

- Boa noite, Ooji. Foi tudo... Lindo!

- Boa noite, querida.

Goro, extremamente feliz, dava gargalhadas "à toa" na volta pra casa, enquanto sua amada andava de um lado para o outro no quarto.

- Eu consegui! Consegui! Eu tenho tudo que a Momo tem! E mais! Eu sou tudo oque ela queria ser! Eu posso voltar com o Toji e azucrinar a Adachi até o fim dos tempos (o rosto completamente deformado pela maldade, fogo saindo pelas ventas-Eu posso, mas por quê eu não quero)?

- Momo, corre aqui!

- Que que foi, Kairi?

- A Sae deve ter dado um pé na bunda do Toji, porque ela tá com o Goro.

- Como assim, ela tá com O Goro?

-Olha isso.

O pátio da escola estava totalmente tomado por rosas e, entre as duas pilastras principais, pendia uma faixa:

SAE, TE AMO! AGORA É PARA SEMPRE!

SEU, GORO.

-Ã ? - Momo arregala um olhão e o queixo cai até o umbigo - Como ele pode ser tão burro? Ele sabe do que ela é capaz! Mas que anta! Quer saber? Eles se merecem!

Kairi, pequenininho, com medo da fúria de Momo:

- Passou?

- Humpf! Passou.

Sae não cabia em si com aquela demonstração de amor. Aliás, aquelas, já que, toda vez que tinha um tempinho sobrando, Goro fazia questão de mimar, paparicar e encher a garota de presentes. E, desde a "grande noite", Sae começava a enxergar o rapaz com outros olhos, um pouquinho mais piedosa, tratando com mais carinho e atenção, visando tudo que ele poderia lhe oferecer.

Um dia, na escola, ela pegou uma pontinha de conversa com suas orelhas quase supersônicas:

- A Sae não gosta dele, ela só tá com o Goro porque ele é rico.

E ficou se perguntando:

- E se o Ooji fosse um pobretão? Tipo o Toji? Será que eu ficaria com ele? Quer dizer, não tem dinheiro no mundo que pague aqueles beijinhos...hihihi...E, mesmo pobre, ele continuaria lindo, e todas as garotas morreriam de inveja de mim do mesmo jeito...E ele continuaria um doce... É, dava pra superar...

Nesse momento, Sae se depara com um espelho e vê sua carinha de apaixonada.

- Ah, não...Eu estou... Amando! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOO!

Eu estou apaixonada, como, como foi acontecer? – as mãos suando e o rosto cada vez mais pálido - não...Não podia ter acontecido! - nervoso - Ele é meu escravo, que eu posso chutar a qualquer hora – desespero absoluto - Eu só queria os presentes, eu só quero acabar com a Adachi, eu só quero...o Goro.

Gígolo estava esperando na saída da escola, como de costume, mas Sae passou direto, gritando apenas "Te ligo mais tarde", sem ao menos olhar para trás.

- O que foi que eu fiz, ou não fiz, dessa vez?- Goro.

Sae, descabelada, com os olhos esbugalhados, alternando o seu lado bom (sim, ela tem um lado bom) e o ruim:

- Eu não posso...Eu posso! Eu preciso, tenho que! Não, Sae, você não pode! Não pode, não pode... Eu vou, eu...Eu consigo-esforço sobrenatural-eu vou!

Alguns quarteirões adiante, Toji corria para atender o sempre sumido celular:

- Alô? Ah, oi Kwon, não, é só pra segunda aula, sei, sei...Pera ai que tão tocando a campainha.

- Ah, você. Que que aconteceu com você? – Toji se deparava com uma Sae completamente acabada, como se tivesse sido aniquilada numa luta de sumo.

- Não te interessa, Tojigamori. Só vim devolver um negócio seu que ainda tava comigo. Até algum dia.

E foi embora.

- Menina maluca - disse, abrindo uma caixinha de sapatos bem velha - Mas que troço é esse? Ã? Não acredito!

Ding dong

- Ah, não...Deve ser o Kairi de novo - Momo- Mas será que ele nunca vai largar do meu pé?- abrindo a porta- Escuta aqui, eu achei que tinha deixado bem claro que...

