Capítulo um – Suco espanhol

Alguns anos depois...
Ele estava ali, como fazia todas as sextas-feiras, observando seu copo de cerveja amanteigada. Cansado de ouvir reclamações dos duendes de Gringotes e mais irritado ainda estando agora escutando o debater de assuntos inúteis dos colegas de estágio. Perguntava-se por que aceitara o convite tempos atrás – agora, uma espécie de obrigação – para ir até o bar e realizar aquele ritual de início de fim de semana.

Não estava interessado em saber o tamanho da saia da nova contratada do banco ou o quanto algum rico bruxo chorou ao perceber sua reserva de dinheiro esgotada. Ironicamente, eles só se reuniam ali para comentar sobre todas essas idiotices do dia-a-dia que pouco lhe interessava. Ele passaria o resto dos meses necessários para completar o estágio, questionando sua presença ali, não fosse a resposta simplesmente surgir no bar naquela noite.

"Ei, Draco!" – Chamou um de seus acompanhantes. Não por acaso, o mais esperto e provocador. – "Seu pai parece estar suportando muito bem essa crise do mundo mágico".

"Talvez o seu devesse pedir uns conselhos, McArthur" – ele o alfinetou de volta.

"Você não nos disse isso, seu safado!" – retrucou outro colega, voltando-se para McArthur.

Claro que não diria. Qualquer bruxo esperto não comentaria sobre sua crise financeira, principalmente, bruxos com amigos mesquinhos e movidos a status e tradições. McArthur sabia que se seu pai não superasse aquela fase, aqueles que os cercavam agora, passariam a esnobá-lo e ridicularizá-lo pelas costas. Era normal expulsar os bruxos fracassados – por mais nobres e puros que seus sangues fossem – do círculo cobiçado de bruxos bem dotados monetariamente. Foi o que aconteceu com os Weasley há décadas atrás – não contando o amor deles pelos trouxas, que já era suficiente para qualquer desprezo. E era o que Draco desejava acontecer com McArthur, para não ter de vê-lo todos os dias com sua astúcia, ridicularizando todos que podia, sempre se sentindo superior quando não passava de mais um idiota rico.

Depois de cortar o colega, Draco pôde saborear em paz sua cerveja, divagando sozinho em seus pensamentos.

Havia mudado bastante desde a época da escola. Não era mais um garoto mimado, amadurecera muito durante os tempos negros que se abateram entre seu sexto e sétimo ano em Hogwarts. Aliás, qualquer um que vivera aquela época estaria marcado de alguma forma pelo resto da vida, assim como ficaram marcados os que estiveram presentes quando Voldemort apareceu pela primeira vez.

Tanto na primeira quanto na segunda vez, a presença de Você-Sabe-Quem foi repleta de mortes, desaparecimentos, intrigas entre amigos, desconfianças entre aliados e muitas perseguições. Ninguém podia confiar em ninguém, pois qualquer um poderia ser um Comensal; ninguém saía freqüentemente de casa com medo de ser apanhado; o Ministério estava em caos, tentando proteger o mundo mágico e o mundo dos trouxas também, porque havia constantes ataques contra eles; Hogwarts assemelhava-se a um forte, pois havia Aurores em todo o canto e Harry Potter mal podia dar um passo sem ser seguido.

Nesse estado de horror, Draco se encontrava protegido, sendo filho de quem era. Seu destino fora traçado pelo pai desde que nascera e ele não se incomodava em ser um Comensal. Mas vendo toda a podridão de se estar em uma guerra, do lado de quem fosse, o sonserino foi afastando a idéia de que nascera para seguir os passos do pai. Não parecia mais divertido, como seu pai contava, tirar a vida das pessoas, fossem elas trouxas ou bruxas, pois o medo berrante nos seus olhos era aterrorizante e ele não gostaria de ter nenhum desses olhos sobre si.

Agradecia imensamente não ter idade suficiente naquela época para seu pai permitir que ele duelasse. E agora, não fazia diferença. Voldemort havia sido derrotado, levando Potter consigo, e não haveria nenhuma batalha para Draco se preocupar qual lado seguiria. Sua única preocupação agora era explicar ao seu pai – que escapou novamente de ir para Azkaban – que ele não queria conduzir os negócios da família agora, mas sim ir para o Egito ocupar o cargo que ficaria livre com a saída de um dos Weasley, não saberia dizer qual deles... Eram tantos!

Não havia mudado apenas sua forma de pensar, mas também sua aparência. Seus cabelos estavam longos, diferente do corte elegante e curto usado nos tempos de escola. Lúcio aprovara a decisão de Draco, pois a maior parte da família usara os cabelos compridos, normalmente amarrados em um rabo firme. Além disso, o rosto de Draco havia perdido aquela aparência infantil, dando lugar a um formato mais másculo, com sua boca mais acentuada e seus olhos mais abertos.

