Capítulo 17
Nos dias seguintes, Ginny aproveitou todas as oportunidades que teve para espiar Felicity. Ela carregava a capa de invisibilidade na mochila (com a ajuda de um feitiço encolhedor) assim quando tinha tempo livre, seguia Felicity e a observava. À noite, Ginny ia até Draco para entregar seu remédio e saía imediatamente para o quarto da garota e a ouvia conversar com as colegas sobre seu passado. Ginny também descobriu que Felicity tinha um diário, o que veio a calhar. Certas éticas morais não valiam mais para Ginny. Para ela, ler diários de outras pessoas era como ler uma lista de supermercado, e não era o primeiro diário que ela lia.
Ginny se jogou na cadeira do seu 'escritório' (o quarto que Draco tinha encontrado com ela pela primeira vez) quando a porta se abriu. Ginny se levantou rapidamente, mas relaxou ao ver que era só Draco.
- O que você está fazendo aqui, Malfoy? – disse mal-humorada.
Draco se encolheu. Agora que sabia que ela era uma garota, a voz grossa e forte de homem não dava com ela. Ele foi até a cadeira em frente à mesa dela e sentou.
- Você pode para de fazer essa voz horrível e tirar essa máscara. Não é que eu já não sabia quem você é.
Ginny sentou direito e murmurou um feitiço trancando a porta, ela não queria que alguém entrasse e descobrisse quem era a Fonte. Então fez sua voz voltar ao normal e retirou a máscara. Ginny olhou pra Draco e ele pôde ver que ela estava muito cansada.
- Quanto tempo faz da última vez que você dormiu, Weasley? – perguntou com uma pontinha de preocupação.
- Três dias – murmurou ela.
- Você quer morrer ou coisa assim, Weasley? – ele gritou.
- Ei! – ela disse na defensiva – Eu tenho trabalho, você sabia? Metade dos garotos de Hogwarts querem saber sobre Felicity Lateris e se eu não responder suas perguntas logo, vou ter que pagar o dobro do dinheiro de volta. – Ginny pegou um frasco e preguiçosamente deslizou pela mesa até Draco.
- Toma. Você pode me poupar a viagem até seu quarto.
Draco pegou o frasco e guardou. Ginny tinha a cabeça na mesa e parecia que tirava uma soneca. Draco se inclinou para ver se ela estava realmente dormindo.
- Eu não morri ainda, se é isso que esta pensando. – Ginny disse ainda com a cabeça encostada na mesa. Draco sorriu.
- Não Weasley. Eu não estava pensando que você tinha morrido. Estou mais interessado em saber o que você fazia indo à Travessa do Tranco durante o recesso de Natal. – Ela levantou a cabeça e olhou pra ele com um sorriso torto.
- Por que Malfoy? Você estava preocupado comigo? – Draco estava um pouco surpreso, mas debochou.
- Não.
- Então, por que você se importa? – perguntou inocente. Draco estava com raiva agora. Era só uma simples pergunta, mas ela tinha que complicar.
- Porque eu não quero que você morra. – disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Ginny estava muito surpresa com a resposta dele. Ela só estava brincando e não esperava que ele fosse dizer algo desse tipo.
- Você não quer? – ela sussurrou. Draco notou seu erro, mas logo o corrigiu.
- Não me entenda mal, Weasley. – disse frio – Eu só não quero que você morra, porque você ainda tem que cumprir a sua parte no nosso acordo. Não posso querer que você morra antes de curar minha Vervexia.
Bela saída. – Draco se cumprimentou e relaxou.
Ginny suspirou e balançou a cabeça – Típico Malfoy. Nunca admitindo que ela realmente se importa.
- Se você quer saber mesmo, Malfoy. Eu estava na Travessa do Tranco coletando os ingredientes para a sua cura. – informou simplesmente.
- Oh. – foi tudo que conseguiu dizer enquanto mentalmente se xingava – E eu pensando que ela ia lá pra se divertir, quando na verdade ela estava buscando a cura pra voc, seu idiota estúpido.
