Resumo: Duas vidas distintas, dois mundos diferentes. O que poderia acontecer quando um jovem rico e solitário conhece um outro muito simples e alegre? Meu primeiro Shun/Hyoga, UA. PRESENTE DE ANIVERSÁRIO para AMY!
Disclaimer: Saint Seiya não me pertencem! Apenas os personagens Alfred e Emi são de minha autoria. Este é o meu primeiro Shun x Hyoga e o primeiro UA sem prévio embasamento literário. Espero que gostem!
Presente de aniversário para Amy Lupin Black Amamiya, que fez seus 15 anos dia 7 de julho. Muitos beijos e abraços da sua amiga e irmã de coração!
Final feliz?
Ikki e Shun agora andavam pelo corredor, conversando animadamente quando ouvem barulhos de passos indicando que alguém vinha correndo na direção em que estavam. Não demora até a figura de um Hyoga trêmulo aparecer ao fundo do corredor. Foi quase mecanicamente que ele aproximou-se de Shun que ao abraçá-lo notou o quanto o amigo estava gelado, nervoso, branco! Parecia ter visto um fantasma.
– Sh-Shun...
– Hyoga!... – tentava acalma-lo – Meu deus! Está tremendo...
– O... o t-tio M-mi-iro. E-ele… ele... – Não conseguiu terminar a frase e chorou copiosamente abraçado ao amigo.
Aquela atitude havia deixado os irmãos em alerta. Pela reação de Hyoga, era fácil adivinhar o que havia acontecido: Milo morrera! Shun sentiu um grande aperto no coração, pois já estava gostando do grego e imaginava o sofrimento do amigo com tamanha perda. Tentou ser forte, mas não conseguiu segurar as lágrimas, instaurando um definitivo clima de pesar à cena.
Ikki não interferiu. Não conhecia o grego o suficiente para expressar algum tipo de sentimento ou solidariedade, mas conhecia o peso de uma perda. Tinha 10 anos quando perdera a mãe. Não tinham exatamente uma relação materna e não lembrava de ter sentido o calor de seus abraços, a carícias de suas palavras, o conforto de seu sorriso! Na verdade, já havia esquecido o rosto dela há muito tempo e mesmo assim soube o quão dolorosa é uma separação repentina, inesperada. Ajudou conduzir Hyoga até um sofá e pediu para Alfred providenciar um copo de água com açúcar enquanto Shun partilhava a tristeza e angústia do bailarino.
Demorou, mas o loiro acalmou-se. Deitou a cabeça no colo de Shun e sentiu seus fios dourados serem acariciados. Olhava dentro dos olhos verdes do amigo, conseguindo força e coragem para confessar tudo, mesmo usando um tom de velório.
– E-ele... b-bateu num c-caminhão...
Se já é difícil perder um ente querido, é ainda mais cruel quando o perdemos por um motivo inesperado! Um único segundo que é capaz de fazer com que nossas vidas girem num ângulo de 180 graus e nos toma o chão. Uma fatalidade sem volta! A morte pode ser a única coisa da qual temos certeza desde que nascemos, mas quando ela toma a vida de alguém especial em nossas vidas, nosso coração se comprime de dor, saudades e tristeza. Sempre descobrimos que não dissemos tudo o que queríamos dizer ou que ainda tínhamos alguma espécie de plano para essa pessoa.
O bailarino sentia-se inconformado com a notícia. Primeiro havia sido sua mãe agora Milo!... Quem seria a próxima pessoa que o loiro perderia? Foi depois de um longo tempo abraçado a Shun que Hyoga conseguiu continuar um pouco mais calmo, mas ainda visivelmente perturbado.
– E-ele t-tá no... ho-hospital...
Finalmente um brilho de alívio atingiu os olhos dos irmãos. Havia uma esperança! Infelizmente poderia ser ínfima pela reação do dançarino, mas não podiam desistir. Shun resolveu apoiá-lo e Ikki foi o mais cuidadoso possível ao perguntar sobre o estado de saúde do grego. Para infelicidade de todos, ninguém sabia ao certo e por isso o rapaz estava tão desesperado. Havia visto a situação lastimável que o automóvel ficara num informe na TV e já esperava o pior. Camus nem esperou saber se o estado de saúde de Milo era grave para correr ao hospital, torcendo pelo seu amado.
