Capítulo 12
Um mês passou e todas as noites Ginny ia aos aposentos de Draco para entregar-lhe seu remédio e responder algumas de suas perguntas, acaso ele tivesse alguma.
Ele nunca perguntava coisas muito importantes, geralmente só sobre as atuais fofocas que corriam por aí e os novos casais formados. Draco não estava realmente interessado, mas queria descobrir se existia algo que a Weasley não soubesse.
- Quanto você realmente sabe sobre mim, Weasley?
Ginny folheava um livro sobre poções no chão procurando a resposta de um pergunta. Tinha se tornado uma rotina ela fazer o dever de casa enquanto conversava e/ou respondia a Draco.
- Se você me der 1 galeão, eu te dou um relatório completo de você mesmo. – Ginny estava olhando para Draco deitada no chão e sorrindo inocentemente.
- Você realmente é uma mercenária, não é? – ele disse sentado na cama enquanto olhava pra baixo.
Ginny suspirou dramaticamente e voltou ao seu livro – Uma garota tem que sobreviver.
Eles permaneceram em silêncio por um tempo, então Ginny de repente gritou,
- ISSO! Achei!
Draco estava tão espantado pela explosão dela que caiu da cama direto no chão. Voltou engatinhando pra cama e arregalou os olhos para Ginny, que sentava no chão do outro lado.
- Por que diabo você fez isso? – ele ralhou.
- Eu estava procurando por essa página desde ontem – ela grunhiu – ela descreve como preservar raiz de debuxo. Este é o ingrediente principal do qual eu preciso pra fazer a cura da sua Vervexia.
Ginny estava tão feliz que sorria enquanto tomava notas num pedaço de pergaminho.
Então o grito foi por mim – Draco pensou feliz.
Ginny fechou o livro e estava juntando todo seu material que estavam a sua volta. Draco sabia que ela estava se preparando para ir.
- Eu não virei trazer seu remédio amanhã, Malfoy.
Draco se levantou da cama e parou em frente a ela.
- Por que? – ele perguntou.
- Eu tenho um prova, não vou estar nem na escola amanhã à noite. Mas eu farei seu remédio antes de ir pra você poder ir pegá-lo amanhã na Ala Hospitalar.
- Que prova você vai fazer?
- O vestibular do 'Medica', a melhor faculdade de Medi-bruxo e bruxa de toda Europa.
Ginny colocou todo seu material na mochila e saiu pelo retrato.
- Hã..., Boa sorte então, Weasley.
Ginny olhou por cima do ombro e sorriu – Eu te vejo quando eu voltar Malfoy.
E ela foi embora.
Ginny deixou o castelo no dia seguinte por volta das 10 am e não tinha voltado durante toda a noite. Ela prestaria o exame junto com outros do 6o e 7o anos e eles iriam passar a noite lá.
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Ginny voltou a Hogwarts no sábado de manhã e iria a Hogsmeade com o irmão, Ron, mas não ia ser por diversão. Ela estava indo a negócios.
Os dois chegaram em Hogsmeade de carruagem e deixaram Harry e Hermione para ir ao pequeno banco de Gringots no meio da vila. Ela uma pequena filial do Gringots que ficava no Beco Diagonal, mas ainda era grande o suficiente para intimidar qualquer um.
Ron e Ginny passaram por grandes portas e viram os outros cinco irmãos esperando por eles. Lá estavam Bill, Charlie, Percy, Fred and George. Todos os cinco vieram cumprimentá-los.
- Então, como foi a prova Ginny? – perguntou Percy.
- Fui bem. Um pouco difícil, mas não vamos falar disso agora. Onde está o Sr. Grouch?
- Disseram que ele estava numa reunião, mas que viria logo. – Bill falou dessa vez.
Os sete irmãos esperaram por mais dez minutos antes de um pequeno duende veio na direção deles.
- Venham comigo, por favor. – disse friamente.
Os Weasleys o seguiram até uma sala e todos se sentaram em volta de uma mesa redonda.
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Draco estava sentado do outro lado da sala olhando, quando todos os Weasleys vieram de dentro da sala. Uma vez que saíram, ele se levantou e foi até o duende que estava com eles. O duende não andava muito rápido por ser pequeno, mas também porque carregava uma sacola cheia de dinheiro.
- Sr. Grouch. – Draco se dirigiu a ele.
