Como essa fic foi feita pra Amy e este é o penúltimo capítulo dela, nada melhor que publicá-lo um dia antes da aniversariante completar seus 15 anos. Que nesse dia 7 você seja muito feliz! A você, todo carinho, paz, alegria, felicidade e uma pitada de drama e romance pra não enjoar. FELIZ ANIVERSÁRIO, AMY!


Shun adoece

Fim de outono. Como sempre a temperatura estava muito baixa e, para piorar, havia uma incessante e irritante chuva que tornava os últimos 10 dias muito tristes e melancólicos. Ikki acordou e percebeu a escuridão a sua volta. Como ainda não tinha ouvido passos, acreditou ser muito cedo para acordar e virou-se em direção ao rádio-relógio, que estava desligado. Estranhou, mas logo notou que não era só o aparelho. Estava tudo escuro! Obviamente estavam sem luz – o que não era muito raro naquela região – e agora temia ter perdido a hora!

– Era só o que me faltava... – reclamava em voz baixa.

Na cama ao lado, Shun dormia um pouco encolhido. Suas cobertas estavam muito bagunçadas e certamente o jovem sentia muito frio. Ikki sorriu de canto de boca, iluminou o display do celular e tranqüilizou-se ao perceber que havia acordado no horário de sempre. Com carinho e cuidado para não acordar o caçula, decidiu arrumar as cobertas e colocar mais uma. Não o acordaria, mesmo que isso implicasse numa falta à escola! Ao retirar as cobertas num intuito de arrumá-las, pôde constatar que o garoto estava suado, o que levou o mais velho a colocar as costas da mão na testa do outro. Para seu espanto, o garoto ardia em febre. Tentou acorda-lo, mas não obteve resposta e desesperou-se de tal forma que esqueceu de todos os seus compromissos e obrigações. Apenas Shun o importava agora e decidiu leva-lo o mais urgentemente possível ao pronto-socorro.

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– Alô!

– Você sabe que horas são?

– Sei, mas...

– Está quase uma hora atrasado, senhor Ikki. Não pense que pode abusar da boa vontade do senhor Camus só por que ele simpatizou-se contigo. Sem desculpas, venha ao escritório agora ou...

– Ou o quê? Olha, foi bom você me ligar, pois eu precisava mesmo falar com o senhor Camus. Poderia fazer a gentileza de passar a ligação a ele?

Claro! Espero que não se arrependa.

Certa de que o rapaz seria demitido, Alice repassa a ligação. Ikki nunca havia se atrasado ou mesmo faltado e por isso Camus estranhava tanto. O francês decidiu falar calmamente com ele e até acreditou que o empregado estivesse enfrentando problemas com a enchente que assolava o bairro onde o jovem morava. Para piorar, as linhas telefônicas da região estavam péssimas e eles só conseguiram contato através do celular.

– Senhor Camus?

– Bom dia Ikki. Soube da enchente no seu bairro... Você está chegando?

– Não, senhor.

– Onde está?

– No pronto-socorro. Meu irmão... Shun está com 42 graus de febre. Ainda não sei o que é, pois não fomos atendidos e não tenho com quem deixa-lo...

Ikki falava tristemente, sentado numa cadeira com o irmão no colo. Estava muito preocupado com Shun, que estava desfalecido em seu colo e com a respiração muito alterada. Não o abandonaria agora e rezava para que a sua vez chegasse logo, temendo o pior ao menino que aparentava a fragilidade de um cristal. Mal acreditou ao ver a sua senha ser chamada pelo letreiro eletrônico.

– Desculpe senhor Camus, mas tenho que desligar. Ligo assim que puder.

– Ok. – Camus põe o telefone no gancho.

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Já em casa, Ikki senta-se ao lado do irmão. Preocupa-se com o fato da febre não ceder, mas alivia-se ao constatar que a respiração do outro esteja mais controlada. Shun delirava e chamava por Hyoga e pelo irmão, balbulciando termos incompreensíveis. Com todo seu carinho, o mais velho segue todas as dicas do médico e espera o efeito dos medicamentos. Só se acalma ao ver o jovem de cabelos verdes dormir tranqüilamente depois de a febre baixar para 39 graus. Shun só acordou na manhã do dia seguinte, muito pálido e fraco.

– Que horas são?

– Shun? Você acordou... finalmente! – Ikki comemorava.

– Ai... o que... – espirra – aconteceu?

– Você pegou uma gripe. Mas logo estará bem.

– Ah... – Shun responde, tendo um pequeno ataque de tosse em seguida.

– Fiquei muito preocupado. Você esteve muito mal ontem e sua febre não cedia de forma alguma... Não se preocupe, eu cuidarei da casa e de você.

– E o seu... – outro ataque de tosse – trabalho?

– Faltei e faltarei enquanto você estiver de cama. Não fui nem à faculdade ontem, mas não se preocupe... Já conversei com Camus e expliquei tudo. Agora tome esse xarope. É expectorante!