Estava distraído quando um dos colegas veio perguntar qual fora a bebida tomada por ele na semana passada. Draco pensou um pouco e sem se virar levou o braço para trás da cabeça, apontando para o canto esquerdo de uma estante repleta de garrafas.

"A última amarela, do lado da garrafa de vodca fumegante". – Logo que terminou a localização da garrafa, Draco percebeu que esbarrara em alguma coisa ao ter indicado o local com a mão. Virou-se, procurando a vítima de seu atropelamento.

Deparou-se com uma moça de cabelos pretos limpando com guardanapos a saia molhada de suco. Ele viu o copo pela metade no balcão e percebeu onde esbarrara o braço.

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Ela estava distraída olhando as lojas e as pessoas que não via há alguns anos. Havia uma espécie de nostalgia e saudade em seu coração ao estar novamente perto das coisas do passado. Estava gostando de ver as vitrines e relembrar de alguns momentos passados em frente a elas, mas também se entristecia ao se lembrar que aqueles tempos também tinham recordações dolorosas.

Parou em frente da Floreios e Borrões, recordando-se de quando comprava livros de segunda mão todo ano. Hoje ela compreendia o quanto fora bom ter passado sua infância com recursos financeiros mínimos, apesar de todo sofrimento e humilhação passados por causa de seus pertences usados. Não fosse a infância humilde, não daria o valor necessário ao seu emprego e a cada galeão ganho, e talvez até fosse uma garota fútil e mimada.

Resistiu a tentação de entrar na loja de Madame Malkin e experimentar uma capa que poderia ser usada dos dois lados, um contra o fogo, outro contra a água. Seria útil na sua profissão, mas poderia esperar mais um pouco, pois ela já tinha capas impermeáveis.

Gina se sentou perto da loja de artigos para Quadribol. Estranhava sua própria reação ao estar ali. Devia estar contente, explorando as novas lojas; mas só conseguia sentir um aperto no peito como se não fosse muito bom estar de volta, como se tivesse aberto uma porta trancada ao estar ali novamente.

"Eu deveria ter ido direto para casa. Assim não pensaria besteiras..." pensou, suspirando.

Chegara na estação vindo da Romênia. Decidira fazer Trato das Criaturas Mágicas e logo que terminara o curso, surgira um estágio de verão no mesmo lugar onde seu irmão Carlinhos trabalhava, seguido de uma oferta de emprego que Gina aceitara na hora. Mas depois de quase dois anos cuidando de dragões, percebera que preferia lidar com animais menores e resolvera voltar e procurar um emprego perto da sua família.

Aquele tempo fora de casa fora uma espécie de terapia para Gina. Não precisara conviver diariamente com bruxos com os olhos ainda assustados e perdidos ou ficar ouvindo conversas sobre desaparecimentos ou outras atrocidades. Estava cansada de ouvir fatos do reaparecimento de Voldemort, de suas vítimas ou da morte de Harry Potter. O que ela mais queria fazer era esquecer todo aquele sofrimento – aliás, todos pareciam querer o mesmo –, mas não havia um lugar aonde ela ir que não se comentasse algum acontecimento da época negra. Pareciam gostar de sofrer novamente, ouvindo de novo e de novo os horrores passados.

A volta de Você-Sabe-Quem envolvera toda a Europa, mas causara maior impacto na Grã-Bretanha, então Gina não teve muitos aborrecimentos ao chegar na Romênia. Não fosse por seu irmão, quase ninguém falava sobre o fato, mesmo ela percebendo olhos curiosos quando dizia ser inglesa.

Mas a distância de casa, não trouxera apenas sossego, mas também amadurecimento: viver sozinha, ganhando responsabilidades antes não adquiridas, idéias diferentes por se deparar com uma cultura nova e um namorado romeno muy caliente.

Toda essa transformação interior a fizera mudar a aparência também. Começara a tingir o cabelo com um feitiço muito usado pelas romenas, abandonando suas mechas ruivas por morenas. Também os cortara, antes longos e pesados, quase lisos, e agora medianos, leves e ligeiramente cacheados, fazendo com que seus olhos castanhos se destacassem mais.

Sua mãe dissera-lhe que Rony perguntara se Carlinhos havia arranjado uma outra namorada ao ver a foto de Gina com o irmão. Ela riu ao ler a carta da Sra. Weasley, pois não percebera que a mudança fora tão grande para não ser reconhecida pelo próprio irmão. Será que seu pai ficara chateado ao descobrir que ela cobrira a maior característica Weasley?

