N/A: Para melhor situar os leitores, pensamentos estarão entre "" (aspas) e em itálico e flashback estará em itálico e negrito.
7- Confissões
Pela passagem secreta, Afrodite e Karen desceram e foram até a vila. O sueco não estava falando muito, o que não era seu comum, e parecia perdido em pensamentos, mas Karen não se importou. Passaram horas andando e entrando em lojas olhando as mais diversas coisas. Afrodite, sem idéia do que comprar, levou um vidro de perfume e sais de banho, também comprando para a jovem uma túnica azul que a agradou.
– Senhor. Agradeço, mas não posso aceitar... Já me presenteou uma vez com uma túnica para a festa e não posso aceitar outro presente. – Estava sem jeito.
– Faria a mim essa desfeita? É o mínimo que posso fazer em agradecimento por me acompanhar todo esse tempo.
– Eu...
– Tome! – Afrodite a entrega o pacote com um sorriso. – Não reclame! É seu e acabou o assunto!
– Está... está bem, senhor... – Decidiu não pestanejar mais. Seguindo o sueco que já saíra andando novamente.
– Karen... – Falou ao vê-la alcança-lo. Afrodite ficou sério repentinamente. – Não dá mais pra enrolar e não quero te enganar. Acompanha-me até em casa? Queria falar seriamente com você, minha amiga.
– Se o senhor assim desejar... lhe acompanho. – Sorriu em resposta. Adorava Afrodite. Sempre se sentiu bem na presença desse homem e admirava sua beleza. Estranhou a atitude do sueco, mas não se importou. Era a única pessoa que ouvia e que mais conversava, mesmo vendo-o tão pouco. Se perdeu em pensamentos ao lembrar de quando o sueco começou a tratá-la como uma amiga.
FLASHBACK
Karen estava passando um pano nos móveis da sala, quando ouve baterem à porta, largando o que fazia, indo atender.
- Senhor Afrodite! Boa Tarde! Entre... – A moça o cumprimentou com um grande sorriso, habitual seu.
- Boa tarde, ahm... Karen! – Respondeu entrando. Lembrava que Kamus sempre a cumprimentava e a chamava pelo nome. – Poderia falar com Kamyu?
- Ele saiu à pouco, senhor. Foi falar com seu Mestre, creio eu. Se o senhor desejar esperar, creio que ele não se importará.
- Sim, vou esperar. Obrigado. – Disse sentando-se no sofá, sorrindo para a jovem, que trajava um simples vestido de alça verde claro.
- Então, se me der licença, não vou incomodá-lo. – Fez uma reverência – Se desejar algo, pode me chamar.
- Espere! – A chamou antes que saísse. Lembrou de uma conversa que teve com o francês, que lhe disse que Karen era uma companhia agradável e seria chato esperar sozinho. – Se importaria de me fazer companhia enquanto ele não chega? Poderíamos conversar um pouco. – O sueco lhe indicou com um breve movimento para que se sentasse no sofá.
- Claro que não me importo, senhor. Ficarei com prazer. – Sentou-se em uma extremidade, visivelmente sem jeito. Nenhum outro cavaleiro, com exceção de Kamus, a havia tratado assim.
Afrodite começou a fazer algumas perguntas, puxando um assunto, até que Karen se sentiu mais a vontade. Ficaram conversando por algumas horas até que Kamus entrou em seu templo, contemplando a cena.
- Senhor Kamus! – A garota se levantou de impulso ao vê-lo, sério e aparentemente, cansado. Levou um susto, pensando que levaria bronca por estar sentada em seu sofá e conversando com outro cavaleiro ao invés de procurar trabalho pra fazer.
- Por que esse susto, Karen? – Virou-se para Afrodite. – Vejo que se enturmaram... – Sentou-se também, no outro sofá. Falava calmo, mas sua expressão, como sempre, não alterava, sendo sempre séria.
- Er... senhor... – Karen nem sabia o que dizer. Então seu mestre não se importou? – Olhou para o pisciano.
Afrodite lhe sorriu e agradeceu por ter perdido tanto tempo conversando com ele. Sorriu em resposta e fez uma reverência, se retirando para que pudessem conversar sem problemas. Daquele dia em diante, Afrodite sempre que a via, a cumprimentava ou, vez ou outra, conversava com ela, chamando-a, com permissão do francês, para Peixes, tratando-a como uma amiga e não como uma simples serva.
FIM DO FLASHBACK
– Obrigado. – A palavra a despertou dos pensamentos. – Então vamos!
Dali em diante Afrodite não pronunciou sequer uma palavra. Saíram da vila e voltaram ao Santuário, subindo as escadarias novamente pela passagem secreta até Peixes, onde o pisciano ia à frente conduzindo-a para um lugar que considerava apropriado. Karen não gostava desse silêncio, estava nervosa e suas mãos não paravam quietas remexendo a alça do embrulho que carregava. O que ele teria assim de tão importante para conversarem e em um lugar calmo e apropriado? Afrodite pegou o embrulho de suas mãos, colocando, junto dos seus pacotes, sobre o sofá marfim em sua sala e fez sinal para que ela continuasse o segui-lo. Foram para a lateral da casa, onde, ao passar por uma grande porta, pode notar ser um lindo jardim com vários tipos flores e em especial, rosas. Muitas roseiras belíssimas, sendo a maioria das flores na cor escarlate.
– Não sabia que tinha um jardim assim tão grande... é... lindo... – Falava admirada. Todas as plantas eram bem cuidadas e a grama muito verde e bem aparada se estendia da borda da trilha de pedras, onde estavam caminhando, tomando conta do resto do local. Tendo uma bela fonte centralizada.
– Sim, é bonito... – Afrodite saiu da trilha, seguindo para os fundos do jardim. – Me acompanhe, por favor. – Deram alguns passos, Chegando a um lugar onde tinha um banco de pedra, gesticulando para que a garota se sentasse e sentou-se numa pedra que ficava à frente, podendo assim ficar cara-a-cara. O céu estava ficando alaranjado com o sol se pondo lentamente. Ele realmente havia enrolado bastante, na vila. – Aqui nada nos incomodará.
– Senhor, antes que comece, posso lhe fazer uma pergunta?
– Sim, claro que pode! – Falava tranquilamente.
– Sei que pode não ter nada haver com o assunto que quer tratar comigo, mas... Porque sempre me tratou tão bem? Sempre me chamou pelo nome e muitas vezes perde seu tempo conversando comigo e até me chama para vir aqui... Não o vejo fazer isso com as outras servas...
– Olha, não gosto de mentiras, assim, serei franco com você. Minhas servas eu conheço bem, mas não tenho intimidade alguma. Nem converso com elas. As servas dos outros cavaleiros eu nem conheço, não podendo falar nada, com exceção de você, que conheço e adquiri uma amizade, sendo assim, um tipo de intimidade. Mas isso foi graças ao Kamus.
– Como assim?
– No começo eu só a tratava bem pelo fato de ver o quanto Kamus a respeitava e, como ele sempre a chamou pelo nome, achei melhor chamar também. Com o tempo passei a gostar de você, considerando-a minha amiga e ainda adoro você, mesmo fazendo o que faz...
– Como? – Karen não se importou com o que o pisciano disse. Já esperava resposta parecida, mas o final não lhe agradou. – O que o senhor quis dizer com isso? "Fazendo o que faz... ?" – Sabia, mas se fez de desentendida. Não queria falar mais disso com ninguém.
– Quis dizer que acho que não está conseguindo ver o mau que está causando a duas almas, sendo que uma delas provavelmente pouco conhece, mesmo com tanta convivência. – Afrodite via que a garota desconfiou do assunto, tentando fugir, mas logo deu jeito de voltar ao que queria.
