N/A.: Como de costume, pensamentos estarão entre aspas e em itálico.

12- Tristeza e decisão.

No Japão, a Guerra Galáctica ocorria. Hyoga pegou sua armadura de Cisne para participar, decidido a derrotar todos e obter a armadura dourada, assim como lhe foi mandado na carta de seu mestre.

Neste período, o Grande Mestre havia achado melhor enviar outro cavaleiro para garantir a armadura de Sagitário, desejando colocar as mãos na veste o quanto antes. Ikki, outro dos jovens enviados por Kido, havia sido o escolhido, sendo ajudado pelos cavaleiros negros. Ares acreditava que pelo jovem estar com a mente mudada devido ao treinamento duro na Ilha da Rainha da Morte, acabaria rapidamente com os outros cavaleiros.

Um grande erro.

No desenrolar, o cavaleiro de Fênix, assim como Hyoga, uniu-se aos outros e revelou as intenções do Santuário.

Ares, irritado, apenas enviava outros cavaleiros ao Japão, para que eliminasse os santos de bronze e a Jovem Saori Kido – que dizia ser reencarnação de Athena na Terra – e levassem a armadura dourada de volta para o Santuário. Chegou a possuir a veste quase completa, faltando apenas a máscara, mas misteriosamente a armadura desapareceu durante as batalhas.

Sagitário ficou desaparecida por dias.

Vendo que até os cavaleiros de Prata foram derrotados e acreditando que roubaram sua parte da armadura, o Grande Mestre se viu sem opção; senão reunir os Santos de Ouro para a batalha e deixar o Santuário em alerta. Havia escolhido Miro de Escorpião para eliminar os cavaleiros de bronze, mas este questionava, achando que seria humilhação um cavaleiro de ouro para enfrentar crianças.

Aioria surgiu, se oferecendo para ir, na pretensão de limpar seu nome e de seu irmão perante o Santuário.

O Grande Mestre permitiu. Aioria foi para o Japão, onde enfrentou Shina, Seiya e os outros. Teve seus olhos abertos pelo cosmo de Athena e pelo espírito de seu irmão, descobrindo que o Santuário estava tomado pelas trevas. Ao retornar para tomar satisfações, enfrentou Shaka no salão do Grande Mestre, e teve a mente atacada pela técnica de controle mental de Ares.

Aioria só ficaria livre do Satan Imperial se matasse alguém.

Em pouco tempo, Ares recebeu uma carta da senhorita Kido. Rasgou o papel, irritado. Convocou todos os Cavaleiros de Ouro, incluindo Mu que estava em Jamiel, para um Conselho Dourado.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Fazia três semanas que Kamus estava no Santuário. Seu humor mais agradável, graças aos esforços de Miro, que raramente o deixava em paz. Continuavam juntos, em seu relacionamento que muitos sabiam – Os outros cavaleiros de ouro – ou desconfiavam, mas que não era oficializado por vontade de Kamus.

Com os últimos acontecimentos, todos os cavaleiros estavam agitados, com exceção dos de ouro, que, em maioria, acreditavam que se os outros cavaleiros haviam sido derrotados por incompetência e por subestimar o adversário.

– Kamus! Vamos andando? Já está pronto? – Miro entrou em Aquário sem cerimônias, olhando cada cômodo. Parou ao ouvir passos saindo do quarto dirigindo-se para onde estava.

– Mon Dieu! O que faz aqui? – Kamus colocava seu elmo enquanto caminhava na direção do grego, para a sala. – São seis da manhã! Não acredito que acordou cedo...

– Bom dia pra você também! Poderia deixar de jogar na cara que sou dorminhoco uma vez na vida? Acordei mais cedo pra passar aqui e irmos juntos à reunião. E você sabe como o Grande Mestre anda nesses últimos dias. Me atrasar definitivamente não seria uma boa idéia.

– É, não seria... Voltou muito tarde? – Kamus colocava sua capa. Terminou de se arrumar.

– Não. É triste... Cumprir com certas ordens do Grande Mestre... – Divagou. Olhou para outro e sorriu. – Mas não vamos falar disso. Agora vamos? – Segurou a mão do francês, puxando para a saída.