Ikki levanta a cabeça do irmão que estava deitado na cama e o ajuda a tomar o remédio de gosto amargo. Shun faz careta ao engolir o medicamento, mas não complicaria tudo, mesmo por que queria se restabelecer o quanto antes. Eles ouvem o interfone e o mais velho se levanta.

– Já volto!

Shun concorda com a cabeça. Sente o corpo dolorido e uma fraqueza assustadora o deixando preso à cama. Sua garganta também estava inflamada e por isso tinha dificuldades para falar e engolir qualquer coisa. A tosse incessante e os espirros lhe incomodavam, mas sabia que não poderia fazer nada, a não ser tomar os medicamentos e repousar enquanto recebia cuidados do irmão.

Em alguns minutos, Ikki voltava acompanhado de Alfred, Camus e Hyoga. Shun não acreditava no que seus olhos viam e abriu o maior sorriso que conseguia naquela situação. Sentia vontade de sair correndo e abraçar o amigo, mas seus músculos não lhe obedeciam e esperou a aproximação dos visitantes.

– Shun? – o loiro corria até ele. – C-como tá?

– Acho que fui... – Shun espirra e tosse um pouco – atropelado por um rolo compressor... – Diz com a voz fraca e deformada devido à inflamação.

– Bom dia Shun. – cumprimentava Camus.

– Bom... – um ataque de espirros o impede de continuar – Bom dia.

Hyoga olha para Shun e começa a rir de forma encantadora.

– Ta rindo de mim? – pergunta Shun.

– Do s-seu e... spirro. A...até o... o... o deso-odorante do m-meu pai faz... é... faz... mais barulho qua..ando espi-irra.

Shun sorri levemente, mas é impedido de responder pelo ataque de tosse. Felizmente a febre o deixava com a face muito corada e Hyoga não pôde notar o quanto o doente havia ficado constrangido com a afirmação que havia feito. O loiro passa as mãos pelos cabelos do amigo e percebe que estavam um pouco úmidos devido ao suor causado pela febre.

– Vê? Ele não está nada bem... Não me importo se descontar essas faltas do meu salário, mas não posso deixá-lo assim. – Ikki fala baixinho ao patrão, evitando que Shun escutasse.

– Tem razão. Mas você me fez muita falta ontem... o desconto que você teria no seu salário não conseguiriam repor o prejuízo que tive e que terei a cada dia que você faltar. – respondia o chefe.

– Então estou demitido... – concluía Ikki pesarosamente.

Justo agora que ele mais precisava do dinheiro para a compra de medicamentos estava na rua. Sabia que o patrão estava certo, mas não se conformava. A vida era muito injusta! Não conseguia encarar o irmão e saber o quanto ele se culparia por tudo o que estava acontecendo. Talvez até piorasse...

– Na verdade, vim fazer outra proposta. – Camus falava de forma vaga

– Que proposta? – perguntava o curioso Ikki.

– Você está se prejudicando tanto na faculdade quanto na vida profissional ficando aqui. Estive pesando os prós e contra e cheguei à conclusão de que, para mim, seria muito mais prático e lucrativo manter Shun na minha casa do que lhe dar uma dispensa. Ainda mais nessa época do ano que a empresa entra em colapso e tudo tem que ser feito de forma ágil e prática...

– Quer levar o Shun para sua casa? Mas e o seu filho? Pode pegar a gripe também e...

– Estou ciente disso, Ikki, mas confio no bom-senso do meu filho. Garanto que ele vai se cuidar para não ficar doente, pois sabe que seria prejudicial aos dois... Pense que estando lá, Shun sempre terá alguém para cuidar dele. Tenho muitos empregados e garanto que ele seria tratado como se fosse da família. Mesmo por que eu sei que Hyoga nunca deixaria nada faltar ao amigo. Ele mudou tanto desde que conheceu Shun! Até a gaguez está diminuindo...

– Percebi. Mas tem certeza dessa decisão? Shun poderia piorar se ficasse se expondo ao vento frio...

– Sim, eu sei, e volto a perguntar: posso levar o Shun à minha casa? Você pode visitá-lo sempre que quiser...

Ikki olha os jovens na cama, Hyoga agora impedia que o amigo falasse, pois percebeu que Shun estava realmente muito fraco, mas não poderia evitar acariciar os cabelos verdes, segurar na mão gélida e delicada do doente. Era uma cena emocionante! Os dois pareciam conversar por telepatia, somente através de trocas de olhares e o mais velho dos irmãos voltou a encarar o patrão docilmente, percebendo que ele também havia se perdido em pensamentos durante a cena.

– Está bem, acredito que seja o melhor ao meu irmão. Na sua casa haverão maiores recursos e uma boa companhia...

– Ótimo! Agora será preciso arrumar as malas dele e o agasalhar bem.

Ikki acena positivamente com a cabeça e abre o armário, escolhendo as melhores e mais grossas peças de roupa do irmão. Camus se encarregou de avisar aos garotos sobre a estadia de Shun em sua casa e de imediato o doente preocupou-se com o mais velho, que ficaria sozinho, mas logo foi convencido de que seria melhor. Hyoga comemorou pelo fato de poder ficar quase 24 horas ao lado do amigo, mas prometeu deixa-lo descansar. Alguns minutos depois, antes de terminar de arrumar as malas e escolher a roupa que colocaria no caçula, Ikki ajudou o irmão a tomar dois comprimidos coloridos e um remédio líquido, colocando todos os medicamentos na mesma mochila que colocava os calçados.