– Quer falar sobre ontem, é isso? – Ficou séria, de uma forma que não agradou muito Afrodite.
– Antes de tudo, Karen, quero saber se confia em mim, se vai acreditar no que vou lhe falar. Não quero falar desse assunto com você à-toa. Quero saber se vai me dar ouvidos. – Seu tom reprovador, a intimidou.
– Sim... – Estava encolhida. Afrodite ficara ainda mais sério e sua voz, que sempre lhe soou animada e doce, estava tranqüila, mas mostrava claramente a seriedade. Essas atitudes eram novas para si e não esperava vê-lo assim logo com sigo.
– Fico feliz com sua resposta! Mas agora me diga: Você gosta de Miro há muito tempo? – Olhava nos olhos de Karen. Queria ter certeza de que ela não ocultaria nada e quis começar por uma pergunta simples e até óbvia.
– Sim... Quando ele me enviou para Aquário, já o amava... e nunca deixei de sentir isso por ele, mas ele, que pouco me olhava, depois nem me dirigia o olhar.
– Mudando agora completamente o tipo da pergunta: Você se sente bem em ter feito e em estar fazendo isso com eles?
– ... – Não respondeu. Apenas abaixou a face, desviando o olhar.
– Olhe para mim e responda. Esse assunto é sério e como amigo seu, de Kamus e de Miro, me vejo na responsabilidade de ajudar a acabar com farsas entre vocês. – Karen volta a encará-lo timidamente. – Já esclareço que nenhum dos dois sabem dessa minha conversa com você, estou aqui porque quero e não agüento ver essa situação neste estado. Os dois estão péssimos e quero saber como você está. Está bem?
– Eu... Admito que no começo me senti muito bem e feliz por ter conseguido afastar os dois, mas depois... comecei a duvidar de minha alegria e me senti péssima por tê-lo enganado. Kamus sempre me tratou muito bem. – Alterou a voz repentinamente – Mas se fiz tudo foi por amor. Até fui gratificada podendo voltar a escorpião! Não é imperdoável o que fiz, não é? Apenas segui meus sentimentos!
– E atropelou os de duas pessoas boas que se amam. – Disse calmamente em resposta. A moça abriu bem os olhos. Afrodite basicamente repetiu o que Miro havia lhe dito ainda naquela tarde. – O que você fez não é imperdoável, mas depende do que pretende fazer daqui pra frente. Continuar a atormentar Miro, afastando os dois, ou se sacrificar, deixando que se unam... a decisão cabe unicamente a você, minha amiga.
– A mim? – Estava voltando a ficar triste. Lembrou-se que Miro não estava bem, mas não havia notado nenhuma mudança nas atitudes de Kamus, a não ser que havia ficado ainda mais sério e distante do que de costume. – Miro pode amá-lo muito, mas Kamus não sente o mesmo. Nem sofreu com o que houve! Se sentiu enganado e, com raiva, brigou com Miro por isso, mas não o ama da mesma forma... – pronunciou calmamente as palavras, quase como se estivesse em transe.
– Karen, como você pensa que Kamus é? Não poupe nada em suas palavras. – Apoiou os cotovelos nos joelhos, se aproximando pouco mais da garota.
Karen pensou um tempo antes de responder. Onde Afrodite queria chegar com essa pergunta?
– Pra mim ele é uma pessoa culta, educada, responsável, organizada, mas também é frio e distante... diria até vazio! Como se caso tivesse sentimentos, fossem poucos. É muito sério e fechado... Por isso acho que não deve gostar de Miro, que sempre foi brincalhão e cheio de vida. Meio atrapalhado e irresponsável às vezes, um grande bagunceiro, mas com um coração bom e acolhedor.
– Como imaginei você não conseguiu ver através das defesas do aquariano, mesmo convivendo com ele há tanto tempo! – Karen o fitou sem entender – Agora, posso-te dizer como é verdadeiramente o Kamus que julgas frio, desprovido de sentimentos e quase impossível de amar alguém?
– Pode... – "Do que Afrodite está falando?"
– O verdadeiro Kamus é o oposto do que me disse, sabia? É extremamente sensível. – Karen não queria acreditar. Deu um sorriso nervoso, balançando sutilmente a cabeça em forma negativa. – Sempre que o encontrar com o olhar vago, acredite que é por se preocupar com alguém ou alguma situação séria. Se o ver com olhar de indiferença ou frio, é porque não está bem. Se sente triste ou com raiva e não quer descontar em ninguém, colocando aquela cara de poucos amigos para que ninguém queira se aproximar. – Afrodite preferiu exemplificar, falando o pouco que percebeu e aprendeu de seu amigo. – É uma defesa que ele adquiriu inconscientemente no decorrer dos anos, Karen. Diferente de nós, ele viu os pais morrerem e nada pode fazer, já chegou aqui sendo ameaçado pelo atual cavaleiro de Câncer e sua vida mudou completamente, ficando de pernas para o ar, ao saber que seria um cavaleiro E de alto nível... Sem ter onde se apoiar, pois Miro que sempre esteve ao seu lado e fora seu melhor amigo treinava também, o mestre dele colaborou para que se fechasse de tal forma, o treinando para não demonstrar qualquer sentimento durante uma luta. Assim, passou o tempo e com seus sentimentos por Miro aumentando e mudando para algo maior, aumentava também a barreira em sua volta para que ninguém soubesse, para evitar que alguém percebesse, entende? Eu mesmo só soube por que ele mesmo me falou, quando não agüentou mais guardar isso sozinho. Kamus tem um coração de ouro capaz de se apegar a qualquer um, que ache digno de confiança, com facilidade, mesmo sem demonstrar para essa pessoa o quanto é importante para ele. Muitas vezes ele não sabe nem demonstrar. Há muito tempo que ele esconde seu lado meigo e gentil com uma máscara fria e uma barreira de gelo. Lhe foi ensinado isso e exigido de forma impressionante. Ele foi o cavaleiro que teve um dos mestres mais frios e rudes do Santuário.
– Não imaginava... esse lado dele... – Sentia uma forte pontada no peito. A verdade a feria.
– Saiba que como qualquer ser humano, o coração dele é quente e que como todos também pode sofrer e chorar. – Afrodite continuou – Você pode não ter visto, pois ele sempre tenta passar a todos a impressão de ser forte, sério e muitas vezes até mal humorado, mas seu coração é sensível. Não se deixe enganar por aquela máscara como a maioria... E digo mais. Sabe quais as pessoas desse Santuário que ele mais confia e que mais gosta?
– Miro e... o Senhor. – Quase não saía as palavras de sua boca. De acordo com as palavras de Afrodite, ia relacionando aos atos que lembrava de Kamus, notando coincidir. – Vocês são as pessoas mais próximas a ele...
– Sim, Miro foi o primeiro a se aproximar dele e com seu jeito animado, conquistou a confiança de Kamus rapidamente e tão logo, seu coração. Eu, no caso, acredito que me aproximei por tanto vir atormentá-lo. Era meu 'único' visinho e como gosto de conversar, ia visitá-lo de vez em quando, assim, me tornando um amigo próximo também no decorrer do tempo; apesar de estar andando mais com o Máscara da Morte, agora. Mas esqueceu de citar a alguém, não acha? – Karen fita-o com curiosidade e medo das palavras que seriam proferidas. – Você, Karen. Ele a adora e confia também!
Os olhos da garota se encheram de lágrimas. O Remorso e arrependimento a estavam corroendo. Sabia que Afrodite não mentiria e mesmo assim, os olhos dele revelavam que ele falava a mais pura verdade. Como não conseguiu enxergar o mal que cobria o coração de Kamus? Achava conhece-lo, mas viu estar completamente enganada. Sempre foi bem tratada e tratou mal quem mais a respeitou. Entendeu as palavras de Miro, agora viu que seus conceitos sobre o francês estavam mesmo errados.