Kamus puxou sua mão novamente, o que fez Miro parar e olha-lo. Sempre que tentava segurar sua mão em público, Kamus não permitia.

– Só... Vou avisar a serva que prepare o café da manhã para quando voltarmos... Não comi nada... – Abriu um leve sorriso – E também, o conselho iniciará apenas as sete! – Voltou para a cozinha, sendo seguido pelo olhar de Miro.

Não demorou muito para que voltasse e acompanhasse o grego, lado a lado. Subiram lentamente as escadarias. O vento forte e frio agitando suas capas e cabelos, o céu encoberto por pesadas nuvens denunciando que logo iria chover animava Miro, que adorava dormir com o barulhinho da chuva caindo. Kamus, ao contrário, ficava mais distante com aquele clima. Preferia aproveitar o som agradável da água caindo para ler algum mistério, de preferência, próximo a janela de seu quarto, para vez ou outra olhar a chuva cair e o mar ao longe.

Chegaram a um grande salão. Centralizado, havia uma magnífica estátua de Athena sobre um curto pilar, com um trono aos seus pés. Em volta desta estátua, haviam mais afastados outros doze pilares. Sobre cada um havia uma estátua dourada que representava os doze signos do zodíaco e talhado nos pilares, ficavam os símbolos de cada constelação zodiacal. O local era amplo e muito claro, com o piso do mais puro mármore branco. Viram Máscara da Morte e Afrodite em um canto, conversando. Aioria recostado no pilar que possuía a estátua de um Leão rugindo, de braços cruzados e cabeça baixa, sério e Aldebaran parado de pé no meio do salão, de braços cruzados.

– Bom dia gente boa! – Aldebaran os cumprimentou, descruzando os braços e sorrindo, enquanto ia na direção deles.

– Bom dia, gigante! – Respondeu Miro animado.

– Bom dia...

– Nossa, Kamus... Você não pode se animar uma veizinha só não? – Aldebaran até murchou com o aquariano. – Mal humorado novamente?

– Deveria ter se acostumado, mon ami. Sempre fui sério e calmo, Aldebaran, e não. Não estou mal humorado.

– Isso mesmo! – Miro confirmou. Kamus sempre fora daquela forma para todos e até tinha passado a ser para Afrodite, mas para ele, o aquariano sempre fora diferente.

– Já chegaram todos... – Shura comentou. Acabara de entrar.

– Sim. Me parece que fomos os últimos a chegar. – Falava a voz serena de Shaka, que o acompanhava.

Viram Miro, Kamus e Aldebaran conversando e decidiram por se unir ao trio. Passaram minutos de conversas e ouvindo asneiras do escorpiano e do taurino.

– Todos aqui? – O Grande Mestre entrou altivo, passando por todos, sentando no trono majestosamente. Todos os cavaleiros fizeram uma reverência. Fizeram um semicírculo à frente do mestre.

– Sim senhor. – Shaka falou em nome de todos.

– Então iniciarei a reunião, sendo direto. – Falou com sua voz grave. – Mas primeiro... – Olhou para o escorpiano. – Miro, relate os acontecimentos de sua viagem.

Todos olharam para o escorpiano, que começou a falar seriamente.

– Como me foi ordenado, fui a Ilha de Andrômeda. Em poucos minutos assumi o controle do lugar os notificando que o Santuário queria a cabeça do traidor, que lá treinou, e se rebelou.

– Exato senhor. – Afrodite tomou a palavra, chamando a atenção de todos para si. – Como me ordenou, acompanhei o escorpiano. Tudo foi destruído e o cavaleiro de Prata Albion foi morto, assim como alguns aspirantes, por resistir às ordens do Santuário.

– Fizeram bem. – Falou o Grande Mestre, chamando a atenção de Kamus. – Máscara da Morte. Cumpriu com o que lhe ordenei?

– Fui até Rosan, para cumprir com o que ordenaste, mas tive contratempos. – Respondeu o cavaleiro.

– Que tipo de contratempos? – Perguntou sério.

– Bem...

– Perdão pelo atraso, Grande Mestre. - Mu adentra no recinto trajando sua armadura, com o elmo sob o braço. Uniu-se ao semicírculo de cavaleiros em torno do Mestre, o reverenciando. Estava sério, com sua expressão serena de sempre.

