Capítulo 14

Harry, Hermione e Ron estavam na velha sala de Feitiços na primeira hora da manhã, esperando seus professores chegarem. Eles conversavam casualmente quando a porta abriu e entrou Dumbledore junto com três outras pessoas.

- Ah. Vocês três já estão aqui. Isso é bom. Agora eu gostaria de apresentá-los seus professores. – Dumbledore se deslocou para o lado permitindo a visão de uma mulher e dois homens.

- Hermione – Dumbledore acenou para a mulher – Esta é a Srta. Lichtenstein. Ela irá lhe ensinar Feitiços e Encantamentos avançados.

A Srta. Lichtenstein tinha na casa dos trinta anos, era alta e magra com cabelos lisos castanhos escuros. Ela avançou alguns passos e apertou a mão de Hermione.

- Prazer conhecê-la Hermione. Tenho ouvido muito sobre as maravilhas que você fez enquanto ajudava a destruir o Lord das Trevas e estou muito feliz por ser sua professora.

Hermione corou enquanto cumprimentava a mulher. – Obrigada Srta. Lichtenstein. É um prazer conhecê-la também.

- Srta. Lichtenstein, você pode levar Hermione até a sala que eu separei para que vocês possam começar desde já. – Dumbledore pediu.

- Claro – ela respondeu.

A Srta. Lichtenstein e Hermione saíram da sala e Hermione acenou para seus dois amigos.

Dumbledore fez menção a um homem com cabelos enrolados castanhos e óculos.

- Ron, este é o Sr. Whiteman. Ele treinará você em estratégias de batalha e outras habilidades táticas necessárias em batalha.

- Olá, Ron. - Sr. Whiteman disse entusiasmado enquanto balançava a mão de Ron com vigor – Fiquei sabendo que você é um ótimo jogador de xadrez. Que tal uma partida um dia desses?

- Isso vai ser bem legal. – Ron respondeu feliz.

Os dois saíram da sala e Ron acenou para Harry.

A última pessoa que restou tinha um cabelo bem curto e parecia que estava no exército. Ele era alto e estava como em posição de sentido e seu corpo era forte.

- Harry, este é...

Dumbledore não pôde terminar a frase porque neste instante a porta se abriu e Draco entrou por ela.

- Desculpem o atraso. – Draco disse sem emoção.

Todos as três pessoas estavam surpresas, então ninguém falou por um tempo e só se olharam.

Weasley estava certa. Ver as caras deles não tem preço. – Draco pensou.

Dumbledore foi o primeiro a voltar ao normal e pigarreou.

- Que bom que você se juntou a nós, Draco. Agora, como eu estava dizendo, este é o Sr. Gilding. Ele ensinará a vocês todas as formas de defesa e muitas maldições diferentes.

O Sr. Gilding pegou a mão de Harry e balançou firme, depois fez o mesmo com Draco. Ambos os garotos se retraíram levemente ao forte aperto de mãos e discretamente esfregaram suas mãos depois que ele as soltou.

- Deixarei vocês então, Sr. Gilding. – Dumbledore disse antes de sair da sala e fechar a porta atrás dele.

Draco e Harry se olharam preocupados.

- ATENÇÃO!

Os garotos pularam por causa do grito e se viraram para o novo professor, o Sr. Gilding.

- Hoje vocês aprenderão a se proteger e refletir de feitiços e objetos. Agora peguem suas varinhas e repitam depois de mim. – gritou em um tom de voz que lembrava a de um sargento.

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O Sr. Gilding ensinou-lhes os feitiços e tinha começado a encantar pequenas pedras pra voarem em direção a eles. Eles tinham que usam os feitiços que aprenderam para se protegerem e também repelirem as pedras.

Draco e Harry estavam no meio de uma sala vazia lançando proteções e feitiços para evitar que as pedras os atingissem quando Harry perguntou a Draco 'a pergunta'.

