Promessas
By Carol Yui

- Mas que droga! Por que esse armário tem que ser tão alto! - Duo se esticava o máximo possível e mesmo assim não conseguia alcançar a última prateleira do armário da cozinha. - O que será aquela lata?

Desistiu e já ia pegar uma das cadeiras da mesa quando ouviu barulho na porta.

- Duo! Me ajuda aqui! Tá pesado!

O americano correu pra sala ao escutar a voz lhe chamando.

- Nossa! Mas o que você fez? Comprou o mercado inteiro? - Duo começou a ajudar, segurando o máximo de sacolas que conseguia.

- Engraçadinho! A maior parte do que eu comprei é leite, e que eu saiba o bezerro da casa é você.

Duo fez um beicinho fingindo-se de magoado ao escutar aquilo.

- Ah, mas você tinha que ter me acordado pra eu ir junto. Quando eu levantei, vi seu bilhete na mesinha dizendo que tinha ido ao mercado...

- Eu sei, mas é que eu queria ir cedo, que é mais vazio, e você tava num sono tão profundo que eu fiquei com pena de te acordar. Tá fazendo o quê?

Eles foram caminhando juntos em direção a cozinha.

- Eu aproveitei pra arrumar o armário da cozinha pra abrir espaço pro que você ia trazer. Larga tudo aí que eu já tô acabando e depois eu arrumo. - Duo voltou pra frente do armário, e se esticou de novo tentando pegar a lata, esquecendo-se que já tinha chegado a conclusão que não conseguiria alcançá-la.

Sentiu de repente o outro colando o corpo ao seu por trás, e duas mãos agarrarem-lhe a cintura.

- Huumm! Que pose mais provocante! O que você quer aí?

- Tô tentando alcançar aquela lata, mas a prateleira é muito alta. - Duo deixou-se abraçar e até inclinou-se um pouco pra trás pra ficar mais acessível. - Pega pra mim?

- Só se você disser que me ama.

- Eu amo.

- Ama muito?

- Amo muito.

- Muito muito, ou muito pouco?

- Muito muito! Pega logo, Jean!

O rapaz ruivo, quase uma cabeça mais alto que Duo, nem precisou se esticar e lhe entregou a lata.

- Você nunca cansa dessa brincadeira não? - Duo perguntou ao rapaz que lhe estendia a lata.

- Não, claro que não, por quê, você cansa?

- Não, não canso. - O americano fez um carinho no rosto do ruivo e se afastou.

- Tá tudo bem com você? - Jean notou a aparência meio desanimada do americano.

- Tá, tudo bem, acho que eu tive um pesadelo e acordei meio mal, não liga, já vai passar.

Jean ficou observando o rosto do americano enquanto falava essas palavras e suspirou, já identificando o problema. Pensou que há muito tempo Duo não tinha um dia daqueles, e se calou sabendo que nada do que falasse faria qualquer diferença.

- Relaxa um pouco, então... eu guardo as coisas, pode deixar. - O ruivo começou a retirar as compras das sacolas.

Duo viu o desânimo no rosto do amante, mas não podia fazer nada. Acordara se sentindo péssimo. Realmente tinha tido um pesadelo, só não lembrava como fora. Nunca se lembrava de seus sonhos...não mais.

Olhou pra Jean a colocar as compras em cima do balcão e se perguntou pela centésima vez provavelmente, o porquê dele estar ali. Não que agora não levassem uma vida tranqüila juntos, mas Duo realmente não entendia como ele o agüentara até chegarem aquilo.

Quatro anos... há quatro anos ele me conheceu num dia horrível! O que será que ele conseguiu enxergar em mim, ali, naquele estado deplorável em que eu me encontrava?

Quatro anos antes...

- Duo, eu sinto muito...eu vim assim que pude.Todos sentiremos a falta dele... Mas, você tem certeza de que tomou a decisão certa? É isso que você quer? Não acha melhor ficar um tempo em casa, descansando?

Une não sabia se o americano ouvira suas palavras ou mesmo se notara sua presença.

Ele voltou os olhos para ela, fazendo um visível esforço para articular as palavras.

- Eu..., sim, tenho... eu não posso ficar em casa, entende? - A voz dele começou a se alterar e a ficar um pouco mais elevada chamando atenção de Quatre, que estava na sala ao lado.

- Une, que bom que pôde vir. - Quatre cumprimentou-a e olhou pra Duo, tentando entender sobre o que estavam falando.