– Me responda. – Continuou Afrodite. – Ele nunca lançou sobre você nenhum olhar meigo ou gentil? Nunca demonstrou com nenhuma atitude, por mais discreta que fosse?
– Ele... – As lágrimas escorreram e logo foram enxugadas. – sim, demonstrou... – Lembrou-se de quando Kamus pediu para que parasse de chamá-lo de senhor e o tratasse pelo nome, coisa que raramente fazia, quando falava alguma palavra em francês que ela não entendia, ensinava-a com paciência pela curiosidade que demonstrava ter naquela língua e o que mais lhe doeu lembrar; o dia após a festa, o olhar doce que recebeu e o toque gentil em sua face, dizendo que não a odiava. Que não tinha motivos para tal. Mas tinha. O confundiu e o feriu sem nem se importar. Estava péssima.
– Entenda. – Afrodite continuou. – Kamus é fechado, mas a nós três ele confiaria a vida. Não consegue se abrir com facilidade e dizer o que pensa, mas com ajuda ou um bom incentivo, ele consegue transmitir um pouco do que se passa em seu interior; se não for com palavras, com seus atos ou olhar.
– Estou... me sentindo um monstro... Pensei em mim e no que sentia achando que poderia, se separa-los, conseguir conquistar Miro e nem me importei com os sentimentos de uma das poucas pessoas que gostam de mim... sem contar que sou odiada por Miro e agora, acho que por você...
– Não a odeio. Não tenho nada haver com tudo o que aconteceu! Só acredito que se você errou, se arrependeu como mostra e acha que essa pessoa não merece mais passar por isso, conserte tudo!
– Mas como posso fazer isso?
– Diga a Kamus toda a história. Do passado ao presente esclarecendo toda verdade. Por ele confiar tanto em você quanto no escorpiano, a mente dele está uma confusão, sendo sua maior dúvida se Miro mantém qualquer sentimento por você, por menor que seja. Faça-o ficar com Miro.
– Eu... tudo? – "Mas com que cara eu diria isso a ele? E... ele... com Miro?"
– Analise bem tudo o que eu lhe disse. – Afrodite levantou-se. – Como Kamus queria ficar só e descansar, acho melhor que durma aqui novamente. Seu quarto será o mesmo de ontem! – Afrodite pegou na roseira ao seu lado uma flor branca e pôs no colo de Karen. – Pense bem no que vai fazer. – Se retirou deixando-a sozinha sentada no banco, olhando o céu que já estava quase que completamente escuro, com os olhos chorosos, segurando a rosa.
– Amanhã... – Disse num sussurro para si, já sozinha sentindo o vento frio se chocar contra seu corpo.
OoOoOoOoOoOoOoOoOoO
Kamus, ainda na mesma posição, de bruços, abriu lentamente os olhos, vendo pela janela que estava escuro. "Anoiteceu... Eu devia mesmo estar cansado...é terrível quando se dorme tendo uma noção do tempo passar. Parece que se acorda até mais cansado!" Se sentou e olhou para o relógio sobre o criado mudo. "Três da manhã? Não esperava por essa. Pior que não me sinto nem um pouco descansado, apesar de ter dormido tanto...Se bem que... nem sei se preferiria dormir o resto da vida " Levantou, indo até a janela do quarto, contemplar a vista. "O céu está ficando coberto por nuvens... vai esfriar um pouco e talvez chova hoje." Voltou a sentar-se na cama, próximo à cabeceira, acendendo o abajur, abrindo uma caixinha de madeira e pegando uma chave para abrir a gaveta do criado mudo. Olhou um instante para dentro da gaveta e logo fechou trancando novamente. "Não... não mais! ". Guardou a chave novamente, indo para sua suíte tomar um banho frio. Vestiu depois uma calça cinza claro e uma camisa branca manga curta, levemente folgada, de um tecido leve que fazia um pequeno trançado no peito, revelando um pedaço de sua pele alva. Refez o curativo na mão, enfaixando-a, apagando em seguida a luminária, saindo do quarto.
Foi para a cozinha ver se comia alguma coisa e beber água. "Se não me alimentar será pior. Não posso me descuidar..." Após beber um copo de água gelada, pegou uma maçã. Estava sem fome, mas tinha que manter algo em seu estômago. Deu uma mordida na fruta, enquanto pensava em como estaria uma pessoa que não conseguia parar de se preocupar. Que não saía de sua mente. "Será que ele está se cuidando? O conhecendo, se estiver se alimentando, provavelmente é de nada que preste. Ele precisa sempre de puxões de orelha e... eu não posso mais dar. Ou posso? Acho que não preciso me preocupar. Tânia cuidará dele." Foi apara a sala, reparando que tudo estava exatamente como havia deixado. "Karen nem voltou... Afrodite deve ter falado com ela para dormir lá... É hoje o dia que minha solidão virá completa. Non quero mais ficar aqui! Preciso de ar... mas antes..." Foi até a estante pegando uma folha e caneta, voltando para mesa. "Não posso me esquecer disso." Escreveu um bilhete e deixou ali mesmo, voltando a pegar a maçã mordida, saindo de casa sem sequer vestir a armadura, acreditando que voltaria logo. Desceu as escadarias pela passagem secreta, ocultando seu cosmo para não incomodar a nenhum dos cavaleiros que certamente estavam dormindo. Queria caminhar e relaxar aproveitando o vento frio e a madrugada, já que seu sono, apesar de extenso, não colaborou nem para isso.
OoOoOoOoOoOoOoOoOoO
Teve um sono pesado, porém atormentado todo o tempo por sonhos desagradáveis, se mexendo muito na cama até que pára aos poucos. Ficou tranqüilo relaxando o corpo, mostrando um discreto sorriso nos lábios como se finalmente um sonho agradável surgisse e iluminasse sua alma. Sorriso que durou pouco. Apertava os olhos até que os abriu repentinamente, sentando-se na cama e olhando à sua volta, tentando se acalmar. "Meu quarto... calma, Miro... foi só um sonho. Isso não aconteceria nunca... Se acalme...". Se levantou ainda zonzo andando pela casa, passando pelas outras servas procurando por Tânia, encontrando-a na cozinha.
– Bom dia, senhor Miro! – Disse com um belo sorriso.
– Bom... – Bocejou. – Dia... – Respondeu coçando de forma infantil os olhos rosados. – Bom dia? – Com o susto, havia alterado a voz. – Que horas são?
– Seis da manhã. Algum problema, senhor?
– Poxa! Certo que sou de dormir demais e perder a hora, mas assim também foi absurdo! ... – A senhora ria do que lhe era dito - ... Até porque meus sonhos não colaboraram muito para um bom descanso... – Olhou para Tânia ainda sem acreditar – Me lembre de não tomar mais um suco tão forte quanto aquele seu de maracujá, sim?
– Não se preocupe, mas o senhor dormiu pelo seu corpo precisar... – Ficou séria, preocupada. – Mas me responda: Teve muitos pesadelos?
– Nem te falo. Mas o que me incomodou mesmo foi o último, que me parecia ser meu melhor sonho, mas se mostrou o pior.
– Quer conversar a respeito? Contar-me o que sonhou?
– Não precisa se preocupar, Tânia. Até porque não vejo possibilidades de acontecer.
– O senhor é quem sabe. Venha e sente-se. Vou lhe preparar o café da manhã.
– Estou sem fome... Obrigado, mas não quero comer nada. Vou apenas tomar um banho para ver se relaxo um pouco e vou sair. Um pouco de ar puro vai me fazer bem. – Bocejou novamente.
