8º Capitulo
Lendo o que não devia
Levantou-se cedo e caminhou até á porta saindo do quarto. Os acontecimentos do dia anterior ainda martelavam na sua cabeça. Levou a mão ao pescoço, na zona do chupão dele e sorriu, quase instantaneamente.
Sentou-se na mesa comendo uma torrada.
"Draco Malfoy! Certo…ele é um Malfoy, então porque é que isto se passa connosco! Beijos, chupões, pernas bambas, coração acelerado….ele é um Malfoy por amor de Merlin!"
Ouviu alguém entrar na cozinha e olhou para a porta a tempo de ver sua mãe.
"-Bom dia filha. Hoje levantaste-te cedo."
"-Bom dia. Não tinha mais sono. Ontem deitei-me cedo."
"-Sê sincera, o Draco não é tão mau como pensavas, pois não?"
"-O quê? Que pergunta é essa mãe?"
"-Reparei que vocês têm poderei dizer….algo como intimidade…no bom sentido claro."
"-Mas que estupidez. Eu, íntima de um Malfoy! Nunca."
"-Sabes que Narcisa diz o mesmo. Ela até disse que o filho estava ligeiramente entusiasmado por vir almoçar cá a casa. Segundo Narcisa ela nunca viu o filho como ele anda nestes últimos dias."
"-Como assim?"
"-Ela não soube explicar bem….ela disse que ele anda meio feliz pela casa."
A ruiva sorriu involuntariamente e levou o copo aos lábios.
"Então ele anda diferente! Será por minha causa! Não….não deve de ser….pois não!"
"-E tu também andas diferente" – Comentou Molly fazendo a ruiva olhar abismada para ela.
"-Diferente?"
"-Sim…andas mais pensativa, mais aérea, e muito tempo fechada no quarto, definitivamente diferente."
"-Não ando nada!"
"-Tens a certeza? Eu sou tua mãe Gininha, eu consigo ver que estás diferente. Será que isso se deve ao Draco. Afinal mudaram os dois."
"-Mãe! Que ideias as tuas….onde já se viu, um Malfoy e uma Weasley" – Disse ela levantando-se da mesa e saindo da cozinha.
"Que ideia a dela, mudada por causa dele. Que ideia ridícula."
Fechou a porta do quarto e em seguida caminhou até ao banheiro, para tomar banho.
Assim que saiu da casa de banho seu olhar pousou na cama dela, e por momentos imaginou-o ali. Mas ele não se encontrava no seu quarto.
Ficou parada no meio do quarto antes de se decidir a caminhar até á janela. Assim que olhou para o quarto dele suspirou.
Ele não estava lá.
"E então qual é o problema dele não estar? Eu não queria mesmo que ele estivesse. Pois não! Ah que confusão!" – Pensou ela irritada.
"-Ginny" – Chamou a voz de Ron do outro lado da porta.
"-Entra a porta está aberta."
"-Bom dia maninha."
"-Bom dia."
"-A mãe chamou-te."
"-Ok" – Disse ela caminhando até á porta.
Desceu até ao andar de baixo e encontrou sua mãe na sala.
"-Chamaste-me?"
"-Sim filha. A Narcisa ontem esqueceu-se aqui da bolsa. Importas-te de a ir levar a casa dela?"
"Claro! Era só o que me faltava. Agora tenho que ir á mansão. Que sina a minha!"
"-Não me importo….mas também não fico alegre e saltitante" – Resmungou ela pegando na mala da loira. – "Volto depressa, não te preocupes."
Saiu de casa resmungando mentalmente.
Uma vida tinha dado uma volta de 180 graus, e tudo porque tinha mudado de casa.
Suspirou antes de tocar a campainha da mansão. Um elfo apareceu na porta e curvou-se exageradamente fazendo sinal para a ruiva entrar.
"-Eu venho falar com a Sra. Malfoy. Venho entregar-lhe a bolsa."
"-Oh, Sra. Malfoy não estar. Ela ter ido às compras, mas a menina puder levar a mala de minha senhora para o quarto de minha senhora."
"- Onde é o quarto?"
"- No terceiro andar, a ultima porta, a menina ver uma porta grande no fim do corredor, ser essa."
"-Tudo bem, eu procuro" – Disse ela caminhando pelo enorme hall.
Subiu as imensas escadas e caminhou pelo corredor que o elfo lhe tinha dito. Assim como a criatura disse ela descobriu a porta imediatamente.
"Boa. Deixo lá a bolsa e vou embora em seguida!" – Pensou feliz, quase correndo em direcção á porta.
Momentos depois abria a porta do quarto dos Malfoys, e voltava para o corredor.
"-Uma Weasley no meu quarto" – Disse uma voz extremamente fria e arrastada.
Virou-se sentindo o coração pulsar no peito, mas de raiva.
Aquele rosto pálido, mas belo. O olhar cinza gelado. O cabelo quase branco comprido e apanhado num rabo-de-cavalo.
"-Lucius Malfoy" – Murmurou ela.
"-Eu conheço-te, és a menina que ficou com o diário."
"-Obrigada por me recordar do presente que me deu. Deseja que eu retribua?" – Perguntou ela sarcasticamente.
