Comentários da Empresária: -ninguém vê nada além de uma caixa de papelão, que, discretamente 'anda' pela área, fugindo-
-sussurrando- mas eu tentei postar durante muitos dias e só dava erro!
ATENÇÃO LIME NESTE CAPÍTULO
Promessas
By Carol Yui
O caminho de volta foi feito num silêncio pesado. Duo disfarçava seu nervosismo prestando o máximo de atenção na estrada.
Desde que Heero saíra do depósito só haviam trocado duas frases:
- Não vai levar nada? - Duo perguntou quando viu o japonês retornando de mãos vazias.
- É muita coisa. Amanhã eu volto com a caminhonete do Trowa. Acho que ele não vai se importar de me emprestá-la por algumas horas.
- É... acho que não.
Agora, a meio caminho de casa, Duo se esforçava para não olhar na direção de seu parceiro, mesmo querendo muito saber o que se passava pela cabeça dele. Seus pensamentos foram interrompidos pela voz grave.
- Duo, por que?
- Por que, o quê?
- Por que guardou tudo aquilo, por que não doou tudo ou jogou fora? Você achava que eu tinha morrido, não? Então pra que guardar?
Duo continuou em silêncio e o japonês achou que ele não ia responder quando ouviu um suspiro e o americano começou a falar.
- Eu tentei... Eu juro que eu tentei. Eu entrei em contato com uma igreja, chequei se eles aceitavam doações, até marquei o dia de levar as coisas lá. Mas... quando eu comecei a desmontar tudo, e me dei conta de que outras pessoas iriam usar aquilo tudo... eu não sei... eu simplesmente... não consegui. - Ele parou pra tomar um pouco de fôlego e continuou. - Eu senti como se... como se estivesse jogando fora ou doando a melhor parte da minha vida e simplesmente ... não consegui. Foi isso.
Heero desviou o olhar do americano, não querendo acreditar que o que via era uma expressão de dor no rosto dele. Mas as palavras ecoaram em seu ouvido:
"..melhor parte da minha vida..." Mentira! Mentiroso!".
- Por que você não faz isso? - Duo continuou.
- Humm? Isso o que?
- Por que você não doa tudo? Dá um jeito naquilo, é tudo seu também... eu sei que é inútil guardar, então por que você não cuida disso?
Heero pensou por alguns segundos e com a voz fria de sempre, respondeu:
- Sem problemas. Amanhã mesmo eu faço isso.
Duo apertou o volante com o máximo de suas forças para disfarçar a dor que o tom gelado causou.
- Ok, sem problemas...
No dia seguinte, Duo acordou e se deu conta de que o japonês já havia saído de casa. Ciente do que ele tinha ido fazer, achou melhor passar o dia fora, resolvendo alguns detalhes da missão, para não pensar no pequeno depósito sendo esvaziado.
Quando retornou, já era noite e estava exausto. Entrou no apartamento e pela luz acesa e barulho na cozinha, notou que Heero já estava em casa.
Olhou em volta e a um canto localizou mais ou menos seis caixas empilhadas.
Era isso então? Foi isso que restou de todos aqueles anos juntos? Sentiu-se extremamente nauseado e se tivesse comido alguma coisa durante o dia, certamente agora estaria colocando tudo para fora.
Ouviu a voz vinda da cozinha.
- Fiz o jantar. Está no fogão.
Duo continuou seu caminho para o quarto.
- Não, obrigado... estou sem fome. Vou tomar um banho e dormir.
Esperou um pouco pela resposta que não veio e fechou a porta.
Mesmo exausto, não conseguia conciliar o sono. Queria dormir antes que ele viesse para o quarto, mas antes mesmo de terminar esse pensamento, ouviu a porta sendo aberta.
Heero entrou e Duo, mesmo não o enxergando, pode senti-lo se aproximar da cama. Estava virado de costas, mas sentiu o colchão afundar sob o peso do japonês.
Alguns minutos se passaram e ele notou pela respiração de Heero, que ele também ainda não tinha dormido.
- Está dormindo? - Ele murmurou.
Duo quase deu um pulo ao ouvir a voz de Heero, mas disfarçou virando-se para ele.
- Não, por que?
- Eu também não consegui.
- Não conseguiu o quê? Dormir?
- Não...não consegui doar nossas coisas... ainda está tudo lá. Só trouxe o que eu ia precisar.
Oh, Deus! Por que ele está me dizendo isso? Maxwell, não fale nenhuma besteira agora. Não faça nenhuma besteira agora!
Estavam deitados lado a lado sem se tocar em nenhuma parte do corpo. Heero continuava a ter o mesmo perfume suave de sândalo. Duo lutou contra o desejo insano de tocar aquele tórax cheio de cicatrizes.
Idiota, pensou furioso, você esperou quatro anos para reencontrá-lo, agora são novamente parceiros, deixe as coisas nesse pé.
Mas Duo notou que Heero estava imóvel, quase sem respirar! Ele está esperando que eu faça alguma coisa? Mas o quê? Depois compreendeu. Heero era, seria sempre, o mesmo. O soldado perfeito nunca cederia a nenhum tipo de impulso. Quanto a ele...