Num piscar de olhos a única mala de Shun estava pronta e havia uma sacola com objetos pessoais e calçados. Ikki fechou a porta e a janela do quarto antes de começar a retirar as cobertas do irmão e ajuda-lo a trocar de roupa. Hyoga admirou-se pelo pingente que o amigo exibia em seu peito desnudo, pronto para receber uma grossa camiseta de manga comprida.

– Q-Qui... que li..indo!

– O quê ?

– O... pinge-ente.

– Ah! É a... – Shun é interrompido por um ataque de tosse – única lembrança da nossa mãe. – olhava para o pingente, que agora estava sendo encoberto pela camiseta de manga comprida.

– É? E-eu... eu... também t-tenho u..ma le... lemb lemb-brança da mi-inha m-mãe. – mostra o crucifixo que carregava no peito.

Era um belo e caro rosário. Muito bem ornamentado com pedras preciosas e todo em ouro. Shun ficou encantado pela jóia enquanto o seu irmão ajudava-o a colocar uma blusa, pois nunca havia visto algo daquele porte. Nem se comparava à jóia que carregava no pescoço... A corrente era tão fina que quase desaparecia na alva pele do mesatenista e o pingente era muito frágil, assim como estava se sentindo agora – uma boneca de porcelana pronta para quebrar caso caísse no chão!

Camus surpreendeu-se pela atitude do filho, que nunca mostrava aquele objeto a ninguém. Para o bailarino, o objeto era algo sagrado e Hyoga retirou-o do corpo, colocando nas mãos do amigo. Shun admirou a jóia e tentou recoloca-la no pescoço do loiro, mas sua fragilidade não permitiu que ele concretizasse a ação que foi completada pelo próprio dono da jóia.

Ikki fez questão de levar Shun em seus braços até o carro e depois ao quarto onde ele dormiria na casa de seu patrão. Alfred se responsabilizou por levar a bagagem do menino e Hyoga não saía de lado do amigo enquanto Camus contentava em passar despercebido por todos, apenas contemplando a seqüência de cenas tão bela e singela.

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Na primeira manhã que se sucedeu à instalação de Shun na mansão de Camus, Hyoga acordou 30 minutos mais cedo com o som do despertador de seu celular. Agradeceu pelo fato de ter facilidade de acordar com o chamado de seu mordomo pela manhã devido ao costume cultivado desde os primeiros anos de sua infância. Ainda de pijama, pegou o rosário que retirava para dormir e colocava numa escrivaninha ao lado da cama, vestiu um grosso roupão e andou sorrateiramente até o quarto do doente. Agradeceu por não encontrar uma viva alma naquela mansão cheia de empregados e entrou o mais silenciosamente possível no quarto, se aproximando do amigo ao mesmo tempo em que evitava acorda-lo.

Shun havia passado quase toda a noite em claro devido ao incômodo da gripe e o cansaço era visível em seu belo rosto. Só conseguira dormir muito tempo depois, após ser vencido pelo cansaço. Já não estava mais febril, mas as crises de espirros e tosse castigava sua mente e corpo, deixando seu corpo ainda mais dolorido do que já estava – se é que era possível –, causando-lhe desconforto para permanecer deitado ou, às vezes, até para respirar. Os medicamentos já faziam efeito, mas não poderiam curá-lo da noite para o dia e o seu estado de saúde exigia cuidados especiais e, talvez, pudesse ser considerado relativamente grave. Além dos sintomas já citados, a inflamação na garganta o deixava com dificuldades não só para falar como para comer, o que o deixava ainda mais debilitado.

Hyoga ajoelhou-se ao lado da cama do amigo, pegou seu rosário em mãos, fez o sinal da cruz, fechou os olhos e rezou silenciosamente por uma rápida recuperação do garoto à sua frente. Entregou-se de corpo e alma àquele pedido e usou toda a sua fé na esperança de que isso ajudaria o enfermo. Nada lhe cortava mais o coração do que ver Shun naquela situação, pois o lembrava da forma como perdera a mãe, agoniada e sofrendo pela dor no peito causada pelo tiro que perfurou-lhe o coração e retirou-lhe a vida. Talvez fosse dramático demais, mas a vida o tinha feito daquela forma, ignorando o bom senso e os seus sentimentos, pediu ao céu permissão para cuidar do amigo sem que isso lhe custasse a saúde, pois se caísse de cama também, ou se a situação fosse inversa – com ele doente –, acabariam se separando temporariamente e isso seria um pesadelo aos olhos do bailarino. Ficaria ali horas, dias, quanto tempo fosse necessário para que o enfermo se recuperasse, mas sabia que tinha compromissos e queria evitar embaraços ou problemas desnecessários aos dois, por isso havia posto o celular no vibratório e o programado para despertar a tempo de não ser pego em flagrante. Ao sentir o tremor do aparelho, terminou a frase que dizia, refez o sinal da cruz e desligou o despertador retornando ao quarto com tanto ou mais cuidado que tomara ao dirigir-se àquele recinto. Novamente deu sorte e pôde concluir a travessura sem causar desconfianças.

