3- Treinamento: O Mestre do gelo

Na arena, Kamus viu os outros amigos com seus mestres treinando. O seu o levou para uma área mais reservada e começou a explicá-lo tudo. Disse que a técnica que ele aprenderia seria diferente da maioria dos outros, pois aprenderia a técnica de congelamento que pouquíssimos conheciam.

Fez uma demonstração: Elevou o cosmo. O ar que os envolvia começou a abaixar a temperatura gradativamente, fazendo com que Kamus tivesse pequenos calafrios. Se aproximando de uma pilastra, tocou-a levemente, congelando-a, pouco a pouco, completamente.

– Escute bem Kamus. Após este treinamento você só terá a armadura de Aquário se me matar ou se conseguir me derrotar. Deixei bem claro? - em seguida a socou, destruindo-a. Kamus ficou impressionado.

– Mas Senhor... Como mata-lo? Não seria capaz de tal ato para com meu mestre... e derrota-lo também seria difícil, já que aprenderei as mesmas técnicas do senhor...

– Não me importa! Não se esqueça de seu objetivo. – Ele o olhou com reprovação – Se não se acha capaz de matar alguém, ou digno da honra de possuir a armadura sagrada, desista de uma vez e me poupe tempo... Nunca pegaria leve com nenhum discípulo, afinal, a Armadura de Aquário é uma das que estão no topo da hierarquia e não pode ser entregue a qualquer um. E então, vai desistir?

– NÃO! – de súbito se alterou, mas logo abaixou a cabeça, falando sério como seu mestre – Vou continuar... Senhor... e terei essa armadura, derrotando-o. – Encarou seu Mestre com olhar frio. – Serei de agora em diante como o senhor me disse para ser: sério, não demonstrando qualquer sentimento, mas não o matarei. Me recuso. Receberei a Armadura derrotando-o, apenas.

Certo, faça o que preferir com relação a isso... E não me chame de senhor. Chama-me de Mestre ou de Shino. – Fez uma breve pausa encarando seu pupilo - Vamos ao treino.

Kamus não acreditava. Seu mestre era muito frio e não mostrava se importar com nada nem ninguém. Seu treinamento mesmo no primeiro dia foi extremamente rigoroso e ao anoitecer, fora liberado, tendo com sigo o aviso de estar de volta à arena no dia seguinte às cinco da manhã.

Mesmo tendo sido o último a terminar o treino, teria de ser o primeiro a chegar ao dia seguinte, e só de lembrar das escadarias... Dava-lhe um breve desânimo, mas não iria desistir. Não daquela forma. Não... Seu mestre seria exigente para que ele desistisse, mas ele estava disposto a não dar-lhe esse gostinho. Iria até o fim, custasse o que custasse. Mesmo muito novo, era orgulhoso e não iria aceitar tal situação.

Paravam apenas para as refeições. Estava tendo dificuldades em controlar seu cosmo e de acompanhar o ritmo exigido pelo mestre, mas para sempre estar adiantado e com suas habilidades melhores a cada dia, sempre treinava sozinho em sua casa à noite, pouco antes de ir tomar banho para dormir.

Seu Mestre ainda não lhe exigia muito do cosmo. Queria primeiro prepara-lo fisicamente para suportar o tamanho do poder oculto em seu corpo frágil e infantil. Passaram um ano treinando apenas isso. Fazendo com que Kamus ganhasse pouco a pouco massa muscular e resistência física. Poucas vezes se treinava técnicas com cosmo.

O treinamento se intensificava mais a cada dia. Dois anos já haviam se passado desde que começou seu treinamento para Cavaleiro. Começaram a treinar resistência ao frio. O Aquariano, usando as leves roupas de treino, era submetido a um frio tortuoso de forma a não poder se queixar. Tinha de agüentar firme e se habituar, afinal, seu cosmo faria exatamente isso, depois de alguns anos mais de treino. Seu corpo todo estava dolorido pelo treino de combate e cansado, tremendo com o ar congelante proporcionado impiedosamente por Shino. Ele tinha de suportar sem poder alterar seu cosmo. Mesmo tremendo, tinha de treinar suas posturas de combate, tendo firmeza e força aumentando assim seu autocontrole e concentração também. Mesmo ficando doente algumas vezes pelo treinamento, logo se habituou, não se incomodando mais com o frio e nunca mais ficando doente. Pouco a pouco estava se tornando como seu mestre, frio e impassível. Não revelava nenhum sentimento, mantendo sua face sempre pura e séria.

