N/A: Vocês já devem estar cansadas de ouvirem tantas desculpas toda vez, mas eu vou ter que fazer isso mais uma vez... Desculpa! Este mês foi uma correria com viagens, um concurso que surgiu de repente me fazendo estudar, alguns outros compromissos e pra piorar, o meu pc ter dado um piti e parado de funcionar... Eu tenho que agradecer muito o meu querido tio ser bondoso e me deixar usar o computador dele...X)

Agradecendo a paciência, agradeço as reviews!
Franinha Malfoy – Sim, chegamos ao final... Nha, cenas na chuva são sempre lindas, né! Xb E sim também, o Draco foi pro Egito como você vai ver nesse capítulo.
Joana – Yes, belo Jordan, eu também o adorei muito mais do que o Max...
Helena Black – Sim, este é o último, sorry... Mas tem um epílogo também, rs! E desculpe a demora...
Pandora Riddle – Sim, o Max está ótimo e cercado de pretendentes...rss! É bom você falar com ele logo...
PatyAnjinha Malfoy Potter – Nhá, que bom!
Miaka – Yes, Draco desafiando os pais sempre é ótimo (também, com uns pais desses...) E o Jordan é tudo de bom, foi um pouco malvado com a Gina sim, mas foi por uma boa causa...rs
Suzi Loka – Nhá, que leitora ótima! Não reclama dos meus atrasos, acha o fim do namoro M/G bom! É, eu também não gosto de Ginevra, mas fazer o que, né! A tia Jo tem um gosto... Ah, o Jordan eu não posso te dar, ele já é meu! Mas o Max ainda está disponível, escolhendo entre tantas pretendentes...rs!
Kittie Malfoy – Nhaa, filhinhos D/G são mto fofis X) E sim, é uma pena ter separado o casal Bola de Fogo/Max...rs!
Nick Malfoy – Eu sinto informar, mas o Jordan já é posse minha...rsss! Mas o Max, ainda pode ser conquistado se você gostar de um domador...rs
Allie Fowl – Thanks! E falando do seu nick, eu fiz uma homenagem pro Artemis nesse capítulo... Também adoro os livros dele... E sorry, mas continuação dessa fic é impossível, já foi difícil escreve-la...
Karina Caitlin – Non, non li, mas queria, já ouvi falar desse livro... x)
Nami Nayuuki – É, o Max é o ex mais compreensivo do mundo...rs! Acho que é um cara só pra ficção mesmo...rs!
Diana Prallon – Nha, apareceu...rs! E eu preciso de um Jordan...rs!
Fairy Darkness – Nha, que bom que você ta acompanhando! Mas este já é o capitulo final, então não deixe de comentar! E desculpe pela demora...
Kirina-Li – Nha, eles precisam sofrer um pouco pra darem valor quando ficarem juntos...rsss! E é tão bom fazer o Draco sofrer...rs!
estrelinha W.M – Thanks! Hum, não foi possível ser rápida... sorry...
Arwen Mione – Thanks! E desculpe a demora…
bIa wEasLey MaLfoY – Ah, desta vez eu usei o recurso colar...rs! Sim, eu tenho MSN X)

Agradecimentos para Si, mto fofa!


Capítulo dez – De volta pro presente

Eu sei que uma rede invisível irá me salvar
O impossível me espera do lado de lá
Eu salto pro alto e vou em frente
De volta pro presente

Gina desaparatou na cozinha d'A Toca, fazendo Molly levar um susto e derrubar uma tampa de panela. Ela foi tão devagar até a mesa que parecia estar carregando um peso enorme nas costas.

"Aconteceu alguma coisa no Gringotes, querida?" – A Sra. Weasley perguntou enquanto observava a filha sentar-se pesadamente em uma das cadeiras ao redor da mesa. – "Por acaso, encontrou com Draco Malfoy?"

"Não..." – Respondeu, colocando a cabeça entre as mãos, apoiando os cotovelos na mesa. – "O Sr. Brown me chamou lá para me dar um valor simbólico pela ajuda..."

"Mas isso é ótimo!" – Molly se animou. – "Mas você parece não ter gostado muito..."

"Gostei, claro que gostei. Também conheci um membro do clã MacFusty e ainda vi o Bola de Fogo Chinês curado, radiante!" – Fingiu ânimo.

"Acho que já está na hora de você contar o que ocorreu naquele dia em que voltou chorando do banco... Acho que assim compreenderei a tristeza de hoje" – Molly falou, sua voz mostrando claramente que não estava pedindo.

"Narcisa Malfoy, a mãe de Draco, veio falar comigo naquele dia. Disse que ele havia aceitado dinheiro para se afastar de mim..." – Molly comprimiu os lábios. – "E também disse que estava disposta a me pagar para ficar longe dele. Não acreditei no primeiro momento, preferindo acreditar que Draco não seria capaz de me trocar por alguns galeões. Mas quando o questionei sobre isso, ele confirmou que sabia que Narcisa me ofereceria dinheiro!"

"Ora, e eu pensando que esse rapaz..."

"Foi o que eu pensei também. Discutimos, ele dizia que não estava entendendo por que eu estava tão indignada e eu não acreditando que ele pudesse ser tão cínico depois de tudo... Só que hoje eu falei com MacFusty e ele parecia ser muito amigo de Draco. Disse-me que a Sra. Malfoy o havia enganado para que confirmasse o suborno quando, na verdade, ele não fazia idéia dele."

"Você quer dizer que ela armou contra vocês dois?"

"É o que tudo indica..." – Gina tinha os olhos brilhando de raiva. – "E eu acreditei, não ouvi as palavras de Draco dizendo que não entendia minha revolta... Eu preferi acreditar na má fama do nome dele do que confiar na ligação que temos..."

