Capitulo 9º
"-O que é isto Ginevra?" – Perguntou por fim.
"-Eu… hã….. é…"
Estava vermelha como nunca e as palavras não saiam de jeito nenhum.
"-Eu… Vai embora!"
"-Isso não é resposta ruiva."
"-Já disse! Vai embora!"
"-Não até ter uma resposta!"
"-Desaparece daqui!" – Quase gritou.
Arrancou-lhe, literalmente o caderno das mãos e empurrou-o em direcção à varanda.
"-Eu volto ruiva. Eu ainda vou ter essa resposta."
Deixou que o loiro saísse pela varanda e depois trancou a janela, fechando as cortinas logo em seguida.
Sentou-se na cama, com os joelhos encostados ao peito, balançando-se ligeiramente.
Não era para ter sido assim, ele não devia ter descoberto daquela maneira.
"Mas descobrir o quê?" – Perguntou-se –"Não há nada para descobrir, há?"
Não era suposto ele ter lido o 'diário' dela, o que lá estava escrito só a ela dizia respeito. Nem ela própria sabia interpretar o que sentia, isto é, se é que sentia alguma coisa.
Estava tão baralhada, tudo tinha acontecido tão depressa. Ela odiava-o, sempre o odiou, mas desde que mudara de casa o sentimento tinha mudado, primeiro a presença dele era suportável e agora desejava que ele estivesse ali.
Deitou-se na cama e abraçou uma das almofadas, dobrando-se o mais possível. Não tinha a mínima vontade de fazer nada naquele momento, apenas fitava a janela na esperança de o ver entrar.
Começou a sentir seus olhos pesados, e sem nem ao menos dar por isso adormeceu profundamente.
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"Tinha que ser…fechou a porcaria da janela! Mas porque quero ir lá! Ela não me respondeu, mandou-me embora e trancou a janela, o que significa que não me quer ver. Mas eu ainda vou ter a minha resposta."
- - - -
Acordou de repente, o quarto totalmente mergulhado na escuridão.
"-Gininha?" – Ouviu chamar.
Levantou-se da cama e destrancou a porta do quarto.
"-Gininha, aconteceu alguma coisa?" – Perguntou preocupada ao ver a filha.
Os cabelos da ruiva estavam desgrenhados e a face ligeiramente mais pálida do que o habitual.
"-Não…" – Respondeu voltando para a cama.
"-Que escuridão! Porque é que está tudo fechado? Vou abrir as cortinas!"
"-Não!" – Quase gritou ao ver a mãe a dirigir-se à janela.
"-Porque não?"
"-Estou bem assim…."
"-Tens a certeza que está tudo bem?" – Perguntou ao ver Ginny enrolar-se ainda mais nos lençóis da cama – "Há algo que me queiras contar?"
"-Não… Eu só quero dormir…"
"-E o jantar?"
"-Eu… não tenho fome…."
"-Não podes ficar sem comer."
"-Por favor mãe…. Eu só quero dormir…"
"-Eu volto mais logo então."
Suspirou ao ver a mãe a fechar a porta. Enrolou-se nos lençóis e abraçou a almofada.
Nada daquilo era suposto acontecer, aquela devia ser uma noite normal, como outra qualquer e não o era, só por causa dele.
Tentou adormecer, revirou-se, dum lado para o outro mas nada. Passou toda a noite assim, a voltar-se e a tornar a fazer o mesmo, mas sem resultados. Os beijos dele ainda estavam muitos presentes para sequer deixa-la fechar os olhos.
O sol já tinha nascido, via isso através do ténue raio de sol que entrava por uma pequena fenda nas cortinas. Talvez agora pudesse dormir.
Ouviu um barulho vindo da janela. Fitou-a atenta e surpreendeu-se quando ela se abriu de par em par deixando perceber uma silhueta por detrás das cortinas.
Sentou-se na cama esfregando os olhos. Não tinha passado dum sonho, percebeu no mesmo instante, a janela continuava tão fechada quanto antes, com as cortinas a cobrirem-na da mesma maneira que antes.
Deixou-se cair para trás na cama, não conseguia deixar de pensar nele, nem em sonhos.
A porta abriu-se e ela encolheu-se no mesmo momento. Quem quer que fosse que tivesse entrado pelo quarto ela não queria ter de enfrentar.
"-Gin?"
Fechou os olhos fingindo estar a dormir.