Gina saberia em breve, mas antes resolvera tomar alguma coisa n'O Caldeirão Furado. Ele estava mais lotado do que quando passara para ir ao Beco Diagonal, cheio de jovens falando e rindo alto, a maioria parecendo muito arrogante, não se importando com o barulho.

Queria se sentar em uma mesa, mas todas pareciam estar ocupadas. Acabou indo para o balcão, sentando-se entre dois rapazes. Um parecia estar muito entretido, jogando todo seu charme para a garota ao seu lado e o outro estava de costas; ela gostaria de perguntar se aquela cadeira estava ocupada, mas os dois pareciam não quererem ser incomodados.

Pediu um suco espanhol com gim, observando distraída enquanto esperava a bebida. Quando chegou, Gina levantou o copo, estudando as frutas dentro do líquido azul, querendo descobrir se o preparo era exatamente igual ao do romeno. Foi quando ouviu uma voz ao seu lado – "A última amarela, do lado da garrafa de vodca fumegante" – extremamente familiar. Ela colocou a mente em funcionamento para descobrir de onde conhecia o dono daquele tom arrastado, quando uma mão esbarrou em seu copo, jogando metade de seu suco em sua saia...

Ficou desesperada, pois ganhara aquela saia dos gêmeos e não queria mostrá-la como um presente estragado. Pegou alguns guardanapos no balcão e começou a retirar as frutas caídas.

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"Eu sinto muito pelo suco e pela saia. Eu posso lhe pagar outra bebida?". – Draco falou, tentando parecer prestativo enquanto ouvia o colega dar risadinhas, indo pedir a garrafa indicada por ele.

"Oh, não precisa. Foi um acidente, tudo bem" – ela pegou a varinha no bolso, murmurando um feitiço para limpar a saia. Levantou a cabeça e afastou o cabelo dos olhos, dando um sorriso a Draco.

Ele olhou fundo em seus olhos, vendo que ela não estava mesmo brava por ter sua roupa cheia de suco. Ao invés disso, encontrou um lampejo de reconhecimento nos olhos castanhos, como se ela já o tivesse visto, mas Draco poderia afirmar nunca ter visto aquela bruxa. Ela iria dizer alguma coisa, mas ele tomou a frente:

"Eu insisto" – falou, acenando para o atendente e pedindo outra bebida. – "Desculpe-me pelo transtorno, eu preciso ir" – ele se levantou do banco, colocando moedas suficientes para pagar suas cervejas e a bebida da moça.

"Eu não acredito! Não pode ser ele...!", Gina gritou por dentro, esticando seu braço num impulso.

Draco já ia se virando para se despedir dos colegas, quando sentiu uma mão tocando seu braço. O toque pareceu espalhar uma sensação quente e eletrizante por sua pele e, mesmo sabendo quem estava atrás de si, virou-se imaginando encontrar a pessoa que causava aquele efeito em si há muito tempo atrás. Suspirou angustiado, constatando ser a moça do suco lhe chamando.

"Eu sou tão insuportável assim?" – Ela perguntou com falsa indignação, referindo-se ao olhar decepcionado que Draco lhe lançava.

"Eu preciso mesmo ir" – Draco limitou-se a dizer, repentinamente se sentindo irritado com lembranças passadas lhe assombrando.

"Adiantaria se eu dissesse que lhe conheço, Draco Malfoy?".

Subitamente o interesse na garota aumentou. Ele não ficava muito surpreso quando alguém lhe reconhecia, pois seu nome era bastante comentado, seja ao lado de críticas sobre seu pai ou sobre a tradição de sua família, mantida puro-sangue e rica por décadas. Mas alguma coisa parecia diferente e ele esperou o atendente se retirar para falar.

"Eu não lembro de você em Gringotes... É de Hogwarts?".

"Sou sim... Também vivi aquela época negra, perdi amigos queridos e amargurei horas não dormidas com medo de que a escola fosse invadida" – suspirou.

Aquele tom de melancolia presente na voz vagarosa, realmente o fazia lembrar-se de alguma coisa dos tempos de colégio, mas não era dos dias de Voldemort... Ele só não conseguia precisar qual fora a época, muito menos quem ela era.

"Você poderia se apresentar, não?" – falou, começando a ficar áspero.

"Você já me conhece, Draco. Além do mais, é divertido te deixar confuso" – ela riu.