O resto da manhã seguiu normal para Hyoga, que tentava a todo custo prestar atenção às aulas e não deixar que percebessem seu nervosismo. Shun havia melhorado um pouco e, embora tivesse dificuldades para andar, ficava sentado na cama, tentando passar o tempo assistindo TV. O mesatenista sempre fora hiperativo e por isso achava torturante ficar ali, sem poder fazer nada. Enquanto o tempo parecia não passar aos olhos do doente, voava para o loiro, que nem acreditou quando ouviu o sinal da última aula.

Ao chegar em casa, Hyoga estava tão transtornado, que deixou a mochila no sofá mais próximo a correu até o quarto do amigo. Sorriu ao vê-lo sentado na cama, demonstrando o tédio por ter ficado parado. Shun até tentou cumprimenta-lo, mas estava tão rouco que sua voz mal saía. O bailarino pegou a mão do enfermo e apertou fortemente, deixando um gracioso sorriso iluminar a própria face. Tentou conversar com o outro, mas notou que isso era muito difícil ao mesatenista. Por mais que tentasse demonstrar o contrário, o enfermo tinha que fazer muito esforço para conseguir um bom tom de voz, o que aumentava suas crises de tosse. O loiro impediu o amigo de continuar se esforçando e só saía de seu lado para almoçar ou cumprir seus compromissos.

Surpreendentemente, Camus havia chamado Ikki para almoçar com eles e visitar o irmão. O empregado alivia-se ao ver que o caçula já estava mais corado e agitado que no dia anterior. Mesmo tendo dificuldades para falar, Shun conseguiu deixar o irmão mais tranqüilo a tal ponto que, se seu desempenho no trabalho pudesse ser classificado como razoável na parte da manhã, à tarde era quase possível declarar que o jovem havia sido perfeito.

Demorou 4 longos dias até Shun poder levantar da cama, mas ainda ficaria na mansão. Inexplicavelmente, Ikki havia melhorado muito o desempenho no trabalho, tanto que num determinado dia, a empresa conseguira lucrar mais de 5 vezes o valor que perdera no dia que esteve cuidando do caçula. Indicou um investimento inicialmente suspeito e pouco confiável, mas que logo revelou ser um excelente negócio, rendendo muito à empresa. Hyoga ficava ao lado do amigo todos os dias e o ajudava a tomar remédio, recuperar as aulas perdidas mesmo não estudando no mesmo colégio e continuava a rezar toda manhã.

Alfred descobrira a nova atividade do dançarino no segundo dia, mas não comentou nada e ficou feliz por não ter sido percebido. Camus agradecia a cada dia pela presença de Shun e já não tinha mais vontade de separar os dois amigos. Nunca acreditou em Deus, mas diante do milagre que estava acontecendo diante de seus olhos, começara a questionar sobre o assunto.

As coreografias de Hyoga eram cada vez mais leves e alegres, estava readquirindo sua autoconfiança e seu humor havia melhorado de forma nunca antes imaginada. Milo havia aparecido para visitar o doente e conversara com Camus por horas, o que o bailarino achava muito normal, já que ele e o pai eram muito ligados. Ikki não havia mais visitado o caçula por causa da excessiva carga de trabalho, não só do escritório como da faculdade.

Na manhã do quinto dia, Shun acordou durante a oração matinal de Hyoga, que agora agradecia pela recuperação do amigo e surpreendeu-se pelo gesto do loiro. Tentou não atrapalha-lo, mas o bailarino já notara seu despertar e se aproximava da cama. O mesatenista sentiu os membros amolecerem, o coração pular e a garganta fazer um nó. Com um sorriso nos lábios, o jovem milionário pegou na mão gelada pelo nervosismo do outro e aproximou-se até quase tocar os rostos.

– Porque faz isso? – Shun pergunta tremulamente.

Não havia rejeição por parte do rapaz pobre, mas temia aquela aproximação, aquele contado. Quanto já sonhara com Hyoga: tê-lo nos braços, cantar para ele, acariciar os cabelos delicados que pareciam ser feitos por fios de ouro. Ah, se ele soubesse! Mas era errado, era antiético e não poderia revelar. Seria tão fácil se fossem de sexo opostos, mas a vida tinha que ser tão cruel? Se o outro descobrisse, seria uma vergonha e por isso preferia evitar os toques, as aproximações!

– N-não posso m-mais... vi-iver s-sem você!

Shun estaria ouvindo direito? Hyoga estaria mesmo se declarando ou aquilo era mais um delírio? Tremeu ainda mais com a declaração, mas não conseguiu mover-se. Não sabia como reagir, o que fazer.

– Hyoga...

– Shh! N-não sei o... o que tá a..ac-acontecendo c-comigo, m-mas sei que... g-gosto mu-uito de..v-você. T-talvez... m-mais do.. do q-que de.. deveria...