Seus belos olhos azuis escuro, que sempre foram gentis e amigáveis, agora se tornavam sérios e penetrantes, seus lábios rosados, que sempre tinha um sorriso para os amigos, agora, já não o tinha mais. Além de ter de ser assim perante o mestre, também estava muito mais frio com todos a sua volta.

Chegava sempre as seis da tarde às escadarias que o levaria para seu templo, mas sempre parava antes na casa de Miro. Passava sempre em média de uma hora conversando com seu melhor amigo, antes de subir.

Sim, com Miro era diferente. Era o único ao qual não havia se fechado completamente. Sempre manteve uma boa amizade com aquele Escorpião estupidamente relaxado e esquecido que dava constantemente dor de cabeça ao seu Mestre. Também desenvolveu uma boa amizade com Afrodite, seu visinho de cima, que vez ou outra ia visitá-lo, assim como Miro – mas não com tanta freqüência quanto o grego – para conversarem e se distraírem um pouco.

O tempo passando e já tinha aprendido a técnica do Pó de Diamante. Tinha alguns problemas pra aperfeiçoar o Trovão Aurora. Shino o havia mostrado apenas duas vezes como se fazia e dava explicações menos que básicas, dificultando o desenvolvimento de seu pupilo. Queria ver até onde ia o interesse e força de vontade dele. Queria ver se assim, ele desistiria do treino, do desafio, mas isso nunca acontecia e só fazia um Kamus ainda mais forte e persistente surgir. Seu verdadeiro objetivo por trás de tanta frieza. Sempre se retirava cedo, deixando o Aquariano geralmente terminando de praticar só.

Em uma noite, ao passar pela casa de Miro, este o parou. Estava preocupado pela hora que o amigo chegara. Eram dez da noite e Kamus nunca havia se demorado tanto a voltar. Faz um verdadeiro arsenal de perguntas, mas tudo o que conseguiu como resposta a todas que havia feito era: "Estou cansado. Amanhã nos falamos." Mas realmente se falavam depois, no refeitório e todas as vezes que Miro o visitava, o que era constantemente.

Sete anos se passaram ao total e Kamus era um grande cavaleiro. Treinos mentais, físicos, usando o cosmos e o sétimo sentido já dominava com perfeição, mas não conseguia derrotar seu mestre em uma batalha. A principio havia sido derrotado, mas depois só empatava. Teve inúmeras chances de matá-lo, mas não queria ter a armadura àquele preço.

Shino, inúmeras vezes durante o combate, deu oportunidades para que seu pupilo o matasse, mas este nunca o fez. Não via necessidade deste ato tão brutal. Seu objetivo estava quase completo. Conseguiu com sucesso fazer de seu pupilo um homem maturo, sério, forte, extremamente habilidoso e acima de tudo, não era desumano nem covarde. Tinha honra e dignidade em qualquer circunstancia; até mesmo num combate mortal. Conhecia como ninguém o coração de Kamus, mas fingia não conhecer. De tudo o que queria antes de honrá-lo com a Armadura, só faltava uma coisa. Que fosse superado por seu pupilo nas técnicas. Desejava que Kamus o superasse e com esforço próprio. Só aceitaria perder desta forma.

Num dos desafios que terminou em mais um 'empate':

– Já o ensinei tudo o que sabia... – seu olhar frio se chocava com o de Kamus - Agora treine sozinho e se aperfeiçoe. Lembre-se: Numa batalha entre cavaleiros não existe empate; apenas vencedor e perdedor, sendo geralmente o perdedor morto. Não quero isso para você. Tens um ano. Se até o final deste prazo conseguir me derrotar, terá finalmente sua armadura. – Ao dizer isso Shino, com a urna da armadura dourada nas costas, virou-se. Começou a caminhar em direção a saída da arena – Caso contrário, falarei com o Grande Mestre e treinarei outro para o cargo. – Abandonou seu discípulo. O sol já estava no horizonte, dando ao céu as cores alaranjadas e avermelhadas. Kamus permaneceu um tempo no mesmo lugar. Imóvel. Olhando para o nada.

Cerrou os olhos, surgindo um discreto e nervoso sorriso em seus lábios.

– Ela será minha... meu Mestre...