Draco foi tirado de seus pensamentos por bocejos e Ginny se espreguiçando.
- Eu acho melhor ir dormir um pouco, Malfoy. – ela se levantou e arrumou suas coisas na mochila.
- Só mais uma coisa, Weasley.
Ela parou de guardar as coisas e olhou pra ele.
- Sim?
- Por que você não está usando o Legado da sua própria família?
- Porque o Ron ficou com ele. – ela respondeu e voltou a arrumar as coisas.
- Por que Sirius Black deu o dele pra você? Por que não pro Potter? O que ele é seu? – Ginny riu.
- Você já ouviu que a curiosidade matou o gato, Malfoy? Saber tanto pode ser ruim pra você. – ele provocou. Draco fez uma cara carrancuda.
- Acho, então, que você não vai me dizer. – suspirou. Ginny sorriu.
- Normalmente não responderia, mas como é você, vou te contar um pedaço. Sirius não deu a Harry porque Harry tem o seu próprio. Também porque ele sabia que eu precisava, então ele me deu pra me ajudar a ganhar mais dinheiro. Agora, sem mais perguntas. – e voltou a arrumar sua mochila.
Draco se levantou e ficou olhando ela arrumar suas coisas. Ron usando o bracelete parece lógico o suficiente. Ele estava sempre junto com Harry lutando contra o mal, então ele precisava de proteção. Mas Sirius dando o bracelete para Ginny era um pouco surpreendente. Isso significava que sabia o que ela fazia, e ainda aprovava. Talvez eu devesse ajudar também ou algo assim. – pensou.
- É... Weasley? – ele disse hesitante. Ginny parou e olhou pra ele.
- Eu disse sem mais perguntas. – Draco pigarreou inconformado.
- Não é isso... Eu… é… na verdade queria... é... fazer um pedido especial. – Ginny olhou pra Draco com dúvida. Ele parecia meio nervoso ou algo do gênero.
- Tudo bem, então. Que tipo de pedido?
Pensa, Draco, pensa! – Draco olhou em volta da sala tentando achar uma idéia, e então viu um pergaminho com o nome de Felicity Lateris escrito. É isso!
- Eu quero um relatório completo de Felicity Lateris. Não somente um desses relatórios completos, mas um bem detalhado. Eu vou te dar 5 galeões por ele. – disse rapidamente.
Ginny levantou as sobrancelhas. Havia alguma coisa estranha sobre o modo como ele pediu. Ele pareceu gentil ou... encabulado?
- Claro, eu te darei amanhã, então. – respondeu num tom incerto. Draco suspirou.
- Muito bom, então eu te vejo amanhã à noite. – saiu pela porta sorrindo pra si mesmo.
Ginny ainda estava na sala arrumando suas coisas enquanto pensava no comportamento estranho de Draco. Será que ele já estaria gostando da Felicity Lateris?
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Draco lia um livro sentado em um de suas poltronas quando Ginny entrou. Ela marcou a página e levantou. Ginny colocou a mochila em cima de sua escrivaninha e a vasculhava procurando pelo que queria. Draco andou até ela e se sentou na cadeira da escrivaninha, esperando ela acabar o que estava fazendo. Tinha os cotovelos na mesa e tinha a cabeça apoiada em uma das mãos enquanto olhava pra ela.
Ginny finalmente achou o que procurava e tirou um bloco de folhas e entregou a Draco. Ele pegou o bloco das mãos dela e sem nem olhar, o colocou em cima da mesa e pegou 5 galeões dando a ela. Ginny franziu a testa depois de pegar o dinheiro.
- Você não vai nem dar uma olhada? – Draco balançou a cabeça.
- Eu vejo depois. – Ginny sacudiu os ombros e colocou o remédio na mesa pra ele.
- Tudo bem. Mas eu tenho que ir agora. Muitas cartas pra responder.
Draco só assentiu e observou ela saindo do quarto.