- O que fez você mudar de idéia, Malfoy? – Harry conseguiu dizer enquanto desviava de uma pedra.

Depois de repelir uma pedra, Draco deu uma rápida olhada para Harry e respondeu – Eu só não queria desapontar alguém.

Harry fez um rápido escudo para protegê-lo de ser atingido – Deve ser alguém muito especial então.

Draco sorriu com o canto da boca – Também é porque eu quero acabar com você, Potter.

Harry sorriu – Mal posso esperar para acabar com você, Malfoy.

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Os dois primeiros períodos da manhã acabaram e o Sr. Gilding já tinha ido embora. Harry e Draco pegavam suas capas e as vestiam quando Hermione e Ron entraram na sala falando sem parar sobre o quão excitante tudo era.

Quando notaram que Draco também estava lá, eles se calaram e ficaram parados olhando.

Harry sorriu e o sorriso de Draco era sarcástico.

- Oi pessoal – Harry disse empolgado.

Hermione e Ron ainda encaravam Draco e tinham expressões de dúvidas no rosto.

Draco tinha terminado de colocar a capa e ainda sorria do mesmo jeito. – Isso é realmente muito engraçado. Que pena que a pequena weasel não está aqui pra ver.

- Se não se importam, Granger e Weasley, eu gostaria de sair desta sala ainda hoje. – disse indiferente.

Hermione e Ron se desviaram e observaram Draco sair da sala. Uma vez que ele tinha saído, eles bombardearam Harry com perguntas.

- O que ele estava fazendo aqui? – Ron perguntou.

- Eu pensei que ele tinha dito que não estava interessado. – Hermione questionou.

Harry colocou os braços em volta dos ombros dos amigos e os levou pra fora da sala.

- Eu contarei pra vocês durante o chá. Agora vamos comer um pouco porque eu estou faminto.

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Ginny já estava na mesa da Grifinória comendo uma maçã quando o trio chegou e sentou perto dela. Ron logo disse – Oi – para sua irmã e então virou sua atenção de novo para Harry.

- ... e vocês chegaram e ele saiu. – Harry terminava de contar o que tinha acontecido.

- O idiota simplesmente apareceu e só? – Ron perguntou.

- É, eu acho que ele mudou de idéia da noite pro dia. – Harry respondeu enquanto pegava um bolinho.

Hermione descascava uma banana e deu sua opinião – Deve ser alguém realmente importante pra ter um efeito tão drástico no Malfoy.

Harry e Ron afirmaram com a cabeça.

- E o que vocês aprenderam? – Hermione perguntou excitada.

Ginny parou de escutar a conversa e voltou a comer sua maçã.

Então ele acabou indo às aulas. – Ginny sorriu com a maçã ao se lembrar de Hermione dizendo que havia alguém que tinha influência sobre as decisões de Draco. Seus olhos zanzaram até a mesa da Sonserina e se pousaram em Draco. Ele tinha a cabeça baixa e estava concentrado em ler seu livro de Poções.

Deve estar estudando para o teste de Poções que eles vão ter depois. – Ginny se levantou e saiu do Salão Principal indo em direção à sua próxima aula, que era na cabana de Hagrid.

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Draco levantou os olhos do livro e acompanhou com o olhar Ginny sair do Salão. Ele sabia que ela estava olhando pra ele da Mesa da Grifinória. Podia sentir seu olhar, mas ele não queria que ela o visse olhando de volta, então ele fingiu estar lendo o livro.

Draco fechou o livro e pegou um bolinho do prato. Alguns sonserinos que estavam fofocando no fim da mesa correram até ele e se sentaram perto.

- E aí Malfoy, o boato é que você aceitou o treinamento de Auror com o Potter, o Weasel e a Sangue-ruim. É verdade?

Um bando de sonserinos o cercava e até umas pessoas de outras casas estavam em volta.

Draco se gabou da atenção que recebia – O que você tem a ver com isso? – respondeu calmo.