– Não vou permitir que saia assim sem comer nada, senhor! Está sem se alimentar direito! O que o senhor comeu ontem a tarde, foi apenas duas fatias de bolo; nada nutritivo! Olhe, enquanto o senhor se banha, eu preparo seu café. Depois o senhor poderá sair, é claro, voltando pro almoço, pois vou aguardá-lo.
– Está bem... – se aproximou da serva dando-lhe um beijo estalado no rosto. – Não adianta teimar com você.
– O que vai desejar para a refeição, senhor?
– Uma vitamina apenas. Já disse que não estou com fome, vou ingerir algo apenas em consideração a você. – Alisou o rosto da velha senhora. – Agora vou me banhar e me arrumar. Já volto! – Foi complicado aparentar para Tânia que estava superando e voltando a ser o mesmo de antes, não queria preocupá-la. Tomou um banho agradável vestindo depois uma calça preta e uma camiseta vinho, que definia seu corpo. Penteou os cabelos e foi para a cozinha novamente servir-se. Bebeu lentamente e contra gosto. A vitamina não estava ruim. Era a sua preferida, mas seu apetite não queria colaborar de forma alguma.
Ao terminar, despediu-se de Tânia e saiu para a arena principal sem nem se preocupar em vestir sua armadura. Passaria sua manhã olhando o treino dos outros cavaleiros e de alguns aspirantes, decidindo na hora se participaria ou não. Não queria deixar que o desânimo tomasse conta de si, mas estava indisposto a trajar aquela armadura fria e pesada que sempre que a usava, parecia atrair maus acontecimentos.
OoOoOoOoOoOoOoOoOoO
Abriu os olhos ao sentir uma leve claridade adentrar pelo quarto. Se levantou preguiçosamente. O dia estava com um friozinho agradável e o sol se escondia sutilmente por trás das finas nuvens cinzentas que se agrupavam lentamente. Olhou para o relógio, que marcava seis e meia da manhã e em volta, para o quarto, pousando o olhar numa rosa branca sobre o criado mudo. "Eu... Tenho que ir... tenho muito o que fazer...". Seu olhar entristeceu. Sabia o que ia fazer. Havia pensado bastante e se decidido. Levantou-se e foi se banhar na pequena suíte do quarto que foi hospedada, vestindo em seguida a túnica azul, deixada depois no quarto, que ganhou no dia anterior, indo à procura de Afrodite.
– Com licença... – Se aproximou de uma serva ruiva que varria a cozinha. – Pode me dizer onde está o senhor Afrodite?
– Oh, sim... Ele se encontra no jardim. – Respondeu a ruiva com um sorriso.
– Obrigada! – Karen saiu em disparada para o jardim. Mal passou pela porta, encontrou o dono daquele magnífico lugar caminhando em sua direção.
– Bom dia! Teve sorte em me encontrar. Já ia me banhar para ir ao treino...
– É... eu vim agradecer por tudo... – Abaixou a cabeça. Depois do que lhe foi dito naquele entardecer, não havia mais visto o pisciano. – por... ser meu amigo, por ainda gostar de mim mesmo depois de todo o mal que sabia que fiz... , por abrir meus olhos e... me mostrar que devo mudar tudo e esquecer um pouco de mim, deixar de lado meu egoísmo... e fazer o certo.
– Karen. Fico feliz em saber que tomou a atitude certa. – Sorriu e acariciou a face da jovem, pondo em seguida a mão no ombro.
Karen, impulsivamente, o abraçou derramando algumas lágrimas. Afrodite fora pego de surpresa; ela nunca fez nada assim.
– Minha amiga, o que foi? – A abraçou em retribuição, mas estava preocupado. Ela não parecia muito bem.
– Nada... Nada senhor... – Se afastou do abraço enxugando as lágrimas, sem jeito pelo que fez. – Desculpa pelo que fiz...
– Não tem porque se desculpar... – O sueco sorriu, apoiando as mãos nos ombros de Karen. – Somos amigos, não somos?
– Sim... Somos... – Abaixou a face.
– Já tomou o café da manhã?
– Não senhor. Acordei à pouco!
– Então peça para que preparem algo para você. Depois você poderá fazer o que decidiu. – Se aproximou de Karen e deu um beijo na testa, fazendo ficar levemente rosada. – Sempre soube que você tinha um bom coração, afinal. – Sorriu amigavelmente. – Agora tenho que ir. Até ! – Saiu com um sorriso no rosto. Sorriso típico seu.
Karen o olhou se afastar . "Adeus, amigo...". Voltou para a cozinha, pedindo as servas do pisciano que lhe preparassem algo. Comeu e foi rapidamente para Aquário. Entrou e viu a casa da mesma forma que havia deixado quando saiu no dia anterior, com exceção de um bilhete que encontrou sobre a mesa. Abriu e leu.
Miro,
Peço-lhe que aceite Karen novamente em sua casa. Sua companhia poderá agrada-lo e não posso mais mantê-la aqui.
Kamus
"Senhor Kamus... Entendi como és... Se parece um pouco comigo, mesmo sendo completamente diferente. Enquanto passei anos me escondendo atrás de um sorriso para o senhor, o senhor se escondia em sua frieza e seriedade de todos... a diferença era que eu só pensava em mim, enquanto que o senhor, também se importa com os outros. Afrodite percebeu e o senhor demonstrou que fazia isso para Miro, imagino. Afinal, ele é distraído com essas coisas..." Com o bilhete em mãos, percorreu toda a casa, constatando estar vazia. "Deve estar no treino. É claro... não poderia faltar." Foi para seu quarto arrumar suas coisas.
OoOoOoOoOoOoOoOoOoO
– Kamus? Não acredito que já veio... Entendo que sejas pontual, mas os treinos começam as oito horas... São sete e meia e já está aqui?
Kamus piscou várias vezes antes de falar qualquer coisa. Estava com olhar vago. – Olá Aldebaran... – Olhou e volta para o ambiente mais claro e em seguida para o taurino. – Nem vi o tempo passar. Já são sete e meia?
– Sim. Olha, quem o visse julgaria que tivesse aprendido a meditar com o Shaka. – Kamus fez uma cara feia, resultando numas risadas de Aldebaran. – Me diga: Está aqui desde que horas? Onde está sua armadura?
– Deixei em casa. Pretendia voltar lá mais cedo, mas como perdi a hora, fico assim mesmo. Teria de tirá-la mesmo para treinar. – " se bem que nem passou pela minha mente treinar hoje" – E... estou aqui desde as cinco da manhã.
– QUE? – Aldebaran nem acreditou. – Está aqui desde as cinco da madrugada e não reparou o tempo passar? Meu amigo, estais pior que o Shaka, eim? Você tem que reverter esse quadro pelo qual está passando senão vai acabar com sua saúde! – Cruzou os braços, indignado. – Miro estava na mesma. Não dormiu nem comeu nada pela manhã ontem... – Sentiu o olhar penetrante de Kamus sobre si como se quisesse ler sua alma, só assim se tocando do que falou e sorriu sem jeito. – Herr... Quer começar o treino mais cedo? Podemos treinar juntos, hoje...
– ... Está bem... – Falou secamente cerrando os olhos, descendo a arquibancada. – Vamos então...
Aldebaran o seguiu. Lá em baixo, na arena, retirou sua armadura e armou sua postura de luta. – Sem técnicas especiais, não é? O tempo está fechando e não estou afim de sentir frio ou pegar um resfriado.
– Oui, como preferir, Aldebaran. Só socos e chutes. – Armou sua postura de luta.
Aldebaran iniciou o ataque com uma seqüência de chutes, facilmente esquivados por Kamus.
– Chutes não são seus melhores golpes, Aldebaran. Você é grande e perde um pouco o equilíbrio, assim também, a agilidade. Nunca ouviu que geralmente homens grandes tem como ponto fraco as pernas? – Kamus falava calmamente. Se esquivava graciosamente de cada chute do brasileiro.
