Disclaimer: Os personagens de Harry Potter e tudo o mais que foi usado como citação ou meio de inspiração não me pertencem. A fic não é escrita com fins lucrativos.
Notas: Eu estou a publicar isso num impulso! Não sei se está realmente bom ou não e não sei como vai ser o andamento da fic já que eu vou publicar a medida que vou escrevendo e evoluindo as idéias. A fic foi baseada em algumas idéias que eu tive para outras fics, mas que resolvi juntar em uma só, então esperem mais do que só está sugerido no prólogo.
A música de citação em alguns capítulos é Túnel do tempo do Frejat. Ela é linda e maravilhosa e recomendada para qualquer estado de espírito. As "estrofes" não vão estar em ordem correta, então não se baseiem na música para a evolução da fic.
E sim, o título da fic é literal e não meramente ilustrativo... Mas vai demorar um tantinho para aparecer...
Sumário: O relacionamento de dois aparentes inimigos pareceu durar até que a adrenalina do "proibido" fosse esgotada. Agora, indiferentes a disputas familiares, encontram-se novamente em uma situação que os faz sentirem-se opostos... que se "atraem".


O Dragão e a domadora

Prólogo

Afinei os meus ouvidos pra escutar suas chamadas
Sinais do corpo eu sei ler nas nossas conversas demoradas
Mas há dias em que nada faz sentido
E os sinais que me ligam ao mundo se desligam

Gina Weasley colocou a cabeça entre as mãos, mirando o chão, enquanto ouvia o ranger da porta sendo fechada. Um silêncio constrangedor começou depois da entrada de Draco Malfoy e piorou ainda mais quando ele se sentou na carteira à sua frente e ficou a encará-la.

Estavam na sala de aula do Prof. Flitwick, vazia naquele horário, pois todos deveriam estar no Salão Principal jantando. Draco estava levemente irritado por isso, pois ele realmente queria estar jantando como todo mundo, já que teria treino de Quadribol dentro de duas horas. Parecia provocação, uma vez que os encontros marcados por Gina sempre interferiam em algum compromisso seu...

"É extremamente compreensível, Gina, você tirar minha hora do jantar para nem ao menos me encarar. Eu não me importo nem um pouco, como você sabe, em ficar sem alimentação esta noite ou ter o estômago revirando com comida rapidamente engolida enquanto pratico manobras na vassoura..." – satirizou, fazendo-a levantar a cabeça.

Ela o encarou tristemente, procurando algum tom de brincadeira, mesmo sabendo ser inexistente. Sim, admitia para si mesma que havia esquecido mais uma vez o treino tão precioso de Quadribol, mas era realmente importante resolver tudo aquilo naquele momento. Não agüentaria mais uma noite, não agüentaria sequer uma hora no Salão Principal, ela na mesa da Grifinória e Draco do outro lado trocando olhares secos, mesmo eles sendo namorados, mesmo todos da escola sabendo do romance.

"Se você quiser um motivo, é exatamente este" – Gina começou, falando pausadamente.

Draco reconhecia aquele jeito devagar de falar: era coisa importante e séria. Mas ele estava com a cabeça fervilhando demais para se ater aos detalhes – aliás, ultimamente ele estava sempre desligado demais para se ligar em qualquer sinal dado por Gina.

"Okay, se você já deixou claro o motivo e eu já o compreendi" – ironizou – "então podemos ir jantar" - levantou-se para sair.

Por um instante, Draco pensou que conseguiria escapar, mas sentiu a mão de Gina segurando levemente seu pulso quando lhe deu as costas. Ele odiava quando ela fazia isso... Odiava por saber que, mesmo estando fora de si de raiva ou de impaciência, com apenas um toque, ela o fazia atender a seus pedidos. Era algo inexplicável o que acontecia, suas peles pareciam eletrizadas ao se encontrarem e enquanto durava aquele contato, pareciam entender um ao outro.

Então, rendeu-se ao apelo e voltou a se sentar, encarando-a novamente, desta vez com um humor mais passível.

"Vamos tentar nos entender, Gina. Eu não sei qual é o problema e muito menos entendi seu motivo. Se você me der o" – ele parou: "Está bem, Draco, sem ironias agora...", criticou-se. – "Seja clara".

"Você se lembra de quando tudo começou?" – Ela perguntou, logo em seguida, respondendo: – "Divertíamo-nos a cada encontro. Eu esperava o dia inteiro para ter esses poucos minutos ao seu lado para me esquecer um pouco da pressão dos professores, dos meus pais e irmãos, para me esquecer de tudo... Ríamos dos acontecimentos de Hogwarts, discutíamos sobre a rivalidade no Quadribol, entre nossas famílias, entre nossas casas; era algo saudável, relaxante, não uma competição real".

"Estamos competindo agora, então?" – perguntou, tentando manter sua voz neutra.

"Ora, claro que não, Sr. Malfoy! O problema é que eu não agüento mais seu tom irônico ao falar de Rony ou quando se menciona o sobrenome Weasley, Potter, Granger, Creevey, Longbottom ou qualquer outro grifinório, não agüento não ser mais levada a sério ou ter algumas de minhas ações satirizadas como você está fazendo desde que entrou nesta sala!" – Ela jogou bruscamente em um tom mais elevado de voz.