"Não há possibilidade do Malfoy estar arrependido e ter pedido a esse MacFusty para que dissesse tudo isso para você?" – Molly especulou.

"Eu pensei nisso também, mas conclui que não, pois ele não quis me dizer onde Draco se encontra agora."

"Como assim, querida? Malfoy não estava no banco?"

"Não..." – Suspirou, triste. – "Parece ter saído do banco. Falei com o Sr. Brown para que me ajudasse, mas ele disse que a pedido de Draco, não poderia revelar sua localização. Apenas me disse que estava fora do país..."

"Estava, acabei de voltar!" – Uma voz divertida falou, vinda da porta.

A Sra. Weasley e Gina se viraram, já reconhecendo a voz do primogênito da família.

"Gui!" – Molly gritou, correndo até o filho. – "O que você está fazendo aqui? Por que não nos avisou?"

"Eu quis fazer uma surpresa" – explicou, abraçando Gina. – "É você mesmo? O que houve com esses cabelos? Alguma experiência dos gêmeos?"

Gina riu, passando a mãos pelos cabelos. Não estavam mais tão negros quanto no dia em que chegou, um mês atrás, pois não renovara o feitiço e ele ia perdendo o efeito, clareando os fios naturalmente. Dali a algumas semanas, ela estaria de novo como uma autêntica Weasley: os cabelos vermelhos como fogo.

"Onde está Fleur?"

"Passamos na França primeiro e ela resolveu ficar na casa dos pais até que eu conseguisse uma casa definitiva por aqui..."

"Mas isso não seria daqui a um mês?" – Gina questionou.

"Seria, mas as coisas se adiantaram e com a disponibilidade do meu substituto, pude vir mais cedo."

"Isso é ótimo!" – Molly falou, risonha, abraçando o filho de novo.

"De quem vocês estavam falando quando cheguei?" – Gui perguntou, curioso.

Mãe e filha trocaram olhares de cumplicidade. Hesitando um pouco, Gina acabou dizendo:

"De Draco Malfoy..."

"Ora, não me diga que você ainda está namorando-o!"

"Na verdade, não..." – Gina falou, abaixando os olhos.

"Que bom. Não creio que seja bom namorar o filho de um Comensal, ainda mais sendo ele um Malfoy... Além disso, namoro a distancia nunca dá certo, quase perdi Fleur quando tive que volta para o Egito e se não tivesse tomado a atitude de casar com ela, provavelmente não estaríamos juntos... E ela detestava aquele clima seco, reclamando que nunca conseguia se livrar da areia... Você também não iria gostar nada, Gina."

Ela levantou as sobrancelhas.

"O que você quer dizer?"

"Você sabe, lembra quando foram até lá? Areia por todos os lados, ainda mais quando havia tempestades... Não tinha um lugar aonde ela não entr..."

"Não!" – Quase gritou, ansiosa. – "Por que você disse que eu não iria gostar?"

"Ora, porque se você ainda namorasse Malfoy e, na remota chance de permitimos que você fosse para o Egito com ele, não gostaria de..."

"Draco está no Egito?" – Gina o interrompeu, lançando um rápido olhar para a mãe. – "Você disse..."

"Está. Ele foi enviado para me substituir. Mas por que esse interesse?" – Gui a olhou, desconfiado, assemelhando-se muito com o semblante de Rony quando este lhe perguntava sobre seus namorados em Hogwarts.

Gina sorriu para a mãe e pulou em cima de Gui, abraçando-o.

"Você acaba de ganhar o posto de Melhor Irmão!" – Disse, beijando-lhe a face sem parar.

"Okay, se vocês não me explicarem, eu vou achar que você estava procurando por um Malfoy, um asqueroso e arrogante Malfoy... E espero estar muito enganado..."

"Mas não está, querido" – dessa vez foi Molly quem falou, sorrindo também. – "Gina estava procurando por Malfoy e você foi o cavaleiro que traz boas notícias..."

"Eu não estou vendo nenhum cavalo por aqui..." – Gui emburrou. – "De qualquer formar, não vejo como você irá para o Egito, papai não permitirá que você viaje por um Malfoy..."

Gina pegou o braço de Gui e o enlaçou entre o seu. Ela aprendera a identificar em cada um dos irmãos uma característica própria. Enquanto Carlinhos era o mais amigo e compreensível, dando-lhe apoio quando ela decidira ir para a Romênia e começara a namorar o mulherengo Max, Gui era o descolado e protetor. Ele não era ciumento ou possessivo, mas sempre que tinha que defender Gina, agia ortodoxamente, como estava fazendo em relação a Draco.

"Sabe, alguém me disse que se algo é para acontecer, vai acontecer naturalmente... E foi exatamente o que aconteceu com você aparecendo aqui, informando-me onde Draco se encontrava. Se a parte mais difícil – que era encontrá-lo – já foi resolvida, creio que o resto não será tão penoso assim..."

...dracoEginaEdracoEginaEdracoEginaEdracoEgina...

Era começo de noite, o time todo estava reunido no campo, treinando para a partida contra a Corvinal no próximo fim de semana. Gina havia conseguido a vaga de artilheira, mas não vinha se saindo muito bem nos treinos. Na verdade, ninguém parecia muito concentrado, nem o próprio capitão.

"Tente mirar nos adversários, Splot, e não nos jogadores do seu time! E Gina, as balizas não estão no gramado, então pare de olhá-lo!" – Harry gritou para o time.

