1- Amigos

Do lado de fora do templo do Grande Mestre, todos pararam pra se apresentar. Viram que seu mais novo companheiro era tímido e resolveram por iniciar.

– Olá! Meu nome é Mu. Moro na primeira casa, Áries. – Sorriu

– Sou o Aioros, de Sagitário e esse é meu irmãozinho, Aioria de leão – Aioros passou a mão na cabeça do irmão e sorriu para Kamus.

– Me chamo Aldebaran. Moro em Touro. Pode me chamar de Deba se preferir – O brasileiro sorriu. Kamus surpreendeu-se com o tamanho do garoto.

– Sou Shaka de Virgem. Seja bem vindo. – Shaka falou com sua voz suave, sorrindo gentilmente.

– Meu nome é Afrodite e sou de Peixes, serei seu visinho. – Afrodite sorri

– Shura de Capricórnio.

– Você já me conhece, mas vou lhe apresentar meu irmão gêmeo. – Saga apoiou a mão no ombro de um rapaz bem parecido a ele que saíra de trás do grupo, indo pouco mais a frente. Kamus ficou surpreso com tal semelhança. - Este é Kanon, meu substituto para armadura de Gêmeos, caso me aconteça algo. - Kanon cumprimentou Kamus com um jeito todo palhaço, bem diferente do irmão.

– Me conheça apenas como Máscara da Morte e já será suficiente...

– Ele é mal humorado às vezes, mas nem ligue... – Miro cochichou em seu ouvido.

– É um grande prazer conhecer a todos vocês.

Após as apresentações, desceram as escadarias juntos, conversando sobre de onde eram e tudo mais para que Kamus os conhecesse melhor. O Aquariano estava sendo o centro das atenções, coisa que o incomodava. Estava bem tímido em meio a todos, mas via que Miro nem ligava para os olhares que também o atingiam; afinal, estava ao seu lado desde que chegou ao Santuário - fato já conhecido por todos.

Miro adorava ser o centro das atenções. Nunca foi de confiar muito em ninguém, mas por ser sempre risonho e brincalhão, ninguém se incomodava, sendo ao contrário. Todos o adoravam.

Às portas da casa de Peixes Afrodite os chama para passarem lá o dia. Mu e Shaka decidiram ir para suas casas. Tinham muito o que fazer e não eram de reuniões e bagunças como os outros, assim, despediram-se de todos e desceram. Os demais aceitaram. Kamus nem tinha dito que sim, nem que não, mas fora arrastado por Miro para lá no pretexto de que precisava se enturmar.

Na casa de Peixes, alguns brincavam e outros conversavam. Shura tinha desafiado Miro e os dois estavam numa disputa. Nada sério. Sendo Kanon o juiz da luta. Kamus estava se sentindo deslocado e Kanon, percebendo, logo o chamou.

– Sabe lutar? – Kanon perguntou enquanto Miro tentava imobilizar Shura.

– Um pouco... Fiz alguns meses de artes marciais na França.

– Mostre o que sabe então... Lute contra Miro.

– Mas ele já não está lutando contra Shura?

– Isso mesmo. Vão os dois pra cima dele... – Kanon deu uma risada divertida. Interrompeu a luta. Chamou Miro e Shura, falando a proposta.

– Ei! Isso não vale! – Protesta Miro indignado.

Shura lutava bem, pois já tinha começado os treinos há umas semanas, mas ele treinava sozinho, tendo poucas habilidades para enfrentar os dois.

– Então ta, resmungão... Os três contra mim. – Kanon armou uma postura de luta um tanto estranha. Estava de brincadeira mais uma vez.

Shura partiu pra cima dele sem questionar e Miro puxou Kamus, indo assim, os três para cima do Geminiano. Kanon tinha a mesma experiência de seu irmão, assim, não tendo problemas com três principiantes.

Do outro lado estava Afrodite, Máscara, Aldebaran, Aioros e os demais, com exceção de Saga que tinha voltado ao templo do Grande Mestre, conversando.

– Miro foi mesmo com a cara do francês, não é? – Máscara retruca.

– Pelo visto, sim. Nunca o vi confiar tão rápido em alguém...

– Acredito que nem em nós, que ele já conhece há tempos, ele confia tanto quanto já confia nele, meu caro Aldebaran. – Aioros responde.