Todos o olharam surpresos. Há anos Mu nem dava notícias. Souberam depois que estava em Jamiel, aparentemente resolvendo assuntos pendentes, alegando nunca poder comparecer aos chamados do Mestre. Agora o cavaleiro de Áries surgira repentinamente.

– Mu de Áries... Então finalmente decidiu voltar ao Santuário... – Falava sério, Ares.

– Sim. Ele entrou em uma batalha e é meu dever proteger Athena... – Respondeu o ariano, com sua costumeira tranqüilidade. – Olhou de relance para Máscara da Morte. Chegou a tempo de impedi-lo de falar que fora o responsável pela missão mal sucedida de eliminar o Mestre Ancião e Shiryu. Voltou a olhar o Grande Mestre.

Ares o fitou por instantes, desconfiado.

– Se me permite perguntar. – Mu volta a falar – O senhor descobriu do paradeiro do cavaleiro de Gêmeos?

– Ainda não. Há anos este cavaleiro está desaparecido. – Ares respondeu de prontidão e com firmeza.

– Os convoquei para este Conselho Dourado para situá-los da batalha que está por vir. – Voltou a falar, altivo. – Saori Kido, a jovem que diz ser Athena e que ousa desafiar o Santuário com ajuda de cinco cavaleiros de bronze, enviou-me uma carta afirmando que viriam ao Santuário. Vocês serão os encarregados de honrar a nossa Deusa, defendendo com suas vidas as casas zodiacais que os correspondem, eliminando os traidores. Vocês estão no topo da hierarquia, não terão problemas em derrotar aqueles cavaleiros de bronze. Estão proibidos de deixar seus postos! – Falou autoritário.

– Mas o senhor tem alguma previsão para a chegada deles? – Kamus perguntou com tom respeitoso, porém indiferente. Completamente diferente do que sentia realmente.

– Ela enviou a data. Em dois dias virão. – Kamus abaixou a cabeça, cerrando os olhos. Ato que não passou despercebido por Miro. Kamus sempre fazia aquilo, quando se preocupava. – Agora tenho outros assuntos para providenciar. – Ares levantou de seu trono. Caminhou para a porta dos fundos, não dando tempo para que qualquer outra pergunta lhe fosse proferida.

Os cavaleiros, sozinhos, entreolharam-se. Ares parecia alterado, em especial após a aparição de Mu. Aioria logo foi embora, sendo seguido por Afrodite e Máscara da Morte. Shaka, Aldebaran, Shura e Miro foram saldar o cavaleiro de Áries, que lhes sorriu amigavelmente.

– É bom vê-lo novamente, Mu. – Kamus o cumprimentou. – Mas agora tenho que ir agora. Se me der licença... – Mu afirmou com a cabeça. Olhou para os outros e deu as costas. Caminhou a passos largos para a saída. Desejava voltar para sua casa o quanto antes.

Miro continuou a observá-lo. Viu que Kamus mudou, por pouco que tenha sido, seu semblante. Parecia preocupado com algo.

– E você, Miro? Pensei que iria agora também... – Mu disse com um leve sorriso. Quando saiu do Santuário, sabia que o grego gostava de Kamus e pode notar, com sua alta percepção, que o clima entre eles estava diferente.

O grego o fitou por instantes, sem saber o que falar. Como ele conseguia perceber as coisas tão facilmente? Nem quis saber. Sorriu, se despediu e saiu.

Foi o quanto antes para Aquário. Entrou avistando Kamus se dirigindo para a sala de jantar e o seguiu.

Parou na porta, fitando-o sentado à mesa.

– Não quer comer algo? Não fique aí parado me olhando... Incomoda quando me olha assim, querendo ler minha mente.

– Desculpa por ter dificuldades de entender no que pensa... – Falou suavemente. A voz de Kamus soava mais séria e fria que nunca, o que estranhou. Sentou na cadeira próxima ao francês, o olhando. – Quer falar do que o incomodou na reunião de hoje?

Kamus comia sem nem encarar ao grego. Refletia sobre o que o Grande Mestre havia dito, não respondendo a pergunta.

– Sei que essas reuniões são raras, mas esta também não teve tanto para alarmar a nenhum de nós! – Colocava uma torrada na boca, ainda o encarando.

