Capítulo 13
Ginny acordou esfregando os olhos e deu uma olhada ao seu redor. Ela ainda estava no quarto de Draco e dormia na sua cama. Ginny começou a se assustar, mas sorriu ao ver que Draco não estava na cama com ela, ao contrário, estava na poltrona que ela sentava na noite passada e parecia dormir. Gin rolou na cama para poder olhar Draco melhor e admirou-o à distância.
Ele ainda estava com os robes e suas pernas estavam sobre um dos braços da poltrona. A cabeça recostada nas costas da cadeira e um dos braços em cima da barriga enquanto o outro estava pendurado e quase tocando no chão.
Ela olhou o relógio na mesinha de cabeceira e viu a hora. Sabia que ele iria acordar a qualquer momento e nesta hora Draco soltou um grunhido e acordou. A primeira coisa que tentou fazer foi se espreguiçar, mas do lugar onde estava, ele acabou caindo da cadeira direto no chão.
- Ouch! – Draco caiu com o quadril no chão e se sentou esfregando a região afetada furiosamente. Ouviu um risinho e levantou o olhar para ver Ginny tentando suprimir o riso.
Franziu o cenho – Bom saber que te dá prazer me ver machucado, Weasley. E pensar que eu deixei você ficar com a minha cama ontem à noite. – disse resmungando.
- Você pode ter ela de volta agora Malfoy. – Ginny se movimentava para sair da cama, mas foi impedida por Draco que balançava as mãos.
- Não, não se incomode. Teve uma boa e confortável noite de sono?
Draco sentava com as pernas cruzadas no chão e olhava na direção de Ginny.
- Deu pro gasto. Sua cama não é tão confortável quanto a do Harry, mas eu não posso reclamar. – Ginny sabia qual reação ele teria e quis se divertir um pouco. Qualquer menção ao Harry e ele explodia.
Como esperado, os olhos de Draco se arregalaram como dois pires e seu queixo caiu.
- Você dormiu com o Potter? – gritou abismado.
- Estava só brincando Malfoy. – ela disse tentando conter o riso.
Draco franziu o cenho, - Isso foi tão engraçado, Weasley. – ele falou sarcástico enquanto cruzava os braços sobre o peito.
Ginny sorriu tristemente, - Você não tem que ter ciúme do Harry o tempo todo, sabia?
Ele a olhou com fúria, - Quem disse que eu to com ciúmes do Potter? Não há absolutamente nada nele para eu ter ciúmes.
- Exatamente, então por que você o odeia tanto?
Draco não respondeu. A verdade era que ele realmente estava com ciúmes de Harry. Ele sentia ciúmes porque Potter tinha amigos verdadeiros, as pessoas gostavam dele, ele podia se divertir e Harry tinha uma meta na vida, salvar o mundo, enquanto ele não tinha nada.
Ginny saiu da cama e agachou para olhar nos olhos de Draco.
- Pense nisso Malfoy. – ela pegou sua mochila e saiu do quarto.
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O café da manhã no Salão Principal não tinha nada de especial, exceto pelo fato de que Draco não tinha vontade de comer e estava revirando sua comida com o garfo.
Ele estava pensando no que Ginny tinha dito. Ele sabia porque odiava Harry; era porque ele tinha o mundo inteiro olhando por ele todo vez que o perigo estava próximo. Harry Potter, o Menino-Que-Sobreviveu. Harry Potter, o mais poderoso bruxo do mundo. Harry Potter, melhor apanhador de toda Hogwarts. Harry Potter, o garoto que todos idolatram.
E ele era só Draco Malfoy, o sonserino nojento.
Draco nunca mostrou seu ciúme de Harry. Sempre agiu acima dos outros, o mais sabido, o mais rico, o mais bonito e o mais charmoso. Mas lá no fundo, ele era muito inseguro e tinha baixa auto-estima quando comparado a Harry Potter. E ele odiava Harry por isso.
Ruídos de asas batendo puderam ser ouvidos e Draco olhou pra cima e viu centenas de corujas entregando as correspondências. Ele colocou o garfo na mesa e esperou alguma coisa chegar pra ele.
Ele não iria comer nada mesmo. – pensou quando uma carta caiu em seu colo.
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Ginny mordiscava sua torrada enquanto lançava olhares furtivos para Draco. Ela não queria que Draco e Harry fossem inimigos. De fato, eles teriam se tornado grandes amigos se não tivessem começado errado. Eles têm realmente muito em comum. São ambos grandes bruxos, ricos, bonitos e têm metade da escola atrás deles. Ambos são charmosos a sua maneira e os dois querem provar pros outros quem eles são. Ginny realmente acreditava que eles seriam ótimos amigos se tentassem. Mas Draco era muito teimoso e orgulhoso pra isso.