Com um estalo, Draco ligou todas as coisas: o toque eletrizante, a provocação, a risada. Só poderia ser uma pessoa e ele não estava acreditando que não a reconhecera. Sentiu-se desconcertado por não ter distinguido aquela voz melancólica e aqueles olhos castanhos sempre vivos... Fingiu não ter se abalado muito e procurou um motivo para ela estar diferente, para não tê-la reconhecido.

"Ora, como eu poderia saber com esse cabelo?" – falou, desinteressado. – "Eu saberia se ainda fossem vermelhos...".

"Ah, não finja! Eu sei que você nem imaginou!" – ela riu, vendo que ele fingia não ser tão importante reconhecê-la. Os olhos cinzas denunciavam a decepção por não tê-la distinguido e ela se perguntou o porquê daquela necessidade de identificá-la. "Ele me trataria diferente? Com desprezo?", perguntou-se.

"É, talvez..." – Ele admitiu, sentando-se de novo na cadeira alta do balcão.

"Você não tinha que ir embora?" – ela provocou, mexendo seu suco.

"Sempre há um tempo a mais para aterrorizar um Weasley" – falou maroto. – "Eu comecei bem com a saia, não?".

"Você está com esse pessoal?" – Gina disse, acenando com a cabeça para alguns jovens bruxos perto de Draco.

"São estagiários do Gringotes. Há um ritual idiota de encher a cara todas as sextas depois do trabalho...".

Sim, ela notara a diferença. Depois do término do namoro o louro mal olhara em sua cara e se trocaram algumas palavras fora devido à escuridão que se abateu depois que Voldemort começou a atacar a escola. Tentava pensar em milhares de coisas para escapar de uma pergunta que a estava perseguindo desde que reconhecera Draco: "O que você está sentindo, Gina?".

"Você está no Gringotes, então?".

"É... Eu não virei um Comensal, como você vê... E você é uma Auror?" – falou, recordando-se da conversa antiga dos dois.

Ela riu, mas Draco não pôde identificar o que havia por detrás daquilo. Perguntava-se se ela se arrependia ou se era apenas mais uma recordação de sua vida amorosa. Ele gostaria de saber o que sentia também...

"Também não, mas eu enfrento alguns seres malignos" – brincou. – "Me especializei em Trato das Criaturas Mágicas e estava trabalhando na Romênia com dragões" – ele fez uma cara de dúvida e ela riu. – "É, eu desisti dessa área... Eu não sou muito boa em amansar feras...".

O tom da voz de Gina na última frase soou com uma tristeza disfarçada e ele se perguntou se havia alguma ligação com o fato do nome dele significar dragão. Mas desligou esse pensamento, pois Gina parecia bem demais para ficar lamentando romances passados.

"Não vai me dizer que vai dar aulas em Hogwarts?" – caçoou. – "Pensando melhor, talvez fosse uma boa idéia porque aquele gigante disfarçado não faz um bom trabalho ferindo alunos..." – Falou, referindo-se a Hagrid.

"Oh, conte outra, Sr. Malfoy! Nem ao menos há uma cicatriz no seu braço...".

"Não há, mas eu ainda sofro com as seqüelas do ferimento daquele hipogrifo maldito! Meu braço nunca mais foi o mesmo...".

"Esse joguinho pode ter funcionado com as suas sonserinas barulhentas, mas comigo não!" – falou, brincando.

De repente, os dois ficaram sem graça. Gina havia tocado no assunto conquista, o que trouxe à tona o namoro finalizado. Apesar de toda conversa, ainda parecia mal explicado e acabado o fim do romance e se era difícil tocar no assunto, parecia realmente não ter tido um final decente.

"Hum, então você está de volta definitivamente?" – ele perguntou, cortando o silêncio.

"Bom, eu ainda não sei ao certo. Preciso arranjar um emprego por aqui, mas caso não consiga, vou ter de me mudar de novo...". – Explicou, meio apreensiva.

"Então nos encontramos por aí. Agora eu preciso mesmo ir" – Draco levantou-se e deu um sorriso a meio fio, afastando-se.

Gina o observou de costas, o cabelo preso em um rabo perfeito, o andar seguro como sempre. Vendo-o sair, uma frase ficou soando em sua cabeça: "Então nos encontramos por aí...".

"Por que nos encontraríamos de novo? Somos o quê? Não amigos, não namorados, nem amantes, nem inimigos...". Ela se levantou para voltar ao Beco Diagonal. Quando a parede se abriu, sentiu uma leve brisa passando. "É bom não sermos inimigos...", pensou enquanto descia os degraus da escada.

Logo depois, perguntou-se, totalmente descrente, por que não se dirigira a loja dos irmãos assim que chegara. Uma vozinha irritante rapidamente sugerira que talvez ela tivesse que estar ali para encontrar um certo alguém e por mais que relutasse, não pode deixar de arquear os lábios em um sorriso a meio fio.