Os dois jogadores assentiram, um pouco zangados com as reclamações de Harry. Ele andava meio estúpido e irritado ultimamente e parecia que era renovador descontar seu stress nos membros do time nos dias de treinamento. Contudo, Gina o entendia. Sabia de suas aulas com Dumbledore e no modo como ele chegava exausto delas, e também do peso que ele carregava por ser o principal alvo de Voldemort.

Mas ela também tinha problemas: estava no quinto ano e tinha mais exercícios do que tempo para fazê-los; sua mãe a havia pressionado para tirar boas notas nos N.O.M.s, pois as dos últimos três irmãos – os gêmeos e Rony – não haviam sido satisfatórias; e para completar, Malfoy parecia ter mudado seu alvo entre os Weasley: parecia ter deixado Rony um pouco de lado e estava provocando-a e humilhando-a mais do que nunca. Gina tinha certeza que isso era devido à fuga dela e de Neville e Luna da sala da Umbridge antes das férias.

Quando Harry finalmente se cansou de gritar com todos, foram correndo para o castelo, o vento forte do Outono ultrapassando suas vestes. Gina havia ficado um pouco para trás, voltando ao vestiário para pegar algumas anotações de Feitiços que havia trazido para estudar durante o caminho.

Quando chegou no saguão do castelo, todos já haviam subido as escadas para a torre da Grifinória, e ela resolveu passar na biblioteca para reservar um livro de Poções antes que o horário permitido para andar nos corredores acabasse. Contudo, para seu desgosto, a entrada da Sonserina ficava próxima da biblioteca, e naquele instante, Draco Malfoy também fora pegar um livro, pois estava saindo de lá.

"Ora, é a caçula dos pobretões... Está furtando pergaminhos da biblioteca?" – O louro disse, referindo-se as anotações na mão de Gina.

Ela não pensou duas vezes para pegar sua vassoura e passá-la entre as pernas de Draco, fazendo-o se desequilibrar e cair. O problema era que não passou por sua cabeça que ele poderia segurá-la e levá-la ao chão junto, fazendo-a desabar em cima do sonserino, a vassoura entre eles.

Encararam-se, perplexos com a situação e com suas posições. O peito de Draco estava sendo comprimido pelo cabo da vassoura e uma das mãos de Gina o segurava perigosamente perto de suas partes baixas.

"Nem tente me roubar, Weasley, eu conheço esse truque..." – Draco disse, lançando-lhe um olhar de repulsa.

Gina bufou, irada com a situação e com a arrogância do sonserino. Apertou com firmeza o cabo da vassoura, sabendo que ela estava centrada exatamente no meio do corpo de Draco. Sem hesitar, como da primeira vez, só que agora sabendo qual seria o próximo passo de Draco, puxou rápido o cabo para cima o suficiente para as cerdas atingirem o alvo e rolou para o lado para não ser atingida também.

Draco dobrou as pernas e curvou-se para o lado, gemendo de dor enquanto ela se levantava sorrindo.

"Esse truque você não conhecia..."

Ela deu apenas um passo para logo ter uma das pernas envolvidas pelas de Draco, fazendo-a tropeçar e cair de novo, desta vez com a bunda no chão.

"Não vou ser o único a sair com dor daqui, Weasley" – Draco disse, observando Gina contorcer seu rosto em uma careta.

"Eu poderia ter quebrado alguma coisa, seu idiota!"

"Ora, eu poderia ter quebrado também! Além disso, talvez não tenha mais filhos!" – Disse, olhando-a com ódio.

Gina riu.

"Seria um bem para a comunidade mágica não ter mais Malfoys poluindo o mundo... Além do mais, ninguém iria querer ter filhos com você, já que um cabo de vassoura parece ser mais interessante do que o que você tem nas..."

Draco agarrou a vassoura nas mãos de Gina, pegando-a de surpresa.

"Então é por isso que você andava com essa vassoura, Weasley? Não consegue ganhar um homem de verdade?" – Satirizou enquanto se levantava.

"E por acaso você é um homem, Malfoy? Pois eu não vejo mais do que um garoto filhinho de papai na minha frente!"

"Bom, eu posso afirmar que sou muito mais flexível do que isso" – ele colocou uma das mãos na ponta do cabo da vassoura e desceu-a deslizando até encontrar a outra mão no meio do cabo.

As bochechas de Gina ficaram rubras como não acontecia há muito tempo e ela se levantou sem encarar Draco. Passou por ele esticando a mão para alcançar a vassoura e tocou sem querer na mão dele. Um espasmo de eletricidade percorreu seus dedos e se espalhou por todo seu corpo, fazendo-a sentir um calafrio.

Draco sentiu a mesma coisa, encarando Gina no mesmo instante. Ela o olhou também, vendo que não havia nenhum sinal de arrogância em seus olhos, mas sim, espanto. Confusa, pegou a vassoura e saiu o mais rápido que pôde dali, suas pernas meio bambas.

Não entendeu por que só de tocar a pele de Draco, sentiu-se tão envolvida, sendo que ao estar em cima dele, nenhum tremor lhe ocorreu.

"O ódio entre Malfoys e Weasleys deve ser tão grande que faz com que tenhamos choques ao encostar nossas peles...", pensou, não querendo admitir que aquele choque não havia sido ruim, o que não era um bom sinal.

Depois daquele dia viu-se lembrando de Malfoy todas as vezes que pegava sua vassoura ou ouvia alguém falando de Quadribol. Não entendia por que não conseguia tirar o episódio de sua cabeça. "Talvez porque você tenha gostado de estar em cima dele, de o ter tocado...", uma vozinha chata lhe dizia em sua cabeça.

Em um sábado, quando a maioria dos alunos do terceiro ano para cima estava em Hogsmeade, Gina se encontrava no corredor da biblioteca com um punhado de livros indo para a biblioteca estudar. Não era nenhuma Hermione, mas aquele ano estava sendo puxado demais e ela preferiria perder um sábado a começar a ficar neurótica como via alguns de seus amigos ficarem.