– Não diga asneias! – Sabia que era verdade e que seus chutes não eram bons como seus socos, mas não gostava de ouvir. Voltou a atacar o francês com uma rajada de socos extremamente rápidos.
Kamus permanecia a se esquivar. Não estava muito afim de treinar e queria apenas passar o tempo. Permaneceram dessa forma por vários minutos. Queria que Aldebaran se cansasse ou se distraísse, para depois dar-lhe um golpe e ver se encerrava o treino que nem sabia por que havia aceitado participar.
Aldebaran não conseguia acerta-lo. Por instantes achou que Kamus havia se distraído "Que armadilha tramou se fingindo de distraído, eim? Vamos ver...". Lanço-lhe uma seqüência de seus potentes socos.
Pego desprevenido, kamus se esquiva de um, se vendo obrigado a defender com as mãos outros, que até magoaram sua mão ferida, recebendo o ultimo no tórax. A pressão fez com que desse alguns passos para trás com a mão no local atingido.
– Kamus! Por Athena! Não esperava que você realmente tivesse se distraído, você não é disso... Você está bem?
– É claro que estou bem, não acha! Não será isso que vai me derrubar. Não exagere, Touro! – Fitou Aldebaram friamente, com raiva pela pergunta lhe feita, logo em seguida olhando para as arquibancadas, com olhar perdido, para o motivo de sua distração. Miro havia chegado e o encarado, fazendo com que se distraísse com a cruzada de olhares e recebesse o golpe que normalmente teria se esquivado. Viu que ainda recebia a atenção do escorpiano quando voltou a olhá-lo, mas a perdeu em seguida.
Miro entrou na arena curioso à ver quem treinava. Dirigiu-se para as arquibancadas tendo direito a uma vista privilegiada, quando viu que quem treinava com o gigante taurino era ninguém menos que Kamus, que se esquivava dos ataques. Percebeu que foi notado pelo aquariano e em seguida, o viu levar um forte soco no peito. Se preocupou, olhando-o até que mostrou estar bem, voltando sua atenção à Shaka, que havia acabado de Chegar.
– Miro! Bom dia! – Shaka o cumprimenta com um sorriso, sentando-se em seguida. – Quem diria... você aqui e na hora certa...
– É, poderia ser mesmo um bom dia... mas não sou eu quem escolho, não é? – Respondeu mais para si que para o virginiano. – E não implique... parece até o... – Abaixou o tom de voz - ... Kamus...
– Nossa, Miro. Está de mau humor ainda?
– Não Shaka, desculpa... é que não me sinto muito bem.
– Entendo. Deveria dormir um pouco. Seu humor sempre fica melhor quando você acorda de um sono tranqüilo e sem preocupações.
– Não me fale em dormir! Já fiz isso até demais e nem consegui descansar. Tive uma péssima noite de sono... e uma tarde também! – Sentou-se ao lado do virginiano. – Faz agora duas noites e uma tarde que não sei o que é dormir decentemente.
– Isso prejudica sua saúde, escorpiano, é melhor se cuidar mais...
– Shaka... não se preocupe. O máximo que pode acontecer, sou eu ficar doente, mas nada sério.
– As vezes penso que você não é normal.
– E você por acaso é, Buda? – Revelou um sorriso. Era forçado, mas aparentemente, natural; já estava se acostumando.
Shaka respondeu apenas com um sorriso. Via que Miro havia retirado suas defesas contra ele, que estava sendo amigável e sem desconfiança. Não gostou do modo irônico que foi chamado no final, mas reconsiderou vendo o novo escorpião.
– Onde está sua armadura? Deveria trajá-la sempre. Sabe disso!
– Não tava afim hoje... Hoje quero o dia só pra mim! E poderia parar de se parecer com ele? – Estava inquieto. De todos que conhecia, achava que Shaka se parecia muito com Kamus em alguns aspectos, como ser certinho e adorar dar sermões.
Em baixo, na arena, após ver que Miro se distraíra com Shaka, ficou chateado. Voltou sua atenção ao gigante continuando o treino, agora, atacando também.
Aos poucos os outros foram chegando, cada um trajando sua armadura, com exceção de Aioria, que trajava uma calça jeans e uma camiseta verde escuro, indo treinar sozinho na arena. Antes de escolherem cada um com quem treinaria, foram para as arquibancadas. Conversaram um pouco e selecionaram com quem cada um iria treinar. Shaka afirmou que queria apenas meditar. Afrodite havia falado com Máscara da Morte que iriam treinar juntos, mas decidiu trocar com Shura de ultima hora, treinando assim com Miro.
– Porque decidiu treinar comigo e não com o Máscara? – Após algumas horas de treino, Miro não conseguiu conter a curiosidade.
– Queria falar com você. – Afrodite respondeu, tentando acertar um soco no rosto de Miro, que se esquiva habilmente. – Nem esperava na verdade que você viria treinar.
– Isso nem eu esperava, mas sobre o que quer falar? – Tentava acertar Afrodite da mesma forma, mas este se esquivou com leveza.
– Queria apenas avisar que hoje pode ser o seu dia. Isso é relativo, mas para que não se surpreenda, pode ser que ao voltar para Escorpião, encontre Karen por lá.
Miro parou o combate. Estavam mais afastados de todos, não correndo o risco de serem ouvidos. – E o que ela iria fazer lá? – Falou alterado. Não lhe agradou de forma alguma a notícia.
– Servi-lo. Kamus me falou que a enviaria hoje para lá, agora, poderia ser pouco mais discreto e continuar o combate?
– Não to legal pra isso. Desculpa. – Miro apenas deu as costa, saindo a passos rápidos da arena.
– Ei, Miro! – Afrodite chamou-o, mas ele saiu sem nem olhar pra tas. Todos pararam o treino para ver o que houve. Só então, Kamus notou que miro havia se retirado sem mais nem menos. Afrodite respirou fundo, indo treinar em trio com Máscara e Shura. "Cabeça de vento... nem me permitiu terminar! Tento preveni-lo e ajudar, mas ele não deixa! "
Passavam das duas da tarde e todos os cavaleiros pararam seu treino para irem almoçar. O clima também estava mais frio e ventava bastante, fazendo com que quisessem retornar às suas casas. Poderia chover a qualquer momento e ninguém pretendia se molhar.
– Oh Kamus! Não vai voltar conosco? – Pergunta Shura preocupado. Assim que pararam o combate dos treinos, o francês sentou-se na parte baixa das arquibancadas, de cabeça baixa, sem falar nada com ninguém.
– Não, ficarei pouco mais. Podem ir. – Falou friamente. Queria ficar só e tentar entender o porquê de Miro não ter ficado até o fim do treino. Seria por sua presença o incomodar? Não entendia.
Os outros dourados voltaram para suas casas. Kamus enrolou ali, sentado, por mais algumas horas aproveitando o ambiente frio para relaxar, olhando o céu, perdendo a hora, indo por volta das quatro da tarde debaixo de uma grossa chuva para sua casa, pela passagem secreta. Não queria encontrar com ninguém, apenas ver sua casa vazia, tomar um banho, se secar e procurar por um bom livro.
Chegando em Aquário, tirou os sapatos na entrada e espremeu o cabelo, tirando o excesso de água, para entrar evitando encharcar o chão. Surpreendeu-se ao ver sentada no sofá em sua sala, Karen, trajando uma bela túnica azul, com o bilhete que havia deixado para que ela entregasse à Miro, amassado sobre a mesa.
– O que faz ainda aqui? Pensei que estivesse em Escorpião...
– Quero falar com o senhor e é muito importante. Poderia me ouvir?
– Oui. O que desejas comigo? – Ficou de frente para ela. Queria se secar e mudar de roupas, mas perecia tão urgente que não se incomodou em esperar para isso.
