OBS: O que estiver em aspas e itálico, será um pensamento, uma lembrança ou um sonho.
Estória: Vicious Love
"Estava frio. A neblina era espessa, estava ruim de se enxergar. O vento soprava forte, mas não havia sinal de tempestade. Os aldeões achavam que era um youkai que fazia isso. Talvez fosse, afinal, na idade feudal japonesa existiam muitos youkais, com vários tipos de poderes e aparências.
A garota corria como o vento, próxima a um vilarejo. Estava fugindo de algo. Ela não demonstrava medo, mas percebia-se que estava bem ferida. Se observasse bem, veria que ela era uma youkai. Era jovem. Em anos humanos, ela parecia ter uns nove, o que, na verdade, era pouco mais de um ano humano... youkais cães crescem diferentes dos humanos e, quando chegam a aparentar vinte e um, eles têm, na verdade, três anos humanos... possuía cabelo cacheado, azul escuro com um brilho leve de prata, passava um pouco da sua cintura. Seus olhos, azuis gelados, amedrontariam qualquer ser que prezasse por sua vida, afinal, não era por ela ser um filhote que ela não poderia ser perigosa. O problema, era que o ser que a caçava não prezava pela própria vida nem pela de outro ser, ele só queria a garota morta.
- Não chegue mais perto...! – gritou a criança, tentando atacar um inimigo que parecia ser invisível."
Ela acordou assustada. Onde estaria? Por que ela teve esse sonho novamente? Era uma lembrança que ela queria esquecer, mas que sempre vinha à mente dela, querendo ou não, acordada ou dormindo. Passaram-se duzentos anos e, ainda assim, ela se lembrava disso. Era o dia em que seus pais morreram, nas mãos de um inimigo poderoso. Também foi o dia que ela quase foi morta pelo mesmo ser que matara seus pais, e o dia que se tornara uma assassina realmente hábil.
- Eu odeio esses sonhos... até acordada consigo tê-los... dormindo, só são um pouco piores, mas não diferem muito das visões de quando estou acordada... – falou a mulher, agora, aparentando ter mais ou menos vinte e um anos.
Ela fitou alguém ao seu lado, alguém que ela não conhecia.
- Por que me salvou da morte, youkai?
- . . . – Ele não respondeu.
- Responda-me! – gritou a mulher, em tom autoritário.
- Você não acha a lua bela? – perguntou o youkai que a salvara, olhando para a lua cheia que a madrugada mostrava.
- Hã...? Não é isso que quero saber. Responda-me: Por que salvou minha vida?
- Ela simboliza a frieza e a beleza. Possui uma mudança de temperamento rápido, corresponde ao bem sobre o mau. Pelo menos é isso o que dizem sobre a lua. – disse o youkai de cabelo longo prateado, ignorando a pergunta da garota.
O rosto dela demonstrava raiva, nunca alguém a desrespeitara tanto, ignorando suas perguntas. Há quantos anos isso não acontecia...? Provavelmente uns duzentos, a última pessoa que a desrespeitara morreu nas mãos dela, enquanto ainda era uma filhotinha. Seu reinado começou assim que matara o assassino de seus pais.
Nunca mais alguém lhe desrespeitara, a não ser quando queriam lutar com ela. Só que, esse youkai, não queria lutar com ela. Ele não podia, afinal, como ela, ele era um youkai cão de classe alta e os cães machos nunca atacam as cadelas fêmeas de uma mesma classe. Em compensação, as cadelas podiam atacá-los o quanto quisessem, pois eles não revidariam, o máximo que fariam seria fugir. No reino animal é parecido: Os cães são os únicos animais que não atacam as suas fêmeas, são os únicos que não as ferem. Com os youkais é quase a mesma coisa. Mas este não era o caso. Pelo menos, não no momento.
Ela precisava fugir dele, o quanto antes, senão, estaria com graves problemas. Qual o problema? Em poucas semanas, ela entraria no 'cio'. Ele poderia ignorar muito bem esse problema, pois muitos youkais cães sabiam se controlar. Mas a questão era: esse youkai saberia se controlar? Essa era uma resposta que ela, sinceramente, não queria descobrir, pois talvez ficasse meio tarde demais...
- Eu não sei quem você é, cachorro, não sei o porquê de ter-me salvo e também não gostei nem um pouco de você. Vou embora. – disse a mulher em voz alta, se levantando.
- Faça silêncio. – disse o youkai friamente – ela está dormindo – apontou para uma criança humana, que dormia encostada a um cavalo-dragão de duas cabeças e, este, por sua vez, não se importou nem um pouco por tê-la dormindo ali.