- Vamos Malfoy. – exclamou um setimanista de sua casa. Isso causou murmúrios de concordância das pessoas ao redor. Draco só aproveitou mais ainda toda a atenção.

Uma mão então deslizou pelo seu ombro e o olhar de Draco acompanhou até encontrar a cara de Pansy.

- É Draco. Você só tem que responder sim ou não. – ela disse bem perto de seu ouvido.

A multidão foi quieta e esperou a resposta dele.

Draco se sentia bem desconfortável. Não porque todos estavam olhando pra ele, mas por causa do toque de Pansy e a sensação da respiração dela no seu ouvido. Ele odiava isso.

Draco pigarreou e balançou os ombros para tirar a mão dela de cima.

- Sim, estou treinando com o Potter. – ele olhou cada um dos rostos e viu que todos estavam parados e olhavam pra ele sem reação.

Draco tinha uma expressão plácida, mas por dentro estava rindo.

Eu devia tirar uma foto. – Ele então se levantou e saiu do Salão para ir para Poções.

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Era o fim do sexto período e todos corriam para encontrar seus amigos antes do jantar, mas Ginny andava sozinha descendo os corredores em direção das masmorras porque o professor Snape queria vê-la.

Ginny bateu na porta da sala de poções e entrou. Snape escrevia alguma coisa no quadro e não se virou. Ginny esperou parada em frente à mesa pacientemente e quando Snape se virou foi tão rápido que deu um susto em Ginny.

- Srta. Weasley. Responda a pergunta que está no quadro em dois minutos ou eu vou tirar 50 pontos da sua casa. Seu time começa agora. – Snape gritou.

Ginny estava surpresa no começo, mas leu a questão e então sorriu. Era uma questão fácil. Andou até o quadro e começou a escrever a resposta com um giz. Ela terminou faltando 30 segundos.

- Está certo, professor? – perguntou com um sorriso.

Snape não respondeu. Ao invés disso jogou alguns papéis na mesa.

- Por favor, explique pra mim então, Srta. Weasley por que você pôde responder uma pergunta de prova do 7o ano, mas errou ao responder uma pergunta média do 6o?

Ginny olhou os papéis que estavam em cima da mesa e viu que eram a Prova que ela tinha feito alguns dias atrás.

Snape encarava Ginny – Eu era um dos examinadores da Medica, Srta. Weasley, e eu achei bem interessante em como você pôde responder uma simples pergunta sobre raiz de debuxo errada. Eu não gosto de alunos que vão prestar exames para reprovarem de propósito. Você sabe que é por causa disso que você não foi aceita no Medica?

Ginny estava extasiada e sorria como uma louca.

- Então quer dizer que eu acertei todas as outras professor? – perguntou excitada.

Snape estava confuso pela reação dela, mas respondeu mesmo assim – Sim.

Ginny ria ainda mais agora. – Você sabe se alguém de Hogwarts foi aceito no Medica, professor?

Snape franziu o cenho – Ninguém de Hogwarts foi aceito. Se você não tivesse respondido esta simples pergunta errada, Srta. Weasley, tenho certeza que você seria.

Ginny tinha a cabeça baixa agora, ela não queria olhar para o professor de Poções mais.

- Você pode ir agora, Srta. Weasley – Snape disse frio.

Ginny se virou e saiu da sala.

Snape sentou na cadeira e encarava a prova de Ginny. Draco botou sua cabeça para fora da salinha que ficava nos fundos e vendo que Ginny tinha saído, foi até o professor.

- Por que você acha que ela fez isso, professor? – Draco perguntou.

Snape olhou pra Draco, um dos seus preferidos e mais talentosos estudantes.

- Eu não sei, Sr. Malfoy. Eu não ignoro talento quando vejo um. E admito que a Srta. Weasley é muito talentosa em Poções. Mas a garota estúpida não quer mostrar isso por alguma razão. Ela poderia facilmente ter avançado para o 7o ano em Poções, mas ela recusou  quando Dumbledore ofereceu. Não sei o que essa garota pensa.

