Cap. Anterior

Subiu lentamente a mão em direção ao rosto.Já estava imaginando algo totalmente sem pele, esburacado. Pensou também como iria ser a sua existência sem seus longos cabelos e sem parte de seu nariz.Lágrimas já saiam de seus olhos quando observou um pouco à sua frente um poço de água e achou que seria bem menos doloroso ver à tocar aquela triste marca.

Cap. 3

Caminhou lentamente e agachou-se para aproveitar a pouca luminosidade que existia no túnel.Fechou os seus olhos e, nesse momento, já se encontrava em frente ao maldito espelho.Abriu-os lentamente e...

-Oh...?-soltou um grito abafado.

Não acreditava no que estava vendo. O seu rosto estava perfeitamente normal.Tocou-o e ele continuava sedoso como aquilo poderia ter acontecido.Sakura chegou a pensar que estava sonhando.Não era possível.Fora tão aquele acido conseguiu derreter toda aquela pedra e não fizera um único arranhão em seu rosto?

Ela percebeu que já estava tarde, pois estava com muito sono.Foi dormir, mas não conseguia pegar no sono rapidamente, porque estava bastante apreensiva com o que tinha acontecido poucas horas atrás.Ela pensava:

-Porque eu não morri quando me atiraram uma flecha no peito, e porque dessa vez o meu rosto não ficou deformado.Eu não entendo.Para tudo isso tem que haver uma explicação.

Depois de muito tempo ela conseguiu dormir.

Ao acordar bebeu um pouco de água do poço e continuou a viajem.Ela teve muitas dificuldades para passar por certos lugares.Depois de três horas andando começou a ver uma luz e foi seguindo-a ate sair da passagem secreta.Quando olhou ao redor viu um jardim morto, e lá na frente viu um enorme e antigo castelo.A princesa olhou para trás e viu que a passagem secreta ficava em baixo do grande pico que Macrompow mostrou.Ela resolveu entrar no castelo, para ver se descobria alguma coisa do seu passado.Ao entrar deu de cara com um imenso salão com dois tronos muito empoeirados.Ela começou a ver naquele salão lembranças de pessoas dançando, mas não sabia porque estava vendo aquilo.Resolveu andar mais pelo castelo, e subiu uma grande escada que dava para muitas portas em um imenso corredor.Aquele cenário lhe era a andar lentamente pelo imenso corredor.Percebeu que, pelas paredes, existia grande quantidade de janelas e inúmeros quadros.Olhou-os com muita atenção.Neles estavam representadas inúmeras pessoas.Parecia que naquele castelo havia morado uma grande família.Ao chegar ao final do corredor, paralisou-se. Era um imenso quadro que ia do chão ao teto.Nele estava representada uma linda mulher com vestido branco e pérolas no pescoço.Admirou-o nos seus mais ínfimos detalhes.Sentia um aconchego e uma saudade gostosa ao olhá-lo.

Não sabia quanto tempo havia passado ali. Olhou por uma grande janela que havia ao seu lado e viu que já estava escurecendo.Resolveu procurar um local para descansar.Virou-se e olhou as inúmeras portas que havia no corredor.Fixou o seu olhar na maior de todas.Era uma linda porta dourada com pedras preciosas em volta.Tentou empurrá-la, ma estava difícil.Entretanto aquela porta atraiu-a uma força descomunal e viu-a abrir sob um som rouco e prolongado.

Estava diante de um quarto claro, apesar do escuro, era como se todos os últimos raios solares convergisse para esse alojamento.Por mais estranho que poderia parecer, era um lugar limpo.Não existia um único vestígio de grão ou poeira sobre seus cômodos dourados.A cama, ao centro, envolta por uma bela cortina azul.Sakura já estava bastante cansada e resolveu ir cochilar na bela cama à sua frente.

Ao abrir a cortina, parou, o que era aquilo?Estava diante de sua própria imagem.Ela não acreditava no que via.O seu próprio corpo deitado em cima daquela cama.Um corpo pálido, branco como a neve.Não havia sinal de vida.

Sakuranão sabia o que fazer.Não sabia o que pensar.Ela simplesmente olhava para aquilo, confusa.

De repente ela se sentiu atraída por aquele corpo.Uma vontade de tocá-lo.Uma vontade de estar ao lado dele.Uma vontade de ser ele!

Estendeu lentamente a mão em direção ao seu outro rosto, tocou-o.Era uma sensação gelada.Os seus dedos passaram lentamente a fundir-se aquele corpo, a entrar dentro das narinas e da boca, como uma verdadeira força vital que faltava a ele.