– A mim teve. – Kamus disse, finalmente. Não queria comer mais nada – Pense bem, Miro.

Miro bebeu um pouco do suco de maracujá, enquanto pensava.

– Preocupa-se com os cavaleiros de bronze?

– Preocupo-me com um cavaleiro de bronze. – Respondeu o olhando, finalmente.

– Mas você não teve culpa se Hyoga escolheu o caminho errado! Entenda que ele escolheu ir contra o Santuário... Escolheu seguir uma farsa! Sei que gosta do rapaz, mas tem de deixar isso de lado!

– Ai Miro... A mim não soa tão simples... A mim soa tudo muito estranho.

– Kamus, nós juramos proteger Athena com nossas vidas... Você por acaso pretende andar pra trás?

– Não. Por Athena eu dou minha vida sem pensar. Sou fiel à minha palavra, ao que acredito e principalmente no sinto. Isso ninguém muda.

– ... – Miro estremeceu diante de tais palavras. Só em pensar em perder Kamus para a morte... Não, isso nunca aconteceria. Sabia do grande poder que ele possuía. Não morreria assim. – Então não te entendo! – Falou levemente alterado. Perdeu o apetite.

– Melhor assim, acredite. – Levantou, postando-se atrás da cadeira que estava sentado, com os braços descansando sobre o encosto. – Miro, pode chover a qualquer hora... Acho melhor você ir então, se já terminou de comer. Desculpa, mas gostaria de ficar só... – Falou em tom suave, fitando seu amante com olhar distante.

– Você está estranho, mas se não que minha companhia ou quem sabe algum tipo de apoio... Ajuda... O respeito. – Levantou da mesa e deu um beijo no rosto de Kamus – Amanhã passo aqui?

– Quero ficar com um tempo pra pensar. Eu o procuro... Quando me sentir melhor. – Falou com o olhar distante.

Miro respirou fundo. Sabia que não saberia o que se passava naquela mente. Nunca soube ao certo. Pegou seu elmo e caminhou para a porta.

– Como preferir. Até mais então! – Saiu levemente chateado.

Kamus permaneceu imóvel por incontáveis minutos.

– O senhor já terminou? – A serva perguntou sem graça.

Kamus piscou algumas vezes, voltando sua atenção para a jovem.

– Sim, pode arrumar tudo. – Saiu, deixando a garota fazer seu serviço.

Voltou para seu quarto e retirou sua armadura. Foi até a grande janela, que se encontrava aberta, e sentou, recostando na lateral. Passou sua perna direita para o lado de fora, deixando-a pendurada e manteve a esquerda sobre a janela, flexionada. Abraçou sua perna, apoiando a cabeça no joelho enquanto olhava a paisagem ao longe, sem nem se preocupar com o penhasco abaixo. Sentia o vento frio bagunçar seus cabelos e afagar seu rosto, enquanto sua mente vagava em pensamentos.

"Tudo está muito diferente... Antes o Grande Mestre era bom, mas depois... Passou a ficar cada vez mais difícil de entender. Ares começou tranqüilo, tolerante... Depois ficou frio, indiferente e cada vez mais alterado... Eu ousaria até a dizer maligno. Mas... Porque ninguém olha isso? Até Shaka segue cegamente as ordens que recebe. Eu sei que o Grande Mestre representa a vontade de nossa Deusa, o que deveria indicar que ele deveria ser bom, nobre... Mas ficou satisfeito em saber de destruição e morte? Igualmente não parecia ter se importado com a perda dos outros cavaleiros. Isso seria a vontade de Athena, que ele diz estar na sala atrás ao trono? Porque ela nunca apareceu sequer para nós, os cavaleiros de ouro?"

Veio a sua mente a conversa que teve com Miro há dias atrás.

FLASHBACK

– Miro, então porque você foi convocado? – Estava curioso. Encontrava-se encostado na parede da cozinha, de braços cruzados, olhando o grego perturbar sua serva, perguntando o que seria para o almoço.

– Ele queria que eu fosse ao Japão eliminar aqueles cavaleiros de bronze, só isso. – Resolveu deixar a garota em paz e acompanhou Kamus, que ia para a sala.