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Algumas horas mais tarde, Camus já estava no quarto de Milo. O grego havia sido operado na perna, não corria nenhum risco de morte e não ficaria com seqüelas, mas precisaria de cuidados especiais graças às fraturas adquiridas no acidente. O francês havia decidido esperar pacientemente pelo despertar do outro. Pegou uma revista qualquer, sentou numa poltrona de onde poderia observar qualquer movimento do amante e começou a ler. Não conseguia prestar atenção à leitura e sentia como se estivesse vendo uma revista em alguma língua desconhecida. Culpava-se pela situação de Milo, mas não poderia fazer o tempo voltar e agradecia por não ter sido pior. Já havia avisado a Ikki sobre o estado de saúde do grego, o que gerou certo alívio em todos.
Vagarosamente, os olhos do paciente começam a se abrir. Quando as orbes azuis são totalmente reveladas, elas passam a estudar o ambiente desconhecido, absorvendo o maior número de informações possíveis. Ao perceber que estava num hospital, Milo tenta, em vão, sentar-se. Uma dor alucinante o impede de continuar o movimento e faz com que solte um gemido. Lembrou-se do acidente e queria saber o seu estado de saúde. Procurou por alguma enfermeira ou algo que pudesse usar para chamar socorro e logo viu Camus charmosamente sentado, aparentemente concentrado na revista. Não queria falar com ele agora e por isso decidiu fechar novamente os olhos, esperando que o francês se enjoasse de ficar ali e saísse de seu quarto. Infelizmente, não pôde executar o plano, pois logo ouviu a inconfundível voz do empresário.
– Finalmente acordou. Você nos deu um grande susto, cherè!
– O que faz aqui? Veio conferir se eu morri? Para sua infelicidade ainda não foi dessa vez!
– Milo, não vamos discutir agora. Não é o momento...
– E quando será? – tentou novamente levantar-se, mas a dor o fez lembrar de seus ferimentos e o grego não conseguiu evitar soltar um forte gemido.
– Não se esforce! – advertia Camus, que continuou de forma carinhosa – Você quebrou duas costelas e teve mais uma trincada. Além disso, sua perna foi quebrada em 7 partes. Uma dessas lesões causou uma fratura exposta na região joelho e outra contribuiu para o rompimento dos ligamentos. Você foi operado e os médicos acreditam que não ficará com seqüelas, mas infelizmente você ficará 2 meses preso a uma cama.
– Confesse que adorou essa notícia! Ficaremos todo esse tempo afastados e não poderei ir à sua casa cobrar uma atitude. Poderá até esquecer que eu existo...
– Milo, por favor, acalme-se! – vai aproximando a mão do rosto do grego, que vira para o outro lado e faz com que o francês desista do toque – Já mandei preparar tudo para recebê-lo em minha casa... Até contratei enfermeiros. Você vai, do hospital, diretamente para lá.
– E quem disse que eu quero ir?
– Prefere ficar sozinho em casa? Ah esqueci que você tem quase um zoológico pra te ajudar...
A verdade é que Milo, por opção, morava sozinho num apartamento, onde tinha 3 pássaros, 1 gato e um aquário cheio de peixes. Todos de raça e alguns até premiados. Sempre gostou muito de animais, porém não tinha muitas opções ali. Dedicava seu carinho para cuidar daqueles animais e agora estava preocupado, pois Camus tinha razão: ele não poderia ficar sozinho lá! Suspirou ao pensar em sua situação e no que seria de seus amiguinhos, mas não demonstraria isso a ele.
– Vai te catar! Me deixa sofrer em paz...
– Não se preocupe... eles não ficarão abandonados. Seus bichinhos receberão os devidos cuidados. – falou esperando uma reação que não veio – Se me dá licença, vou sair, mas não é porque você quer e sim por causa dos meus compromissos.
Ao ouvir isso, Milo aliviou-se. No fundo já esperava que Camus não deixasse os animais desamparados, mas ouvir a declaração sentiu um enorme peso sair de suas costas. Olhou o francês com certa raiva ao ouvir a palavra compromissos. Será que ele não tinha coração? Será que o grego era realmente amado? Porque tinha que ser tão difícil conviver com aquele homem? Milo não escondeu o quão ofendido estava.
– Ah claro! Sua empresa é mais importante para você...
Camus olhou com impaciência e incredulidade. Milo o havia expulsado do quarto e agora o tratava assim? Não conseguia entender o que se passava na cabeça dele, mas preferiu deixa-lo descansar em paz e não discutir.
– Até mais, Milo! – falava de forma cansada.
– Adeus, Camus! – respondia com desdém.