– E eu... eu te amo! Desde a nossa primeira aula de ballet eu...

Hyoga sorri com aquela declaração e coloca seu dedo nos lábios do amigo, impedindo-o de completar a frase. Neste momento os dois se aproximam para um beijo tímido, o primeiro beijo de ambos! Os lábios quentes se tocam levemente e de forma inexperiente. Não sabiam o que fazer e muito menos como fazer, por isso ficaram tocando a pele um do outro, repetindo o que viam em novelas, teatro ou mesmo na rua! Sentiam que faltava algo! Mas, antes que pudessem tentar algo mais ousado, Shun é obrigado a partir a carícia e virar o rosto para o lado oposto ao do bailarino devido a uma pequena crise de tosse. Quando volta a encarar o amigo, o vê com as faces avermelhadas e sente que as dele não estão diferentes.

Os dois ficam se encarando, sem reagir. Um pequeno ataque de pânico se abate sobre Shun, que nunca imaginara beijar outro homem, ainda mais Hyoga. Sentia vontade, mas ao mesmo tempo sempre teve isso como algo impossível. Sabia que o loiro era cristão e isso era algo contra as leis da Igreja! Enquanto o mesatenista fica hirto, olhando nos olhos do outro, o bailarino o encara trêmulo, refletindo sobre o que acabara de fazer e pune-se mentalmente como se tivesse feito uma atrocidade. Talvez nem mesmo um assassinato o fizesse sentir-se tão mal como estava sentindo agora. Alfred batia na porta, discretamente e entra no quarto, impassível, como se nada estivesse acontecendo. Ele não havia visto o beijo, mas sabia que os dois não estavam se encarando como simplesmente amigos. Só ficou por ter percebido que agora virara o centro das atenções e foi muito imparcial e discreto ao quebrar o silêncio, chamando-os para o desjejum.

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No final da manhã daquele dia, Hyoga encontrava-se num dos bancos do jardim de sua casa. Ainda se punia pelo que havia acontecido no quarto de Shun e não percebeu quando Milo se aproximou.

– Bom dia, Hyoga!

– T-tio Milo!

– E aí, tudo bem?

– T-tio... – respondia com a voz embargada – eu... eu... eu me ap-paixonei!

– E fica com essa carinha? Já sei! Você está sofrendo por causa de um amor platônico. Não se desespere, pois eu sou conhecido como o rei da sedução e vou te dar grandes dicas. – pisca ao garoto.

– N-não, não é is..so! N-nós nos.. beijamos hoje...

– Ih! Levou um fora? Olha, não fique triste... acontece.

– Também não é isso! É... é... p-proibido!

– Alguém casado? Diferença de idade?

– É... É... u-um r..rap-paz... – baixa o olhar, envergonhado – Eu... eu s-sou gay!

– Ei, não fale assim! Não é porque você se apaixonou por alguém do mesmo sexo que precisa se rebaixar. Sei que está em conflito, que a sua religião abomina esse tipo de coisa, mas... pense um pouco! Reflita sobre tudo o que a Igreja diz, prega e faz. Quantas vezes ela não se contradiz?

– Muitas...

– Então... Sei que é uma situação muito delicada e que enfrentará muitos preconceitos e obstáculos, mas se você acha que o seu amor é forte o suficiente para passar por todos esses obstáculos, vá atrás e lute por ele!

Hyoga não responde, mas demonstra-se um pouco mais aliviado. Abraça Milo, que retribui o gesto com carinho e ternura de um pai. Com um sorriso nos lábios, ele continua acalmando o garoto.

– Se o problema for o seu pai, não se preocupe! Sei que ele vai aceitar. Nem que eu tenha que forçá-lo a fazer isso.

– Tio... – diz sorrindo – V-você é d-demais!

– Uma vez eu conheci um brasileiro e ele ouvia uma música de seu país. Perguntei o que ela dizia e ele a traduziu. Eu nunca esquecerei uma frase dela que me fez refletir por dias a fio: "Cuide bem do seu amor, seja quem for". Cheguei a uma conclusão importante: devemos lutar pela nossa felicidade, pelo que sentimos, independente de credo, raça, religião, sexo ou seja lá o que possa criar algum obstáculo aos dois amantes. Não tenha vergonha nem medo de amar e acredite em você mesmo!

Hyoga sorriu ainda mais. Continuou conversando com Milo e cada vez decidia-se por assumir o que realmente sentia. Tinha que conversar com Shun, mesmo sabendo que isso poderia resultar numa separação definitiva! Seria uma conversa decisiva, mas se ele notasse que seu amor era recíproco, lutaria até contra o próprio pai se fosse preciso. Agora tinha o apoio do grego e sentia-se mais forte. Porém, havia mais uma pessoa envolvida nessa relação, alguém que o fazia tremer e que não sabia se teria forças para enfrentar. Seu nome? Ikki Amamiya, o irmão mais velho do seu amado.

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– Shun? Desculpe não ter vindo antes, mas não tive tempo!