"-Então maninha… Julgas que me enganas? Lembraste quantas vezes costumavas fazer isso quando eras pequena?" – Dobrou-se sobre a cama e passou a mão pelos cabelos dela, despenteando-os ainda mais.
"-Pára Ron" – Pediu voltando-se para ele – "O que foi?" – Perguntou ao ver a expressão do irmão.
"-O que se passa contigo? Os teus olhos, estão inchados… Estiveste a chorar?"
"-Não…"- respondeu voltando-lhe costas – "Só não dormi esta noite."
"-Porque não?" – Sentou-se ao lado dela e fez com que a ruiva o encarasse.
"-Não tinha sono."
"-A mãe ontem ao jantar estava super preocupada! Chegou à sala toda chorosa só porque tu não querias jantar! O que aconteceu afinal?"
"-Nada Ron."
"-Tens a certeza?"
"-Tenho…"
"-Quero me chames se precisares, ok? Não importa que esteja a trabalhar… Venho para cá num instante."
"-Ok…"
"-Cuida-te!" – Sussurrou beijando-lhe a testa – "E vê se comes qualquer coisa."
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"-Eu não sei o que faça."
"-Molly acalma-te. O que aconteceu afinal?"
"-Eu estou tão preocupada Narcisa. Ela não come, mal dorme e eu não sei o que fazer. Isto nunca aconteceu, nem com ela nem com nenhum dos outros."
"-Mas a Ginevra não disse nada?"
"-Não! Foi de repente! Ela ontem chegou a casa normal, até mais alegre do que o costume, quando a fui chamar para o jantar negou-se a descer. Estava trancada no quarto, completamente às escuras toda enrolada nos lençóis. Hoje negou-se a sair do quarto e recusou-se a comer o que quer que fosse."
"-Depois do que me contaste ontem e hoje tenho uma pequena ideia do que possa ter sido."
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"-Como foi o teu dia Draco?"
"-Normal."
"-Soube que a Ginevra esteve cá ontem, falaste com ela?"
"-Brevemente."
"Se não soubesse a verdade tinha acreditado" – Pensou olhando o filho.
"-Ela comentou alguma coisa?"
"-Como por exemplo?" – Inquiriu erguendo uma sobrancelha.
"-Como por exemplo o estado de saúde dela. Ela parecia-te bem ontem?"
"-Não estou a perceber… Porque haveria ela ter comentado sobre o estado de saúde dela?"
"-Apenas porque ela está doente… Podia ser que ela tivesse falado contigo sobre isso."
"-Ela está doente?" – Perguntou tentando não demonstrar a preocupação que sentia.
"-Parece que sim."
"-Mas o que é que ela tem afinal?"
"-A Molly não me soube explicar muito bem…. Parece que ela se recusa a sair do quarto. E constou-me também que ela mal come ou dorme."
"-Eu…Vou subir."
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"-Gininha vai-te vestir."
"-Mãe eu não quero sair da cama."
"-Queres sim" – Disse puxando a filha por um braço – "Vais tomar um bom banho, vestir uma roupa decente e descer."
"-Mas mãe…"
"-Não queres fazer essa desfeita aos teus irmãos, queres?"
"-Eles estão cá?"
"-É o primeiro domingo do mês. Lá por não estarmos na Toca não quer dizer que a tradição não se cumpra."
"-Ok… O almoço de família. Eu já desço."
Tomou um longo anho e vestiu-se sem vontade. Tudo o que menos queria era ter de contactar com pessoas. Queria ficar na escuridão em que estava antes, sem conversas, sem nada.
Desceu as escadas lentamente e caminhou até à sala principal, esperando encontrar a sua família. Enganou-se, em vez de encontrar uma quantidade considerável de pessoas ruivas encontrou apenas um loiro.
"-Onde estão os meus irmãos?" – Perguntou mal encarando o rapaz.
"-No salão principal."
Voltou costas para sair da sala.
"-Ruiva!" – Chamou.
Parou por uns segundos só para avançar logo em seguida.
"É melhor assim…"
"-Olá maninha!"
"-Oi" – Respondeu em tom baixo e sem qualquer entusiasmo.
"-Isso é tudo felicidade de nos ver?"
"-Eu estou feliz por vos ver…" - Comentou vagamente fixando os olhos no loiro que acabava de entrar no salão.
"-Bela forma de demonstrar. Afinal o que se passa Gi?"
"-Nada Charlie…"
"-Nada? Parece que não dormes à uma semana."