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O dia passara e Shun havia decidido ficar mais algum tempo na mansão para ajudar Hyoga. Seria uma grande chance de aproximar-se de seu amado sem que o outro percebesse suas reais intenções. Sentia-se um traidor por não estar sendo sincero com o bailarino e num ímpeto de coragem, foi ao quarto dele e decidiu se abrir. Estava mentalmente preparado para ouvir um não, mas temia o desprezo do amigo. Não tinha muitas opções e deixara tudo nas mãos do destino.
– Posso falar contigo?
– Sh-Shun?
Por um momento, Hyoga achou estar enlouquecendo, mas seu corpo estremeceu diante da entrada de Shun. Algo diferente o envolvia, o perfume dele estava mais forte, mais apaixonante e envolvente. Sentiu um frio percorrer a espinha e as mãos gelarem. Por um instante, achou ter visto a sombra de um ser divino e perfeito atrás do amigo. Uma alegria nunca antes experimentada tomou conta de seu interior e nem se deu conta de quando começou a sorrir.
– Hyoga, sei que talvez nunca mais queira me ver e passe a me odiar, mas eu preciso me abrir contigo. – dizia cabisbaixo e não pôde ver o sorriso que o loiro havia lhe dado quando entrou.
Uma pontada tomou conta do coração de Hyoga. Será que Shun tinha desconfiado de seus sentimentos? Será que ele vinha lhe tirar as esperanças e falar que gostava de meninas? Será que seu pai havia falado ameaçado demitir Ikki? Culpou-se por desejar o amigo e pelo beijo que havia trocado com ele.
– N-não precisa t-temer. Eu... eu fui o c-culpado.
– Não, não foi! Eu o provoquei e estou disposto a pagar o preço pelo meu pecado. Nunca me perdoarei por tê-lo feito sofrer. Fiz tudo o que podia, lutei contra mim mesmo e não adiantou! Sou um canalha por ter lhe enganado... justo você que é tão inocente e puro quanto um anjo...
– Eu um... um... um anjo? S-sou um pe... é... pe... pervertido!
– Hyoga...
– Eu te amo! – disseram em uníssono.
Hyoga e Shun sorriram como nunca haviam sorrido antes. Beijaram-se de forma contida, novamente com pequenos selinhos. Partiram o beijo e partilharam um carinhoso e reconfortante abraço.
– T-teremos trabalho...
Shun afastou o rosto, demonstrando a expressão interrogativa que havia em sua face. Seus rostos, aos poucos se aproximaram até voltar a ficar novamente colados e Hyoga exibia um caloroso sorriso enquanto acariciava as maçãs do rosto do amado com as costas das mãos.
– S-seu irmão, meu p-pai...
– Meu niisan não será problema! Já contei tudo a ele e recebi apoio. Ele disse que tenho que me preparar para agüentar os ciúmes dele, mas se seu amor fosse recíproco, ele não iria impedir a nossa relação. – responde com um largo sorriso e entrelaça seus dedos ao dele.
– Eu tinha contado ao... t-tio Milo – disse o nome com pesar.
– Não fique assim, logo ele se recupera... Seu tio é forte e não demorará pra ficar em pé novamente. Hyoga, temos que ser fortes para ajudá-lo a superar isso tudo. Se eu já quase enlouqueci ficando 3 ou 4 dias deitado, imagina ele que ficará 2 meses...
– M-meu pai vai.. é... vai abriga-lo aqui. – diz após concordar com a cabeça.
– Se ele for tão mimado quanto eu fui, não vai querer sair tão cedo.
Hyoga responde à afirmação com um abraço forte e mais uma série de selinhos. Afasta seu corpo do de Shun e passa a admirá-lo como se o amigo fosse uma obra de arte. O mesatenista percebe e fica levemente ruborizado com o olhar do bailarino.
– Ainda temos que falar com o seu pai sobre nós.
– É...
– Se ele descobrir de outra forma, podemos nos complicar. E eu não gostaria de ter que me separar de você. Ainda temos tanto o que aprender, amar, fazer! Quero passear contigo pelo parque, ficar à beira do lago namorando, fazendo piquenique, admirar a lua cheia ao som de músicas românticas e me declarar... Ah! Tenho tantos planos, tantas declarações de amor...
– Poderíamos é... ir ao cinema.
– Adoraria! Assistiríamos um romance e comeríamos pipoca. Poderíamos até nos beijar no escurinho, sem que ninguém perceba, assim como todo casal de namorados... Vamos marcar numa quarta-feira, quando o ingresso é vendido pela metade do preço. Aliás, ta passando um filme que eu quero muito assistir, mas sem companhia é chato. É um romance com uma pitada de drama que o Ikki nunca toparia assistir, ainda mais comigo...
– Infelizmente a minha agenda está cheia na quarta, mas podemos ir sexta!