– Niisan! Que saudades... Senti tanto a sua falta! – Shun chorava, abraçado ao irmão, que tinha acabado de chegar à mansão.

– Eu também senti a sua! Vejo que está bem melhor...

– Sim! – tem uma rápida crise de tosse – Eu já posso voltar pra casa, não posso?

– Você já quer voltar pra casa? Olha, eu estou me virando sozinho, não se preocupe! Sei que está sendo bem tratado aqui e você não está totalmente recuperado.

– Mas niisan, aqui não é a minha casa! – Afirmava com os olhos cheios de lágrimas. – Por favor... – agora tinha uma crise mais violenta de tosse.

– Desculpe, Shun, mas se eu o levasse pra casa, não conseguiria ficar em paz. Aqui você tem quem lhe ajudar caso precise... – enxuga as lágrimas do caçula e o encara nos olhos – Eu te conheço! Não é isso que o incomoda. Por que não se abre comigo?

Ao ouvir o pedido do irmão, Shun se desespera e chora copiosamente em seu peito. Não estava pronto para revelar seu segredo! Ikki iria repudiá-lo, odiaria Hyoga e a sua vida se transformaria no pior dos infernos. Pertencia à escória da sociedade, sentia-se o mais cruel e nefasto dos homens – se é que ele podia ser considerado um homem – e nem tinha o direito de culpar o loiro, afinal, o amigo não passava de um inocente anjo que estava caindo na lábia de um ser impuro, indigno!

Ikki não entendia aquela reação do irmão, mas sabia que havia algo muito grave por trás daquilo tudo e levou o caçula ao quarto. Camus parecia tão animado nos últimos tempos! Afinal, o que estava acontecendo ali? Um pequeno desespero se abateu sobre o moreno ao ligar os constantes elogios do patrão com a reação do caçula. Não conseguia acreditar, mas não havia outra explicação: o francês o estava seduzindo, se aproveitando do garoto!

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– Eu não entendo! Até quando você deseja continuar essa farsa?

– Meu filho, ele...

– Não bote a culpa no Hyoga! Ele está muito bem, Camus.

– Por isso mesmo. O que ele pensaria? Acorde, Milo! Ninguém aceita uma relação entre dois homens... principalmente o Hyoga. Esqueceu que assim como Natassia ele também é cristão e acredita nas leis da Igreja? Somos uns monstros aos olhos dele.

– Você já tentou conversar com o seu filho sobre o assunto? Tenho certeza que não! Sempre tem uma desculpa, sempre! E sabe por quê? Porque você não me ama!

– Milo, de onde você tirou esse absurdo?

– Primeiro foi o seu pai doente... Ele lhe pediu um neto, sua mãe exigiu um casamento e você foi atrás da Natassia. Sabia que ela não gostava de você, mas pertencia a uma das famílias mais tradicionais da Rússia e foi praticamente obrigada a se casar, pois o pai dela só pensou no seu dinheiro... Felizmente era uma boa mãe e muito simpática, por isso logo vocês fizeram amizade, mas nunca se amaram. Depois da morte do seu pai, você disse que não poderia se separar por causa da sua mãe, que ficaria muito triste e logo a desculpa passou a ser Hyoga, que precisava dos pais, de uma família pra crescer como uma criança saudável. Eu aceitei suas desculpas... até a morte de sua esposa! Você estava livre, mas havia a sociedade, havia o mundo... você nunca pensou em nós!

– Milo, cherè, entenda...

– Chega, Camus! Não quero mais ouvir suas desculpas. Eu quero amar e ser amado, independente de quem seja. Não estou cometendo nenhum crime e não aceito ser punido por não estar nos conformes... Se a sociedade é mais importante que os seus sentimentos, fique com ela e me deixe em paz!

Camus fecha os olhos e o encara como se tivesse levado um tapa na cara. Não podia perder Milo, mas não poderia assumir o romance sem sofrer com as conseqüências disso. A sociedade era hipócrita: pregava a liberdade de expressão, mas era preconceituosa em muitos pontos. O francês não pensava na sua imagem e sim na de seu filho, que seria ainda mais desprezado pelos colegas e que ficaria eternamente conhecido como "o filho do veado".

– Desculpe, mon amour! Você tem razão.

De uma forma delicada e contida, Camus toca a pele de Milo com a mesma cerimônia que um verdadeiro cavalheiro tocaria uma virgem. Não consegue encara-lo nos olhos e finge estar mais preocupado em decorar o formato do peito de seu amado. Ainda cabisbaixo, abraçou-o com a delicadeza de uma menina que abraça sua mais estimada boneca de porcelana e deitou a cabeça no ombro do grego. Quem via a cena, não imaginaria que ambos já haviam perdido as contas das noites que passaram juntos como todo casal de namorados que freqüentava os mais badalados, românticos ou famosos bares. Não era possível imaginar as noites de luxúria que secretamente tinham nos melhores e mais discretos motéis da cidade.