"-Passei mal a noite… Foi só isso…"
O ruivo seguiu o olhar da irmã e encontrou-o pousado em Draco.
"-O que é que o Malfoy fez desta vez?"
Ela olhou-o espantada, totalmente apanhada de surpresa.
"-O Malfoy…. Hum… Nada…. Porquê?"
"-Talvez por estares a olhar para ele dessa forma. Pareces triste… Tens a certeza que foi apenas uma noite mal passada?"
"-Hum hum…."
Sentia os olhares pousados em si durante o almoço mas nem por isso fez um esforço para comer.
Olhava distraída para o prato brincando com a comida com aponta do garfo quando sentiu umas pernas a entrelaçarem-se às suas.
Olhou em frente, ainda não tinha reparado antes mas quem ocupava o lugar à sua dianteira era Draco.
"-Vou subir" – Disse levantando-se da mesa.
"-Mas Gininha mal tocaste no almoço."
"-Não tenho fome…" - E com isto saiu do salão.
"-Com licença" – Pediu o loiro antes de se levantar e sair do salão atrás da ruiva. Deixando todos os Weasleys abismados, todos excepto Molly que sorriu de forma cúmplice a Narcisa.
Subiu as escadas de duas em duas e só parou ao sentir o seu braço a ser puxado.
"-O que se passa afinal?"
Ela olhou o loiro à sua frente e tentou soltar-se mas a mão dele não se moveu.
"-Larga-me" – Pediu em tom baixo.
"-Só depois de me explicares o que está a acontecer."
"-Larga-me estás a magoar-me!"
Ele soltou-a de imediato e a ruiva aproveitou para entrar no quarto.
Tentou fechar a porta do quarto atrás de si mas Draco foi mais rápido colocando o pé dentro do quarto, impedindo-a.
"-Quando é que vais parar de me evitar?" – Perguntou entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.
"-Não vou."
"-Vais sim, e vai ser agora. Não vou sair daqui até me explicares tudo o que quero saber."
"-Não há nada para saber."
"-Como não?"
"-Não havendo."
"-Então e aquilo que eu li?"
"-Isso não era nada, ok? Esquece! Foi algo sem significado!"
"-Mas não parecia pela tua reacção!"
"-Eu exagerei! Foi só! Não gosto que mexam nas minhas coisas! Podes ir embora agora."
"-Essa resposta não me convence."
"-Azar o teu."
Ele caminhou até à ruiva e viu-a a recuar até ficar encostada à parede.
"-Vai embora" – Sussurrou.
"-Eu vou mas antes promete-me algo" – Disse num tom baixo, que não passava dum murmúrio.
"-O quê?"
O corpo dela estava comprimido entre a parede e o corpo dele.
"-Promete que te cuidas." – Pediu passando a mão na face dela – "Não te quero ver doente… Prometes?"
Ela acenou afirmativamente com a cabeça.
"-Óptimo…. "
Inclinou-se para lhe beijar os lábios mas a ruiva desviou-se e ele acabou por lhe beijar a bochecha.
"-Eu volto amanhã, pode ser?"
Ela não respondeu.
"-Tomo isso como um sim" – Completou afastando-se da rapariga e saindo do quarto.
…..
Acordou sentindo-se ligeiramente melhor. A neura tinha passado, e vendo bem ela até achava que tinha exagerado.
Suspirou cansada antes de se levantar.
Caminhou até á sua escrivaninha e abriu o caderno onde escrevia sua pequena história.
Bufou irritada. Não conseguia escrever naquele.
Folheou as páginas que se encontravam em branco, deixando o pequeno caderno na última página.
Pegou numa caneta e começou a desenhar sem ao menos dar por isso.
Quando acabou ia tendo um choque por causa do que acabara de escrever.
Teve ímpetos de arrancar a folha, mas não o fez, apenas ficou a olhar para as duas letras que tinha escrito.
Suspirou passado momentos e fechou o caderno.
Levantou-se e saiu do quarto, com vontade de ir tomar um bom e reforçado pequeno-almoço.
Saiu no exacto momento em que a janela do seu quarto era aberta.
- - - - - Fim do 9º capitulo - - - - -
N/A:! Bem o capítulo não foi tão mau assim, foi? Claro que o final não podia ser melhor…. E queremos desde já dizer que adorámos receber tantas reviews! 21! …. Claro que agora vamos ter de responder a todas (O que não é tão divertido como receber mas faz parte) … Respostas no Profile….