– Mas é um dos dias mais caros... – Shun fala reclama quase inconscientemente.
– Eu c-convidei.. eu pago! – Hyoga diz animado.
– Não é justo! Você sempre me dá tudo, paga as contas e eu não posso retribuir...
– Bom... F-façamos negócio! – Hyoga diz seriamente – Você s-sabe que... eu... bem... eu tenho é... dificuldade com r..redação, história e... geografia; e sei que v-você é b-bom nisso! Q-que tal ser... é... m-meu professor p-particular? O salário s-seria... ingresso de cinemas... lanches na p-praça de alimentação... e coisas d-desse tipo. F-fechado?
– Deixa eu pensar... Ok, fechado! – responde alegremente. – Já ia me esquecendo... tem mais uma coisinha que eu tenho que te ensinar. Foi meu irmão quem me deu a dica.
Sorrindo, Hyoga espera pela próxima atitude de Shun, que o beija. O mesatenista fica passando as mãos pelas costas do bailarino, causando arrepios e excitação no loiro. Timidamente, tenta um beijo mais ousado, o que assusta o dançarino.
Shun explica como Ikki o havia ensinado a beijar, mesmo sem que os irmãos tivessem tido nenhum toque. O primogênito esclarecera que um beijo não era simplesmente o toque dos lábios e sim a invasão de línguas, falou sobre o movimento que deveriam fazer e como fazer. Hyoga e o mesatenista entreabrem a boca e recebem a língua um do outro. Estranham o movimento no início, mas logo começam a relaxar. Aumentam a velocidade, os movimentos e aprendem, aos poucos, o mistério do amor. Enquanto se concentram nas carícias, não percebem a chegada de Camus ao recinto. O francês os vê em posições sensuais, trocando um beijo mais experiente e nada inocente. Hyoga o percebe ao levantar um pouco a cabeça e fica hirto.
– Hyoga, o que... – Shun olha pra trás, na mesma direção que Hyoga olhava e vê o empresário na porta.
– P-pai?
– Senhor Camus, podemos explicar!
Ao ver aquela cena, Camus entra em choque. Há tanto tempo escondia seus sentimentos do filho temendo uma rejeição, um desprezo e agora via que seu filho partilhava da mesma sina, do mesmo destino: ambos estavam apaixonados por alguém do mesmo sexo! Não sabia se ria, chorava...
Os rapazes temiam a reação dele, ainda mais pelo estado catatônico em que o francês se encontrava. Continuaram na tentativa de justificar seus atos, demonstrar seus sentimentos e tentar amenizar ao máximo a pena que teriam. Não imaginavam que era em vão, que não podiam ser vistos ou ouvidos pelo homem que agora tombava diante deles. Shun e Hyoga conseguiram impedir o baque do francês contra o chão e o depositaram inconsciente na cama do loiro.
O mesatenista correra atrás de ajuda enquanto o bailarino ficou ao lado do pai. Camus logo voltou a si e Hyoga não soube como reagir. Ao mesmo tempo que estava feliz com o despertar de seu genitor, sentia-se envergonhado por ter sido pego em flagrante durante a troca de beijos com Shun.
– Shun f-foi... é... b-busc-car ajuuda... – informava o garoto, sem conseguir encarar o outro nos olhos.
– Não se preocupe, estou bem. Foi só o susto!... Filho, precisamos conversar!
Camus sentou-se na cama conduzindo seu filho a fazer o mesmo e encara-lo nos olhos. Sentiu o garoto trêmulo e lembrou da própria reação e medo que sentia de ser descoberto pelo pai quando beijava Milo. Não era um assunto fácil, mas sabia o que o filho estava sentindo, pelo que estava passando e começou a narrar sua relação com Milo desde a mais tenra infância, quando tudo não passava de uma grande amizade. O empresário confessou seu amor pelo grego e explicou os motivos que o levaram a casar-se.
Shun chegou com Alfred no meio da narrativa e deram meia-volta sem ser percebidos. Hyoga ficou um pouco assustado e sentia pena da mãe, mas depois de muita conversa conseguiu entender que Natassia nunca foi traída e admirou ainda mais o homem que estava a sua frente. Graças à amizade que sempre nutriram, pai e filho tiveram uma conversa descontraída e conseguiram revelar seus sentimentos, suas emoções, suas reações! Ao findar da história de amor do pai, o bailarino começou a falar do que sentia pelo mesatenista e tudo o que havia acontecido nos últimos tempos.
– Estou muito feliz por você, filho, mas tem certeza que é isso que quer?
– Tenho!
