Capitulo 6º

Planos Furados

"-Pois então eu tenho algo a propor-te."

"-Algo a propor-me?"

"-É. Já que ambos queremos tanto este jantar eu tive uma ideia."

"-Começo a não gostar da conversa."

"-Engraçadinha. Queres ver-te livre do jantar ou não?"

"-Claro que quero."

"-Então só tens de fazer como eu te digo."

- -

"-Gininha? Já te arranjaste?" – Perguntou ao entrar no quarto – "Gininha, o que se passa?"

"-Eu… eu não estou a sentir-me bem…"- Sussurrou por de baixo das cobertas.

"-Sentes-te mal? Dói-te alguma coisa?"

"-O meu estômago….

"-Tens andado a alimentar-te tão mal… Vou ver se preparo algo para comeres…"

"-Não tenho vontade…."

"-Não faças fitas… Aproveito também para dizer à Narcisa que não vais poder ir esta noite…"

"-Eu vou…"

"-Nem pensar minha menina… Vais ficar deitada e vais comer nem que tenha de te obrigar! Já volto."

"Boa! Nem acredito que foi tão fácil! Por momentos pensei que ia desconfiar….Ela desconfia sempre… Até que a ideia do Malfoy não foi tão má assim"

"-Aqui está!" – Disse minutos depois pousando um tabuleiro nas pernas da ruiva.

"-Sopa?" – Perguntou a torcer o nariz.

"-Tens de te alimentar! Não te ia dar daquelas porcarias que gostas de comer!"

"-Mas mãe…"

"-É preciso ser eu a dar-te?"

"-Não."

"-Então come tudo. Volto daqui a pouco para ver como estás."

"Não me posso esquecer de agradecer ao Malfoy…"

Olhou para a sopa com um olhar enjoado mas fez um esforço, era sem dúvida melhor do que estar com os Malfoys.

"Qualquer coisa é melhor do que estar com os Malfoys"

"-Dorme bem e se precisares de alguma coisa chama."

"-Sim mãe."

Assim que a mãe saiu pela porta do quarto a ruiva ergueu a varinha e trancou a porta.

"Finalmente a sós… Ou não" – Completou mentalmente ao ver o loiro a entrar pela janela.

"-Estava a ser difícil. Pensava que a tua mãe nunca mais ia sair daqui."

"-Ela está preocupada! E ainda por cima é tudo mentira."

"-Oh, a Weasley está com remorsos por ter enganado a mãezinha" – Troçou – "Ao menos livraste-te do jantar."

"-Mas não me livrei de ti. Nem das tuas camisas abertas pelos vistos."

"Será que ele não pode fechar a porra das camisas? É para me deixar doida? Só pode…"

"-Tens problemas com os botões? Fazem cócegas?"

"-Normalmente elas.."

"-Espera! Não digas! Eu sei essa! "Normalmente elas costumam saltar para cima de mim, não para longe de mim." – Disse imitando o tom convencido – Ou melhor "Normalmente são espertas o suficiente para saber o que é bom, eu."

"-Eu ia dizer que normalmente elas ficam melhor abertas, as camisas."

"-Claro….O que vieste aqui fazer afinal?"

"-Provocar-te… É divertido…"

"-Claro! Super divertido! Afinal a porcaria da tua ideia não serviu para nada!"

"-Como não?"

"-Estou a aturar-te, não estou?"

"-Essas tuas tentativas são tão fracas…. Não sabes insultar uma pessoa com jeito?"

"-Esse nunca foi um dos meus passatempos favoritos… Mas obrigada na mesma! Pelo menos não tive de te aturar durante o jantar, o meu estômago manteve-se saudável… Embora aquela sopa tenha tido o mesmo efeito."

"-Percebes que tens estado a falar para o boneco, não percebes?" – Perguntou deitando-se ao fundo da cama dela.

"-Tu és um ouvinte incrível…"

"-Gin?" – Ouviu a chamar do outro lado da porta no mesmo instante em que o puxador da porta rodava.

"-Ron?"

"-Gin abre a porta!"

"-Rápido! Esconde-te!" – Deu um encontrão ao loiro e alcançou a varinha.

"-Podes entrar Ron!" – Gritou depois de ter destrancado a porta.

Draco, sem tempo para andar até ao guarda-roupa acabou por se deitar debaixo da cama da ruiva.

"-Gin, está tudo bem?"

"-Tudo…"

"-Mas a porta estava trancada."

"-Não gosto dormir com a porta destrancada nesta casa tão grande."

"-Ok. Tens a certeza que está tudo bem? A mãe disse que te estavas a sentir mal…"

"-Já passou…"

"-Óptimo."