Por que você está se enganando? Esteve querendo isso desde o início. Talvez seja loucura tentar, mas...
Estendeu os braços e puxou Heero, como se só a violência pudesse aniquilar quatro anos de separação e infelicidade.
Heero deixou que ele o puxasse, mas estava tenso. Duo sentindo a relutância, a resistência, sentiu-se por instantes invadido pelo pânico. Seu idiota! Será que você estragou tudo? Depois compreendeu que não era relutância, era o antigo controle, tenso e terrível... Ouviu a respiração de Heero soltar-se num longo suspiro convulso.
- Estava pensando... qual de nós cederia primeiro. - e o japonês se deixou abraçar e estendeu as mãos para puxar o corpo do americano para o seu abraço.
O americano aproveitou a chance para deslizar a língua pelo queixo forte e seguiu em frente parando a um ponto em baixo da orelha. Heero gemeu alto e o arrepio que começou na espinha se espalhou por todos os membros.
Duo não podia acreditar. Heero Yuy. Ele estava nos braços de Heero Yuy... novamente.
Ele me quer... ele ainda me quer...Oh, Deus!
Seu coração parecia querer atravessar o peito.
Isso, Duo! Ótima hora para um ataque do coração.
Claro que não houve carinho... não houveram sequer palavras. Tudo começou num silêncio faminto. Aquilo não era uma volta, não era um retorno, Duo sabia. Era pura e simplesmente... necessidade. Necessidade de se sentirem completos novamente, nem que fosse por alguns momentos.
Heero ainda lutou contra si mesmo, não querendo ceder, mas fôra tempo demais...tempo demais sem sentir o gosto daquela boca, tão familiar e tão impossível de se resistir. Ele se perdeu naquele beijo. Algo com o que ele havia se proibido até de sonhar. Por um momento pensou como havia sobrevivido por tanto tempo sem aquilo.
O que você está fazendo Yuy? Ele não é a pessoa que você achava que conhecia. Aquele Duo Maxwell era uma invenção da sua mente, alguém que nunca existiu...
"Eu posso fugir, eu posso me esconder, mas eu nunca minto." Mentira!
Você mentiu pra mim! Mentiu quando disse que me amava!
Os pensamentos o fizeram se afastar, mas somente para ter o pescoço tomado pela boca do americano, enquanto uma das mãos entrava por baixo de sua blusa e deixava rastros de fogo por onde passava. De repente todos os pensamentos racionais fugiram de sua mente e tudo que ele sabia era que cada nervo de seu corpo estava consciente do corpo do outro. Heero o sentia em todos os lugares, até onde não estava sendo tocado.
Os movimentos do japonês foram instintivos... suas mãos começaram a acariciar Duo de leve nas costas, ao mesmo tempo que erguia a cabeça e o beijava. Começou com um beijo ávido e depois bem devagar, seus lábios desceram pelo pescoço, pelos ombros.
Duo arqueou as costas tentando um maior contato entre os corpos, roçando suas coxas nas dele e fazendo-o sentir todo desejo que havia despertado.
Logo as roupas foram descartadas e o contato de pele contra pele só fez aumentar o calor que já se fazia insuportável no quarto.
- He... Heero, agora... eu não vou agüentar... muito tempo...
Aquele era um pedido irrecusável. Heero não tinha mais lubrificante em casa... pra quê? E correu pro banheiro em busca de algo que servisse. Voltou em segundos com um creme qualquer que a antiga moradora havia deixado no armário do banheiro e espalhou-os pelos dedos, dirigindo-os à entrada do americano.
Duo gemeu e se curvou ao toque, mas sentiu que não seria capaz de agüentar ser preparado. Agarrou a mão do japonês impedindo-o de continuar.
- Não... eu quero você agora... agora!
Heero ainda conseguiu passar o creme em si mesmo, antes de tomá-lo nos braços e nele mergulhar profundamente. Ouviu Duo gritar de prazer, sentiu-lhe as pernas envolvendo-o com força e viu-o inclinar a cabeça para trás. O japonês investia impetuosamente cadenciando-se com os movimentos do outro corpo que o conduziam à agonia. Sentiu a onda de prazer crescer e consumir seu parceiro. Duo o beijava com avidez, tentando abafar seus próprios gritos de satisfação. E mesmo após o alívio continuou gemendo baixinho. Foi o que levou Heero ao êxtase. E ele explodiu num fulgor, numa nuvem de luz e prazer que o incendiou e o marcou, novamente, depois de tanto tempo.
Permaneceram assim, um sobre o outro, exaustos, até que Duo, recuperando um pouco do fôlego, girou o rosto na direção do ouvido de Heero e sussurrou as palavras que dizia e ouvia em seus sonhos.
- Eu te amo.
'Eu te amo...' Foi o que tirou Heero daquele estado de torpor em que se encontrava e deu-lhe forças para se afastar.