- Quatre, é claro que eu viria... ele era um dos nossos, não era? Eu estava tentando convencer Duo a ficar um tempo em casa... até que se sinta um pouco melhor... ele insiste em voltar ao trabalho imediatamente...mas não acho que seja a melhor saída...

- Duo, você não está falando sério, né? Voltar a trabalhar agora? Mas...

- Chega! - O americano arquejava, os olhos meio vidrados - Será que vocês não entendem?! Se eu voltar pra casa e ele não estiver... eu... eu não vou agüentar! - ele agora gritava - O que eu vou fazer? Sentar e descansar e lembrar que ele morreu? Que não vai voltar? Que me deixou sozinho? Eu vou enlouquecer! Não dá pra entender?

- Calma Duo, tudo bem... - Quatre tentava acalmar o amigo, sabia que a dor devia ser grande demais.

- Calma? Como calma? Eu tô calmo! Se você soubesse o que eu realmente queria fazer agora, não me diria que eu não estou calmo. Eu tô muito controlado! Eu queria sumir, eu queria me matar... eu queria ir junto com ele! Mas eu não vou fazer isso... eu... eu ... só não posso parar, entende? Se eu parar pra pensar, vai doer mais e aí sim eu não sei o que eu faria... Deus! Já tá doendo tanto! Eu não posso parar! Une! Eu preciso sair daqui... agora! Eu não posso voltar pra casa! Não para nossa casa! Me ajuda! Por favor, me ajuda! - Duo foi escorregando lentamente, sentindo as pernas falharem. Enterrou o rosto nas mãos e de joelhos, continuou com a voz abafada. - Alguém me ajuda! Faz parar de doer! - O que ele falava já não tinha sentido e nem notou quando mãos fortes o levantaram do chão e o levaram para o sofá da sala de Quatre, onde este enfiou-lhe um comprimido na boca e virou um copo d'água para que o engolisse. Adormeceu um pouco depois.

- Ele vai dormir algumas horas. - Quatre olhou com curiosidade para aquele rapaz que levantara Duo no colo e o levara até o sofá. Une notou que ainda não os tinha apresentado.

- Quatre - ela disse - será que era pedir demais que nos sentássemos para tomar um chá e conversarmos? Quero lhe apresentar esse amigo e explicar-lhe uma idéia que eu tive pra ajudar Duo.

Duo acordou duas horas depois. Sentia a cabeça pesada, mas já que estava acordado, tinha que se levantar...não pense... não pense...

Ouviu vozes vindas da cozinha e encaminhou-se para lá. Une, Quatre e um rapaz ruivo, alto, que nunca vira, estavam sentados a mesa conversando.

- Está melhor? - Une o vira primeiro.

- Estou. - respondeu, puxando uma cadeira e sentando-se também.

- Duo, eu quero te apresentar uma pessoa... ele também trabalha nos Preventers, mas fazendo um tipo de trabalho diferente. Duo Maxwell, este é Jean DuPlessis.

Em princípio, Duo achou ridícula a idéia de Une.

- O que? Assistência social? Mas ... o quê eu sei sobre isso? Eu não quero mudar de função!

- Duo... - Une tentou ser o máximo profissional possível, mas estava bastante abalada pelo sofrimento do americano. - Eu acho que você não entendeu bem, eu estou te dando a única saída pra que você continue trabalhando, pelo menos por agora. Não acho, aliás, tenho certeza que você não tem condições de assumir qualquer tipo de missão no momento. Se você não gostar do que lhe está sendo oferecido, sinto muito, mas vou ter que ser forçada a te colocar de licença por tempo indeterminado. Não quero que corra riscos nem que ponha em risco a vida de outros agentes. Essa minha decisão não é passível de discussão.

Duo se apavorou diante da possibilidade de dias vazios de licença, sem mais o que fazer a não ser lembrar...

- Bom, parece que eu não tenho muita opção, não é? E o que eu faria?

Foi o rapaz ruivo que respondeu a essa pergunta.