Viu uma cabeça loura platinada mais à frente, e sem hesitar, sabendo de quem se tratava, gritou:

"Ei, Malfoy!"

Draco se virou, estando a poucos metros da escada para as masmorras. Ele viu a ruiva correr com alguns livros na mão e sorriu internamente, apesar de manter um semblante de desagrado na face.

"Não adianta, Weasley, não adianta ficar estudando até nos sábados, um Weasley nunca alcançará minhas excelentes notas nos N.O.M.s..." – Falou, arrogante.

Gina respirou fundo e falou antes que desistisse.

"Eu posso muito bem alcançar suas notas, Malfoy, mas não consigo me concentrar nos meus deveres! Não consigo esquecer aquele maldito dia com aquela droga de vassoura e aqueles tombos... Mas eu tenho certeza de que se ficar aqui, olhando para sua cara arrogante e mesquinha, vou acabar associando-a a um trasgo e pararei de pensar que aquele toque foi..."

"Bom?" – Draco completou, lançando-lhe um olhar de vitória. – "Ora, para quem disse que um cabo de vassouras é mais satisfatório, estou surpreso por você estar tão incomodada com um simples toque..." – Provocou, pronunciando as últimas palavras vagarosamente.

"Ótimo, isso foi suficiente! Você realmente é um trasgo" – Gina apertou mais os livros contra si e se virou, irritada. Não deveria estar tão brava daquela maneira, pois seu objetivo inicial era ouvir coisas estúpidas dele para confirmar mesmo que ele era um imbecil... Contudo, não parecia aliviada.

"Como eu estou..."

Gina se virou e encarou-o. Não havia entendido o que Malfoy dissera e perguntou-se se valeria à pena saber. "Vale, Gina, assim você confirma de vez que se passou a vida inteira odiando-o, era porque havia um motivo muito bom", pensou, virando-se de novo.

"O que você disse, Malfoy?"

Draco também ponderou se deveria repetir o que havia dito, pois era uma coisa realmente absurda e havia dito sem pensar. Havia sentido alguma coisa ao ver uma certa decepção nos olhos castanhos da ruiva que ele sempre odiou e acabou por dizer aquilo, mas agora se sentia inseguro para repetir. Era ridículo pensar que havia dito, mas ao mesmo tempo, era um alívio admitir, mesmo que não entendesse direito o que estava admitindo. Era um caminho sem volta e ao ver uma mínima esperança no nervosismo de Gina, decidiu segui-lo, ignorando qualquer alerta que sua razão tentava passar.

"Eu disse que estou surpreso por você estar incomodada com um simples toque como eu estou..." – Desta vez não havia nenhum sarcasmo em seu tom de voz e se viu ansioso pela reação de Gina. Ela soltou os livros da mão e começou a rir. "Draco, seu imbecil, você acabou de dar uma história para Weasley zoar com a sua cara pela vi..."

Ele não teve tempo de concluir seu pensamento, pois Gina, voltando a ficar séria, pôs-se a falar ininterruptamente:

"Você não deveria ter falado isso, Malfoy, pois assim eu vou continuar a lembrar dos malditos espasmos na minha pele toda vez que ver uma vassoura e vou ficar achando que te tocar é bom, que lembrar de você é bom, que você é bom, o que não é verdade, já que você é da Sonserina e é odiado pela minha família inteira e se é odiado, é porque existe um bom motivo para isso, e esse é um bom seguro, não o bom que se refere a vo..."

Gina viu quando Draco começou a se aproximar, mas continuou a falar, não querendo absorver as palavras dele, pois assim não pensaria besteira, já que achar que um Malfoy teria outro sentimento por ela que não fosse ódio era uma grande besteira. Por isso, mesmo surpresa com a aproximação do louro, não conseguiu parar de falar, só se calando quando ele colocou as duas mãos em seu pescoço, levantando seu rosto e a beijando.

Draco achou que estava ficando louco. Quis tirar suas mãos do rosto de Gina, afastar-se, mas alguma força o segurava, impedia-o de separar seus lábios, fazendo-o aproximar-se mais, unindo línguas e corpos como se não tivesse controle de si mesmo. Sentia fagulhas de eletricidade dançarem por sua pele e cada vez que apertava mais suas mãos no pescoço dela, mais ficava entorpecido.

Gina também não entendia o que estava fazendo, apesar de gostar do que estava fazendo. Não conseguia se mexer para empurrar Draco, mas descobriu que seus braços tinham vontade própria, enlaçando o corpo do louro enquanto ele enfiava os dedos longos por seus cabelos. Quis gritar que ele não tinha o direito de agarrá-la assim, mas percebeu que seu corpo reagia positivamente, apesar de sua mente estar contra àquela intimidade. "Quem está certo? Mente ou corpo?", perguntou-se, logo conseguindo separar-se dele para respirar.

Os dois se encararam, os olhos brilhando e as bocas entreabertas para tomar ar. O cinza dos olhos de Draco parecia mais claro e ela não conseguia enxergá-lo como um Malfoy, ele parecia apenas um garoto... Um garoto de dedos longos, cabelos louros e olhos cinzas que lhe observavam cheios de dúvida e desejo.

"Corpo" – ela disse, voltando-o a agarrá-lo.

Desta vez foi Draco que foi pego de surpresa, mas já não tentou lutar contra o que estava acontecendo. Gina havia dito corpo e, apesar dele não saber qual era a pergunta, entendeu perfeitamente a resposta...

...dracoEginaEdracoEginaEdracoEginaEdracoEgina...