Antes de se dar conta do que fazia, havia agarrado o pescoço de Duo com uma das mãos e o apertava com força, encarando os olhos arregalados e surpresos do americano.
- Nunca... nunca mais me fale isso! Essas palavras saem com muita facilidade da sua boca! Não significam nada! Pra quantas pessoas você já disse isso? Quantos idiotas já acreditaram nelas?
Duo não podia acreditar que em poucos momentos seu sonho havia se tornado um pesadelo. Sentiu que as lágrimas se aproximavam e fechou os olhos, não querendo ver os azuis acima dele cheios de ódio.
As lágrimas escorreram e Heero se deu conta de que estava machucando Duo. Largou-o rapidamente, mas virou de costas, levantando-se, evitando olhar novamente para o corpo em sua cama.
Vestiu rapidamente uma calça jeans, enfiou a primeira camisa e sapatos que viu.
Duo ainda estava tonto com a falta de oxigênio, mas não ia deixar que acabassem a noite daquela forma.
- Vai aonde?
- Lugar nenhum. Durma.
- Heero, eu sei que você não...
- Cala a boca e dorme!
O que quer que dissesse agora, Duo sabia, só pioraria a situação, por isso voltou a esticar-se na cama, e em meio ao silêncio, percebeu, subitamente, que não dizer nada seria pior. Se ele o quisera, se eles fizeram amor, então ainda havia alguma chance e Duo não ia jogá-la fora. E Heero sempre fora assim... o controle acima de tudo. Estava fugindo por que não conseguira se controlar. Era-lhe muito necessário parecer não precisar de atenção. E repelia essas atenções quando mais as necessitava.
Heero já passava pela porta quando Duo compreendeu tudo isso. Levantou-se e foi atrás dele. Puxou-o pela camisa desequilibrando-o e jogando-o contra a parede do corredor, prendendo-o ali.
- Seu idiota! Aonde você pensa que vai? Fugir? Você não pode fugir! Nós estamos presos um ao outro por essa maldita missão! Você quer que eu acredite que o que aconteceu não significou nada pra você?
Heero não conseguia responder, espantado com a raiva na voz de Duo e com a força com que ele o prendia a parede. E o americano continuou:
- Tudo bem, mas significou muito para mim! Você não estava aqui dentro pra saber como eu me senti quando você sumiu. - E Duo apontou para a própria cabeça. - Você não tem o direito de me julgar! E eu não vou deixar você fingir que não aconteceu nada, agora a pouco. Você vai se sentir melhor se achar que foi só sexo? Tudo bem! Eu posso viver com isso. Se é só isso que você pode me dar, eu aceito, não vou pedir mais nada. Mas volta para aquele quarto. Agora!
O discurso deu tempo a Heero de se recuperar, e quando Duo acabou, foi a vez dele de empurrar o americano contra a parede do outro lado.
- Você está certo numa coisa. - Para sua surpresa, a voz saiu fria como sempre, apesar das batidas aceleradas do coração. - Não significou nada para mim. - E com isso largou Duo e voltou para o quarto.
No dia seguinte, Duo acordou sozinho na cama. Sabia que Heero estava em casa por que podia ouvir o barulho das teclas do laptop. 'O que você queria, Maxwell, café na cama?'
Antes de chagar a sala, já de banho tomado, respirou fundo, se preparando para enfrentar o que viesse pela frente, mas sabia que o mais provável era que tivesse que encarar a lendária frieza do soldado perfeito. E ele estava certo.
O videofone tocou no meio da manhã. Se eles haviam trocado meia-dúzia de palavras era muito e Duo começou a imaginar se precisaria usar linguagem de sinais para levar aquela missão a cabo depois do que acontecera na noite passada.
- Ei, Qat! Tudo bem?
- Bom dia, Duo. Tudo bem, obrigado. Tô ligando pra saber se vocês já tem planos pro almoço hoje. Acho que o Trowa tá um pouco cansado de ficar parado sem fazer nada e pensei que uma visita de vocês podia levantar um pouco o astral dele.
Duo sorriu ante a idéia, mas depois de olhar na direção de Heero por sobre a tela do vídeo-fone e vê-lo negando com a cabeça, sua expressão ficou séria de novo.
- Humm, Qat, acho que não vai dar... Tem muita coisa pra fazer ainda e a regata está se aproximando. Os dados ainda não pararam de chegar...
- Ah, mas esse é um dos motivos por que Trowa queria que vocês viessem. Ele andou pesquisando algumas informações sobre esse cara que tem o livro-código em casa e queria discutir algumas idéias com Yuy. E eu também queria te mostrar uma adição nova ao sistema de segurança aqui da mansão que podia te interessar.
Duo olhou novamente por cima da tela e por pouco não riu da cara do japonês que agora balançava a cabeça veementemente, aceitando o convite. Só mesmo uma conversa de "negócios" com Trowa para mudar a idéia do Soldado Perfeito tão rapidamente.
- Ok, Qat. Almoço então. Estaremos aí.
Cena do próximo capítulo:
;.; Sem Cena, favor aguardar a boa vontade da Mestre Carol Yui.