- Ei, Ginny, o correio chegou. – gritou Colin.
Ela olhou pra cima e havia muitas corujas entregando a correspondência. Ginny colocou a torrada no prato e esperou pra ver se tinha alguma coisa pra ela. Quando nada aterrissou em frente a ela, se virou no banco e se preparou pra sair do Salão Principal. Deu uma última olhada para a mesa da Sonserina e viu que Draco já tinha ido.
Aonde é que ele foi? – ela se perguntou.
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Draco apertava a carta fortemente enquanto ia em direção ao escritório de Dumbledore. Quando chegou na gárgula viu Harry ali também. Draco franziu o cenho.
- O que você está fazendo aqui, Potter? – debochou.
- Recebi uma carta do professor Dumbledore. Dizia que ela queria me ver. E você Malfoy, o que faz aqui? – Harry disse educadamente.
- Não é da sua conta.
Os dois estavam parados ao lado da estátua e não olhavam nem falavam um com outro enquanto esperavam por Dumbledore.
Depois de cinco minutos esperando, ele finalmente chegou, junto com Hermione e Ron.
- Ah, Harry, sr.Malfoy. Desculpem o atraso, tinha algumas coisas a fazer. – Hermione e Ron imediatamente foram para o lado de Harry e esperaram Dumbledore levá-los até sua sala.
Depois de dizer a senha 'chiclete de cereja', todos entraram.
- Por favos, sentem-se. – disse gesticulando para as cadeiras a sua frente.
- Chamei vocês aqui hoje para falar sobre um fato importante relativo ao incidente com Voldemort.
Harry estava esperando alguém se encolher, mas ninguém o fez. Eles não tinham medo do nome mais.
- Os conselheiros da Ordem expressaram para mim a admiração deles pelas fabulosas habilidades que vocês quatro mostraram na luta contra Voldemort. Pediram minha permissão para deixar vocês começarem o treinamento para Auror, que eu irei dar mediante o fato de vocês aceitarem a oferta.
Harry estava muito excitado, ele planejava se tornar um Auror de qualquer maneira e agora podia começar a fazê-lo. Isso era ótimo.
Ron estava estasiado também. Eu também queria ser um Auror e agora começaria a treinar mais cedo. Isso certamente encheria seus pais de orgulho.
Hermione estava feliz também, porém preocupada. Ela não queria que isso afetasse em seu rendimento escolar e seus deveres como Monitora-chefe.
Foi como Dumbledore lesse sua mente porque ele imediatamente assegurou a ela.
- Não precisa se preocupar srta. Granger. Seu treinamento substituirá a aula de Defesa Contra Artes das Trevas e no fim do ano você será testada e terá uma nota como se fosse uma matéria normal. Fora isso, não afetará nenhum dos seus outros deveres.
- E quem irá nos ensinar, Professor? – ela perguntou,
- Representantes da Ordem virão ensinar Harry e o sr. Malfoy técnicas de defesa. Haverá também alguém para ensinar o sr. Weasley sobre guerra e estratégicas de defesa, e outro estará ensinando você, srta. Granger, Feitiços avançados e encantamentos. Há alguma outra pergunta?
O trio todo balançou a cabeça negativamente.
Dumbledore sorriu, - "timo. A primeira aula de vocês será amanhã de manhã na antiga sala de feitiços.
O trio se levantou pra sair, mas pararam quando Draco falou.
- Desculpa professor, mas eu não estou muito interessado, então você pode me deixar de fora dessa.
Dumbledore ficou surpreso. – Você tem certeza sr. Malfoy? É uma grande oportunidade para você.
- Terei outras oportunidades – Draco se encaminhou até a porta e a abriu para sair.
Harry olhou para Dumbledore com uma expressão de choque. Ele não achava que alguém rejeitaria uma oportunidade tão boa.
- Eu vou falar com ele, professor. – Harry correu até a porta tentando alcançar Draco.
Quando Harry desceu as escadas ele olhou para todos os lados e avistou Draco andando devagar para sua esquerda. Correu até ele e o segurou pelo ombro.
- O que você está fazendo Malfoy?
Draco tirou a mão de Harry de seu ombro e se virou pra ele.
- Do que você está falando Potter?
- Por que você está abrindo mão de uma chance tão boa de melhorar sua mágica?
Draco bufou – Isso não é da sua conta Potter. Não é como se alguém se importasse se eu me tornasse Auror ou não. Tudo que eles pensam é em como o Garoto-que-Sobreviveu é fantástico. Mas eu não ligo, eu sei que sou melhor que você mesmo.