Dois meses depois...
Estava em um bar perto do trabalho, o burburinho das pessoas chegando em seus ouvidos indicando a animação do final de semana. Novamente se metera em mais um encontro de fim de expediente, mas desta vez gostava de participar. Os egípcios eram mais amigáveis e menos arrogantes que os ingleses com quem ele trabalhara – talvez isso fosse porque seus companheiros de agora não eram filhinhos de papai como os estagiários do Gringotes – então se sentia satisfeito em participar daqueles encontros de sexta-feira.

Na verdade, Draco também era um riquinho como os colegas do trabalho anterior, mas desde que saíra da Inglaterra, estava se mantendo com seus próprios galeões, rejeitando a ajuda que seu pai resolveu dar, descumprindo com sua palavra – Draco tinha quase certeza que Lúcio só estava oferecendo a mesada por causa da insistência da mãe, mas não quis aceitar, pois ainda não havia engolido o que os pais haviam feito contra ele e Gina e queria manter o máximo de independência possível.

Estava sendo difícil não lembrar de Gina, já que sempre se recordava dela quando se comunicava com os pais. Sentia um misto de raiva e tristeza, pois não conseguia entender por que ela não o deixara explicar, preferindo acreditar nas palavras de Narcisa, pior: voltando para o romeno...

"Que cara é essa, Draco?" – Um de seus companheiros que era da Irlanda perguntou.

"Acho que estou pegando um resfriado..." – Ele mentiu. – "Aquelas tumbas são muito úmidas e frias..."

"Logo você se acostuma... No começo, eu não entendia esse frio de noite e o calor insuportável de dia... Parecia que estava em um país de dia e em outro de noite... Hoje já nem percebo essas mudanças..."

Draco balançou a cabeça assentindo.

"Ei, Malfoy, que bebida é essa?" – Um dos egípcios disse, apontando para o copo do louro.

Ele olhou para o seu próprio copo e, estudando o líquido azulado com algumas frutas dentro, lembrou-se da primeira vez que viu aquela bebida há alguns meses atrás. "Parecem anos... Tudo que diz respeito a Gina parece distante demais para ser presente... Só posso tê-la no passado... Um passado permanente..."

"Draco?" – O amigo chamou de novo.

Percebeu que havia se distraído olhando para a bebida e voltou-se para o egípcio, ainda meio perdido.

"Suco espanhol."

"E isso é bom? É algo latino, não é? Essas coisas latinas não são muito boas e..."

Draco nem estava mais prestando atenção no que ele dizia. Só conseguia se concentrar na palavra latino, pois concluiu que se aquela bebida era latina só poderia estar relacionada com outra coisa latina: o romeno. Sentiu-se tão furioso por uma das coisas que lhe lembravam Gina sem serem desagradáveis estar ligada a Brankovitch que empurrou o copo fazendo a bebida cair pela mesa, espalhando as frutas.

"Ora, cara, eu estava brincando!" – O egípcio que criticava os latinos disse, rindo. – "Eles não misturam leite de..."

"Você é Draco Malfoy?" – O atendente perguntou, aproximando-se da mesa e olhando para Draco.

"Sou."

"Pediram para lhe entregar isto" – disse, estendendo um pacote embrulhado com papel pardo.

Todos ao redor da mesa se interessaram pela entrega misteriosa, curiosos para saberem do que se tratava.

Vendo a curiosidade dos companheiros e não se importando muito, começou a rasgar o papel, revelando um livro. Colocou-o de frente para si e viu o título em letras douradas: Características e curiosidades dos Dragões – Um manual para criadores escrito pelo Clã MacFusty.

"Ora, isso só pode ter vindo do Jordan!" – Disse, pensando alto.

"Ei, Malfoy, não sabia que você tinha largado um namoradinho na Inglaterra!" – Um egípcio de pele morena e olhos escuros disse, levando os colegas a rirem.

"Por quê, Anolais, está com medo de que eu roube o seu namorado?" – Satirizou, ouvindo mais risos.

Desligou-se um pouco dos colegas e pôs-se a examinar o livro, perguntando-se por que MacFusty não lhe disse nada sobre o livro quando ele conversara com o amigo via lareira na semana passada. Foi então que notou uma fita vermelha no meio das páginas.

Abriu-o, deparando-se com uma figura desenhada à mão, mas perfeita nos mínimos detalhes: um exemplar de dragão da espécie Metal Alado Polonês. Era como se estivesse na sua forma animaga olhando para um espelho, todas as suas características de dragão reproduzidas no desenho.

Viu que na página ao lado havia a descrição da espécie e se pôs a ler:

Metal Alado Polonês

Original da Polônia, essa espécie faz jus à fama do país de ter dragões hostis, perigosos, mas unanimemente belos. Estando classificado entre os dez couros mais apreciados do início do século XX, acabou traído por sua beleza, quase sendo exterminado para servir de bolsas, botas e casacos. Mas graças ao decreto homologado em 1955, a caça ao Metal Alado foi proibida por duzentos anos e vêm sendo seguida até os dias atuais – pelo menos no país onde o decreto foi assinado. Deve-se, então, à moda dos acessórios metalizados dos anos 30, a raridade dessa espécie.
Suas garras afiadas nas pontas das asas são tão resistentes quanto uma barra de qualquer metal puro. Contudo, apesar de ser essa uma de suas armas mais letais, também torna-se ponto fraco, pois as garras são suscetíveis ao fogo – que jorra da boca da maioria dos dragões – e esquentam, queimando o couro do próprio Metal Alado com facilidade.
Seu focinho mais alongado do que o normal permite o lançamento de labaredas mais prolongadas, deixando o eventual inimigo sem defesa ou tempo para se esquivar. E tendo um couro comparado a metais, torna-se praticamente impossível de domá-lo com feitiços, a não ser quando é acertado na parte inferior da barriga, que é muito bem escondida quando se encontra em presença hostil – observando-se que dragões consideram humanos uma presença hostil.
Seu comportamento rebelde e agressivo é comprovado, além dos diversos relatos de ataques, pela constatação de várias garras afiadas na ponta de sua cauda, dando ao Metal Alado a sexta posição no ranking de dragões perigosos. Portanto, pense duas vezes e una-se a mais vinte domadores experientes antes de provocar um exemplar dessa espécie.
Seus ovos são...