– Antes de tudo, gostaria apenas de pedir-lhe um favor: que me escute até o fim, pois depois irei embora, e que se entenda novamente com o senhor Miro; poderia fazer?
– Escuta-la é óbvio que sim , mas... porque me pede isso com relação à Miro? – Ficou intrigado. O que estava havendo?
– Vou lhe contar tudo, assim, o senhor tomará as atitudes que preferir. – Respirou fundo. Não sabia por onde começar, assim soltou de uma vez. – Bem, no dia da festa de comemoração da união dourada, Miro foi inocente.
– Do que está falando Karen? – Kamus permanecia com mesma expressão séria e voz calma, mas seu interior se assustou com a atitude da moça.
– Estou falando que sabia o quanto Miro o amava e que a anos guardava esse sentimento pelo Senhor. Só fingia perante ambos não saber. – Kamus engoliu a seco. Como assim? – Eu desconfiava que o senhor também sentia algo por Miro, mas não sabia se realmente o amava ou não, se era apenas alguma atração ou até um tipo de admiração; assim, por ciúmes, tramei aquilo na festa. Menti para o senhor e em seguida dei aquele beijo nele em sua frente, para que ambos perdessem a reação. Imaginava que o senhor iria apenas ficar olhando e se retirar, da mesma forma que sabia que Miro, com seu olhar rude sobre ele, ficaria sem reação, aparentando até mesmo ser realmente culpado. Eu inventei tudo e menti para o senhor.
– Karen... – Tentava processar tudo – De qualquer forma, acredito que sejas especial para ele, afinal, sei que foi a primeira... – Não terminou. Estava digerindo o que havia acabado de lhe ser dito. Miro havia dito a mesma coisa e não deu ouvidos. Se sentiu um idiota.
– Não senhor. Se engana. Eu me apaixonei por ele ainda cedo, mas ele nunca me olhou. E depois... ele me evitava, chegando agora a esse ponto em que me odeia.
– Seja direta! – Kamus se mostrava impaciente. Agora que ela havia começado, teria de ir até o fim.
– Há cinco anos atrás, descobri que o senhor Miro o amava e que não se relacionaria com ninguém mais até ter a chance de lhe falar dos seus sentimentos. O ouvi falando isso à Serva mais velha, a Tânia, mas eu já o amava e odiei saber disso. Depois de um ano, na véspera do aniversário de Miro, o Senhor foi visitá-lo com um embrulho, que o entregou alegando não poder entregar no dia por ter de ir para a Sibéria treinar e que seu mestre não queria adiar o treino. Vocês brigaram e o senhor o deixou falando sozinho, atrasado para encontrar com seu mestre. Lembrei ontem da cara que o senhor fez. Estava triste e nem percebi no dia. Só via que havia magoado quem eu amava... Lembro também que ouvi Miro resmungando desapontado com a saída do senhor e logo na véspera do aniversário que pretendia comemorar ao seu lado. Abriu o presente, vendo ser um CD. Estava irritado. Colocou sobre o móvel do som e foi para o barzinho que tinha algumas garrafas de bebidas que pertencia ao seu mestre que dormia vez ou outra lá. Pegou uma qualquer e uma taça indo para o quarto. Tinha o costume de beber um pouco de vez em quando sem que seu mestre soubesse, mas dessa vez queria beber até cair e iria se aproveitar por seu mestre não se encontrar no Santuário. Vi que ele engolia algumas taças da bebida e que estava desapontado, mas não fiz nada. Quando decidi entrar, ele já estava completamente bêbado, pela falta de costume em ingerir tanta bebida. – respirou fundo recuperando o fôlego e criando coragem para ir até o fim.
– Então, quando ele a viu, por estar bêbado, decidiu descontar em você e a seduziu, podemos dizer assim. – Kamus não acreditava direito no que ouvia, mas via que Karem ficou com os olhos rasos de lágrimas com essa afirmação, balançando a cabeça em forma negativa.
– Não senhor. – Passou a mão direita pelos olhos, secando-os. – Foi ao contrário. Eu, o vendo daquela forma, quis reconfortá-lo. No final, eu é quem o seduzi, o convencendo a se deitar comigo, beijando-o o forçando a se deitar na cama... me aproveitando de sua fraqueza, pois eu o amava, o desejava... Ele, carente e bêbado como estava, não contestou. Na manhã seguinte, ao acordar e me ver ao seu lado e... nós dois nus, entrou em choque. Ele se levantou e enrolou-se em um lençol falando alto perguntando a mim, que já estava acordada a um tempo o admirando o que havia acontecido. Apenas respondi que passamos a noite juntos. – Deu uma rápida pausa, respirando fundo. – Ainda lembro... Os olhos dele marejaram e ele pronunciou seu nome inconscientemente. Acredito que ele pretendia perder a virgindade com o senhor. Ele também reclamava da dor de cabeça e dizia conseguir se lembrar de apenas algumas poucas coisas até que me olhou serio. Seus olhos eram penetrantes naquele momento e depois de me encarar de tal forma por alguns segundos, ele... apenas me disse "desculpa pelo que fiz, mas agora é tarde e não tenho como me redimir. O melhor que tens a fazer é esquecer o que houve aqui. Isso não deveria ter acontecido.". Depois de vários dias, como via que eu ainda o amava, que eu ainda o desejava, preferiu que eu saísse da casa de escorpião, mas não queria me por na rua pois não teria pra onde ir, assim, quando viu que o Senhor não tinha mais nenhuma serva a ajuda-lo, me enviou para cá. Achava que assim eu poderia esquecê-lo e até me apaixonar pelo senhor, sendo igualmente correspondida, afinal, ele não acreditava que o senhor sentisse o mesmo amor por ele e... assim, queria a sua felicidade, mesmo que tivesse de abrir mão da própria. Acho que nem ele sabe que naquela noite, eu é quem o seduzi. Acho que ele pensa que me seduziu e tirou minha virgindade... que foi o... culpado...
Kamus se afastava dando dois passos para trás, rumo a porta, a encarando sem saber o que fazer. Então Miro não o enganou de nenhuma forma, apenas o poupou de algumas coisas, como disse! Havia lhe dito não ser inocente, mas também não O culpado; sendo que Kamus não viu culpa alguma. E mesmo que tivesse, estaria disposto a esquecer. Já havia pensado nisso o dia inteiro, mas seu ciúme e orgulho não permitia que tentasse ir até ele e falar, pedir desculpas.
"Kamus, seu idiota... como pode fazer isso... sempre confiou nele e quando ele mais precisou de sua confiança, preferiu tentar não acreditar e confiar mais... em outra pessoa?"- Sua consciência doía.
– Senhor Kamus – Karen continuou – Sei que deve estar me odiando pelo que fiz a vocês, mas me abriram os olhos e vi que não o conhecia como pensava. Só o que peço agora, é que o Senhor volte a se entender com Miro. Ambos merecem a felicidade e só agora notei que para isso, um depende do outro... – Ela abriu um sorriso nervoso, derramando mais lágrimas. – Antes dele pegar no sono àquela noite, ele disse um nome, um que estava estampado em seus pensamentos e em seu... coração: "Kamus".
Kamus nem a olhou mais. Não queria saber se tinha mais coisas a serem ditas, não queria nada. Nem se importou com sua postura altiva e séria; apenas saiu correndo de Aquário rumo à escorpião.
Karen o olhou sair correndo, assim, secando as lágrimas. – O senhor o ama de mais, só que tinha medo de se ferir. Entendo o senhor... Adeus, senhor Kamus e... Perdão por feri-lo. – Pegou sua bolsa, logo saindo de Aquário a passos lentos, indo para a passagem.