– Sabe que a sociedade é hipócrita e terão que enfrentar muito preconceito, muitas barreiras durante essa união?
Hyoga respondeu com afirmativamente com um aceno de cabeça.
– Se o amor é sincero, só posso desejar sua felicidade e invejar sua coragem. Shun sempre foi muito bem vindo a esta casa e agora não será diferente, mas prepare-se! Pois além do preconceito pelo fato de serem dois rapazes, vocês terão que enfrentar o desafio do enorme precipício que há entre vocês com relação à diferença social...
– Já p-percebi... Ele é.. é... orgulhoso e... n-não gosta que eu p-pague tudo!...
– Apesar do fato de não ser tão pobre quanto o Shun, Milo também era assim. Com o tempo, vocês vão aprendendo a conviver com isso e aprenderão muito um com o outro. Se o amor não resistir a todos os obstáculos, não se desespere, pois isso significa que tudo não passou de uma atração, uma paixão. Levante a cabeça e continue em frente, pois você verá que logo achará alguém que o amará e o aceitará como você é. – sorri e abre os braços – Qualquer coisa, não esqueça que você tem um pai que te ama e sempre estará de braços abertos para ouvi-lo e ajudá-lo.
– Eu também te amo, papai!
Os dois se abraçam fortemente e continuam conversando como amigos. Hyoga aconselha o pai a procurar Milo e se acertar com ele, mas o empresário mostra-se inseguro para tomar uma atitude e o bailarino promete a si mesmo que iria ajudá-los. Nunca pensou sentir-se tão feliz ao ouvir uma declaração de amor do pai por outra pessoa que não fosse Natassia, mas agora torcia pela união dos dois e faria o impossível para que isso se concretizasse.
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– Bom dia, t-tudo... bem?
– Bom dia Hyoga! Fora o fato de não conseguir respirar direito de tanta dor, estou bem sim. Fique à vontade.
– Tio Milo... p-preciso conversar com... com você!
– Pode falar. To precisando me distrair mesmo...
– Papai c-contou tudo... Eu... eu sei s-sobre vocês.
– Quê? Camus contou tudo? – perguntava assustado, quase se levantando no impulso e se contorcendo de dor no mesmo segundo.
– C-calma... – Hyoga se desesperava com a situação do grego.
– Tudo bem, já me acostumei com a dor... – dizia entre gemidos – Conte-me tudo!
Hyoga respirou fundo e contou toda a conversa que havia tido com o pai no dia anterior. Falou sobre as declarações de amor que este havia feito ao grego e convenceu-lhe de que o pai só não fora procurar-lhe por causa da sua insegurança. Milo mostrou-se muito feliz com o que ouvia e mesmo com a alucinante dor que sentia em seu tronco devido às lesões nas costelas, chorava de emoção ao perceber o quanto era amado. Quase desmaiou quando uma forte pontada pareceu atravessar seu pulmão, mas conseguiu acalmar-se com a ajuda do jovem.
– Só tem um p-problema... – Hyoga comentava ao perceber que Milo já estava devidamente restabelecido.
– Qual?
– Eu não p-poderei mais ch-chamá-lo de... tio.
– Se me chamar de mãe eu te bato!
– Já sei! Você v-vai ser... é... meu padrasto. Que t-tal?
– Posso pensar a respeito. – sorri. – E o seu coraçãozinho, como anda?
Hyoga fica vermelho com a pergunta e Milo é obrigado a se conter para não rir, pois sabe o quão doloroso seria. O bailarino pega a mão do grego e com um brilho nos olhos, o encara ternamente.
– Me d-declarei...
– E?
– N-nos beijamos. To tão feliz!...
– Que bom, querido. Posso fazer uma pergunta?
Hyoga concorda com um balançar de cabeça.
– É o Shun?
– É. – responde completamente ruborizado.
– Eu já sabia! Estou muito feliz por vocês. Não esqueça do que falei antes do acidente. Se precisar de mim...
– Eu sei!... M-meu pai já s-sabe tuudo... I..ikki t-também!
– Sério? E qual foi a reação deles?
– Apoiaram!
O grego faz uma cara de espanto e Hyoga continua falando sobre tudo o que havia acontecido. Os dois sabiam que aquele era um passo decisivo e importante na futura relação dos rapazes. Assim como Camus havia feito, Milo também aconselhou o loiro sobre aquele tipo de união e conversou sobre sexo. Como já suspeitava, a escola havia ensinado muita coisa sobre o assunto e o bailarino já sabia na ponta da língua todos os perigos das doenças sexualmente transmissíveis e o cuidado que teria que ter independente do parceiro ou parceira que tivesse. O grego surpreendeu-se com a simplicidade que o rapaz falava sobre o assunto e a quantidade de informações repassadas pelo jovem. Nunca imaginou que pudesse aprender com um virgem!