Draco parou de ler, sendo chamado pelos colegas, pois já estavam indo embora.

"Vamos, cara, nós queremos dar uma passada no Cleópatra antes que fique cheio."

Ele já ia se levantar para acompanhar os amigos, mas quando fechava o livro, viu que havia algo escrito em dourado na fita que estava marcando a página do desenho.

"Eu... acho que vou ficar por aqui..." – Disse para o grupo.

"Ótimo!" – O irlandês falou. – "Então você paga a última rodada!" – Disse antes de sair e deixar Draco com uma cara nada satisfeita.

Irritado, o louro se pôs a ler a mensagem na fita:

"Eu sempre pensei que nunca conseguiria te conhecer completamente, pois havia algo no cinza de seus olhos que dizia que você guardava mistérios indecifráveis...
Contudo, veja só! Eu pego um livro e acho coisas que jamais pensei que poderia descobrir sobre alguém: um rabo com muitas garras indica personalidade feroz e indomável, mas dragões com olhos verdes são fiéis e dóceis com quem eles confiam.
Você confia em mim o suficiente para deixar de lado sua personalidade feroz e indomável, Draco?
Ah, este livro foi um presente dado por um amigo, portanto não posso perdê-lo. Então, não se preocupe, nos encontraremos em breve para que você o devolva para mim..."

Não havia assinatura e a letra era desconhecida, mas Draco não tinha dúvida de quem se tratava. Apesar de ser um livro escrito pelos MacFusty, sabia que Jordan não lhe escreveria um bilhete assim. Só havia uma pessoa que lhe trataria com tanta intimidade e pretensão e que teria um amigo que daria um livro sobre dragões, além de lhe mandar uma fita vermelha com letras douradas – cores da Grifinória –: Gina.

Um leve sorriso se formou em seu rosto ao ter essa conclusão, mas logo se irritou por ter em mãos um presente do romeno. Quis pegar a varinha e tacar fogo no livro, mas sua curiosidade sobre si mesmo era tanta que ele resistiu, além de saber que Gina provavelmente o mataria se estragasse o presente.

...dracoEginaEdracoEginaEdracoEginaEdracoEgina...

Já havia se passado quase duas semanas desde que ele recebera o livro e nada de Gina aparecer. Começou a ficar nervoso, pois ela parecia estar fazendo um jogo com ele...

"Provavelmente o romeno fez algo que ela não gostou e agora ela voltou correndo...", supôs. Draco não fazia idéia de que Gina não havia ido para a Romênia como os gêmeos haviam dito e, devido à demora de Gina, começou a achar que ela estava brincando com ele.

Em um dia, quando já fazia mais de três semanas que Gina mandara o livro, Draco acordou irritado, pois havia sonhado que ela estava voando em um dragão com Max ao seu lado, os dois rindo muito de um dragão cinza – no caso, ele – que era tão fraco que não conseguia alcançá-los no céu.

Estava tão convencido de que aquilo era um sinal de que Gina estava apenas querendo enganá-lo, que chegou nervoso no trabalho, virando a cara para todos e respondendo grosseiramente para quem ousava se aproximar.

"Malfoy" - Anolais o chamou, correndo para alcançá-lo em um corredor.

Ele se virou mirando o egípcio com fogo nos olhos, o cinza quase negro e os punhos fechados se segurando para não bater em alguém.

"Me pediram para te avisar que..."

"Eu já sei." – respondeu, a voz rouca.

Anolais levantou uma das sobrancelhas.

"Não, Malfoy, foi..."

"Hoje eu supervisiono sozinho o sarcófago de Ramesés II já fui avisado. Agora você poderia me deixar ir até lá fazer meu trabalho ao invés de me perturbar?"

O moreno xingou alguma coisa em sua língua nativa e jogou um envelope nas mãos dele, dando as costas para Draco e dizendo:

"Eu tentei avisar..."

O louro deu de ombros e voltou a caminhar até sua sala. Lá recolheu algumas informações sobre quem iria trabalhar na exploração e sobre o local. Irritou-se mais ainda ao saber que um coreano novato estaria participando naquela expedição, pois ele era desastrado e sempre acabava soltando alguma maldição que facilmente poderia ser neutralizada. O envelope dado por Anolais ele jogou sobre sua mesa, sabendo que se tratava de informações sobre uma nova transferência. Já estava carregando a incompetência do coreano naquela exploração e não iria agüentar mais um calouro dificultando o trabalho, então decidiu que assim que encontrasse o novo contratado, mandaria o estorvo para o grupo do Fowl, o amigo irlandês que explorava as pirâmides do sudoeste.

Estava indo de vassoura até a pirâmide, pois era a primeira vez que a visitava e ao longe pôde vislumbrar a presença gigantesca do monumento. Sentia-se muito mais satisfeito trabalhando ali do que no Gringotes junto dos duendes desconfiados, pois era desafiado com os mais diversos problemas todos os dias, fosse por ter que resolver enigmas, decifrar códigos e desarmar armadilhas ou por não ser um mero estagiário, mas sim, supervisor de uma dezena de bruxos que seguiam suas ordens – alguns meio relutantes por ele não ser tão experiente.