"-Não sabia que os Weasleys também eram sarcásticos."
"-Sabem ser quando necessário."
"-E será que uma Weasley bonita como tu sabe ser outras coisas?" – Perguntou ele com um sorriso demente e aproximando-se dela.
Ginny recuou o mais possível, mas sentiu as costas baterem na porta do quarto. Estava encurralada, e ele estava cada vez mais perto.
"O que faço! Grito!"
Lucius pousou as mãos na anca dela e a ruiva disse:
"-Solta-me. Deixa-me em paz. Eu vou gritar."
"-Força. Não está ninguém aqui para te ouvir."
"-Não….não me toques" – Disse ela entrando em pânico
Tentou empurrar o homem, mas era escusado ele era muito mais forte que ela.
"-Deixa-me seu nojento" – Gritou ela.
"-Ninguém te ouvirá, por mais que grites."
"-SOLTA-ME!"
"-Deixa-a em paz Lucius."
O homem virou-se para o lado e a ruiva fez o mesmo. Aquela foi a primeira vez que viu os olhos dele tão furiosos.
"-Eu disse para a deixares….pai! "
"-O que foi Draco, queres brincar também?"
"-Deixa de ser nojento" – Disse ele como resposta, aproximando-se do pai.
Pegou no pulso da ruiva e puxou-a para si, fazendo Lucius afastar-se.
"-Não voltes a tocar nela." – Sibilou ele acidamente para o homem. – "Anda ruiva."
Caminhou até ao seu quarto, puxando Ginevra pela mão. Não sabia ao certo o que tinha sentido quando ouviu o grito dela. Mas soube que sentira ódio, raiva e nojo de seu pai quando o viu quase encostado nela.
Olhou para a ruiva ao seu lado e viu que ela tremia.
Abriu a porta do quarto e deixou-a entrar.
"-Está tudo bem" – Murmurou ele abraçando a ruiva.
"-E se não tivesses aparecido?"
"-Não penses isso. Eu apareci, não foi? Eu prometo que estarei sempre aqui."
"-Sempre?"
"-Sim" – Respondeu ele sentindo a cabeça dela encostada no seu peito.
"-Obrigada" – Murmurou ela minutos depois, enquanto sentia as mãos dele fazerem carinho no seu cabelo e no seu pescoço.
"-Afinal o que vieste aqui fazer? Não sabes que se me querias ver bastava teres entrado pela anela do quarto, não era necessário entrares pela porta principal."
"-Convencido Malfoy. – Disse ela afastando-se do loiro, que ria – "Eu não te vim ver, na verdade era o que menos desejava era ver-te."
"-Sério? Para a próxima podes gritar à vontade que eu não te vou ajudar" – Resmungou ele.
A ruiva percebeu que de uma maneira estupidamente inacreditável o tinha magoado. Ele tinha enfrentado seu pai por ela, e ela agradecia daquela maneira, quase o desprezando.
"-Desculpa. Não era isso que eu queria dizer. "
"-Não? Então o que era?"
"-Eu vim aqui devolver a mala de tua mãe, e não queria encontrar ninguém. Mas assim que vi teu pai, a única pessoa em quem eu conseguia pensar era em ti. Desejei que aparecesses. Não é que não te quisesse ver antes….ah Draco eu não sei."
Draco não disse nada apenas encarou a ruiva á sua frente. Viu ela aproximar-se de si, e sentiu os braços dela enrolarem-se no seu pescoço.
Fixou os olhos castanhos dela e viu-os rasos de água.
"-Não estou zangado. Não que não merecesses, mas não consigo ficar chateado contigo."
Ela encostou a cabeça no ombro dele, e Draco arrepiou-se ao sentir a respiração quente dela no seu pescoço.
Passou os braços pela cintura de Ginny e puxou-a mais de encontro ao seu corpo.
Durante minutos eles ficaram naquela posição, apenas ouvindo a respiração do outro e sentindo ambos os corações baterem forte.
Não saberiam explicar o que aconteceu depois se lhes pedissem, o que ambos sabiam é que se começaram a beijar sem aviso e de uma maneira necessitada, sôfrega.
"-Já viste que acabamos sempre aos beijos?" – Comentou ela minutos depois.
"-É….mas não é algo desagradável, pois não?"
"-Não" – Respondeu vagamente, puxando o loiro pelo pescoço de modo a sentir os lábios dele novamente colados aos seus.
Mal podia acreditar no que os seus olhos viam. Da janela do quarto onde estava via algo que a deixou espantada. Draco e Ginny beijava-se de forma apaixonada, como se a vida deles dependesse disso.
"Nada íntimos, mal posso imaginar se o fossem… A Narcisa precisa de saber disto imediatamente!" – Pensou sorridente antes de correr as cortinas e sair do quarto da filha.
"-O que foi?" – Perguntou quando o loiro se afastou repentinamente de si.
"-Não sei…" – Respondeu olhando para além da janela –" Só uma estranha sensação. Nada que não possamos contornar" – Concluiu voltando a beija-la.
"-Tenho de ir."
"-Não, não tens."