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Os dias passaram. Shun já havia voltado definitivamente para o simples apartamento que dividia com o irmão quando este apareceu com uma moça. O caçula já esperava a visita, pois Ikki tinha avisado que traria uma colega da faculdade que iria ajudá-lo numa matéria, mas se surpreendeu com a aparência da jovem.
– Shun, esta é a Emi. Emi, esse é o Shun, meu irmão caçula.
Emi tinha os cabelos longos e negros, levemente cacheados. Seus olhos eram de um azul intenso e a cútis parecia pertencer a um bebê de tão bela e limpa. Tinha em torno de 1,60 m de altura e trajava preto dos pés à cabeça. Apesar da aparência sombria, mostrava-se uma pessoa alegre e prestativa. Seu corpo escultural ficava ainda mais sexy com o modelo que usava, mesmo sendo uma combinação de uma comportada blusa e uma colada cigarrete. A sandália de salto a deixava quase da mesma altura que Ikki e sua postura ainda mais impecável.
– Prazer, Shun. Ikki já comentou muito de você... – dizia com simpatia.
– O prazer é todo meu. Fiquem à vontade... Se quiser um suco, um lanche, é só chamar que eu preparo.
– Obrigada. Você é um belo rapaz e muito educado também...
– Graças ao meu niisan! Foi ele quem me criou sozinho desde os 10 anos.
– Verdade?
– É... Bem, vamos aos estudos? – Ikki falava, visivelmente constrangido.
– Claro! Você é um rapaz de sorte. É raro ver um relacionamento assim entre irmãos e é mais incomum encontrar um rapaz que cuide da casa, dos irmãos...
Shun sorri amistosamente e Ikki se ruboriza violentamente. Emi percebe e decide parar com aquela conversa. A moça analisa o ambiente e dirige-se à mesa de jantar.
– Podemos estudar aqui. O ambiente é claro e a mesa é espaçosa...
– Concordo. – Ikki respondia prontamente.
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– Me chamou?
– Oi Camus. Eu gostaria de ter uma conversa séria e definitiva com você. Sente-se! – batia levemente no colchão.
Milo já estava na casa de Camus e ficava num quarto de hóspedes com cama de casal. Como o francês havia prometido, o grego poderia contar com o auxílio de enfermeiros e empregados na hora que precisasse. Apesar de ainda não poder sentar-se, o acidentado tentou olhar nos olhos azuis e pegou em uma das mãos do amado. Estavam a sós no quarto, pois Milo havia pedido para que não fossem interferidos a menos que o caso fosse de vida ou morte.
– Eu queria falar sobre nós...
– Eu sei que já lhe pedi anteriormente, mas me desculpe por tudo que lhe causei.
– A culpa não foi sua. Eu que fui imprudente ao dirigir naquele estado, mas não quero mais falar sobre isso!... Camus, você me ama? – perguntava com medo.
– É claro que sim!
– Calma, não precisa ficar ofendido... – tenta se mover, mas novamente é impedido pela dor.
– Tente não se mover, Milo! – ordenava colocando a mão no ombro do grego.
– Como se fosse possível... Até pra respirar dói.
– Se eu pudesse trocaria de lugar com você, cherè!
– Ei, estamos fugindo do assunto de novo! – bradava.
– Pardon!
– Sei que você anda me evitando. Vai me dizer que ainda não teve coragem de contar tudo ao Hyoga...
– Eu contei. Depois de visitar-lhe no hospital eu contei tudo...
– E ele...
– Aceitou! – respondeu prontamente.
Milo exibiu um largo sorriso, mesmo já sabendo da história com detalhes. Queria saber o motivo do francês não tê-lo procurado ainda. Estava jogando com o amado e esperava ouvir uma declaração, ter certeza de que Camus o amava!
– Hyoga até me incentivou a procurar-lhe, mas tive medo.
– Medo?
– Medo de ouvir não... – ficou cabisbaixo.
– Camus... – entre gemidos, pegava o queixo do francês e o fazia olha-lo nos olhos – Eu te amo muito para dizer não!
– Milo... Me perdoa?
– Como se eu conseguisse ficar com raiva de você... Ainda não se deu conta de que é um bruxo que me hipnotizou, conquistou e fez com que eu não conseguisse viver sem a sua presença?
– Ah Milo, eu te amo tanto!