- Ah, Sr. Malfoy. Veio pegar sua mesada semanal, suponho.
- Sim, mas eu gostaria de saber o que o clã dos Weasleys estava fazendo aqui?
- Ora, vieram pagar a dívida, claro.
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Os Weasleys estavam lá fora e encontravam-se visivelmente relaxados. Eles odiavam fazer isso a cada três meses, mas tinha que ser feito. Fred e George foram os primeiros a falar.
- Vamos todos para a nossa loja – disse Fred
- É, beber um chá e comer um bolo. – George terminou.
Todos os irmãos se olharam procurando um acordo, mas Percy falou,
- Eu devo voltar pro Ministério. Talvez outra hora.
Ele então foi até Ginny e a abraçou, - Espero que você tenha ido bem na prova, Gin. – então deu adeus a todos e aparatou.
Bill foi o próximo a recusar a oferta, - Desculpa pessoal. Tenho que voltar o mais rápido possível. Compensarei vocês no Natal ou algo assim. – Ele também foi até Ginny e a abraçou. Também deu uma pancadinha nas costas de Ron antes de aparatar.
- Bom, só ficou nós cinco. Vamos. – Este foi Ron e ele já estava puxando Charlie e Ginny até a loja do Fred e do George.
- Desculpa, Ron, mas eu tenho que ir também. – Charlie disse se desculpando.
- Já? – Ginny choramingou. De todos os seus irmãos, Charlie era quem ela mais gostava, porque ele sempre se preocupava com ela desde que ela era pequena.
- É, Gin. Mas antes de ir eu quero falar com você sobre uma coisa, então que tal darmos uma voltinha?
- Ok.
Charlie se despediu dos outros três irmãos e guiou Ginny pela rua.
- Lá vão eles de segredinho de novo – disse Fred.
- Ela sempre foi a favorita dele – falou George.
- É – concordou Ron.
Eles se calaram e resolveram ir à loja dos gêmeos e deixar Ginny e Charlie com seus segredinhos.
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- Então, o que foi, Charlie? – Ginny perguntou enquanto pulava pela rua. Ela amava quando estava com Charlie, ele sempre sabia o que dizer e como consolá-la quando ela precisava. Ela amava os outros irmãos também, mas Charlie era mais fácil de lidar.
- Eu encontrei seu chefe ontem, Ginny.
- Sério, ele disse alguma coisa especial?
- Não, não muito. Só que você não trabalha lá há mais de um ano.
Ginny parou de pular imediatamente e encarou Charlie. Seu ex-patrão tinha prometido que se alguém perguntasse se ela ainda estava trabalhando ele diria que sim.
- Seu antigo chefe pediu demissão dois meses atrás, Ginny, e este era o novo gerente da companhia. Quando eu perguntei sobre você, ele olhou a lista de empregados e viu que você não estava mais trabalhando lá há muito tempo.
Agora sim. – Ginny pensou.
- Gin, o que está acontecendo? Por que você não nos disse que você saiu do emprego? E onde você está trabalhando agora? De onde você arranja tanto dinheiro?
Charlie parou de andar e colocou as mãos nos ombros de Ginny – Diga-me Gin.
Ginny estava à beira das lágrimas, mas segurou o choro. Ela não choraria na frente da família, não queria preocupá-los.
- Eu não posso e dizer Charlie. Desculpe.
Charlie soltou os ombros de Ginny e tinha uma expressão triste no rosto.
Ginny foi e abraçou o irmão bem apertado enquanto enterrava o rosto no peito dele.
- Confie em mim, Charlie. Não estou fazendo nada perigoso nem degradante. Eu só não posso deixar ninguém saber. Não ainda. Mas depois que acabarmos de pagar aquela dívida, eu prometo que te conto. Eu juro. – Ginny suplicou.
Charlie levantou o queixo de Ginny para ela olhá-lo nos olhos.
- Ok, Gin. Eu confio em você. Mas tenha cuidado. Não quero que nada de mal te aconteça, tudo bem?
Ginny concordou e Charlie sorriu.
- Tenho que ir agora. – Ele beijou a testa de Ginny e aparatou.
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Ginny tentou dar um jeito de ir ao quarto de Draco aquela noite e entregar a ele o remédio sem ter que falar uma palavra ou olhar pra ele.
Draco bebeu o líquido azul e devolveu o frasco.
- Por que você está tão quieta, Weasley?