– Então viajará quando? – Sentou no sofá de frente para o que o grego estava.

– Eu disse que Ele queria, não que eu vou. Reclamei por achar humilhante! Pense: Eu, Miro de escorpião, Cavaleiro guardião da oitava casa zodiacal, enfrentando uma garotinha e cinco crianças que se acham os tais por vestirem araduras bronze... Patético, não?

– E como isso ficou decidido, senhor comigo ninguém pode? – Kamus sorriu. Hyoga seria oponente de Miro, mas aliviou-se ao saber que não se enfrentariam.

– Disse tudo! – Estufou o peito. Logo voltou ao normal – Aquele traidor do Aioria se ofereceu. Acha que assim pode limpar o nome de sua família. Humpf! Foi ridículo se pensou que confiaríamos mesmo nele. Falei com o Grande Mestre e ele foi seguido por três cavaleiros de prata, para garantir a missão.

– Miro, deixe Aioria em paz! O que o irmão dele fez não tem nada a ver com ele. Você e mais metade do Santuário não podem entender isso?

– Você que é muito ingênuo e bonzinho! – Resmungou.

– Não sou ingênuo! Sou realista. Apenas querem descontar nele algo que em nada teve culpa! Mas isso não vem ao caso! (...)

FIM DO FLASHBACK

"Sim... Aioria foi no lugar de Miro. Ele partiu decidido! Mas quando voltou..."

FLASHBACK

– Aioria, quanta pressa! – Kamus disse ao vê-lo passar pelo pavilhão de Aquário.

Kamus ia descer as escadarias para treinar um pouco na arena que ficava entre Capricórnio e Aquário.

– Desculpa, Kamus. Posso passar por sua casa? – Parecia levemente irritado e atordoado, o que o outro estranhou.

– Claro... Mas o que vai fazer? Poderia saber? – Cruzou os braços o olhando desconfiado.

Aioria o olhou. Kamus era um dos poucos que sempre o tratou da mesma forma. Um dos poucos que não o chamava de traidor. Confiava nele.

– Falarei com o Grande Mestre. Tudo parece claro, agora...

– Não entendi. Por acaso você cumpriu com sua missão?

– Não. Não poderia Matar Athena e quem dá a vida para protegê-la! E me sinto orgulhoso por ter descoberto que meu irmão não foi um traidor e sim um grande cavaleiro!

– Aioria, você tem noção da gravidade do que está falando? Por acaso...

– Depois, Kamus. Tenho pressa. O Grande Mestre tem muito a me esclarecer e exijo ver Athena, já que ele afirma que ela se encontra aqui!

Aioria saiu sem dar tempo que Kamus lhe falasse qualquer outra coisa.

Kamus o olhava boquiaberto. Decidiu por ignorar essa história e ir fazer o que havia planejado.

FIM DO FLASHBACK

"Foi tão estranho! Ele parecia certo do que dizia. Foi decidido a exterminá-los e voltou alegando que estavam certos... Essa história toda é confusa. Aioria poderia estar mentindo, mas o que ganharia com isso? Ele não tinha porque mentir, até porque inventar uma história daquelas só faria com que o chamassem definitivamente de traidor, por apoiar o inimigo! Não sei mais o que pensar... Ele tinha ido ver o mestre, estranho, e voltou ainda pior..."

FLASHBACK

Kamus voltava pra casa de seu treino. Havia se preocupado, ao sentir uma rápida alteração de cosmos no templo de Mestre, mas o que poderia fazer? Apenas continuou com seu treino, pois, depois, tomaria um banho para almoçar na casa de Miro.

Ficou aliviado ao se aproximar das escadarias e ver o leonino.

– Resolveu o que queria, Aioria? – Perguntou educadamente.

– ... – Aioria apenas o lançou um olhar e seguiu em frente sem nada falar.

Kamus nunca tinha visto aquele olhar nele. Era frio, maligno. Poderia até ter jurado notar uma tonalidade avermelhada nos olhos, ao invés do sempre puro verde esmeralda.

FIM DO FLASHBACK

"Aioria parecia até controlado por um demônio... E ainda não está muito diferente do que eu vi naquele dia...".