Caminhou até à ruiva e deu-lhe um beijo na testa. Obviamente não se deu conta que, quando parou ao lado da cama da ruiva, pisou a mão do loiro.

"-Boa noite… Dorme bem" – Desejou já à porta.

"-Brigada… "

Assim que o irmão saiu do quarto a ruiva trancou de novo a porta. Debruçou-se na cama de forma a ver debaixo dela. Levantou os cobertores e deu de caras com um loiro irritado.

"-Podes sair" – Disse divertida.

"-Ri-te! Não foi até que aquele troll pisou a mão!" – Reclamou ao sair debaixo da cama.

"-Ele não é nenhum troll! Deixa ver a tua mão" – Pediu ao ver, de longe, a vermelhidão que a mão dele apresentava.

Draco olhou feio para a ruiva que tinha a mão esticada. Sem pensar muito ele pousou sua mão na dela, e sentiu os dedos dela a enrolarem-se na sua mão, e em seguida os dedos dela fizeram alguns movimentos circulares, que fez o loiro erguer uma sobrancelha, mas mesmo assim soltou um sorriso discreto.

"-Está melhor?" – Perguntou ela fazendo com o que o rapaz despertasse.

"-Hum…ainda não."– Mentiu ele, mas a ruiva não se apercebeu e apenas continuou com os movimentos dos seus dedos na mão dele.

Sentia-se nervosa, e não conseguia perceber porquê. Sentir a mão dele na sua fazia sentir arrepios nas costas, o que poderia ser agradável, mas mesmo assim era estranho o que ela sentia. Ou não seria!

"- Então já está melhor?"

"- Sim…um pouco."

Ela sorriu ouvindo a resposta dele. Levou os lábios á mão dele e beijou-a.

Draco piscou perante o que ela fez, mas não se atreveu a mexer um músculo sequer. Estava a ser agradável tudo aquilo.

"-Pronto. Acho que já está boa" – Comentou Ginny sorrindo para ele.

Ele tirou a mão de cima da dela e em seguida sentou-se na cama em frente a ela.

"-Então, não vais embora?" – Perguntou ela momentos depois, quebrando o estranho silêncio que se tinha instalado sobre eles.

"-Vou….claro."

"-Certo."

Ele concordou com a cabeça e levantou-se. Virou costas à ruiva como se fosse caminhar para janela.

Ginny olhava para ele e ficou espantada quando ele se virou para ela, e apoiou as mãos na cama, cada uma de um lado do corpo da ruiva.

Encostou a testa á dela e juntou os narizes.

"-O qu…"

"-Shi! Não digas nada" – Murmurou ele antes de tocar os lábios dela com os seus.

Era um beijo delicado, e extremamente suave. Sentia Draco a morder levemente o seu lábio inferior, antes de ele aprofundar o beijo e torná-lo possessivo e necessitado.

Quando se afastou dela a ruiva encontrava-se vermelha e respirava profundamente.

"-Até amanha" – Despediu-se ele levantando-se e caminhando até á janela.

Viu o loiro sair pela janela e entrar no seu quarto. O rapaz fechou sua janela e Ginny levou os dedos aos lábios.

"-Até amanhã" – Disse ela.

"Ele voltou a beijar-me….quer dizer nós voltamos a beijar-nos. Eu não acredito! Porque é que ele me beija! Porque é que eu não me importo que ele me beije! Porque é que eu quero que ele me beije? Estou a endoidecer. Acho que necessito mesmo de um bom sono…. Talvez fique bem….de vez!"

Deixou-se cair para trás, enterrando-se nas almofadas, com os dedos ainda sobre os lábios.

Nem deu por sorrir bobamente antes de adormecer por fim.

Acordou extremamente feliz, e não sabia dizer qual era a razão. Quer dizer, talvez soubesse mas na verdade não queria admitir.

Abriu a porta do quarto e reparou que as luzes da casa estavam desligadas e que o silêncio reinava. Voltou a fechar a porta e caminhou até á escrivaninha.

Daquela vez não pegou no seu caderno de couro mas sim no outro.

"Há muito tempo que não escrevo aqui, e agora já sei porquê ainda não tinha arranjado um nome extremamente bom para uma das personagens principais. Mas acho que já tenho o nome perfeito!" – Pensou ela antes de começar a escrever.

Vários minutos tinham passado e Ginny sentiu-se farta de escrever naquele livro, e por isso decidiu pegar no seu de couro. Tinha algumas coisas a escrever.

«Bem o plano de Draco por causa do jantar até teve os seus frutos, minha mãe deixou-me em casa. É claro que me obrigou a comer uma sopa, e só Merlin sabe como eu odeio sopas. Mas passando á frente…….tudo corria bem até ele aparecer. Será que ele gosta assim tanto de saltar de janela em janela? Devia de cair um dia, e partir o seu lindo pescoço….ok não exageremos, mas poderia ficar arranhado.