– Mas Kamus é diferente de todos nós pelo que pude perceber nesse curto tempo... – Afrodite olha a brincadeira deles – Nem é solitário como Mu e Shaka, nem parece ser de farra como nós. Me parece ser apenas tranqüilo e de bom coração. Também confiaria nele rapidamente.

O tempo passou e começou a ficar tarde. Kanon e os outros três estavam sentados próximos aos outros conversando também. Saga, que tinha saído por umas horas, voltou e entregou a Kamus as chaves da casa de Aquário, a pedido de Shion, o Mestre.

– Kamus, você vai ficar lá de agora em diante e seu treino começa amanhã de manha, igual ao Miro. – Saga completa.

– Sim. Merci.

– Como? – Saga só entendeu o sim.

– Desculpa. Disse "obrigado" em francês. – Kamus dá um sorriso pro amigo que ficou meio enrolado.

– Ah claro... Vejo que teremos de nos acostumar...

Miro e os outros começam a rir de Saga.

Quando amenizam as risadas:

– Não vai conhecer sua casa? – Perguntou Miro olhando as chaves na mão do amigo.

– Sim... Eu vou... – olhou para Miro – Quer vir também?

– Claro!

Era inevitável. Miro era a pessoa que Kamus mais confiava dali, pois se mostrou uma pessoa boa e prestativa, ajudando-o mesmo sem conhecê-lo. Agradava-lhe a idéia de que seriam melhores amigos.

Os dois foram até os outros e se despediram, agradecendo ao Afrodite a hospitalidade. Seguiram seu caminho para Aquário.

Na decida Miro contava umas piadas que divertiam muito seu amigo que dava muitas risadas, risadas verdadeiras que já não dava há algum tempo. Ambos iam rindo e lembrando de novas piadas. Por um momento seus olhares se cruzaram e param de rir. Miro, imperceptivelmente, corou e Kamus deu um sorriso, logo voltando a olhar em frente perdido em pensamentos. Miro observa que já se aproximavam da casa.

"Como pode ser? A poucos dias perdi meus pais e só não desisti de minha própria vida pelo último pedido deles... Agora, me sinto bem de novo, como se tivesse ganho uma nova família. Ganhei uma nova vida. Em um único dia já fiz tantas amizades... Em especial com Miro, que no começo, mesmo sem me conhecer, enfrentou o Câncer pra me defender, mesmo sabendo que era mais velho e mais forte que ele... Saga também... É muito gentil comigo e me ajudou. Kanon... Afrodite...Todos foram muito bons comigo, com exceção do Máscara, é claro, mas tudo bem. Me tornarei um dos mais respeitáveis cavaleiros, graças ao Grande Mestre, Shion, que me deu essa chance e assim me tornarei forte e refarei minha vida... Nem acredito que tantas coisas boas e felizes estão me acontecendo e em tão pouco tempo...Mas por quanto tempo irão durar? Na verdade nem sei se fiz mesmo a escolha certa, mas prefiro deixar minha felicidade e tudo mais nas mãos do destino..."

– Chegamos. – Miro interrompeu os pensamentos de Kamus, que levou um leve susto.

Kamus pegou as chaves e abriu as portas da mansão, esperando que seu amigo entrasse antes dele.

O Templo de Aquário era diferente de todas as outras casas, por seu formato circular, mas seu interior era tão grande e bem dividido quanto qualquer das outras casas zodiacais. Tinha o pavilhão de passagem que dava acesso às escadarias e na lateral, ao fundo, a casa onde ele viveria. As portas, pesadas, eram trabalhadas e se via serem antigas e de bom gosto. No interior, as paredes eram num tom azul bem claro e as colunas e detalhes eram brancos. Tinha muitos móveis – Todos na cor marfim – de bom gosto também e enfeites delicados e de tonalidades claras. O banheiro tinha um chuveiro com box de vidro e uma banheira de fato espaçosa, tudo branco e cinza claro. A cozinha tinha uma pequena mesa de vidro, um grande armário branco, fogão, forno microondas e uma geladeira enorme e cheia de comida. O quarto era grande. Tinha janelas que davam pra ver quase todo o Santuário – Sendo a vista que Kamus mais gostou a que dava para ver o mar. – uma suíte, a cama, centralizada no quarto, era de casal, enorme, com a colcha que a forrava azul marinho, e tinha um grande tapete branco. Era tudo lindo e bem arrumado.

– É linda... Adorei! – Kamus se fascinou com a casa. – Me lembra um pouco da que eu vivia na França. – Ao lembrar, desanimou instantaneamente.