Começou a chover. Uma chuva forte e repentina, que quebrou sua linha de raciocínio. Saiu da janela, fechando-a. Ventava muito e não queria ter o quarto molhado. Ficou alguns minutos olhando a chuva cair pelo vidro, quando ouviu sua serva bater na porta.

– Senhor! Desculpa incomodá-lo, mas o almoço já está pronto. Deseja que eu sirva agora?

– Sim! Já estou indo...

– Como desejas... – A serva se afastou da porta.

Kamus ouviu seus passos se afastarem e voltou a olhar a janela.

"Hyoga... Será que lutas mesmo por Athena? Estarias mesmo certo e nós errados?Terias capacidade de enfrentar a Cavaleiros de ouro? Se não evoluiu suas técnicas, jamais conseguiria..."

Cerrou os olhos por instantes. Tinha de chegar a uma conclusão, tomar uma decisão o quanto antes. Abiu novamente os olhos, com um meio sorriso repleto de melancolia. Faria o que seria preciso. Era agora só questão de tempo.

Fechou as cortinas. Foi para a sala de jantar antes que sua serva o chamasse novamente.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Choveu o dia inteiro e Miro via-se sem o que fazer. Havia tentado dormir a tarde inteira, mas Kamus não lhe saia da mente.

Estava sentado em sua cama, sem sua armadura, recostado na cabeceira. Kamus estava preocupado, muito sério. Queria entender o que se passava na cabeça daquele homem, mas era difícil; isso pra não dizer quase impossível. Conseguia enxergar através da máscara indiferente e fria que costumava usar e ver os seus verdadeiros sentimentos, mas nunca conseguiu ver seus pensamentos. Se Kamus não lhe falasse, nunca saberia.

– É complicado lidar com alguém assim... – Murmurou.

Ainda estava chateado pelo pedido de Kamus, de ficar só. Afastou o corpo da cabeceira, deitando. Já era tarde e conseguir dormir seria o melhor a se fazer.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Miro caminhava pelo Santuário ao lado de Kamus. Sentia-se feliz e sem que percebesse, fez algo que era a contragosto do aquariano. Segurou a mão do francês enquanto caminhavam. Viu que Kamus desviou a atenção para as mão unidas, e o fitou interrogativo. Lembrou que em seus passeios, o francês não se permitia segurar na mão.

Kamus apenas olhou e ignorou. Não recolheu a mão como sempre fazia. Deixou que sua mão fosse segurada e guiada por Miro, o que surpreendeu o grego.

– Kamus... – Murmurou. Kamus apenas lhe sorriu docemente, depositando um beijo em seus lábios. Um beijo quente e carinhoso, onde sua língua pedia passagem querendo explorar aquela boca tão quente.

Ficaram ali daquela forma. Beijaram-se apaixonadamente sem se importar caso alguém aparecesse ou visse. Suas armaduras incomodavam no contato entre os corpos, mas isso não os deteve. Kamus largou a mão de Miro para abraçá-lo com força pela cintura, como se alguém a qualquer instante poderia separá-los daquele contato tão agradável. Miro afagava seus cabelos, retribuindo ao beijo como podia. Estava surpreso.

Kamus interrompeu o beijo, depositando a cabeça no ombro do grego, ainda o abraçando com força.

– Não sei o que seria de minha vida se não o tivesse ao meu lado, Kamus... – Falou docemente enquanto retribuía o abraço. Estava estranhando o francês o estar tratando de forma tão carinhosa em público, mas simplesmente não resistia. Sentiu ser abraçado com mais força ao terminar de pronunciar tais palavras.

– Seria a mesma coisa, só que melhor, mon amour... – A voz de Kamus soou triste. Foi aí que Miro estranhou ainda mais. Kamus parecia temer algo.

O francês se afastou do abraço, separando completamente os corpos. Miro sentia como se estivesse sendo fitado nos olhos. Era evidente a melancolia que transparecia em seus olhos azuis escuro, o que o preocupava.

– Por que diz isso? Não entendo...

O olhar de Kamus se desvia das safiras de Miro, parando em um ponto atrás do grego. Caminhou lentamente para onde seu olhar pousou, passando por ele sem fita-lo novamente.