Com um sorriso terno, Milo acaricia os cabelos do francês ao mesmo passo que retribuía o abraço. Amava aquele homem de forma insana e o queria ao seu lado. Já tinham uma certa idade e não podiam continuar com aqueles joguetes como faziam casais de adolescentes que estavam fugindo dos pais. Mas também sabia que essa relação seria um grande escândalo e poderia complicar a vida de ambos! Respirou fundo e decidiu acalmar o namorado.

– Você também Camus! Seria um escândalo se descobrissem...

– Temo a reação de Hyoga, o assédio que esses malditos repórteres passariam a ter por ele. – finalmente encarava o grego nos olhos.

– Seria um verdadeiro pesadelo... – suspira – Mas ele tem que saber! Não quero ter que ficar me escondendo de Hyoga, fingindo algo que eu não sou. Você sabe que eu amo seu filho como se ele fosse meu, ou melhor, nosso e não posso mais mentir pra ele. Não podemos enganar nosso menino, Camus! – Milo relembra a conversa que teve com Hyoga e de forma melancólica e esperançosa, continua falando – Tenho certeza que ele não vai se opor se contássemos, mas poderia sentir-se enganado se descobrisse sozinho.

– É verdade... Hyoga é um garoto inteligente e logo perceberá tudo! Isso se esses jornais sensacionalistas não fizerem o favor de denunciar o nosso amor e persistir no tema por dias, como se tivéssemos cometido alguma atrocidade.

– Camus... – Milo sorri com a declaração. Tinha certeza de que o francês contaria tudo ao filho.

Ao ver o sorriso do amado, o francês sorri de canto de boca. Camus enlaça o pescoço de Milo com os braços, sem abraçá-lo. Parecia mais empenhado em modelar os cachos do grego, exibindo uma expressão serenamente apaixonada – o que encantava o outro, que deixava-se seduzir pelo charme do amante.

Sem nenhum tipo de cerimônia, Camus segura a cabeça de Milo com uma das mãos e enlaça a cintura com a outra, o puxando para um beijo lascivo e apaixonado. De forma experiente, eles deixam as línguas travarem uma luta, invadir cada canto do território alheio numa doce disputa que já estavam a muito acostumados. Ambos conheciam cada detalhe da boca de seu amado, mas precisavam se impor, mostrar que pertenciam um ao outro – que se completavam e formavam um único ser. Usavam todo o fôlego e energia para deixar a batalha mais acirrada, mas não puderam evitar partir o beijo em busca de ar e, enquanto se restabeleciam, Milo decidiu questionar o namorado.

– Você vai contar tudo ao Hyoga, não vai?

– Vou sim. Não se preocupe cherè!

– Quando?

– Ainda não sei, mas acho que não é o momento. Shun está aqui e...

– Ah não! Lá vem você e suas desculpas. – empurra o francês para longe de si.

– Não é desculpa! – esbraveja.

– Ah não? – pergunta de forma alterada e continua falar de forma colérica. – Você acha que sou mais um de seus empregados? Que estou à sua disposição pra ser usado e jogado fora? Está enganado! Tenho minha honra e nunca tive interesse em me tornar seu garoto de programa. Já sou adulto e sei o que quero. Se quer diversão, compre uma boneca inflável... ou melhor! Vá à esquina mais próxima e pegue seu lanchinho. Se me dá licença, vou procurar alguém que me ame e me aceite como sou. – sai correndo em direção à porta.

– Milo espere...

Não, não esperaria e nem ouviria mais uma desculpa! Camus o seduziria novamente, pois conhecia todos os pontos fracos do grego. Milo sabia que se olhasse para trás não conseguiria se conter e perdoaria o francês, mas não poderia! Tinha que impor respeito e mostrar seu valor. Cansou de ser tratado como um objeto, um brinquedo pelo outro e desta vez estava disposto a esquecê-lo. Seria difícil, mas seria impossível? 'Não! Não poderia ser!', pensava enquanto corria em prantos para fora da casa e da vida daquele que um dia foi seu grande amor.

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No quarto onde Shun estava dormindo, Ikki havia trancado a porta e olhava seriamente ao irmão. Da forma mais sutil que conseguia, perguntou:

– Foi o Camus, não foi?

– Ahn?

– Quem lhe deixou assim...

– Não! – respondeu sem exitar.

– Shun, diga a verdade. Sei que está acontecendo algo... Não vou julgá-lo. Mas eu preciso saber o que aquele monstro lhe fez.

– O senhor Camus não me fez nada. – respondia olhando nos olhos do irmão.

– Então quem foi?

Shun teve um grande ataque de tosse, mais pelo nervosismo do que pela doença. Temia revelar o que teria acontecido na manhã daquele dia, pois não imaginava a reação que o irmão teria. O pior é que não conseguiria engana-lo. Ikki era esperto e descobriria tudo mais cedo ou mais tarde. Teria que proteger o amigo!

– Não foi ninguém... Eu que fiz o que não devia... – falava de forma quase catatônica.

– E o que você fez?

– Eu... beijei o Hyoga. Não foi culpa dele e sim minha! Por favor, Ikki, não faça nada a ele, pois eu já lhe dei o pior dos castigos. Já mostrei o monstro que sou por ter feito com que ele sofresse ainda mais. Pode fazer o que quiser comigo, mas não machuque o Hyoga! Por favor... – pedia em prantos, tentando passar a veracidade de sua declaração.