– Eu também te amo. Quando estava preso naquele carro, só tinha medo de uma coisa: nunca mais vê-lo novamente. Desmaiei de tanto chorar ao pensar na nossa separação, em...
– Shhh! – colocou a mão nos lábios dele – Não pense mais nisso. Você vai acabar chorando e sabe muito bem que ainda não deve fazer isso. – sorriu – Milo, você quer namorar comigo?
– Fala sério?... Ai!
– Ei, calminha aí... Caso contrário, eu o amarro na cama.
– Ui, vai me bater também? Olha que eu posso gostar...
– Pervertido! Pensarei 2 vezes antes de deixar meu filho entrar nesse quarto.
– Hyoga sabe mais do que nós sobre esses assuntos... – começou a rir – Ai! Dói até para rir!... – fez uma careta engraçada e colocou a mão na altura das costelas feridas.
– Você fica lindo manhoso...
Com muito cuidado para não tocar nas partes feridas do grego, Camus se aproxima de seu amado delicadamente. Milo sorri e espera pacientemente até que sua boca seja invadida pela língua do francês. Tomado pela paixão, o grego enlaça o tronco do empresário com os seus braços e aprofunda o beijo de forma lasciva, como sempre fazia, movendo o tronco levemente e não pôde evitar o retesar de seu corpo pela forte dor nas costelas, apartando o beijo.
– Se eu não posso nem beijar, imagina fazer outras coisas... – desdenhava Milo.
– É... Acho que serão dois longos meses de saudade! – brincava Camus acariciando os cabelos cacheados do outro e sentando-se novamente na cama.
– Sei que você tem que trabalhar amanhã, mas queria tanto que você ficasse ao meu lado... o tempo sempre passa mais rápido quando ficamos juntos.
– Pois então é o que eu farei. – Camus declara, deitando no lado vazio da cama do grego e oposto ao dos ferimentos.
Num esforço sobre-humano, Milo abraça o francês e também é abraçado com toda a delicadeza que seu estado físico exigia. Ficaram conversando e namorando à medida do possível e por alguns instantes, o grego até esquecia de suas dores.
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Ikki e Emi continuavam os estudos. A moça se espreguiça na cadeira dura que já a incomodava depois de tantas horas sentada. Movimenta-se para mudar de posição e tentar recobrar o mínimo de conforto para dar continuidade ao que fazia.
– Você deve estar cansada, né? Se quiser, continuamos outro dia. – Ikki comentava ao perceber o incômodo da amiga.
– Não, tudo bem. Além do mais, não se esqueça que a prova é quarta-feira e hoje já é domingo. Eu até poderia marcar pra outra oportunidade, mas, pelo que você me falou, duvido que consigamos!
– É verdade... meu tempo anda meio escasso ultimamente.
– Agora vamos ver o capítulo 7! Tenho certeza que a metade da prova será baseada nele. Do jeito que aquele professor é sacana, vai escolher os temas mais complicados. – comentava em desabafo.
Ikki sorri com o comentário da jovem. Ela sempre lhe pareceu tão séria e agora, nesse pouco tempo mostrava a sua verdadeira face e alegria. Reparou melhor em seus traços e não pôde deixar de notar o quão bela Emi era, sentindo-se instantaneamente hipnotizado por aquela fada.
– Ikki, tá me ouvindo? Ikki...
– Anh? – despertava de seu transe.
– Estou lhe chamando há horas! O que foi?
– Ah nada não! Estava pensando num problema do escritório... – tentou disfarçar.
– Sei! – suspirou pesadamente, encarando-o com desconfiança.
– Niisan, fiz um lanche pra nós. – Shun comentava da cozinha.
– Ah, obrigado, Shun! Venha Emi. Depois continuamos...
A jovem o encarou nos olhos e sorriu timidamente. Ikki era um rapaz bonito e bem apessoado. Há muito tempo havia se encantado pelo jeito responsável dele, mas nunca comentava nada com ninguém, pois temia a reação do colega. Quase enfartou ao ouvi-lo pedindo para que o ajudasse com os estudos, pois seria uma ótima oportunidade de aproximar-se dele. Só não poderia imaginar que se encantaria ainda mais!
Ikki comportou-se como um verdadeiro cavalheiro durante a refeição. Shun logo notou estar de vela e arranjou uma desculpa para deixar os dois a sós. Emi tentava fazer de tudo para que o colega não notasse a sua timidez e falava sobre vários assuntos até que, sem perceber, chegaram ao ponto que ambos queriam: a confirmação de que não tinham compromisso!
– Eu jurava que você fosse casado ou tivesse algum compromisso sério. – comentava a jovem.