Ela estava jogada na poltrona de Draco perto da cama e ouvindo a pergunta olhou pra cima, mas só balançou a cabeça.
- Com o coração partido de ter que dar todo aquele dinheiro?
Ginny levantou a cabeça rapidamente e encarou Draco nos olhos. O rosto dela mostrava confusão por um tempo, mas depois pareceu entender. Ela se inclinou e suspirou.
- Eu devia saber. Você estava lá, não estava Malfoy? Pegando sua mesada semanal.
Draco sorriu sarcasticamente – Pensou rápido Weasley. É, eu estava lá. Para que você precisava do empréstimo?
Ginny cruzou as pernas na poltrona e olhou nos olhos de Draco. Ela estava muito cansada para implicar com ele, então ela simplesmente contou.
- Três anos atrás, meu pai teve um infarto. Os curandeiros precisavam realizar uma cirurgia porque era uma coisa que mágica não podia consertar. A operação ia custar uma fortuna, então tivemos que oferecer nossa casa ao banco em troca do empréstimo. Papai teve a operação e foi um sucesso.
- Ele logo voltou a trabalhar e estava pronto para pagar o banco depois que ele pediu o seguro de saúde, mas os duendes disseram que perdemos o prazo de pagamento do empréstimo e a casa agora pertencia a eles. Mamãe e papai estavam muito chateados, nós tínhamos justamente o necessário para pagar a dívida mais juros, porém os duendes queriam o dobro do que pegamos emprestado. Não tinha como nós pagarmos.
- Uma noite, então, meus irmãos e eu tivemos uma reunião e armamos um plano para ajudar a pagar o empréstimo pros meus pais. Bill e Charlie foram ao banco no dia seguinte e transferiram metade do empréstimo pro nome deles. Eles assinaram um contrato dizendo que a casa seria devolvida para nossos pais pelo preço que nós tínhamos pedido anteriormente, mas na verdade não seria totalmente nossa até que Bill e Charlie pagassem a outra metade. Mamãe e papai ficaram felizes quando eles tiveram a casa de volta e eu e meus irmãos pagamos por dois anos já, sem que nossos pais saibam.
Draco ouviu a história dela e sentiu pena. Ele nunca soube que a vida dela era tão difícil.
- Então foi por isso que você começou esse negócio da Fonte.
Ginny tinha a cabeça baixa e se contorcia, - Foi, era a única coisa que eu pude pensar no momento. Eu tive alguns empregos antes, mas eles não pagavam o suficiente. Eu precisava de muito dinheiro e rápido.
- Quanto dinheiro ainda falta pagar?
- Cerca de 1.000 galeões.
- E quanto vocês pagam sempre que vão lá?
- Meus irmãos e eu temos que pagar 200 galeões a cada três meses.
- Como vocês conseguem organizar isso? – Draco perguntou curioso.
- Bom, Bill, Charlie e Percy trabalham então cada um consegue 30 galeões se eles economizarem. Fred e George vendiam logros e brincadeiras na escola pra ganhar dinheiro e agora eles têm uma loja, então são mais 30 galeões cada. Ron entra em concursos de xadrez e ganhando o prêmio em dinheiro, mas quando ele não pode fazer isso, ele ensina xadrez e ganha alguma coisa. E enquanto a mim, eu acho que você já sabe.
O quarto ficou em silêncio por um bom tempo. Draco não sabia o que dizer, ele nunca teve que fazer nada parecido com o que Ginny fazia agora. Ele nunca sacrificou nada pela sua família.
Ginny se levantou e estava pegando sua mochila e ajeitando suas roupas vorazmente. Parecia que queria sair do quarto dele o mais rápido possível.
- O que você está fazendo, Weasley?
Ele tinha a cabeça baixa e não olhava pra ele.
- Eu… *snif* eu tenho que ir *snif*.
Ginny se virava e tentava ir embora, mas ele segurou-a pelo ombro e a sentou de volta na cadeira. Ajoelhou-se em frente a ela e segurou a face dela em suas mãos.
- Põe pra fora, Weasley. – ele sussurrou.
Ouvindo isso, Ginny cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar. Draco ainda estava ajoelhado em frente a ela e ainda tinha as mãos nos seus ombros para que ela não tremesse muito. Ela chorava copiosamente agora, três anos inteiros de dor e tristeza sendo postos pra fora e era ainda mais agonizante para Draco assistir a isso.
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