Snape respirou fundo – De qualquer forma, você terminou aquela poção, Sr. Malfoy?

- Sim, já terminei, professor.

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Ginny sentava na confortável poltrona e encarava a parte de trás da cabeça de Draco enquanto sorria. Ela estava muito feliz que ela tinha aceitado o treinamento para Auror.

- Tira uma foto, vai durar mais. – Draco disse frio e então se virou na cadeira e olhou pra ela.

Ginny sorriu mais – Não preciso. Eu já tenho várias.

Draco levantou uma sobrancelha – Por que eu não me surpreendo com isso?

Ginny deu um risinho – Porque você já não deve se surpreender com nada que venha de mim a essa altura.

Draco arqueou um canto da boca – Então eu não devia estar surpreso com a sua proposital reprovação na admissão para o Medica, e ainda ficar feliz com isso.

Ginny franziu o cenho – Como você sabia disso?

Draco balançou a cabeça – Eu te direi como se você me disser por quê.

Ginny fez bico. Ela ficou sentada emburrada se negando a ser chantageada por Draco, mas ela não conseguia imaginar como ele sabia.

- 'Tá bem. – disse por fim – Eu respondi aquela pergunta errado de propósito porque eu queria saber o quanto eu sabia, mas sem ser admitida para o Medica.

Draco estava confuso. Ele pensou sobre isso por um momento e então soube. Ela não queria ir para o Medica porque seus pais não podiam pagar, mas ela também queria saber se era boa o suficiente para entrar. Esse era o motivo de ter respondido errado uma pergunta que ela sabia a resposta. Então se não fosse aceita, não era porque não era boa o bastante, mas era porque ela escolheu não responder certo.

- Então como você sabia, Malfoy? – Ginny interrompeu os pensamentos de Draco.

Draco balançou a cabeça pra livrar-se dos pensamentos e a olhou – Eu estava no quarto dos fundos.

Ginny concordou – Então você ouviu tudo.

- Ouvi. – Draco disse suavemente. Ele pensou um pouco mais sobre isso e ficou frustrado, então se levantou e começou a passear pelo quarto. Ele realmente não entendia como ela tinha deixado passar essa grande chance.

- Sabe, Weasley; até o Snape disse que você tem talento em Poções. Você poderia ganhar tanto conhecimento se fosse pra aquela escola.

Ginny suspirou – Se eu fosse pra lá, Malfoy, eu não poderia fazer negócios aqui mais. Eu tenho que ajudar a pagar aquele empréstimo lembra? Não posso simplesmente esquecer da minha família.

- Por que você não deixa de se preocupar com sua família por uma vez na sua vida e faz alguma coisa por você mesma. – Draco disse intensamente.

- Por que minha família é minha vida, eu faria qualquer coisa por eles. – disse firme.

- Mesmo desistir do seu futuro.

- Eu desistiria da minha vida.

O quarto ficou em silêncio. O significado das palavras dela entrava na mente de Draco. Ela até morreria por eles. O pai dele também arriscou a vida pela família dele. Será que Draco também seria capaz de fazer isso?

Ginny sabia que Draco estava pensando seriamente sobre o que tinha dito.

Ele provavelmente está pensando sobre a família dele. – Ela não queria que ele se lembrasse de momentos tão tristes.

- Não é tão ruim assim, Malfoy. – ela disse suave – Se eu sou tão boa quanto Snape pensa que sou, então eu ainda posso ser uma grande Medi-bruxa, não importa onde vou estudar.

Draco olhou nos seus olhos e só assentiu. Ginny sorriu.

- Ok. Bem, onde está seu remédio. Tenho que ir agora, tenho clientes para atender.

Draco passou a noite inteira sentado em sua cadeira pensando sobre seu pai – Será que posso ser tão bravo quanto você e morrer pela minha família?

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