- Então prove. – Harry desafiou.
Houve um silêncio e Draco e Harry apenas se encaravam.
Harry realmente admirava Draco porque ele tinha se voltado contra o pai para ajudar a derrotar Voldemort, e ele foi de grande ajuda. Se não fosse por ele, Harry sabia que não conseguiria ter destruído o Lord das Trevas. Draco era um grande bruxo e Harry não queria que ele perdesse essa oportunidade só porque ele não queria trabalhar junto com Ron, Hermione e ele.
Hermione e Ron estavam correndo até os dois garotos e quando os alcançaram viram que Harry e Draco estavam apenas se encarando.
Ron foi até Harry e puxava seu braço – Vamos Harry. Não gaste sua saliva. – disse ele – O idiota é provavelmente muito orgulhoso para aproveitar uma boa chance quando ela aparece.
Hermione também foi falar com ele – Harry, tenho certeza que o Malfoy sabe o que está fazendo. E será ele que irá se arrepender se perder essa oportunidade.
Harry olhou seus dois amigos e depois Draco.
- Espero ver você lá amanhã Malfoy. – se virou e saiu com os amigos.
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Draco estava deitado na cama olhando o teto quando Ginny entrou no quarto. Ela foi até a cama e o olhou.
- Por que Malfoy?
Draco manteve os olhos fechados quando respondeu – Por que o que, Weasley?
Ginny sentou na cadeira que estava próxima à cama. – Por que você não aceitou a oferta pra começar o treinamento de Auror com Harry e os outros?
Draco zombou – Você já está sabendo disso? Foi o Potter que te contou ou você teve que ouvir escondido a conversa deles?
Ginny ignorou seu tom de voz – Nenhum dos dois. A escola inteira sabe que Harry, Hermione e Ron estão treinando e que você recusou a proposta. E eu quero saber por quê.
- Visto que você sabe de tudo porque não me diz você? – Draco abriu os olhos e agora olhava para Ginny.
- Todo mundo diz que é porque você é um Comensal, então você não ia querer treinar para Auror. Eles não sabem que você estava na Câmara ajudando Harry, então eles acham que você sabe tanta Arte das Trevas que treinar para Auror ia ser brincadeira de criança pra você. – Ginny estava triste e demonstrava isso.
Draco riu friamente – Típico. A parte do Comensal era previsível, mas o negócio de Artes da Trevas é novo e bem criativo.
Ginny ainda tinha o olhar triste – Você vai deixar as pessoas pensarem isso de você?
Draco sentou e se apoiou nos cotovelos – Eu não vou deixar nada, Weasley. Você provavelmente pensa a mesma coisa, então por que você se importa que eu não tenha aceitado. A maioria sempre ganha. Potter pode ser o herói que todo mundo quer que ele seja. Eu não ligo, então me deixe em paz.
Ginny ficou brava. Como ele podia se sentir tão derrotado? Ele era tão bom quanto Harry, talvez até melhor. Ela não ia deixar ele perder essa grande chance de provar que ele não era mau só porque estava sentindo pena de si mesmo.
Ginny se levantou e tirou Draco da cama. Ela o arrastou pra fora do quarto e desceu alguns corredores. Por sorte era bem tarde e não havia ninguém, senão seria interessante ver um Malfoy sendo arrastado por uma Weasley como se fosse uma criança.
- Pra onde você está me levando, Weasley? – Draco ralhou enquanto se debatia.
Ginny virou outro corredor e parou na frente de uma parede. Ela bateu ritmado em alguns tijolos e eles se abriram como a passagem do Beco Diagonal. Ginny puxou Draco pra dentro e os tijolos se fecharam rapidamente. O quarto era escuro e frio e ela soltou Draco para ir a algum lugar. Ele tentava ajustar sua vista à escuridão e descobrir onde estava quando escutou Ginny murmurar um feitiço.
- Incendio! – Ginny pôs fogo numa tocha e agora ascendia o resto delas que estavam na parede.
A sala estava clara e não tão fria. Draco olhou em volta e estava maravilhado com o que via. Pendurado nas paredes estavam armas de todos os diferentes tipos e tamanhos. Havia espadas e machados, arcos e flechas, diferentes escudos e armaduras.
Draco passeou pela sala tocando e observando os fabulosos objetos.
- O que é isso Weasley? – Ele sussurrou. Estava tão impressionado com aquela sala que quase perdeu a voz.
Ginny estava ao lado dele e olhava o que ele estava olhando, a espada de Godric Gryffindor.
- Este é o Quarto Sagrado da Guerra.
Ele virou bruscamente a cabeça e olhou espantado para Ginny.