– Ainda não me conformo de uma menina tão bela e inteligente não ter namorado. Será que esses homens são cegos? – brincava Ikki.
– Já me pediram em namoro, mas eu nunca quis...
– Espera encontrar seu príncipe encantado?
Emi encara o rapaz à sua frente. Era engraçado ouvir aquela pergunta vindo da boca de Ikki, pois ele era seu príncipe encantado! Resolveu ser sincera com o rapaz, embora tenha decidido omitir o nome de seu amado.
– Talvez já o tenha encontrado.
– Verdade? – perguntou desanimado.
– É... bem, acho melhor voltarmos aos estudos.
Ikki fez um aceno positivo com a cabeça e a seguiu novamente à mesa de jantar, onde os livros e papéis ainda estavam espalhados. Mal sentaram ouviram a campainha.
– Deixa que eu atendo, niisan. Deve ser o síndico convocando pra alguma reunião ou um vizinho chato...
Emi riu do comentário do garoto e Ikki ficou admirando o sorriso da moça. Instantaneamente puniu-se, pois sabia que não teria chances. Ele era apenas um estagiário que mal tinha dinheiro para manter o apartamento alugado e ela uma linda jovem de classe média certamente apaixonada por alguém de seu nível. Não viu quando Shun abriu a porta e foi instantaneamente agarrado por um jovem loiro. Quando se deu conta, os dois estavam aos beijos na frente de todos.
– Shun! – repreendeu o irmão.
Shun separou-se do beijo constrangido e Hyoga ficou muito vermelho ao notar que era observado. O mesatenista deu passagem ao bailarino e fechou a porta, ainda sem conseguir uma reação. Havia esquecido da presença de Emi ali!
– Não se importem comigo... Vocês formam um lindo casal!
– D-desculpem-me! – Hyoga pedia tremulamente.
– Não encare como uma cantada, mas acho que te conheço de algum lugar... – Emi dizia a Hyoga.
– D-deve conhecer... m-mesmo. Sou Hyoga, o... único fiilho do... famoso e..empresário f-francês Antoine C-camus.
– Hyoga? O bailarino?
– É...
– Cara, sou sua fã! Também sou bailarina e assisti ao seu último espetáculo. Você é perfeito! – comenta a jovem levemente emocionada.
– Ju-ura? – responde timidamente e a garota confirma com um aceno de cabeça.
– Ah Hyoga, deixe-me apresentar! Essa é a Emi, colega do meu irmão.
– E-emi? Já... ouvi f-falar de você t-também! D-dizem que é... b-boa! – diz de forma simpática.
– Ah que isso! Não chego a seus pés. – responde constrangida.
– Podemos... m-marcar uma dança.
– Boa idéia, Hyoga! Eu posso ensinar a Emi a ir à sua casa e vocês podem ensaiar naquele salão. Eu assistirei com gosto. Vai ser lindo! – Shun se empolgava.
– Não quero ser chato, mas acredito que temos muita coisa a estudar ainda. – falava Ikki, um pouco enciumado.
– É verdade! Bom, conversaremos outro dia. – respondia a moça.
– S-será um p-prazer.
– Não esperava a sua visita... Venha, vamos conversar no meu quarto! – Shun puxava o loiro pela mão e era seguido pelo bailarino que saiu cumprimentando Emi com gestos curtos e comportados.
Eu tinha prometido que este seria o último capítulo e de certa forma é! Eu sei que deixei muita coisa mal explicada e romances engatilhados, mas preferi deixar o love pra mais tarde. Mesmo porque ficaria mt grande se eu pusesse tudo aqui. Como já acabaram as minhas aulas, eu tentarei postar a última parte até 6ª, mas não poderei prometer nada, OK? Muito obrigada pelo carinho e pelo incentivo que estou recebendo. Estou muito lisongeada pelos 305 hits dessa história. Em especial agradeço: Cardosinha, Pime-chan, Angel, janie1802, Amy Black, AnnaChanHxS e JuneCamaleoa, que mandaram reviews no capítulo anterior. Todas vocês serão respondidas no site: thesenseiclub(ponto)blogspot(ponto)com Ah sim! Angel, obrigada pela dica q vc me deu naquele trechinho que te mandei. espero que tenha gostado da segunda parte...Bem, quanto a um novo Shun/Hyoga, prometo pensar a respeito... rs.
Um beijo a todos. Aos que se interessarem, podem mandar um e-mail para: a sornasp(arroba)yahoo(ponto)com(ponto)br. Prometo responder! Um grande beijo e até logo.
Próximo capítulo: Epílogo