"-A minha mãe vai desconfiar .Eu vim cá entregar a bolsa da tua mãe, não vim propriamente morar cá."
"-Não que fosse necessário, moras no quarto em frente."
"-Cheguei!" – Anunciou sorridente ao entrar na cozinha.
"-Demoraste Gininha… Estiveste a falar com a Narcisa?"
"-Não… Ela não estava em casa… Acho que saiu para fazer compras."
"-Então porquê a demora?"
"-A casa era enorme e o elfo em vez de me levar ao quarto da Narcisa para eu deixar a bolsa deu-me apenas as indicações."
"-Entraste no quarto errado?" – Perguntou com um sorriso que passou despercebido a Ginny.
"-Entrei! No quarto do irritante do Malfoy. Ao menos ele teve a educação de mostrar o quarto certo."
"-Estou certa que sim…."
"-Vou subir… Qualquer coisa chama por mim…"
"-Claro."
Subiu as escadas a correr e trancou a porta assim que entrou no quarto. Olhou em volta, voltou a desejar que Draco estivesse ali, mas ele não estava. Suspirou, envolver-se com ele era algo que nunca devia ter acontecido.
Sentou-se à secretária e abriu a gaveta tirando de lá um caderno de couro.
«Como é que as coisas chegaram a este ponto? Como é que eu me sinto assim por uma pessoa que ainda ontem eu considerava das mais desprezíveis? Como é que eu posso sentir as pernas bambas e arrepios pelo corpo sabendo que ele é um Malfoy? Como é que posso desejar os beijos dele, o toque dele, sabendo que sempre o odeie? Como é que posso não mais odiá-lo?»
"-Deixa ler."
Sentiu todo o seu corpo a tremer e o seu instinto foi cobrir o caderno com os braços.
"-Não!"
"-Vá lá ruiva, deixa ler!"
"-Nem pensar!"
Ele puxou o caderno debaixo dos braços dela e abriu-o ao acaso.
"-«Perfeito! Absolutamente e totalmente perfeito! Já não bastava eu ter de morar na mansão ao lado da dos Malfoy! Não! Isso não era castigo suficiente! E por não ser suficiente toca de dar à Ginny o quarto mais próximo da mansão Malfoy! O quarto cuja varanda está a menos de 10 centímetros da varanda do quarto do ser mais desprezível do mundo! A cobrinha loira aguada! A cria dos Malfoy! A semente do Diabo! O totalmente desprezável e inconveniente Draco Malfoy! Oh! Mas não isso também não é o suficiente…. Já que as coisas estão más porque é que não damos um baile? Sim um maldito baile na mansão Malfoy!»" - Leu em voz alta fazendo a ruiva corar até à raiz dos cabelos.
"-Pára com isso! Não tens direito do ler!"
"-Não tenho? Mas fala de mim certo? Assim sendo tenho todo o direito de lê-lo."
"-Devolve-mo" – Pediu levantando-se.
Tentou alcançar o caderno mas foi impossível. Ele era mais alto do que ela e erguia o caderno acima da sua cabeça.
"-«Principalmente aquele, irritante, prepotente, arrogante, emproado, altivo, insolente, pretensioso, presunçoso, petulante, desaforado, snobe, descarado, safado, sem-vergonha, convencido, armado em grande, filhinho da mamã Draco Malfoy» Adoras-me assim tanto?" – Perguntou sarcástico.
"-Por favor Draco, devolve-mo."
"-Não até acabar de ler o que tem escrito sobre mim."
"- «Acordo agarrada a um Malfoy que pouco depois beija de surpresa…Teria passado bem se as coisas ficassem por aí… Mas não…. O meu irmão descobriu a camisa do desgraçado do Malfoy e eu tive de inventar a maior das desculpas…»"
"-Podes devolver agora? "
Estava em pânico, não queria que ele lesse a ultima página que tinha escrito. Não podia lê-la de maneira alguma.
"-Estou quase a acabar."
"- «Como é que as coisas chegaram a este ponto? Como é que eu me sinto assim por uma pessoa que ainda ontem eu considerava das mais desprezíveis? Como é que eu posso sentir as pernas bambas e arrepios pelo corpo sabendo que ele é um Malfoy? Como é que posso desejar os beijos dele, o toque dele, sabendo que sempre o odiei? Como é que posso não mais odiá-lo?»" -O volume da sua voz foi diminuindo à medida que lia sendo que as ultimas palavras não passava dum murmúrio - "O que é isto Ginevra?" – Perguntou por fim.
- - - - - Fim do 8º Capitulo - - - -
N/A: Finalmente, muitas lutas depois com um computador rebelde conseguimos actualizar! E há que ressaltar que este sim é um final de capitulo digno de fazer arder… Bem como nós gostamos… E o que vai acontecer a seguir? Cabe a vocês decidir quando querem ler o próximo capitulo…. No Sábado ou na próxima semana…. É que nós estamos a precisar de reviews que nos façam bem ao ego…. E dizemos desde já que vai ser daqueles capítulos que só agrada a Gregos ou a Troianos… Porque muita gente não vai gostar do que se vai passar… Enfim… Já estamos a dizer de mais…. FOMOS!