- . . . Por que você mantém uma criança humana com você...?
- . . . – novamente, ele não respondeu.
- . . . – ela se sentou – Então, qual o seu nome?
- Pensei que você fosse embora. – disse o youkai.
- Eu estava indo, mas quero saber o porquê de você ficar com essa criança, afinal, ela parece estar sendo criada como se fosse sua filha, parece que você gosta dela. Então, acho que para você me responder isso eu tenho que fazer amizade com você...
- Você acabou de responder à sua pergunta.
- . . . Sim, mas quero saber o porquê de alguém como você, que parece odiar humanos, passou a gostar de uma criança humana...
- Como sabe que odeio humanos?
- É fácil deduzir isso pela roupa que veste, pela classe que aparenta ser, e pelo jeito em que olha para tudo e todos. – disse, com um olhar de tédio.
- . . .
- Acho que você não é muito de falar, não?
- . . .
- Até quando pretende me ignorar...?
- . . .
- . . . – Apareceu uma gota enorme na cabeça dela. Com certeza, ela tinha sido salva por um príncipe youkai que se achava o todo-poderoso, acima de tudo e todos para conversar mais do que algumas poucas palavras com alguém.
- Pensei que você fosse reclamar por eu falar pouco. – disse ele, que estava... sorrindo?
- Eu ia...
Ele sorriu, novamente.
- Você não irá me dizer seu nome, youkai? – perguntou a mulher observando-o bem dentro de seus olhos dourados frios.
- Sou o Lorde das Terras do Oeste do Japão, Sesshoumaru, um príncipe.
- . . . "Que ele é um príncipe, é óbvio!" – Pensou.
- E qual o seu nome? – perguntou Sesshoumaru.
- Hanayuki, mas muitos me chamam apenas de Hanay...
- E qual a sua posição? Você parece ser de uma classe alta, mas o que você faz? – Desta vez, Sesshoumaru era quem a fuzilava nos olhos.
- Sou uma Deusa... bem, mestiça de Deusa... meu pai era um Deus Cachorro do Gelo, e minha mãe uma youkai cadela da Neve. Mas eles foram assassinados quando eu tinha nove anos.
- E você tem poderes de um Deus e de um youkai. Entendo.
- É ruim possuir poderes de Deuses e youkais, você fica perdido, às vezes.
- Como assim? – perguntou o InuTaisho.
- Com os poderes de um Deus, posso controlar magia e, com poderes de youkais, posso usar a força bruta. Nesse caso, mestiços de Deuses com youkais são mais poderosos que muitos youkais e Deuses.
- Óbvio.
- Mas, possuindo esses poderes, tenho que ser, ao mesmo tempo, uma youkai e uma Deusa. Devo ajudar os humanos e, como a maioria dos youkais, também devo ser hostil para com eles.
- E por que você não faz apenas uma dessas coisas? – perguntou o jovem Daiyoukai, um pouco confuso.
- Não posso. Assim, perco minha natureza de youkai ou de Deusa.
- . . .
- Sem contar que, há humanos que merecem receber ajuda e há humanos que merecem morrer. Gosto do que faço, e eles gostam de quando os ajudo.
- Não me pareceu isso, quando te salvei.
- Aqueles humanos e youkais que você viu no campo de batalha...
"Era uma noite bela, não fosse pela quantidade de mortos pelo chão. Há pouco, uma chacina ocorrera. Humanos e youkais contra um só ser. Uma mulher que, ainda por cima, os vencera, mas ficara ferida. Essa história seria parecida com a de Midoriko, não fosse a parte de ter humanos contra uma mulher que, diferente de Midoriko, era uma youkai.
O Daiyoukai observou a sobrevivente, que estava quase desmaiada. Ela tentou não deixar que ele se aproximasse, mas estava muito fraca. Ele a pega no colo, onde ela adormeceu rapidamente, pois não se sentiu insegura com ele."
- Continue. O que têm eles? – perguntou o príncipe, vendo que ela ficara quieta por alguns segundos demais.
- Bem, aqueles humanos eram de um vilarejo que não ajudei. Mas eles mereceram morrer. Eles eram assassinos. Atacavam os outros vilarejos para pegar suas guarnições. Aqueles youkais que estavam lá, me odiavam por eu ter matado parentes deles, mas eles quem me atacaram primeiro.
- Pensei que Deuses perdoassem todos.
- Já disse, não sou inteira Deusa, não preciso seguir essa ordem.
- . . . Típico dos humanos. Só pensam em viver às custas dos outros.