Mas no final de contas foi muito cómico meu irmão pisou-lhe a mão, e não sei bem como é que ele não sentiu a mão de Draco por baixo do seu pé, mas ainda bem, não saberia que razão dar para ter um Malfoy debaixo da minha cama, e encontrarmo-nos no meu quarto, de porta fechada.

Mas o pior não foi isso tudo, o pior (ou será melhor?) foi quando ele se ia embora, e me beijou. Fui um beijo tão diferente de todos os outros que já dei. Foi calmo, mas também possessivo. Ainda bem que ele sabe a canela e não tem um hálito intragável como o Conner. Isso sim era muito mau….é claro que beijar Draco Malfoy também é muito mau….afinal ele é um Malfoy. Então porque é que eu não me importo que ele me beije! Eu não consigo perceber o que se passa connosco, eu odeio-o, ele odeia-me, e depois beijamo-nos. Nós não podemos ser normais. Não podemos.

Certo já há barulho em casa, vou mas é descer, antes que apareça alguém indesejado aqui no quarto.

"-Bom dia Gininha. Já estás melhor?" – Perguntou Molly assim que a filha entrou na cozinha.

"-Sim mãe, estou óptima."

Sentou-se ao lado do irmão que comia o seu pequeno-almoço de uma forma a que Draco chamaria de selvagem.

Riu ao imaginar a cara de desaprovação que ele faria, e imaginando o comentário maldoso dele também.

"Mas porque estou a pensar no que ele faria! Que estupidez!"

"-Ouviste o que eu disse filha?"

"-Não mãe, desculpa. Importas-te de repetir?"

"-Claro que não. Eu estava a dizer que como ontem tu não pudeste ir jantar a casa dos Malfoys eu achei por bem convidar o Draco a vir cá almoçar hoje."

A ruiva piscou várias vezes tentando processar o que a mãe lhe tinha dito.

"Ele vem cá almoçar….HOJE!" – Gritou a consciência dela em pânico.

"-Certo" – Disse apenas antes de se levantar da mesa e praticamente correr para o seu quarto.

Fechou a porta com magia e em seguida correu até á janela abrindo-a de par em par.

"-Nem digas nada sobre eu estar sem camisa, porque ainda me estou a vestir. Mas parece que estavas com pressa de me ver, hã ruiva?"

"-Cala a boca Malfoy. Vim-te falar sobre o almoço de hoje."

"-Almoço? Que almoço?" – Perguntou ele caminhando até á janela.

A ruiva não respondeu de imediato pois admirava mais uma vez os abdominais dele.

"-Tens tempo de olhar para o meu corpo ruiva, agora diz-me que almoço é esse!"

"-A minha mãe, ela convidou-te…a ti, apenas a ti.….A vires cá almoçar hoje."

"-Oh mas que agradável."

"-Porque não te finges de doente?"

O loiro riu, era uma gargalhada feliz, como se ela tivesse dito algo realmente engraçado.

"-Qual foi a piada?"

"-Eu? Doente? Nunca iriam acreditar."

"-Porque não?"

"-Primeiro Weasley porque foi a tua desculpa, iriam desconfiar não achas? E depois porque eu sou um Malfoy, e os Malfoys não adoecem e muito menos do estômago."

Ginevra bufou baixinho e em seguida perguntou:

"-O que vamos fazer?"

"-Parece que desta vez não temos escapatória possível."

O silêncio reinou durante minutos até que Draco disse:

"-Vou acabar de me arranjar."

"-Espera. O que querias dizer com: "Tens tempo de olhar para o meu corpo ruiva…"?"

Ele deu um sorriso sarcástico antes de murmurar o ouvido dela:

"-Tu percebeste o significado da que sim…….afinal estou a mesmo a imaginar-te a correr todas as manhãs para a janela para me veres despido."

"-Muito se me importasse com o teu corpo"

"-Não te importas?" – Perguntou ele encarando-a. –"Então porque não tiras os olhos dos meus músculos. Eu sei que sou perfeito e fortão, mas não é necessário estares sempre a olhar."

"-Tu é que gostas de te pavonear sem camisa."

"-Faço isso porque sei da adoração que tens pelo meu corpinho perfeito."

A ruiva afastou-se da janela e voltou a entrar no quarto.

"-Vai mas é vestir-te…antes que tires um olho a alguém" – Disse ela fechando a janela e em seguida as cortinas.

- - - - - Fim do 6º Capitulo - - - - -

N/A: Dado ao maravilhoso ff as respostas aos comentários vão passar as estar no Profile….