- Este é um dos lendários Quartos Sagrados? – ele gritou desacreditado.
- Uhum. Possui todas as armas usadas em guerras. Guerras tanto Mágicas quanto Trouxas.
Draco estava sem palavras. Aquela sala tinha qualquer arma que você pensasse. Para um bruxo poderoso isso seria o paraíso.
- Aqui. Vem comigo Malfoy. – Ginny levou Draco até o fim de um longo quarto retangular onde havia um pequeno palco e alguns degraus. Ginny subiu os degraus com Draco atrás dela e ele viu um altar com um prato prata em cima dele.
- Este prato – Ginny apontou para o prato que tinha um líquido prateado – contém imagens visíveis de todas as guerras que já existiram, tanto Trouxas quanto Bruxas. Até contém a mais recente que você teve com Voldemort e os Comensais.
Draco olhou dentro do prato e imagens começaram a se formar. Ele viu gente da Ordem chegar à escola. Viu Ron conversando com as pessoas a cargo das estratégias, tentando evitar que os Comensais chegassem à escola. Viu Hermione trabalhando com os experts em feitiços e encantamentos, colocando escudos protetores e fortes feitiços de restrição. E então ele se viu e viu Harry um ao lado do outro olhando por uma janela. Ele tinha os braços cruzados sobre o peito e Harry tinha as mãos nos bolsos. Ambos esperavam a última batalha começar.
Draco levantou a cabeça e parou de olhar o prato. Não queria ver a luta de novo já que ainda lembrava bem dela. Desceu do palco com Ginny e foi olhar mais algumas armas interessantes.
- Por que você me trouxe aqui, weasley? – finalmente perguntou.
- Pra te mostrar o que poderia ser possível – ela sussurrou,
Draco se virou para ela – O que você quer dizer?
- Cada item nesta sala pertenceu a um grande herói, guerreiro ou lutador contra o mau. Depois que eles morreram, suas armas foram colocadas aqui para serem preservadas e lembradas. Esta parte aqui é para varinhas de Aurores que morreram ajudando a defesa contra o mau e esta estante tem livros escritos o que eles fizeram para ajudar. Se Harry morrer um dia, ele também terá sua varinha e seu nome aqui nestes livros. Talvez, tomara, junto com o seu. – Ginny olhava Draco esperançosa.
- Por que eu ia querer minha varinha colocada aqui? – Draco ironizou.
- Porque provaria que você não é mau.
- E daí se eu for mau, Weasley. E se eu gostar de ser mau? – Draco gritou.
- Mas você não é e não gosta. – ela gritou de volta – Você só age desse jeito para irritar Harry e fazer todo mundo ter medo de você.
- Isso não importa Weasley. Eu realmente não me importo. O mundo inteiro quer que Harry Potter seja seu Herói e Salvador, então deixa ele ser e o público pode ter o que quer.
- Mas eu quero você. – Ginny disse
- O que? – Draco falou baixo.
- Eu quero que você seja o herói, Malfoy. Não porque parece bom, ou porque você será famoso, mas porque é a verdade. Você ajudou a destruir Voldemort e é tão herói quanto o Harry.
Draco estava surpreso. Havia realmente alguém no mundo que acreditava que ele, Draco Malfoy, o aluno perverso de Hogwarts, era e podia ser um herói.
- Não seja idiota Weasley. Não é possível. – Ginny estava prestes a argumentar, mas Draco mudou de assuntou logo – Então como estas coisas funcionam, hein? – Ginny deixou o assunto pra lá, ela sabia que ele não ia dar ouvidos e foi mostrar a Draco como uma pistola funcionava.
Eles ficaram lá por algumas horas, levantando espadas e brincando de lutar. Tentaram algumas armaduras, mas elas eram muito pesadas. Logo estavam muito cansados e decidiram ir embora.
Eles andaram em silêncio até a entrada do quarto do Monitor-chefe e Ginny ainda tinha um sorriso nos lábios devido a toda a diversão que tiveram. Draco também sorria, mas por dentro.
Eles ficaram ali se olhando até Draco falar.
- Está ficando tarde. É melhor você voltar.
Ginny concordou com a cabeça e tudo estava quieto de novo. Ginny enfiou a mão na mochila e retirou um frasco de remédio para colocar nas mãos dele. Quando olhou pra cima deu de cara com seus olhos cinzas.
- Sabe, Malfoy. O que eu sempre admirei em você foi a sua assombrosa habilidade de provar aos outros que eles estão errados. Não tem preço as caras que eles fazem quando você faz alguma coisa que ninguém espera. Eu só espero poder ver aquelas caras novamente.
Então ela virou e foi embora para seu próprio quarto.
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