- Nem todos os humanos são assim... há aqueles que querem aprender e ajudar; há aqueles que tentam e não conseguem; estes merecem ajuda. Os que vivem dos outros, sem nem tentar, sem cooperar, não merecem nada, apenas a morte.
- Grande parte dos seres humanos só pensam em seu próprio bem.
- Sim mas, mesmo estes, às vezes, tentam ajudar os outros. Eles não são tão egoístas assim.
- Você está enganada. Humanos são fracos e egoístas. Sempre foram e sempre serão. Esta será a ruína deles.
- Mas pelo menos eles nunca desistem de suas metas... foi isso que observei.
- A ruína deles será alcançada quando brigarem por algo, por puro egoísmo. Irão se matar.
- Me diga, Sesshoumaru, você perdeu seu braço numa luta contra alguém para, com certeza, conseguir algo que lhe desse mais poder, não? Isso também é egoísmo puro. Nesse caso, você não é muito diferente dos humanos.
- . . . Isso não vem ao caso.
- Então, quem arrancou seu braço? Você parece ser bem forte, tenho certeza de que um ser fraco não conseguiria fazer isso com você.
- Não te interessa. – disse ele dando uma pausa e olhando a lua – Pensei que você fosse embora.
- Ah... Se você está me tocando, então, irei. – Ela se levantou e foi em direção à floresta próxima dali.
Quando amanheceu, Hanay já não estava mais com eles. Jyaken e Rin não viram nada de diferente pois, quando Sesshoumaru a salvou, eles já estavam dormindo profundamente.
- Sesshoumaru-sama! Olha só o que eu peguei! – Gritava a garota, Rin. Esta estava com um peixe enorme na mão, tinha acabado de ir pescar com o Jyaken que voltara encharcado do lago.
- Jyaken, pelo visto você deixou que a criança te desse um banho... – falou o Daiyoukai, sorrindo para a garotinha que corria em volta dele com o peixe na mão.
- Criançççça chata! – Praguejou o sapo, que ao falar isso foi pisoteado "sem querer querendo" por uma Rin.
- Jyaken, cozinhe o peixe para a Rin. – disse Sesshoumaru, calmamente.
- Ssssim, Ssssesssshoumaru-ssssama... – Comentou Jyaken, com uma marca de um pé na cara.
Cinco minutos depois...
- Jyaken! Meu peixinho tá pronto! – perguntou a menina, toda alegre.
- É claro que não! Mal comeccccccei a limpá-lo!
Mais cinco minutos se passaram...
- E agora, Jyaken! Tá pronto o peixe? – perguntou a criança, impaciente.
- Não, sssssua menina burra! Eu acabei de esssspetá-lo para sssser fritado!
E assim foi a cada cinco minutos, por durante meia hora...
Enquanto isso, na floresta onde Hanay tinha sumido, um príncipe caçava seu café da manhã.
- "Hum... O que comerei hoje...? Não estou com muita fome... talvez um boi seja o suficiente para o café." – pensou Sesshoumaru. (N/A: Lembrem-se de que o Sesshoumaru na sua verdadeira forma é muito grande, nesse caso um boi inteiro para ele seria bem pouco.)
O Daiyoukai emanou um pouco de sua energia maligna, chamando a atenção de youkais que ele matou facilmente. Apareceu, em pouco tempo, um youkai boi, um pouco maior que a vaca de três olhos do Toutousai. Sesshoumaru o arrastou, ainda vivo, para o céu, onde tomou sua verdadeira forma e engoliu o boi numa única mordida.
"- Não! – Gritou a menina, assustada – já disse para não se aproximar!
Ela corria desesperada, não tinha para onde fugir, a não ser o vilarejo. Neste havia um pequeno templo, onde ela não pensou duas vezes e entrou. Um youkai não devia entrar num templo, a não ser que este quisesse morrer, mas a criança não tinha muita escolha: Ou morria como seus pais, ou morria num templo. Mas isso não aconteceu. O templo não a feriu. Pelo contrário, ela foi protegida por ele. A alma de um monge estava naquele templo, e ele parecia proteger tanto humanos quanto youkais, pelo menos foi isso em que a garota acreditou na hora.
Ela observou o que havia no templo: um colar com uma coisa pontuda pendurada neste e algumas facas e pergaminhos sagrados, os quais, ela preferiu não chegar perto por razões óbvias. Nesse caso, sobraram as facas e o colar. Ela precisava de uma arma, mas uma faca não ia ser diferente das garras dela. Opções: Pegar o colar ou morrer.