Miro braçou consolando-o. - Não lembre dessas coisas... – Mudou de assunto bruscamente – Olha o lado bom: Amanhã é capaz de virem suas novas servas para ajudá-lo. Você não precisará fazer nada aqui... Vai poder ser um folgado e relaxado como eu...

Kamus ergue a cabeça pouco melhor, vendo que arranjara um amigo verdadeiro e, de fato, meio maluco, que conseguia fazer-lhe rir. Decidiu pegar algo para comerem. Enquanto comiam, conversavam bastante. Miro lhe explicava todas as regras do Santuário e tudo o que ele precisava saber.

Quando se deram conta, já passava das onze horas da noite, todos já haviam descido e Miro ainda estava lá, chateado por ter de descer sozinho.

– Dorme aqui hoje... já é tarde. Amanhã você desce cedo.

Miro concordou sem nem pensar. Eles tomaram um banho e desta vez, Kamus abriu seu guarda-roupas, emprestando uma roupa para Miro.

Ele se arrumou antes do Escorpiãozinho, na suíte. Cansado, deitou-se na cama para esperá-lo e conversarem mais um pouco, mas acabara se entregando ao sono e ao cansaço. Cansaço que tentava não demonstrar há horas.

Miro, ao terminar, o procurou. Quando se aproximou da cama e o viu dormindo tão profundamente, até se sentiu mal por não tê-lo deixado descansar antes.

Ele se deitou ao lado do amigo na gigantesca cama. Adormece também.

Na manhã seguinte, Kamus acordava miro às seis e meia da manhã.

– Tem sono de passarinho é? Quero dormir...

– Hoje será nosso primeiro dia de treino, seu esquecido... Vamos comer e descer. Quero conhecer meu mestre.

Um dia de convivência apenas. Já eram amigos íntimos. Ninguém entendia como essa amizade tinha ficado tão forte e em tão pouco tempo. Nem eles entendiam.

– Uahhh – Bocejando, se sentou na cama. – Ok... Mas como conseguiu acordar tão cedo se estava bem mais cansado que eu? – Coçava os olhos de forma infantil.

Kamus abaixou a cabeça. Saiu andando em direção a porta. Já estava pronto usando uma roupa de treino com a calça azul marinho e a camisa azul claro.

– Um sonho colaborou... Como sempre... E com você me abraçando enquanto dormia... – Olhou sério para trás - Não sou travesseiro! Deu trabalho me soltar de você... – Quebrou a seriedade com um sorriso gentil - Vamos comer?

– Ok... – Havia ficado completamente sem graça.

Miro se preocupou com Kamus, que parecia meio chateado. Não pelo fato de tê-lo confundido com um travesseiro e sim pelo sonho, mas desistiu de perguntar sobre o que era seu sonho. Foi se banhar para irem ao refeitório.

Enquanto subiam as escadarias, as imagens do sonho voltam à mente de Kamus.

(FLASHBACK)

Era uma noite com uma terrível tempestade. Uma família sentada na poltrona do quarto sorrindo e conversando, composta por um homem alto de cabelos curtos azul-marinho e olhos azuis, uma bela mulher com longos e lisos cabelos verde-escuros e olhos azuis e um garotinho que era extremamente parecido com a mulher.

A família de Kamus.

– Meu filho, está mesmo feliz por estar indo conhecer a Grécia?

– Sim pai. Muito.

– Amanha a noite devemos estar chegando...

O Navio estremeceu e se ouvia muita gritaria. Saíram da cabine para saber o que foi e descobriram que ocorreu um erro de navegação e que o Navio atingiu uma pedra que ficava a poucos metros abaixo da superfície, rachando o casco. Muitas pessoas corriam para um lado e para o outro. O pai de Kamus pediu que ele arrume suas coisas rapidamente, enquanto ia buscar por coletes. Em pouco tempo os botes já haviam quase acabado, restando ainda apenas mais um que caberia mais um único tripulante. A quantidade de botes era insuficiente e a preferência era para crianças e mulheres.

O pai de Kamus o ergueu até o bote e o abençoou com lágrimas nos olhos. Sua mãe chorava intensamente, mas com sorriso nos lábios por ver que seu filho teria chance de sobreviver, pois a ajuda chegaria em algumas horas. Todas as crianças tinham sido salvas, mas ainda tinha algumas mulheres, como sua mãe e vários homens a bordo do navio ainda.