Sakura não temia e simplesmente observava aquilo com certa curiosidade.Ela viu aquela situação como se fosse o verdadeiro propósito para a sua ida aquele castelo.

Tudo se tornou escuro.Ela gostava daquilo e não queria sair daquela situação.Estava muito cansada e aquilo estava sendo bastante aconchegante para ela.

Começou a perder lentamente a consciência. Deixou-se levar pelo era bom.

Sakura acordou. Nunca tivera um sono tão gostoso havia muito tempo.Já estava claro.Era de manhã.Ela levantou-se e foi para a janela do quarto olhar a paisagem. Começou a relembrar da grande aventura que tivera no dia anterior.Lembrou-se de Macrompow, da passagem secreta, da grande lesma que tivera que enfrentar.Lembrou-se também de quando chegou ao castelo, das lembranças que ele a trouxe, dos seus tronos, dos seus quadros, do seu grande corredor e, de repente, veio à sua mente o CORPO. Olhou imediatamente para a cama. Onde estaria ele?Relembrou-se do fato curioso que havia acontecido antes que dormira.Olhou-se, percebeu que estava vestida a roupa daquele corpo e concluiu que estava dentro dele.Ela pensou:

-Mas como é possível?Não pode ser!

Chegou a conclusão de estava morta, e que quando ao tocou no seu corpo sem vida, fundiu-se à ele.A partir desse momento, ela pôde entender inúmeras coisas que acontecera com ela na floresta. Ela compreendeu, por exemplo, por que a flechada que levou não a matou e porque o ácido da grande minhoca da passagem secreta não deformou seu rosto.Apesar de muitas coisas terem se tornado claro para ela, ela ainda não conseguia encontrar nenhuma ligação sua com o castelo.

Resolveu, então, andar pelo castelo e tentar encontrar alguma coisa que lhe desse pistas sobre o seu passado.Saiu do quarto e começou a entrar nos inúmeros outros cômodos , tentando vasculhar tudo que encontrasse.Vasculhou a imensa cozinha, as inúmeras salas que encontrava pelo caminho e todos os quartos que via.Porem, mesmo que tivesse encontrado inúmeros objetos que lhe traziam algumas vagas lembranças à cabeça, tudo ainda era muito confuso para a ela. Deve haver algum lugar nesse castelo que explique o que aconteceu nesse castelo.Sakura olhou para fora de uma grande janela da sala e viu uma imensa torre que ela ainda não visitara. Era talvez o lugar mais alto do castelo. Decidiu por ir àquele lugar.

Começou a andar um pouco mais rápido, mas sem deixar de prestar atenção nos inúmeros lugares que passava, tentando encontrar alguma coisa que ajudasse a sua busca.

Depois de andar por inúmeros corredores e passar por dezenas de cômodos, viu uma grande escada, em um beco escuro que descia para algum lugar. Olhou novamente por uma janela do castelo e percebeu que, para chegar à torre, teria que descê-la.

Sakura sentiu um grande calafrio e ficou com bastante medo ao encarar novamente a escada. Era como se alguma coisa ruim tivesse acontecido no passado. Algo que a tivesse injuriado e lhe provocado um grade ódio misturado de sofrimento.

Ela parou. Começou a tentar lembrar que lembrança seria aquela, porém, nada lhe vinha à cabeça. Algo lhe dizia que a luz de seu passado estava naquela torre.Teria que enfrentar aquele medo e descer aquela escada.

Tentou encontrar algo que iluminasse o caminho. Olhou ao seu redor e viu uma pequena tocha à parede. Pegou-a e, utilizando algumas das pedras que estavam num caqueiro, acendeu-a, pondo em prática um dos seus conhecimentos aprendidos na selva.

Começou a descer lentamente a escada. Sentindo um calafrio cada vez maior, parava inúmeras vezes para tentar se acostumar com o novo cenário. A parede era bastante esburacada e não havia mais quadros como em todo castelo. A poeira também era maior e a ela tinha que se esforçar mais para respirar.

Sakura começou a ver, ao longe, inúmeras silhuetas. Sentia muito medo. Seriam pessoas?Não poderia desistir. Tinha que enfrentar. Tentava iluminar mais, porém a luz continuava muito fraca. Começou a encostar cada vez mais e percebeu que o que estava vendo eram , na verdade, inúmeros corpos de pessoas MORTAS. Dezenas deles. Uma batalha havia acontecido, com certeza. Eram cadáveres vestidos com roupas de guerra e existia grande quantidade de espadas e escudos ao chão.

Continua...