- O que eu vou fazer com um colar? – perguntou a criança, desesperada, pois o templo tremia com a energia maligna do youkai fora desta. – Estou vendo que não tenho muita escolha... – ela toca no colar lentamente, pois estava com medo que tivesse uma magia em volta dele – AAAAAAHHHH! – Ela gritou, pois o objeto pontudo na ponta do colar se transformara num tipo de tridente metálico, com pontas nos dois lados.
- Saia daí, filhote de cachorro! – gritou seu caçador – você não pode fugir de mim! É seu destino!
- Meu destino? – Perguntou a garotinha, muito confiante – Com certeza, meu destino é vingar a morte de meus pais... – disse, fincando o tridente no coração do youkai, quase matando-o – Se meu pai não estivesse quase morrendo envenenado e se minha mãe não estivesse ferida também e nem estivesse cuidando dele e de mim, você com certeza teria morrido. Mas você jogou sujo e esperou a hora em que todos estivessem despreparados. Sabe o que papai me ensinou? Que, quando eu quiser um escravo, eu posso usar uma magia que só ele sabia fazer, uma magia que rouba a alma de youkais, mas isso só pode ocorrer enquanto ele estiver morrendo. – dito isso, ela invocou algumas palavras, onde a alma dele foi sugada para dentro de um anel que ela usava. - Agora, quando eu quiser, te chamarei e você será meu brinquedinho. Poderei te dar um novo corpo, e um novo nome.
Os humanos do vilarejo se assustaram com a capacidade da pequena youkai.
- Garota, como você tocou no colar de Namida? – Perguntou um dos aldeões, realmente assustado.
- Hã...? Por que, vocês humanos estão me perguntando isso? Vocês não podem tocar?
- Não... mal podemos entrar no templo que a alma daquele monge nos põe pra fora... como uma youkai como você conseguiu entrar lá?
- Ah... Não sei... – falou a garota, sem nada entender.
Os aldeões acharam que ela era uma boa youkai, pois foram salvos por ela e ela era a única pessoa que a alma do monge aceitava no templo por mais do que alguns meros minutos.
Com o tempo, muitos souberam dela e foram pedir ajuda a ela. Alguns humanos ela matava, dizia que eram mal-agradecidos. Muitos youkais tentaram matá-la, mas ela era quem acabava por matá-los. Assim, ela conquistou muitas terras, como todo o sul do Japão. Sim... o youkai, lorde de lá, era, na verdade, a youkai, ou, como alguns poucos humanos diziam, a Deusa."
Ela acordou de seu transe. Mesmo acordada, ela tinha essas lembranças. E por falar nas terras do Sul, ela tinha que voltar para lá, antes que um de seus subordinados fizesse alguma besteira, ou antes que Sesshoumaru descobrisse que tinha um inimigo em suas terras.
- É melhor que eu volte para lá mesmo... antes que Haru faça zona nas terras do Sul... – falou baixinho, mais como se fosse um pensamento. Ela sentiu uma presença e um cheiro já conhecidos bem a sua frente – Você! O que estás fazendo aqui?
- Eu é que pergunto, - falou Sesshoumaru – pensei que você fosse embora. Para onde você irá voltar? Quem é Haru?
- Ah... – ele devia estar ali por todo o transe. – "Essas visões estão começando a realmente atrapalhar... se ele fosse um inimigo, o que na verdade ele é, mas (aparentemente) não sabe, eu estaria com problemas. Ele não me mataria, claro, mas tentaria se casar comigo a todo custo por causa das terras..." – Uma gota enorme surgiu em sua cabeça, ele não a deixaria ir sem responder à pergunta, isso estava estampado na cara dele.
- Responda-me.
Hanayuki – foi apenas uma brincadeira em que fiz. Hana significa flor. Yuki significa neve. A idéia era ser Flor da Neve, mas acho que não deu muito certo...
InuTaisho significa General dos Cães.
Namida significa Lágrima.
O que vocês acharam? Bem... Por favor, não tentem me trucidar (ou algo assim) caso não tenham gostado da fanfic, pois só tenho catorze anos. Agradeço à Ranu.chan Satuki por me ajudar a achar um nome para essa fanfic e também aos outros que tentaram me ajudar com o nome. Agradeço a Yami and Raito por ter me ajudado na sinopse da fanfic, pois sou péssima nisso.
Por favor, contem-me se está bom ou ruim, ou se algo está confuso, pois tentarei melhorar... Obrigada. Obs: Essa fanfic se passa pouco antes da saga dos Schitinintais (os sete zumbis). Obrigada!