Agora Kamus queria sua armadura a todo o custo. Era o único que ainda não havia conquistado a veste sagrada e já tinha dezoito anos. Miro, Afrodite, Kanon, Saga e Shaka o ajudava a treinar, sendo seu oponente. Treinavam arduamente e ambos se mostravam fortes e capacitados guerreiros dourados, mas Shino parecia não ver os talentos de Kamus, o que o revoltava cada dia mais em silêncio.

Miro havia ganho sua Armadura a pouco tempo também e compreendia como seu amigo se sentia. Seu Mestre o sujeitava a provas difíceis. O achava muito irresponsável e 'crianção' para se tornar um cavaleiro de alto nível, apesar do grande poder que possuía, mas como todas estas foram superadas, seu Mestre o confiou a Veste Sagrada, tornando-o o Escorpião Dourado.

Tentava conforta-lo e o ajudar como podia, geralmente sendo seu oponente. Era quem mais treinava com Kamus. Na verdade, os outros raramente iam, pois Miro sempre fez a maior questão de ajudá-lo sozinho. Mesmo nunca tendo um obrigado ou vendo seu amigo demonstrar estar mal pelo fato de estar injustamente atrasado com relação aos outros, não se importava. Sabia como ele estava ficando. Todos estes anos treinando, mesmo cansados e doloridos, sempre arrumavam tempo um para o outro; isso quando algum dourado não inventava de fazer em sua casa uma reuniãozinha – ou seria uma festinha – para se divertirem e reunir todos os amigos e até convidavam a participar vez ou outra umas servas. As mais jovens.

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Treinos com ajuda pelo dia e individuais toda noite. Assim passou-se mais um ano.

Kamus se dirigia para escorpião. Era uma tarde quente e ventava pouco. O calor era quase que insuportável. Caminhava a passos lentos, perdido em pensamentos, até chegar ao local, adentrando sem muitas cerimônias.

– Miro? – o procurava pala casa.

– Oi! To aqui!

Caminhou em direção da voz. - Seu desleixado... Sabe que tem o dever de estar usando sua armadura o tempo todo... – Entrou na cozinha. Puxou uma cadeira e sentou-se à mesa, apoiando os cotovelos sobre esta. – Posso saber o porquê de estar sem ela?

– Sempre me dando sermão... Não tenho o costume e hoje está muito quente também. – Almoçava tranquilamente – E você? Quer almoçar?

– Non, merci. Já almocei.

– Sempre come cedo?

– Non. É que já são três da tarde... Você que está atrasado até para as refeições. Bem que estanhei você ter se ausentado no refeitório... Acordou de que horas?

– Faz uma hora, mais ou menos. É que dormi muito tarde... não tirava uma coisa da mente. Uma dúvida...

– E posso saber que duvida era essa?

– Melhor não.

– ...

– Se não te conhecesse, não diria que está curioso... – Deu boas gargalhadas enquanto se levantava, deixando sentado à mesa um Kamus sem graça. Fazer o que? Ele não demonstrava, mas realmente estava. O pior é que o Escorpião era o único que conseguia deixa-lo assim, curioso por algo. - Quer uma bebida?

– Se não for nada que contenha álcool... – Se senta pouco mais espojado, recostando-se na cadeira.

– Deixa eu ver o que tem... –colocou seu prato na pia e foi à geladeira.

– Miro. Pode me ajudar hoje? Quero um aquecimento antes de ir procurá-lo.

– Claro! – Miro olhou pra trás e deu um sorriso, logo voltando a olhar a geladeira - Mas só porque tenho grande consideração por você... Hoje o dia ta insuportável.

– Agradeço a gentileza... Então peço que use sua armadura de Escorpião. – Kamus havia corado, mas Miro nem notou, voltando com dois copos na mão e uma jarra de suco na outra.

– Por quê? Assim você teria muita desvantagem... – Colocou a jarra e os copos sobre a mesa para que Kamus se servisse. Caminhou para o banheiro não muito distante, para escovar os dentes. Kamus o acompanhou até a porta. – Meu corpo agüentaria muito mais que o seu...

– Não se preocupe com isso, mon ami. Vamos?

– Por que você sempre tem de ser assim?

– Assim como? – Falava rispidamente o tempo todo. Não entendeu onde Miro queria chegar.

– Sério, frio, falando rispidamente, não deixa que ninguém, nem eu se preocupe com você..., estranho...comigo... – Começa a escovar, olhando para o espelho a sua frente, observando seu reflexo ao lado do de Aquário.