OoOoOoOoOoOoOoOoOoO
Sua consciência pesava muito e sentia seu coração apertar.
"Miro, seu cabeça dura! Não tinha nada de tê-la mandado até minha casa. Não tinha nada de ter me ocultado isso naquele dia que me informou que a mandaria para lá! Você passou por cima de seu orgulho para tentar se esclarecer de coisas que não julgo que tenhas culpa, agora, é minha vez de passar por cima do meu e me desculpar, por toda a culpa que tive por fazê-lo sofrer assim."
Ainda chovia. Uma chuva forte, mas ele não parou para esperar que estiasse ou que parasse. Continuou seu caminho atravessando as casas de Capricórnio e Sagitário até escorpião, chegando completamente ensopado, batendo à porta com força.
– Senhor Kamus! Olhe o estado do senhor! Foi pego no meio das escadarias? Entre, vou lhe dar roupas secas. – Pouco tempo depois a porta é aberta.
– Não, Tânia, agradeço, mas vim agora de Aquário. Onde está Miro? – Falava tentando controlar a voz, mas era visível àquela senhora o nervoso e a angustia.
– Saiu pela manhã e ainda não retornou. Deve estar pegando essa chuva também. – A senhora se mostrava preocupada. Miro não havia aparecido para almoçar, como havia prometido.
– Céus... vou procura-lo! – Kamus virou-se, fazendo menção de sair correndo novamente atrás do escorpiano.
– Senhor Kamus! – Tânia o chamou rapidamente, recebendo apenas um olhar triste, sobre o ombro. – Agora que sei que vai procurá-lo, estarei mais calma, mas seja espontâneo, se o encontrar. Não tente refletir muito sobre o que fazer ao menos uma vez...
Ao ouvir as palavras, Kamus apenas voltou a correr escadarias abaixo pensando por onde poderia começar a procurar pelo escorpiano. Olhou próximo ao campo de treino das amazonas, as arenas, próximo as instalações dos outros cavaleiros e até no cemitério, mas nem sinal do grego. Estava caminhando sem rumo já, quando a chuva parou. As nuvens já haviam quase que desaparecido sendo a fina camada que mantinha a chuva estava se dispersando, revelando aos poucos a lua cheia, que iluminava levemente o Santuário agora, e as estrelas. Olhou para a constelação de Aquário e depois parou seu olhar sobre a de Escorpião, se encostando em uma pilastra numa área do santuário que eram só ruínas.
"Miro..." Desencostou-se de supetão, ainda olhando a constelação, lembrando-se de um lugar que ainda não havia olhado. Saiu às pressas para esse lugar. "Por favor esteja lá... senão não saberei mais onde o encontrar...".
Estava por perto e logo chegou onde queria, parando no meio de um local plano. A grama verde e úmida balançavam com o vento, assim como os galhos das poucas árvores que lá haviam. O luar clareava o local, revelando uma pequena área devastada, com uma trilha sem gramas e uma árvore quebrada ao fim, como se tivesse sido congelada e se espedaçado. "Como pude me esquecer de olhar aqui? Uma área próxima à fronteira do Santuário e deserta, próxima a um desfiladeiro e com vista para o mar, ao longe. O lugar que ele mais gosta de ficar! ". Passou a vista pelo local procurando-o, o avistando sentado sobre a grande e plana pedra, próxima ao desfiladeiro, o observando. "Graças aos Deuses, ele está aqui..." Seus olhares se cruzaram por um tempo, até que Miro voltou a olhar para a frente, contemplando a grande lua cheia e o mar ao longe.
O coração de Kamus apertou com essa atitude do escorpiano. Pensou no que poderia fazer ou dizer, até que veio em mente as palavras de Tânia: "Seja espontâneo ao menos uma vez na vida..." Se aproximou lentamente parando a três palmos de distância, seus olhos rasos de lágrimas, viam que Miro também estava ensopado. Provavelmente levou a chuva ali mesmo, sem se mover. Observou que ele estava sentado, abraçando o joelho direito, deixando a outra perna flexionada e apoiada na pedra.
– Miro... – falou quase como num sussurro, mas foi o suficiente para que o grego ouvisse. Miro não esboçou nenhuma reação, apenas abaixou a cabeça, cerrando os olhos.
Kamus lentamente se ajoelhou atrás de miro e o abraçou. Um abraço forte, colando os corpos, colocando seu rosto ao lado do dele.
– Perdão, mon amour... Perdão por ser cego... por teimar e não querer acreditar em você... por ser tão... ciumento! Agora sei de tudo... – Falava em seu ouvido sussurrando, com voz falha.
Miro, ao sentir o forte abraço, o hálito quente de Kamus em seu ouvido, estremeceu. Estava surpreso. Kamus nunca havia feito qualquer demonstração explícita de carinho, mas com esse abraço, o novo mestre do gelo se mostrou caloroso como nunca. Sentiu que esse abraço não vinha nem tanto da consciência de Kamus, mas vinha de seu coração, demonstrando todos os seus sentimentos. Um sorriso de canto de boca surge em seu rosto ao ouvir tais palavras e de tal forma. "Então Kamus não se importa mais com nada que aconteceu? "
– E então, Miro? Você me perdoa? Me... Aceita? – Não agüentava ver que Miro não esboçava reação alguma.
– Do que está falando? – Sua voz soava calma. Miro se soltou do abraço, virando de frente para Kamus, sério. Pode observar que Kamus também estava completamente molhado pela chuva que cessou há pouco. O deveria estar procurando há um tempo. Achava que Kamus estava extremamente atraente daquela forma. A calça, clara, estava colada em suas pernas, definindo-as, e sua folgada blusa branca estava meio transparente, igualmente colada em seu corpo, mostrando o quanto era perfeito. Os cabelos esverdeado escuro, molhados emolduravam seu belo rosto e caíam desordenados nas costas e sobre os ombros, contrastando com sua pele alva, a roupa clara e seus olhos azuis escuros. Era uma linda cena vê-lo assim, como um anjo na terra.
– Mi... – Antes que terminasse o nome do grego, foi calado com os macios lábios deste sobre os seus, iniciando um beijo leve e apaixonado que o deixou paralisado.
Miro não se demorou muito no beijo, logo afastando seus lábios e o encarando de perto, colando suas testas. – Eu por acaso poderia dizer não? É claro que o perdôo, seu besta e se não o quisesse de volta, nunca teria persistido tanto para que me ouvisse quanto fiz. Eu te amo! – Abriu um grande sorriso, do jeito que Kamus tanto amava contemplar e recebeu outro sorriso em resposta. Um mais tristonho, porém, aliviado. – Cego você é um pouco, assim como ciumento e cabeça dura, mas não tiro seus motivos, meu francesinho confus...
Sem que Miro esperasse, Kamus o puxou para um beijo. Era indescritível as sensações. Entreabriu os lábios permitindo ter sua boca explorada, logo explorando a de Kamus também. As duas línguas travando uma pequena batalha que durou o tempo que precisaram se afastar para buscar por ar. Miro o olhava incrédulo. Kamus estava diferente, agia espontaneamente e seus olhos, sempre penetrantes, estavam com um brilho diferente. Viu os lábios rosados do francês inchados pelo beijo e sorriu, lembrando-se do primeiro que trocaram.
– Há muito tempo... Queria fazer isso... – As maçãs do rosto de Kamus ficam rosadas, ao pronunciar tais palavras. "Seguirei seu conselho, Tânia... Cansei de sofrer por tentar ser tão correto. Agirei assim, ao menos hoje..."
Kamus volta a abraçar o escorpiano iniciando mais um beijo, puxando-o pela nuca, para que aprofundasse mais. Era notável que o beijo era cheio de amor, desejo, volúpia, urgência.