- Parece que você nunca tinha ouvido falar de nós, não é? Somos um braço dos Preventers que tem como objetivo proporcionar auxílio a qualquer vítima ou parentes de possíveis vítimas de nossas ações. E infelizmente, elas não são poucas. De uns tempos pra cá o número de grupos separatistas tem aumentado consideravelmente como vocês já devem saber e as nossas ações por conseqüência tem se tornado, digamos... mais violentas, no sentido de abafá-los. Isso nem sempre pode ser feito sem que hajam acidentes e mortes indesejadas. O meu trabalho é assistir aos familiares das pessoas que passam por essa situação. Principalmente as crianças. E estou precisando urgentemente de ajuda. São poucas as pessoas disponíveis e realmente interessadas nesse tipo de trabalho e ... - O ruivo se desconcentrou ao perceber a cor dos olhos que o fitavam, interessados no que falava. Que cor é essa? Eu nunca tinha visto olhos dessa cor...- Ahn... me desculpem, acho que me empolguei um pouco...

- Tudo bem. - Une sorriu para o rapaz - O Jean é o diretor da central de operações e ama muito o que faz. É um trabalho realmente gratificante, apesar de lidar com um bocado de sofrimento. Mas no fim, compensa. O que acha Duo? Você iria trabalhar diretamente com Jean, isso significa que teria que deixar essa cidade e trabalhar na matriz, junto ao prédio principal dos Preventers. É lá que fica concentrado a maioria do trabalho. Não era isso que queria? Sair daqui?

- Era, mas... - Duo gostou do que escutou, sempre se preocupara com essa conseqüência de seu trabalho também, só não sabia que havia algo assim funcionando nos Preventers. Se tivesse descoberto antes, era possível que ele mesmo tivesse se voluntariado pra qualquer tipo de auxílio que pudesse dar. Mas seria uma mudança tão radical em sua vida... bem, parece que a vida não está muito preocupada com o que eu quero, senão não o teria tirado de mim...- Sim... eu acho que poderia me adaptar a esse tipo de trabalho... não me parece uma má idéia.

O começo foi muito difícil. Duo mudou-se para a cidade onde funcionava a matriz dos Preventers. Jean perguntou-lhe se não gostaria de permanecer em sua casa enquanto se adaptava aos novos hábitos e até achar um apartamento para si.

O americano até pensou em recusar, mas não era do tipo solitário e um apartamento semi-mobiliado e sem ninguém com quem pudesse conversar após um dia de trabalho, não lhe pareceu muito atraente. Aceitou.

A casa do ruivo ficava num condomínio fechado, calmo e com lindos jardins. O quarto de Duo possuía portas grandes de vidro que davam para fora. Ele passava muitas horas observando as flores e plantas iluminadas pelo luar, já que dormir, ultimamente era muito difícil. Só pegava no sono em intervalos irregulares e mesmo assim era um sono irrequieto, recheado de pesadelos. Durante o dia era mais fácil não lembrar, mas a noite... sua mente o traia e ele enxergava a nave de Heero se chocando contra uma montanha num sonho, contra o oceano em outro, infinitas possibilidades de horrores que sua imaginação insistia em lhe mostrar a noite.

Jean se mostrou um excelente amigo. Calmo ao extremo, paciente e atencioso. E Duo sabia perfeitamente que não devia estar sendo uma boa companhia para ninguém. Ele nunca comentava sobre as noites agitadas de Duo. Nunca reclamava do mau-humor do americano, que havia se tornado uma constante. Duo sabia que era excelente no trabalho e que sua ajuda tinha se tornado indispensável. Mas fora dele... não conseguia se relacionar com ninguém e Jean era o único com quem conseguia conviver com um pouco mais de proximidade.

Sabia que o tempo estava passando e ele mais cedo ou mais tarde teria que sair daquela casa e procurar um canto para si. Mas a idéia de ficar completamente só ainda o perturbava, e como Jean não dava a menor mostra de querê-lo longe dali, ele ia ficando.

Continua...

Comentários da Empresária: Seguinte, esse fic tá bem INCOMPLETINHO se querem saber a verdade verdadeira (por mais q ela doa... ;.;). As condições para que tenhamos um final para esse fic são: reviews, reviews e mais reviews! Então eu estou aqui SUPLICANDO pela ajdua de todos vocês... eu qro mto mto mto saber o que vai acontecer e tenho certeza que todos aqui tb vão qrer saber.. então, por favor, colaborem com uma boa causa!

A postagem vai ser realizada dependendo do número de reviews, já que temos poucos capítulos... (eu q estou dividindo a parte que recebi)... VAMOS ENCORAJAR A BEST CAROL A TERMINAR O FIC! Obrigado pela atenção, pessoinhas!
bye