Iam morrer.

"Viva meu filho e busque a felicidade de seu coração..."

Kamus chorava e se debatia. Tentava sair do bote para ir até seus pais, queria morrer com eles, mas era segurado. Via do bote, já afastado, seus pais entrarem abraçados. Pôde acompanhar o navio afundar sabendo de seus pais em seu intarior.

(FIM DO FLASHBACK)

No refeitório só estava Afrodite e os gêmeos Saga e Kanon.

– Bom dia! – Os três os cumprimentam.

– Olá! Bom dia! – Deixou de lado suas lembranças, tentando se animar.

– ...Bom... Uahhh – Bocejando - Vocês todos tem sono de pássaro... poxa...

– Saiba que fomos um dos últimos a acordar. Os outros já estão treinando. Hoje eu e meu irmão não treinaremos e Afrodite mais tarde será honrado com a armadura de ouro de Peixes.

– Isso mesmo soneca. – O pisciano comentou, bebendo um pouco de chá.

Eles se sentaram à mesa e começaram a comer com os outros amigos. Pouco tempo depois um Homem alto e de longos e lisos cabelos vinhos se aproximou de onde estavam. Apoiou-se nesta batendo firme com as mãos. Olhou para Kamus. Seus olhos negros o encaravam deixando-o incomodado. Era um olhar frio e sério em uma face que não demonstrava nenhum tipo de sentimento, porém, belo. Usava uma roupa de treino vinho e Preta.

– Kamus, não é? Está atrasado! Serei seu mestre. – Ergueu-se em uma postura altiva - Vamos. Já é tarde e tenho muito a lhe ensinar. – Saiu caminhando sem nem olhar para seu pupilo.

– Si... sim senhor... – Levantou de sobressalto e acompanhou o homem – Até mais gente!

Seu mestre o surpreendeu. Não quis questionar. Eram sete horas da manhã, não se alimentou direito e ainda tinha sido repreendido em seu primeiro dia. Isso não era bom.

Já estavam na metade da escadaria.

"Por que ele me trata assim? Com essa frieza toda? Eu posso até ter me atrasado, mas também nem sabia o horário do treino... Será que ele me odeia? Deve ser isso. Provavelmente vai me treinar contra a vontade... Só pode ser! Todos os outros falam que seus Mestres são gentis e se preocupam com eles, mas o meu parece nem ligar... pra mim..."

– Você me parece muito emotivo... – O Mestre nem o olhou – Isso não é bom. Um adversário poderia prever facilmente qualquer ataque que tentasse desferir. Lembre-se disso.

– ... Sim senhor...

– Mas nunca se esqueça... – Fez uma breve pausa. Olhou nos olhos de seu pupilo num tom tranqüilo - ... não demonstrar, não significa se privar destes – Párou ao lado de Kamus, que o olhava meio confuso

Kamus confirmou com a cabeça e seguiram caminho para a Arena.

No refeitório

– Miro... E seu treino?- Saga estava com o queixo apoiado nos braços, cruzados sobre a mesa.

Arregalou os olhos azuis e deu uma tapa na testa. Tinha se esquecido completamente. De um salto, se levantou e saiu correndo com um pão na mão, sem nem se despedir dos outros. Provavelmente seu Mestre o aguardava na Arena de treinos.

– Ele sempre esquece das coisas...

– É, Afrodite... Esse aí nunca vai mudar. Esse é seu jeito de ser... – Kanon comentou.

Miro foi de encontro ao Mestre que o esperava em Escorpião. Foi repreendido, mas logo esqueceram tudo e foram para a Arena.

Kamus chegou à Arena com seu Mestre. Não sabia ele a prova que estava por vir.

CONTINUA...

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Olá Bem, espero que gostem dessa fic. Kamus aí ainda é um garoto, mas no próximo o tempo vai passar. Como disse antes: comentários, sugestões, críticas... sempre serão bem vindos. E volto a repetir. É minha primeira Fic! Não tenho experiência como muitos, mas estou me esforçando. Sei que a história da morte dos pais de Kamus não é novidade e que também foi meio apelativo, mas tudo bem...

O Mestre dele foi criado por mim. Na série e nem nos mangas eu me lembro de ter visto qualquer aparição dos mestres dos cavaleiros de ouro, tirando Shion, é claro. Então resolvi criar um. É só isso... E como todos sabem: direitos autorais a Kurumada!