Miro estranhou. Tudo estava estranho. Olhou para trás, vendo para onde Kamus se dirigia. O aquariano caminhava a passos lentos para o único lugar de todo o Santuário que não suportava. Que se sentia incomodado em ir. Um dos locais mais respeitáveis, tranqüilos e... Tristes do Santuário. O cemitério.

"Desde quando estávamos andando aqui perto?"

Miro não se lembrava ter estar andando por aquelas bandas. Acompanhou-o, mesmo se sentindo mal. O Francês parou repentinamente, em meio a túmulos, olhando fixamente para uma lápide aos seus pés. Miro parou ao seu lado olhando seu rosto de perfil.

– Queria que deixasse de me amar... Não quero que você sofra. – Kamus falava com a voz cada vez mais chorosa, mas seus olhos permaneciam secos, distantes e melancólicos. – Com você só combina o sorriso e não aceitaria que sofresse por mim.

Um forte vento começa a soprar se chocando com as costas de Kamus levando sua capa, fazendo seus cabelos agitarem, alguns fios passando por cima de seus ombros voando livremente. Miro permanecia a fita-lo, tendo seus cabelos igualmente bagunçados.

– Por que sofreria? – Miro mostra um sorriso que rapidamente desaparece. Kamus não respondera a sua pergunta. – Por que entrou aqui?

Kamus mais uma vez não respondeu. Olhou penetrante nos olhos do escorpiano e voltou a fitar a lápide aos seus pés.

– Não nasci para ser feliz e só trago dor a quem cruza comigo.

Miro olha para a lápide que tanto chamou a atenção de Kamus. Viu uma mão a acariciando com delicadeza em seguida. Ela possuía o símbolo de Aquário e estava escrito Kamus. Olhou sem seguida para seu francês, horrorizado, vendo ele agachado a acariciando perdido em pensamentos. Como podia ele estar lhe mostrando a própria lápide? Miro achou que fosse cair de joelhos. Faltou forças em suas pernas por uns instantes e ficou extremamente pálido. A armadura de Kamus tomava tons escuros e um ar sombrio. Suas mãos, que acariciavam a própria lápide, ficaram repentinamente sujas de sangue e seus olhos sem brilho, sem vida, havendo apenas frieza e dor. O dia ensolarado virou noite, com um vento forte e frio os acariciando. Viu Kamus virando lentamente o rosto para fita-lo, ainda agachado, mostrando uma das mãos ensangüentadas com os olhos como quem pedisse para morrer.

Miro acordou assustado. Sentou na cama atordoado.

Tinha com certa freqüência sonhos desse tipo, mas eram sempre os mesmos. Kamus com ele em seu quarto e quando ia embora, tentava o seguir, o encontrando sem vida no chão. Mas desde que Kamus voltou ao Santuário, não tinha mais desses sonhos. Todos haviam cessado!

"Porque voltei a sonhar com mortes? E porque este foi pior que os outros? Foi diferente..."

Respirou fundo, cerrando os olhos, tentando organizar as idéias. Tinha de se acalmar.

– Pesadelos? – Uma voz suave fez com que Miro se espantasse e olhasse na direção do dono, que estava sentado no sofá preto de seu quarto.

– Kamus? – Sentiu-se melhor ao vê-lo.

– Oui. Pareceu-me que teve um péssimo sonho... Quer me contar?

– Não, não se preocupe! – Deu um sorriso amarelo. Não queria contar para ele que havia sonhado com sua morte. – É que tem vezes que meus sonhos revelam meus maiores temores...

– E qual seria seu maior temor? – Perguntou preocupado.

Miro, estando mais racional, pode notar o olhar melancólico do aquariano. O tom suave, disfarçando a tristeza. Kamus, até melancólico ficava lindo. Notou a armadura de Aquário montada ao lado do sofá. Kamus vertia uma camisa branca que tinha um pequeno trançado sobre o peito – típica grega – de mangas que iam até os cotovelos e uma calça num cinza claríssimo. Simplesmente encantador, em especial com os cabelos soltos caindo-lhe pelas costas e ombros. Agora só se perguntava o que diabos se passava na cabeça dele para estar daquela forma tão melancólica.

– Podemos mudar de assunto? – Miro perguntou incomodado. – Desde que horas você está aqui?