Quando estava próximo da entrada em um dos lados da pirâmide, já conseguia distinguir as pessoas e certificou-se, satisfeito pela primeira vez no dia, que seu pessoal já estava ali, esperando-o. Contudo, notou que havia alguém um pouco separado do grupo com os cabelos esvoaçando com o vento seco daquela região. Estranhou, sabendo que não havia mulheres na sua equipe e que nenhum dos homens tinha cabelos compridos daquele jeito.

Ao se aproximar mais, conseguiu enxergar a cor dos cabelos, constatando que eram vermelhos. Soltou uma mão do cabo da vassoura e coçou seus olhos, achando que deveria ter entrado algum grão de areia, obstruindo sua visão. "Mas você não está vendo a menos, Draco, está vendo a mais! E ver Gina Weasley em pleno deserto, só pode ser uma miragem! Ou está ficando louco, ou provavelmente esse sol não está lhe fazendo bem...", concluiu consigo mesmo, cada vez mais próximo da entrada e da ruiva.

Decidiu que só poderia estar tendo visões, pois mesmo que aquela fosse Gina, a sua Gina, não poderia ser ela, já que a sua Gina estava morena e não ruiva como a estava vendo agora. "Sol demais, sol demais..."

Não conseguiu desgrudar os olhos da figura feminina até chegar no chão. Hesitou por um momento quando desceu da vassoura, perguntando-se se deveria ir direto falar com sua equipe, ignorando a miragem ou se deveria falar com ela, podendo se passar por louco, caso fosse mesmo uma visão.

Contudo, assim que pôs os olhos mais uma fez na ruiva, recebeu um sorriso tão caloroso e real, que não duvidou mais que aquela Gina era a sua Gina com os cabelos vermelhos parecendo fogo sob o sol, as bochechas levemente pintadas com sardas e os olhos castanhos vivos como sempre. Caminhou em direção a ela, ainda meio confuso, mas com o coração batendo a mil.

"Resolveu aparecer, Weasley?" – Provocou, não conseguindo esconder o sorriso em seus lábios.

"Não confiou em mim, Draco?" – Ela respondeu com outra pergunta.

"Na verdade, não, mas talvez isso possa mudar..." – ele dizia, cada vez mais próximo.

"Vai mudar, pois eu estou aqui, provando que confio em você, largando tudo o que me prendia lá na Inglaterra" – começou a dizer, falando rápido como se quisesse se desculpar por não ter acreditado nele. - "Estava crente que não poderia ser feliz se não fosse lá, mas descobri que o lugar não é importante, mas sim, a pessoa que está ao meu lado... E eu sei que é voc..."

Draco não a deixou terminar, enlaçando-a pela cintura e beijando-a com um desespero que ele não esperava demonstrar. Sua pele parecia arder com a eletricidade que passava por seus corpos, mas era algo tão bom que ele desejou internamente que durasse para sempre mesmo que o matasse. Assim como Gina parecia amolecer sentindo cada centímetro da pele de Draco em contato com a sua, como se uma corrente de energia passasse de um para o outro, ligando-os.

"Uh-huuu! Isso mesmo, Malfoy, aproveita!"

"Dá-lhe, chefinho!"

"Não sabia que você podia agarrar seus subordinados, Malfoy, eu também quero um amasso seu!"

Draco e Gina se afastaram ofegantes, parecendo notar novamente que estavam diante de uma platéia de quase dez homens que sorriam maliciosamente por terem presenciado o sempre sério supervisor Malfoy agarrando, nada discretamente, a mais nova contratada.

O louro ficou olhando para os bruxos, meio irritado e ainda meio tonto pela recepção dada a Gina, e percebeu que eles não pararam as provocações porque ele havia parado de beijá-la, mas sim, porque estavam encarando um dos homens, perplexos.

"Ora, pessoal, eu nunca escondi nada de ninguém!" – Um bruxo de olhos claros e voz grossa disse.

Todos ficaram mudos, espantados com a revelação, pois não havia nenhum sinal de ele poderia jogar em outro time. Contudo, o som da risada de Gina quebrou o silêncio, fazendo todos rirem, alguns forçadamente.

"Já ganhou alguns admiradores, hein, Draco!" – Gina sussurrou, rindo.

"Mas eu só preciso de uma..." – Ele respondeu, fazendo ela sorrir mais ainda. – "E vocês, chega de piadinhas! Vão para dentro e comecem o serviço!"

Os bruxos, munidos de suas varinhas, entraram um a um na pirâmide, alguns olhando irritados – ou enciumados – por Draco não ir com eles para ficar com a garota, não cumprindo sua função de supervisor.

"Onde está aquela Gina morena que me deixou plantado na chuva, doente?" – Perguntou, passando os dedos pelos fios de cabelo vermelhos.

"Aquela Gina foi embora junto com o feitiço de coloração de seus cabelos assim que percebeu que havia cometido um engano ao acreditar em uma Malfoy, ao invés de acreditar no seu Malfoy."

"Sabe, o melhor jeito de obter a confiança de alguém, é mostrando que confia também..." – Falou, mostrando um pouco de ressentimento.

"Desculpe, Draco..." – Falou, abaixando a cabeça. – "Eu me deixei levar pelas palavras bem colocadas de sua mãe, e não enxerguei que você estava sendo enganado também... Eu quero que você confie em mim do mesmo jeito que estou confiando em você colocando minha vida em suas mãos ao vir aqui..."

"Você não deveria fazer isso, dragões podem ser traiçoeiros..."

"Mas eu sou uma domadora, sei driblar isso..."