"Pois eu acho que você também poderia pensar um pouco antes de marcar encontros nos meus dias de treino ou dar um corte naquele idiota do seu irmão, pois ele me perturba toda vez em que o encontro. Eu faço o possível para me controlar, porque eu prometi ao seu querido papai que amenizaria as intrigas com seus irmãos! O engraçado" – pôs a mão no queixo, fazendo ar de pensativo – "é que aquele cara de lesma parece ter se comprometido também! Agora você espera que eu fique quieto sem reclamar nem um pouco quando tenho que agüentá-lo! Claro, eu poderia satirizá-lo na frente dos sonserinos ao invés de criticá-lo na frente da irmã protetora... Mas para sua informação, Srta. Weasley, eu não posso fazer menção do sobrenome Weasley perto de qualquer sonserino, pois desde o momento que eu me envolvi com você ninguém aceita que eu reclame, já que aceitei ter um romance com uma integrante da família! Talvez eles me ignorassem por completo, não fosse a influência do meu sobrenome. Eu poderia até me relacionar com a Brown ou a Patil que ninguém ligaria, mas é realmente contraditório da minha parte namorar você depois de seis anos de gozações sobre seus familiares! Para não citar as rixas anteriores entre nossos pais...".

Àquela altura, Draco já estava levantado, gesticulando com as mãos sua revolta enquanto falava. Gina apenas continuava sentada olhando-o tristemente, pois já esperava aquela cena, aquelas palavras, até aquela frustração escondida de Draco... A mesma frustração que ela sentia.

"Eu estou te devolvendo tudo isso..." – sussurrou. – "Esqueça todas as promessas feitas, todas as palavras proferidas, esqueça tudo o que aconteceu desde nosso primeiro beijo. Pode voltar a criticar minha família inteira, a provocar Rony e até a mim nos corredores. Esqueça que você garantiu aos meus pais que nunca me magoaria, você não o está fazendo, não está rompendo com a sua palavra. Eu não estou saindo magoada... Eu quero acabar agora justamente para não sairmos magoados...".

Draco poderia esperar mil coisas, mas nenhuma delas incluía a palavra "acabar". Ele sempre imaginou quando começaram a namorar, que seria o primeiro a tocar no assunto, mas transcorrido mais de meio ano, nem havia passado por sua cabeça romper. Estava realmente surpreso com as palavras de Gina.

"Você está terminando?" – Perguntou, ainda atônito.

Ela abaixou a cabeça e começou a soluçar. Agora que escutava as palavras vindas da boca de Draco, pareciam tão mais doloridas do que quando ela as repetia na sua cabeça. Enquanto começava a chorar, percebeu-o se movimentando, sentando-se de novo.

"Eu acho que você não quer fazer isso..." – O louro comentou, erguendo a cabeça de Gina pelo queixo e deixando seus rostos muito próximos. – "Não depois de tudo que aconteceu para ficarmos juntos. Eu não acho que uma crise momentânea pode abalar nosso esforço perante nossas famílias, perante Hogwarts inteira... Nós mostramos para todos que nos criticaram dizendo que não conseguiríamos, que éramos de mundos diferentes que na verdade, não havia tantas diferenças e...".

"Mas há divergências" – Gina disse, a boca tão próxima de Draco, como se suas palavras batessem e voltassem violentas sobre seus olhos marejados. – "Eu não sei se me conformei com essa idéia de que somos diferentes porque ouvi de tantas pessoas ou se eu realmente percebi que era verdade. Não dá mais... Você é um Malfoy, eu, uma Weasley; você é sonserino, eu, grifinória; você tem aliados, eu, amigos; fossemos maiores, você seria um Comensal da Morte, e eu seria uma Auror ou qualquer outra coisa do lado oposto ao seu. Nós sempre vamos estar em lados diferentes e eu não posso conviver nessa disputa constante, entende?".

"Então por que deu certo no começo?" - Draco falou, ríspido, começando a se irritar com a atitude de Gina. Não queria admitir para si mesmo que não queria perdê-la.

"Talvez porque era proibido, emocionante. Acho que queríamos desafiar todo mundo, mostrar que podíamos fazer coisas além do que nos era permitido. Agora que todos sabem, que nossos pais permitiram, mesmo sem aceitarem, parece ter perdido a graça. Nossas brigas não são mais resolvidas com beijos, suas provocações me deixam realmente nervosa e qualquer coisa que eu faça ou diga parece te irar! Não estamos namorando, estamos disputando quem agüenta conviver mais nessa guerra de confrontos! E eu não estou disposta a continuar, Draco... Você ganhou...".

"Tudo bem, Gina, se você quiser encarar isso como uma disputa, faça o que quiser. Qualquer coisa que você faz me irrita? Pois bem, eu estou fazendo suas palavras serem verdade, toda essa conversa parece idiota demais para ser verdade e eu estou de saco cheio dela!".

Gina se levantou. Desta vez parecia que ela teria um pouco mais do que algumas lágrimas derramadas, mas ela se segurou e disse:

"Talvez essa seja nossa maior distinção: eu me importo com certas coisas, você, não".

Logo finalizou, pôs uma das mãos nos olhos e começou a chorar. Draco colocou sua mão no ombro dela e tentou aproximar-se para abraçá-la. Mas Gina afastou-o, sem encará-lo.

"Desta vez é sério, acabou" – Gina deu-lhe as costas, indo para a porta.

Draco se sentou, abaixando a cabeça entre as mãos, ouvindo o ranger da porta se fechando, assim como se fechava uma parte dentro de si...