– Hora... Sempre fui assim, mon ami. – Sua voz soava mais meiga, tendo um sutil sorriso em seus lábios.

Miro cuspiu a pasta. Lavou a boca e enxugou na toalha branca ao lado, voltando a encará-lo diretamente.

– Nada disso! Nos últimos quatro anos que você tem estado assim: sério, frio e implicante comigo. Você sempre foi meio fechado com os outros e agia assim com eles. Eu entendo. Mas porque você tem me tratado assim também? O que eu fiz de errado com você? Porque sempre que fazemos uma festinha você sai cedo? E porque o mal humor, evitando por dias falar com qualquer um após essas festas? Sei bem que nunca foi muito de festas, mas também nunca foi contra... o que está havendo... Kamus? – Se alterou um pouco, mas tentou retomar o controle enquanto vestia sua armadura e voltava para a cozinha, sempre com o francês o acompanhando.

– Não quero falar disso. – Voltou a se sentar à mesa, com os braços cruzados e olhos cerrados.

– Ta vendo? – Pegou um dos copos e encheu com o suco. Entregou a Kamus - Você mudou muito...- Kamus pegou o copo - Por quê?

– Tenho meus motivos... – De súbito, enquanto o outro se servia, encarou os olhos de Miro, fechando as pálpebras novamente, em seguida. Deu um gole no suco. – Motivos pessoais. – Voltou a encará-lo. - E no lance da sua armadura, é que quero testar uma técnica com algo que seja vivo e que possa se mover com rapidez, mas não quero que você se machuque. – Voltou a beber o suco.

– Ah...entendi... o cobaia aqui tem de estar protegido senão o 'Grande Kamus' mata...- Fala com sarcasmo e com o olhar de deboche sobre o amigo.

– É isso mesmo, rato de laboratório. – Não pode conter as risadas ao olhar a cara do amigo ao ouvir o que disse.

"Não... não acredito... Kamus fez uma piadinha? Brega..., mas fez... E comigo? Bem, é claro que foi comigo, oras. Desce quando esse picolé faria piadinha com outro que não fosse eu? Ele gosta de se divertir, mas também é muito fechado e anda muito estranho nesses últimos anos... por essa não esperava. Será que ele está votando a ser como antes? Não... isso só pode ter sido um surto de insanidade. É temporário..." – Arregala mais os olhos azuis – "Meu Zeus! Por Athena... Ele está rindo... rindo não, dando altas gargalhadas... Será que a fúria dos Deuses está despertando? Não... Não importa... se estiverem, eu os enfrento por esse momento. Vale a pena. É ótimo vê-lo assim...faria o que pudesse...para que ele permanecesse sempre...assim..."

Miro estava com uma cara de pateta digerindo a piada e observando Kamus rindo daquela forma. Há anos não o via rir daquele jeito. Estava lindo. Lindo como em seu sonho que não o permitiu acordar cedo. Lindo como sempre. Se deu conta de sua cara e voltou ao normal. Deu um sorriso sem graça em retorno.

Kamus já parava com as risadas e parecia sem jeito. Olhava o amigo nos olhos. Deu um sorriso sem graça e voltou a beber o que restava do líquido em seu copo.

Terminaram a bebida e começaram a descer as escadarias. Kamus ia mais a frente. Usava uma calça e uma blusa, ambos azul-marinho e uma sandália grega escura, trançando-lhe os tornozelos. Seus cabelos, como de costume, estavam soltos e se balançando com a leve brisa e seu andar. A roupa e seus cabelos escuros davam um perfeito e belo contraste com sua pele alva, seu rosto delicado, sempre tranqüilo e seu olhar que, com o tempo, por influência de seu mestre ou de outros, se tornara sério e ao mesmo tempo misterioso e penetrante.

– Que foi Miro? – Olhou pra trás.

– Nada... Por quê? – Sem que notasse, estava olhando para Kamus, mas logo fingiu que não estava. Sorte que sabia fingir muito bem. Só agora notava como estava vestido e a iluminação do sol, dava um encanto a ele muito maior.

– Esquece. – Voltou a olhar pra frente – Posso te fazer uma pergunta? Uma pergunta pessoal?

– Pode, claro...

– Você está apaixonado por alguém, Miro? – Kamus voltou seu olhar para ele.