Odiava lembrar-se dos seus tempos de colégio, tanto pela guerra, quanto por ele. Apesar das diversas tentativas, não conseguia tirar o antigo namorado do espaço reservado na sua cabeça para entes queridos. Quando se divertira pensando em quem se surpreenderia com seu novo visual, não pôde deixar de colocar Draco na lista dos que provavelmente não a reconheceriam à primeira vista. "Droga, Gina, pare de pensar como se ele ainda fizesse parte de sua vida! Se já fez um dia...! Você não se imagina encontrando com Miguel ou Dino ou Hondor ou até mesmo com Nicholas!", irritou-se consigo mesma.

Ela deu mais alguns passos e avistou a loja Gemialidades Weasley. Estava com os braços tensos e mantinha a cara carrancuda. Era incrível sua capacidade de deixar a si mesma nervosa com suas próprias idéias. Parecia ter duas Ginas dentro de si: uma tentando esconder coisas que machucavam e das quais ela queria fugir, enquanto a outra fazia questão de jogar seus pensamentos "errados" na sua cara. "Mas somente Draco fora meu namorado realmente...", tentou desculpar-se por só ter ele em seus pensamentos. "Mas Max o é agora, e eu realmente...".

Gina não concluiu seu raciocínio. Jorge acabara de avistá-la, berrando um sonoro "Eu não acredito!", espantando um garotinho que derrubou algo das mãos, fazendo com que a loja se enchesse com uma fumaça fedorenta.

"Bela recepção!" – ela exclamou enquanto agitava a mão na frente do rosto e entrava na loja dos irmãos. As desculpas envergonhadas do garoto ocuparam Jorge por alguns segundos, mas ele não demorou a agitar a varinha e terminar com a neblina malcheirosa, logo depois enxotando o menino com um brinde da loja.

"Na verdade, eu estava guardando isso para seu romeno..." – murmurou em tom de brincadeira enquanto abraçava calorosamente a irmã.

"Ele teve de ficar mais um dia... Problemas temperamentais com um dragão novo".

"Ótimo!" – Jorge exclamou enquanto Gina lhe lançava um olhar intrigado. – "Fred e eu não terminamos eficientemente a decoração do quarto dele...".

Ela não teve tempo de lhe censurar, pois Fred logo aparecera, as mesmas questões do irmão na ponta da língua e o mesmo tom de seriedade nas brincadeiras. Perguntou-se se a vinda do namorado causara frenesi só entre os gêmeos ou teria provocado agitação na família inteira. A segunda opção foi escolhida quando Jorge comentou que a Sra. Weasley ficaria desolada por ter gastado a tarde toda preparando pratos romenos à toa...

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Draco sentiu uma estranha ansiedade quando desapatou em seu quarto. "Então nos encontramos por aí" foi o que dissera e não era cordialidade, realmente queria encontrá-la. E isso não era nada agradável após todos aqueles anos distantes de Gina.

Condenou-se por ainda sentir alguma coisa pela ruiva, nem que fosse raiva ou ressentimento, pois caso não tivesse gostado realmente dela no passado, não estaria sentindo nada naquele momento, e não era o que acontecia.

Havia um estranho nó na garganta dele desde que Gina o abandonara naquela sala em Hogwarts. Ela não o havia encarado mais e ele, orgulhoso demais, não tentara qualquer reatamento. Havia uma pedra bem colocada naquele ponto de sua vida para que não viesse à tona na sua mente, mas nada melhor para reavivar o passado do que o próprio passado em carne e osso!

Um turbilhão de pensamentos surgiu na cabeça de Draco e mesmo a forte água batendo sobre suas costas no banho, não o fizera parar de pensar em como fora tolo e fraco deixando-se apaixonar por uma Weasley no passado.

Mas agora seria diferente. Logo iria embora para o Egito e ficaria bem longe de qualquer coisa – ou pessoa, no caso – que o afastasse de seus planos. Ela não significava nada mesmo, não! "Não será difícil encontrar alguém melhor...", pensou enquanto se dirigia para a sala de jantar. O único problema era que ele não havia se preocupado em arranjar alguma namorada fixa durante todos esses anos e agora parecia muito importante ter alguém, como se fosse extremamente necessário ocupar um lugar ao seu lado que ele nunca percebera estar tão vazio...


N/A: Okay, eu estou extremamente insegura quanto à qualidade desta fic e ficaria muuito agradecida se recebesse algumas reviews com opiniões sinceras sobre ela! Nem que forem pra dizer que eu não preciso continuar a escrever...b