– Não se preocupe. Nunca encostaria nele. – diz com um sorriso terno.

Havia chegado o momento! Ikki sabia o quanto seu irmão estava sofrendo e tinha que ser solidário, pois já havia passado por uma situação parecida. Acariciou os cabelos sedosos do caçula e calmamente declarou:

– Eu entendo a sua reação. Também já me apaixonei por um homem...

Shun ficara surpreso com a declaração. Enxugou as lágrimas e agora encarava o irmão com curiosidade. Nunca havia suspeitado! Ikki também era como ele?

– Não precisa me olhar como se eu fosse um fantasma. – sorriu – Aconteceu quando eu tinha 15 anos. Eu conheci um indiano... Era 5 anos mais velho que eu, mas era de uma beleza levemente andrógina e muito diferente. Ele conseguia ser calmo e agressivo ao mesmo tempo e tinha um sorriso encantador, embora fosse raro vê-lo sorrir... Apaixonei-me à primeira vista por aquele ser de porte divino. Foi tão mágico...

– E o que aconteceu?

– Nunca soube se este era o verdadeiro nome dele, mas todos o conheciam como Shaka. Tinha longos cabelos loiros que iam até o joelho e os olhos eram tão azuis quanto o do Hyoga. A pele branca, o olhar sério e ao mesmo tempo delicado, faziam dele uma pessoa muito especial e eu me declarei. Foi fácil assumir o encanto por aquele anjo caído... Foi a minha primeira grande declaração de amor e a primeira frustração também!

– Por quê? Ele não gostava de homens?

– Gostava... Até demais! Shaka já estava perdidamente apaixonado por um rapaz da mesma idade que ele, um homem que invejei muito e que sempre foi conhecido como Mu. Era tibetano e também era muito belo o desgraçado!... Não, não tenho raiva dele, pois era visível que o sentimento era recíproco e preferi torcer pela felicidade do meu anjo. Com o tempo, fui esquecendo dos sentimentos que nutria por ele e logo entendi que o que eu senti não era amor e sim uma paixão. Se eu tivesse corrido atrás, se tivesse conseguido separa-los para ficar com Shaka, teria destruído um verdadeiro sentimento à toa e provocado sofrimentos desnecessários.

– Ah niisan... eu não sabia! – Shun declara comovido.

– Eu nunca contei e nunca contaria, mas percebi que você está muito confuso... Se você realmente ama o Hyoga e sente que é amado, eu apóio! Sei que sentirei ciúmes ao vê-los abraçados, mas sentiria mesmo que fosse uma menina. Afinal, eu o criei desde o berço e o conheço como ninguém, mas não consigo cortar o cordão umbilical que nos une. Você sabe que, para mim, você sempre será meu irmãozinho que precisa de meu auxílio, minha proteção.

– E você é o meu niisan, o meu herói! Nunca vou esquecer tudo o que fez por mim e sempre terei orgulho em dizer que é meu irmão. Sabe, pelo que eu ouço dos meus colegas, eu não sinto a falta dos nossos pais, pois sei que você os substituiu bravamente. Sempre achei que era melhor assim... só nós dois! Eu aprendi muito ao seu lado e sei que ainda tenho muito a descobrir contigo. Nenhum pai no mundo conseguiria ser melhor professor que você. Te amo muito, niisan!

– Ah Shun, eu também te amo e quero que você seja feliz. Pode contar sempre comigo, ouviu? – Ikki diz abraçando-o.

Shun retribui o abraço e o carinho do irmão. Nunca imaginara isso do mais velho e sentiu-se mais aliviado depois de ter ouvido o depoimento do outro. Sabia que seria uma tarefa muito difícil conquistar Hyoga e que talvez esse amor acabasse se tornando platônico, mas agora que tinha o apoio de Ikki não desistiria. Lutaria pelos seus sentimentos até o fim – independente do preço a ser pago!

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Logo depois da briga com Camus, Milo entrou em sua camionete, ligou o som numa estação qualquer. Estava tocando metal pesado em uma língua estrangeira que não conseguiu identificar e ele aumentou o volume, mesmo não entendendo uma palavra da letra. Ligou o carro e partiu, cantando pneu. Pensava se não seria melhor que morresse logo, pois sofreria menos.

A música mudou para um rock inglês que falava em amor e morte. Não pôde deixar de prestar atenção à letra e pensar em Camus. Estava tão absorto em seus pensamentos que não notou quando um caminhão desgovernado veio a toda velocidade perpendicularmente em sua direção, atingindo em cheio a porta do motorista!


Oi! (Se esconde atrás de Shun) Fiz de novo. Não agüentei... Milo, perdoe-me!

Bom, este é o penúltimo capítulo. Sei que está um pouco corrido, mas a fic é curta e tem prazo. Semana que vem publico o último e mocionante capítulo. Ah Sim! to respondendo os reviews no site: thesenseiclub(ponto)blogspot(ponto)com

Deixem reviews!