– Hahahahaha... Você me pegou desprevenido. Não esperava uma dessas... – Cruzou os braços por trás da cabeça. Não o encarou. – Hoje é o dia de você me surpreender, não é mesmo?

– ...Se não quiser responder, tudo bem. É que sempre o vejo sair com vários homens e servas por diversão...

– Sim... estou. – olhou para Kamus gentilmente. Interrompendo-o.

– E... é correspondido? – Kamus ainda olhava nos olhos de Miro, que demorou um pouco à responder.- Ora, mais do que estou falando? O conquistador do Santuário não correspondido?

– Sim, porque não? Não levo fé nisso. É improvável que isso aconteça. – O escorpião voltou a olhar para frente. O nada. – Não... não sou... correspondido. Essa pessoa não parece sentir nada por mim. E você?

– Por que me acha tão frio?

– O que quis dizer com isso?

– Minha frieza é uma grande companheira. Me conformei. É impossível.

– Do que está falando?

– Nada... Meu amigo... nada.

Miro resolve ignorar o que ouviu. Não fez sentido em sua cabeça com a pergunta. "Ele nunca fala o que sente ou pensa... escapou de novo..."- Pensava enquanto atravessava as Doze Casas.

– Kamus... Quero te mostrar um lugar. Podemos treinar lá... – Falou após um tempo. Adiantou-se para ficar ao lado de Kamus. – E aí?

– Se achar melhor...

Se retiram para um local afastado, bem próximo de um desfiladeiro. Um lugar magnífico e tranqüilo. A grama estava verde e haviam poucas árvores por perto que esvoaçavam com o leve vento. Espalhadas por lá, também haviam algumas pedras razoavelmente grandes. Provavelmente ninguém ia lá. Era o local preferido de Miro em todo o Santuário; talvez, de toda a Grécia. Miro, quando queria ficar só, ficava sentado em uma pedra que se encontra bem próximo à beira do desfiladeiro. A pedra principal era grande, lisa e plana, tendo junto a si, uma outra que servia de encosto. De lá, podia-se ver uma linda paisagem e ao longe, o mar.

– É um lindo lugar, Miro...

– Sim... Você é o único agora que sabe onde é.

– Como?

– É o único que sabe deste lugar além de mim. Acho que só eu vinha aqui. Podemos dizer que aqui é meu 'cantinho pra refletir'. Sei que você não vai comentar com ninguém, PRINCIPALMENTE para o Grande Mestre que não sabe que venho aqui às escondidas; por isso, estou te mostrando... É aqui que sempre venho quando estou chateado, quero ficar sozinho ou refletir.

– Não falarei com ninguém, não se preocupe. – Kamus estava admirado. Não imaginava que por lá existisse um lugar tão bonito quanto aquele. – Agora... tem certeza que quer treinar comigo aqui? Pode não ser uma boa...

– Vamos lutar. – Miro o interrompeu, armando uma postura de combate.

– Oui... oui... como preferir. – e deu um sorriso em resposta, armando sua postura de combate. – Mova-se tão rápido quanto quiser, Miro. É pra valer. Pode usar suas Agulhas Escarlates se quiser também.

– Mas você sabe que sou um dos mais rápidos... E também que você não tem defesa alguma... Tem certeza?

– Do que está falando? Se esquece que tenho o mesmo nível que você? Só não possuo minha Veste Sagrada, mas temporariamente. – Kamus se irritou.

– Certo... certo...

Miro começou a se mover rapidamente de um lado para o outro, Kamus conseguia acompanha-lo com o olhar. Concentrou-se elevando seu cosmo de uma forma perigosa, tornando o ambiente frio. Miro tentou ataca-lo com um uma seqüência de soco-chute, mas Kamus se esquivou facilmente saltando para trás de Miro desferindo um chute na direção do rosto. O Escorpião bloqueia e segura a perna, girando e arremessando Kamus longe, mas este, no ar, volta a elevar seu cosmo dando dois giros mortais para trás e caindo levemente de pé e sem perder sua concentração. Ergue os braços juntando suas mãos sobre a cabeça.

– EXECUÇÃO AURORA!

Miro foi repreendido com um rápido ataque de Kamus. Saltou rapidamente para o lado na tentativa de se esquivar. Ao se dar conta, vê a grama e uma árvore mais atrás, onde estava, completamente congeladas e ao se olhar, nota que sua armadura também havia se congelado parcialmente.