Momo não conseguiu terminar de falar,e, antes de qualquer reação, Toji já estava beijando-a apaixonadamente.

- Isso é seu, Momo. Finalmente eu tô livre.

- Mas que troço é esse? Ah Meu Deus! Meu Buda e Todos os Santos! Eu sabia que ela tava te chantageando com essas fotos! E eu sofri tanto vendo vocês juntos...

-Eu só queria te proteger.

- Toji, só me diz uma coisa: como você conseguiu essas fotos e esses negativos?

- Ela devolveu.

- O quê?

- Goro, abre essa porta, sou eu. O porteiro me deixou subir porque lembrava de mim.

(abre porta)

- Finalmente! Olha o que eu trouxe: biscoitos! E dessa vez, eu que fiz...hihihi... Eu tenho um negócio pra te falar, é importante...Ooji, que que você tem?

- Sae, eu também tenho que te contar uma coisa. Nós...Nós temos que terminar. Sinto muito, mas eu conheci uma mulher incrível, e você...Você é só uma menina. A gente acaba por aqui...Mas o que você tinha pra me falar?

- Eu, eu só...-lágrimas silenciosas rolando pela face - Precisava que você soubesse o quanto eu te amo. Mas parece que isso não importa mais, afinal, eu... sou só uma menina...-sai e fecha a porta.

O comentário na escola era a Sae. Parecia que a maré de azar dela não tinha fim. Primeiro, o fora do Gígolo,e, agora, ela tinha recebido uma carta de quebra de contrato com a revista Men's Mom.

- Será que foi o Goro que pediu pra ela sair?

- Você acha? Até que seria bem feito...

Sae não ouvia. Não expressava sentimento nenhum desde o fim do namoro. Mas uma revista esquecida no refeitório a trouxe de volta à realidade:

O CASAMENTO DO ANO: O ASTRO GÍGOLO E A MILIONÁRIA AYUMI GRECCA!

- Não pode ser...Não pode!- pegando a mochila e saindo feito um foguete – Ele não vai fazer isso comigo!

Kairi, observando de rabo de olho, cutuca Momo:

- Você não tá percebendo? Momo, olha a cara dela! A "Sae ruim" voltou...E olha que eu até tava gostando dela mansinha...Que que a gente faz?

- Como assim?Eu não vou fazer nada.

- E se ela mata o cara?

- Ela não seria capaz...

Toji, se metendo na conversa:

-Ela é capaz de tudo.

E saem os três, desesperados atrás da "Pérfida".

- Olha ela lá!

Sae estava no estacionamento do grande estúdio da Men's Mom, com um estilete na mão, destroçando ferozmente os quatro pneus do conversível do Ooji. Momo, Toji e Kairi observavam escondidos a poucos metros de distância.

- Canalha! Como você pôde fazer isso comigo? Como?- rasga- Como eu pude ser tão burra?- rasga- Como?

Kairi: - Momo, faz alguma coisa!

- Não, ISSO, esse cara bem que merece.

- Cê pirou? Ela vai riscar a lataria!

A atenção do "trio- parada –dura" é desviada quando, do portão principal, saem Goro, Ayumi e um monte de fotógrafos.

- Um beijo para a capa!

- Um beijo do casal!

SMACK!- MUITO APAIXONADO!

Kairi: - Cadê a Sae? Sae?- correndo em direção aos carros estacionados- Sae! Socorro! Eu, eu preciso de ajuda!

Momo e Toji tentam desviar da imprensa, que já estava dominando o espaço depois do berro de Kairi.

- Mas que diabos foi isso?-Ayumi- é a minha sessão de fotos!

- Meu, meu carro!- Goro- Que palhaçada é essa?

Gígolo paralisa quando vê, nos braços de Kairi, uma Sae muito frágil, pálida e desacordada, com os dois pulsos sangrando. Lágrimas escorrem dos seus olhos muito tristes, enquanto ele pega em sua mãozinha gelada e sussurra em seus ouvidos:

- Me perdoa, meu amor.

Continua...