"É? E como foi que você driblou seu romeno? Ele te deu um fora ou coisa assim?" – Draco falou, novamente ressentido, mas mostrando-se indiferente.

Ela riu, deixando-o irritado.

"Isso foi culpa dos gêmeos! Quando comuniquei que iria vir para cá, eles me contaram que haviam mentido para você dizendo que eu havia partido para a Romênia... Mas não era verdade..."

"Oras, aquelas cópias ambulantes! Nós teríamos resolvido tudo naquela época se não fossem esses dois!"

Gina deu de ombros, como se demonstrasse que aquilo ocorreu para que as coisas andassem da maneira e no tempo certo.

"Vê? Weasleys também podem ser traiçoeiros quando se trata de defender a irmãzinha do dragão malvado..." – disse, rindo.

Os dois se beijaram, desta vez, não sendo interrompidos de novo por uma platéia.

"Quer dizer que você é a mais nova contratada do meu grupo, Srta. Weasley."

"Exatamente. Gui, com alguma relutância, acabou revelando que estavam precisando de um especialista em criaturas mágicas, pois estavam encontrando alguns diabretes e outros animais perigosos nas tumbas... Então eu me comuniquei com o responsável daqui e tendo ajuda do Sr. Brown, que mandou ótimas referências devido à pequena ajuda com o Bola de Fogo e do meu sobrenome, já que Gui fez um trabalho excelente, não foi difícil conseguir o emprego, apesar de ter demorado um bocado para acertar tudo."

"E aquela história de que só ficávamos juntos com dificuldades? Que nosso relacionamento só dava certo se tinha algo atrapalhando?" – Ele provocou.

"Eu ainda acho que isso é verdade... Descobri que nosso principal obstáculo é algo imutável, então isso torna nosso relacionamento interminável..." – Disse sorrindo e o enlaçando.

"E qual é essa tal obstáculo?"

"Nós mesmos!" – Draco encarou-a, confuso. – "Quer oposição maior do que um dragão e uma domadora?"

Ele riu, concluindo ser verdade.

"Realmente, esta é uma situação de eterna oposição..."

"Agora que está tudo esclarecido, o que você acha de pagar uma dívida?" – Ela falou, marota.

"Não me lembro de ter prometido nada, Gina, mas se você quiser fazer alguma coisa comigo, eu não vou me opor" – sorriu, malicioso.

"Ora, eu mereço uma recompensa por ter cuidado de você e quero ver meu dragão voando! Aqui parece um ótimo lugar" – disse, mostrando o deserto que se estendia por todos os lados.

"Isso é fácil!" – disse, lembrando-se do sonho. "No final das contas é comigo que ela quer voar!", pensou, como se finalizasse a disputa com o romeno.

Ele beijou Gina calorosamente e depois se afastou um pouco, iniciando a transformação. Logo, já estava maior que a pirâmide ao lado, suas asas abertas e seu couro cinza brilhando sob a luz do sol. Encarou Gina com seus olhos verdes, que para muitos poderiam ser ameaçadores, mas que estavam demonstrando carinho.

"Vá!" – ela disse, empolgada, esticando os braços para que ele voasse.

Mas Draco continuou parado, olhando-a.

Foi então que Gina percebeu que o pescoço longo de Draco estava quase encostado no chão e que sua pata estava esticada perto dela.

"Oh, você não quer que eu... Não vou ter coragem..."

Draco continuava a encará-la, não podendo dizer nada. Vendo o brilho quase ofuscante nos olhos dele, Gina se rendeu, mesmo assustada.

"Você tem certeza de quê...?"

Ele piscou os olhos como se confirmasse.

Hesitante, Gina foi até a pata de Draco, subindo por seu couro escorregadio, algumas vezes quase caindo até chegar perto das asas e conseguir caminhar nas costas dele até seu pescoço.

"Draco você tem certeza de que isso é segu...?"

A voz de Gina foi abafada por um estouro forte seguido de uma fumaça vermelha saindo da entrada da pirâmide. Os bruxos da equipe de Draco foram saindo correndo, parecendo assustados e irritados, mas sem nenhum ferimento. Logo que se recuperaram do susto, caíram em cima de um asiático todo chamuscado com os olhos arregalados de culpa e começaram a xingá-lo.

"Você não acha que deveria ajudá-los?" – Gina perguntou.

Em resposta, Draco começou a bater as asas, jogando areia no seu pessoal, que notou que estavam diante de um dragão enorme. Com um impulso nas patas traseiras, saiu do chão, tomando velocidade à medida que ia subindo.

Gina quis gritar, mas assim que se agarrou mais, apertando o quanto podia o couro de Draco, sentiu-se segura, pois mesmo transformado, Draco ainda lhe passava aquela sensação boa na sua pele.

Muitos não ousariam nem olhar para um dragão, tamanha imponência que essas criaturas passam. Contudo, para Gina, estar voando em cima de Draco, do seu dragão, era estar vivendo um dos momentos em que se sentia mais protegida e feliz, pois estava domando...


N/A:O
flashback foi pra mostrar o contraste do início do relacionamento com o desfecho da estória, porque começou meio como uma aventura e terminou com os dois amadurecidos, etc...
ORamesés IIfoi realmente um faraó... Sorry não poder dizer mais nada sobre ele, mas o tempo que eu tenho é curto...
O nome do amigo irlandês de Draco – Fowl – foi, sim, inspirado no personagem Artemis Fowl, o menino prodígio do crime...
E espero que tenham entendido, mas pra quem não entendeu – porque eu não sou muito boa nisso – o domando é um trocadilho com a profissão da Gina – domadora, domar – e o verbo amar...
E eu vou postar o epílogo logo, desculpem não poder postar hj, mas não dá tempo...!