Miro correspondia igualmente ao beijo, alisando as costas de Kamus, logo o puxando mais para si, fazendo-o se sentar em seu colo, de frente. Com tamanha proximidade entre os corpos, era possível para ambos sentir um do outro, o volume em suas calças coladas que começavam a despertar, ficando cada vez mais rijos e se roçando. Durante o beijo, Kamus não pode conter um sorriso de satisfação em ver o quanto provocava o escorpiano.
Miro, ao sentir a 'animação' de Kamus, sentiu-se mais estimulado a seguir em frente. Passou as mãos por debaixo da camisa do francês, descolando-a do corpo, com uma mão pressionando sua cintura enquanto a outra percorria suas costas e peitoral dando leves arranhões.
Kamus se afastou do beijo soltando alguns gemidos abafados, sentindo as unhas de Miro deslizarem por sua pele, pressionando sua cintura e pedindo para que colaborasse a arrancar aquela camisa molhada, assim, permitiu ficar sem a camisa, que foi jogada na grama. Olhou nos olhos do grego, que se mostrava tão excitado quanto a si. Não pretendia parar. O lugar não era o mais apropriado, sabia que era arriscado e que poderia acontecer de chegar alguém, mas não se importaria. Iria seguir os conselhos de Tânia e agir espontaneamente até o fim; indo até o fim. Deslizou suas longas unhas pelo tórax de Miro por cima da camisa molhada, vinho, que definia aquele corpo moreno pouco mais musculoso que o seu, logo segurando o tecido, o puxando para arrancar também, com a ajuda do grego. Alternava seu olhar, repleto de sensualidade, entre os azuis claros de seus olhos cheios de lascívia, os lábios macios e inchados pelos beijos trocados e o corpo bronzeado e perfeito levemente iluminado pelo luar, parecendo até de um Deus, que estava bem na sua frente. Decidiu-se por manter o contato visual enquanto sua mão esquerda estava apoiada no ombro de Miro, pressionando com as unhas com cuidado para não corta-lo, apenas arder, e sua mão direita vagava pelo peitoral do grego, explorando cada pedacinho com aspereza, pelas ataduras úmidas e dando leves arranhões, parando no cós da calça, desabotoando, revelando um pequeno sorriso nos lábios.
Miro o olhava com desejo, lascívia. Sabia que o forte de Kamus era o olhar e que quando queria, e até sem querer, sabia ser sensual, mas não esperava aquela ousadia do Francês. Kamus estava esbanjando sensualidade em cada olhar, em cada movimento e o que mais surpreendeu Miro: parecia estar agindo por impulsos. Espontaneamente, sem pensar nas conseqüências. Viu o olhar do francês se desviar por um instante do seu e olhou na mesma direção, para ver o que era. Kamus segurou o cós de sua calça e desabotoou, fitando-o novamente em seguida, com um discreto sorriso. Queria provocá-lo? Estava conseguindo.
Miro queria acabar com tudo logo. Já o havia esperado por muito tempo e não queria mais esperar por nada. Fez com que Kamus se deitasse, inclinando-se por cima apoiando o peso em um dos braços para que não o incomodasse. Olhou melhor o peito alvo de Kamus, vendo uma marca. Uma pancada. "Maldito Aldebaran, deveria matá-lo por isso! " Pensava Miro, mas ignorou, seguindo com o que pretendia. Seus membros, já completamente despertos, se roçavam. Miro se continha, olhando seu amado soltar alguns gemidos abafados. Roçou seus lábios nos lábios entreabertos de Kamus, sem iniciar qualquer beijo. Queria provocá-lo um pouco também. Com a língua contornou os lábios do francês, dando em seguida uma mordida leve no inferior provocando mais um gemido. Fitou-o novamente, notando sua face rosada, não por vergonha, mas desejo. Via-se na mesma situação. Começou a beijar e lamber o pescoço alvo dando leves mordidas descendo para os mamilos e em seguida pra o abdômen deixando algumas marcas avermelhadas em seu percurso, parando apenas no baixo ventre.
Kamus se deixou levar por aquele grego que sempre o encantara, se entregando aos seu sentimentos. Não percebeu direito como aquilo começou, mas era irresistível aquele escorpião. Arqueava as costas com o prazer que sentia nas carícias do amado, tentando conter os gemidos. A pedra lisa e fria abaixo de si, o vento frio que soprava, o luar que os iluminava... Não enxergava nem sentia nada disso. Apenas aquele grego quente que tanto mexia com sigo. Que tanto o provocava. Via apenas sua felicidade ao seu lado.
CONTINUA ...
OoOoOoOoOoOoOoOoOoO
Olá! Dessa vez eu não demorei tanto, não é? Antes que resolvam me apedrejar por não por o lemon completo, gostaria apenas de lembrar que não tenho experiência em escrever fics e também a classificação desta (olhando a desculpa esfarrapada) e... também porque a mão trava, admito! Não tenho muito jeito para escrever isso, mas vou tentar adquirir. Quem quiser me dar um cursinho básico, eu aceito XD . Reescrevi essa cena duas vezes, mas ainda não achei nada bom. Peço que digam o que acharam nos reviews e que quem ler, que por favor mande um comentário dizendo o que achou. É tão gratificante para quem escreve ver os reviews com a opinião dos outros...
Nesse capítulo esclareci, com a ajuda do Afrodite, como eu vejo Kamus. Não o vejo como aquele completo mal humorado como muitos, mas respeito a opinião de todos. De qualquer forma é complicado escrever sobre esses dois. As atitudes não devem estar coincidindo muito com o original signo de cada pois também coloquei um pouco de mim neles. ( sou pisciana, o que dá trabalho lhe dar com um aquariano e um escorpiano). Ou seja, perdoem essa mera mortal. ( com medo das pedras). Nesse capítulo, sei que Kamus mais parece um garotinho "maluco", mas não pude evitar de fazer isso. Tudo o que peço é que não me matem, ainda.
Espero que este capítulo agrade a todos os leitores.
Saint seiya não me pertence. Direitos autorais à Masami Kurumada e cia, com exceção de Karen, Tânia e Shino, que foram criados por mim para este fic.
Mais uma vez agradeço a todos os reviews :
Chibiusa-chan Minamino: Oi! Calma aew... to me empenhando e fazendo o que posso. Pensei no fato da gravidez, mas não conseguiria ver Miro como pai, até porque eu me sentiria na obrigação de fazê-lo assumir, o que causaria um rolo maior que eu não queria. Teria que matar a criança. Atropela-la seria uma boa, sabia? Mas o fato é que por um carro dentro do santuário com o Saga como grande Mestre, sei não... É, preciso mesmo de sorte com meu pc, mas estou tentando me virar. Bjos!
Kitsune Lina: Olá! Eu sei que não foi bronca e também gosto de saber como é o certo ( apesar de ficar sem graça quando me chamam a atenção # ) . Fico feliz por ter gostado do capítulo anterior! Nossa! Você foi a que mais insultou a Karen e é uma das que mais quer surrá-la... Desculpa não deixar que você a esfole viva, mas é que já foi decidido o que fazer com ela. Quanto ao que me pediu, claro que autorizo! Com uma condição: Que não demore a fazer pois agora estou curiosa para saber como ficaria sua história. Fico lisonjeada por ter sido uma das escolhidas! Bjos !
Kitsune Youko: Ok, acho que esse capítulo poderá acalmá-la. Não perca a paciência e continue lendo o fic, sim? Bjos!
Litha-chan: Olá! Até você quer matá-la? Poxa, dá pra fazer uma fila... Sabe que até tenho uma amiga que queria que ela ficasse com o Miro? Nem acreditei quando ouvi. . Tenha calma... Aqui está a continuação e espero que tenha gostado. Obrigada pelo elogio. Bjinhos !
Um beijo a todos que lerem! Até o próximo capítulo!