– Cheguei cedo. Convenci as suas servas a me deixarem vir, alegando ser um assunto urgente e entrei aqui. Vendo que ainda dormia, não quis acordá-lo... Fiquei aqui velando seu sono.

Miro olhou o relógio sobre o móvel.

– De que horas você veio? Só por curiosidade... – Voltou a olhar nos olhos de Kamus.

– Umas seis e meia, sete horas.

– Já são nove! Porque não me acordou? E o assunto não era urgente? – Ficou louco da vida.

– O assunto foi só pretexto... Não... Não tenho nada urgente para tratar com você. – Mostrou um sorriso com igual melancolia. – E você é lindo dormindo... Parece um anjo... Não merecia ser acordado.

Miro corou perante as palavras de Kamus. Ele não era de falar aquilo.

– Mas vendo que eu tinha um pesadelo, bem que poderia ter me feito um favor e me chamado, né? – Falou sem graça. Kamus havia se encantado com a cena. Não lembrava de ver Miro tão sem graça como naquele momento.

– Não tinha o direito. Sonhos nem sempre são agradáveis. Eles servem para nos alegar, recordar do passado, entristecer, nos divertir e... Nos avisar. Não é apropriado interromper o sonho de ninguém.

– Como?

– Esqueça! – Kamus se levantou, caminhando até o grego que ainda estava atordoado, sentado na cama só com um short. – Amanhã a batalha terá início...

– E o que tem de mais? – Miro observava Kamus se aproximar e subir na cama, engatinhando em sua direção. – Pode nem demorar!

– E pode demorar... – Kamus não parava de olhar nos olhos de Miro. Sentou em seu colo, de frente para ele, o envolvendo com as pernas. Passou seus braços alvos pelo pescoço do grego, aproximando mais os rostos.

– Você está estranho... O que foi? Por favor, fa...

– Shhhhh... – Kamus pousou seus lábios sobre o dele num roçar leve, pedindo silêncio. – Eu estou bem, mon chér... E certas coisas não devem ser ditas... Para um bem maior. – Envolveu os lábios do grego, passando sua língua por eles, pedindo passagem.

Miro rendeu-se ao pedido mudo. Envolveu a cintura de Kamus com firmeza, puxando-o mais pra perto. Beijaram-se carinhosamente por instantes.

Kamus apartou o beijo. Deslizando pela face morena num roçar quase imperceptível, levou seus lábios ao ouvido de Miro.

– Desculpa por ontem... Hoje quero apenas ficar com você... Quero... Que me faça seu... – Sussurrou com voz tímida. Seus olhos marejaram, mas conseguiu se conter. Foi bom o outro não ter visto. Sentiu o corpo de Miro estremecer perante suas simples palavras. Começou a acariciar as costas do grego enquanto o abraçava forte.

Miro estranhava todas aquelas atitudes, mas achou tentador o que lhe foi pronunciado. Nada de mais, sabia, mas completamente atípico ao seu francês. Se Kamus não queria falar o que se passava, o deixaria em paz. Sabia que não conseguiria arrancar nada dele. Começou a beijar e mordiscar o ombro alvo de Kamus com volúpia, até que conseguiu se livrar da camisa dele.

Iria fazer o que lhe foi pedido tão timidamente e pensar no resto uma outra hora.

CONTINUA...

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Direitos autorais a Masami Kurumada. Saint Seiya não me pertence! A mim pertencem apenas os personagens Shino, Karen, Tânia e Natasha.

Olá! Este não demorou muito... Espero que gostem! Sei perfeitamente que foi uma cessão flashbacks, mas foram necessários para acompanhar os pensamentos do meu fofo! Não foi um capítulo nada fácil de fazer, mas me empenhei! Logo no começo, fiz um resumo de acontecimentos que espero de coração que esteja razoável. (ou seria resumo de um resumo?) Admito que não sou boa em resumos, mas fiz o que pude. O sonho foi outro complicado, mas tentei fazer com que ficasse bom. Peço que deixem seus recados dizendo o que acharam. Todos serão respondidos em meu blog: persefone-sama(ponto)weblogger(ponto)com(ponto)br E agradeço aos que deixaram seus reviews!

Beijos a todos! Até o próximo capítulo!