– Como pode fazer isso? Que técnica foi essa? Nunca a tinha visto...

– Eu a desenvolvi sozinho neste ultimo ano... e com ela receberei a armadura de Aquário. – Ele olhou a árvore se quebrar e um forte vento levar o pó de gelo da grama que se desmanchava. Em seguida olhou pra Miro com um pequeno sorriso de vitória. – Concordas?

Miro o olhou nos olhos mostrando-lhe um grande sorriso.

– Plenamente... Se tivesse usado essa técnica com poder máximo, eu poderia estar morto agora... - Olha para os cacos da árvore, tendo calafrios imaginando a cena. – ...Fora que você desviou, pegando apenas de raspão em mim quando eu saltei...

– Eu nunca o mataria... Me sentiria mal se sequer o ferisse... Deveria saber disso... – serrou os olhos abaixando sutilmente a face. Havia nele um ar de melancolia que logo passou, ao abrir novamente seus olhos sérios e penetrantes, reerguendo a face. Olhou Miro se afastar em direção ao Santuário.

Miro ficou com as maçãs do rosto levemente rosadas. Saiu andando a frente antes que Kamus notasse. Nem ele entendia direito porque havia ficado daquele jeito, mas gostou de sentir seu coração acelerar e de ouvir aquelas palavras. Gostou de sentir seu rosto aquecer e enrubescer, coisa que era rara de acontecer. Tais palavras, nunca esperara ouvir daquele homem.

– Já vai?

– Sim, vou procurá-lo agora. Se importa de voltar sozinho às Doze Casas?

– Não... – já havia passado. Olhou para Kamus com um sorriso malandro, característico seu - Boa sorte... Sei que conseguirá.

– Merci, mon ami. – Retirou-se caminhando calmamente.

Miro o olhou sair.

"Realmente está diferente de quando o conheci. Está cada vez mais sério e misterioso... mas mesmo assim, isso não vai mudar meus sentimentos para com ele. Sentimentos... que ele mesmo criou em mim."

Cada dia que se passava Kamus parecia mais distante dele, mas ao mesmo tempo sem nunca deixá-lo, estando também sempre muito próximo. Quando não treinava ou por ferimentos ou porque o mestre o dava um tempo, sempre ia conversar com ele, Afrodite, Shaka, Mu, Saga ou Kanon. Não gostava mais das festas que faziam e sempre terminava meio mal humorado, mas Miro nunca descobria o porquê disto. O porquê deste maldito mau humor que também o atingia, pois após as festas, Kamus evitava ver qualquer um por dias.

Quando se deu conta, a imagem de Kamus já havia desaparecido. Virou-se. Caminhava em direção ao Santuário, pensativo.

"volte logo com sua armadura... meu... Kamus..."

Após tanto tempo somente de treino e espera, após tantas noites mal dormidas pensando nisso e em outro problema pessoal, finalmente chegou o dia. O ultimo dia do prazo lhe dado. Kamus foi procurar por seu mestre e exigir a batalha decisiva.

CONTINUA...

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N/A: Ai gente... Esse foi difícil... Este capítulo não me agradou muito, mas espero que agrade a vocês. Dei uma corrida, pois como disse antes, eles têm de crescer. Não estou sendo tão fiel ao anime. As idades ficarão meio alteradas, como puderam ver. No próximo, é que vai começar as confusões. XD

Como de costume: Direitos autorais à Masami Kurumada, o gênio que criou todos esses personagens fantásticos.

Agradeço os reviews:

Juliane.chan : Agradeço os elogios. Estou me esforçando ao máximo para que mesmo sendo minha primeira fic, seja boa e agrade aos leitores. Muito obrigada mesmo.

Mu e Shaka 4ever: É claro que vou ler sua fic. Também agradeço o elogio.

Anushka-chan: hehehehe. Levar o Kamus embora não dá. Desculpa tê-lo pego de volta, mas é que quero terminar a história. Valeu pela dica, vou tentar segui-la sim. Como prometido, Aí está ele maior. Mas a confusão só no próximo capítulo... XD

Chibiusa-chan: Oui, mon ami. Dedico esta fic a você sim. Espero que esteja gostando. Vou tentar melhorar e corrigir meus erros, pode continuar a puxar minha orelha e me alertar de mais erros. Agradeço a ajuda também.

Um Beijo para todos que lerem.