Quando Ginny saiu, ele pegou o relatório que ele tinha feito e jogou dentro de uma gaveta. Ele não estava interessado na nova garota; ele só queria uma desculpa para dar a ela algum dinheiro. Ele não podia simplesmente chegar e dar dinheiro a ela, ela podia confundir e achar que ele se importava.
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Umas semanas passaram e Ginny voltou à velha rotina de ficar no quarto de Draco durante vários períodos de tempo. A correria de cartas de garotas querendo saber sobre Felicity tinha cessado, e para Ginny, os negócios tinham voltado ao normal. Mas ela tinha ganhado bastante com informações sobre Felicity. Ginny achou estranho que Draco não tivesse demonstrado nenhum interesse mais em Felicity depois de comprar um relatório completo. Ele não parecia se importar que havia uma fila de garotos querendo sair com ela, mas ela só tinha olhos pra ele. Ginny sabia disso porque não muito depois que Felicity encontrou Draco no corredor, ela tinha vindo à Fonte e pedido um relatório completo dele.
A curiosidade ganhou e ela perguntou.
- Você gosta da Felicity Lateris?
Draco não estava preparado para esta pergunta e só a olhou inexpressivo. Ginny confundiu o olhar no rosto dele com vergonha e só soltou risinhos.
- Não sabia que você tinha tanta vergonha sobre essas coisa, Malfoy? Você deve realmente gostar dela se só a menção do nome dela faz você ficar sem saber o que dizer. – Draco saiu do transe e estava confuso com o que ela falava.
- O que faz você pensar que eu gosto dela, Weasley? – perguntou. Ginny suspirou.
- Bem, você quis um relatório detalhado dela. E você parecia um pouco envergonhado quando me pediu, então eu assumi que você gostava dela ou alguma coisa do gênero.
Draco lembrou o que tinha feito e assentiu com a cabeça. Ginny de novo confundiu as coisas.
- Então você gosta dela? – perguntou de novo.
Draco pensou em dizer não, mas aí ela iria quer saber porque ele quis um relatório completo dela, então pra fazer ela esquecer o assunto ele concordou de uma vez.
- É, eu acho que sim. – ele disse. Ginny sorriu.
- Bem, eu acho que você vai ficar feliz em saber que ela gosta de você também.
- Sério? – Draco disse friamente e não muito interessado.
- Você não parece muito excitado. – ela disse. Draco suspirou. Ela estava ficando irritante.
- O que você tem a ver com isso, Weasley. – rebateu. Ginny fechou a cara.
- Bem, desculpa, Malfoy. Eu só tava curiosa. – então ela começou a arrumar as coisas com mau humor.
Draco se arrependeu de ter sido grosso e só observou ela sair de seu quarto.
Estúpido idiota. Ela só queria saber. – Se xingou mentalmente.
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Era início de Fevereiro e quase todos os alunos de Hogwarts estavam animados antecipando o Dia dos Namorados.
Era sexta-feira à tarde e Draco andava pelo corredor passando por garotas sorridentes apontando pra diferentes garotos. Também tinha garotos por aí conferindo as garotas e sussurrando pros colegas sobre elas.
Draco não se importava com a atmosfera alegre sobre Hogwarts nesta época do ano, mas não queria dizer que ele participaria de ocasiões tão triviais. Ele decidiu sair para tomar um pouco de ar fresco.
Chegou até o lago e viu Ginny encostada numa árvore, sentada numa manta que tinha esticado no chão. Ela não olhou pra ele, mesmo com ele parado bem do lado dela.
- O que você está fazendo aqui, Weasley? – perguntou tentando chamar sua atenção. Ela ainda não olhava pra ele e só respondeu calmamente.
- Só queria sair de lá. – ela então deu palmadinhas no lugar ao lado dela e disse a ele para se sentar. O que ele fez.
- Não compartilha da felicidade na escola? – Ginny sorriu tristemente e balançou a cabeça.
O Dia dos Namorados é para pessoas que têm alguém para amar e serem amadas. Pessoas como eu não podem curtir isso.
Draco deu um sorrisinho.
- Com ciúmes dos casais apaixonados, Weasley? – Ginny só manteve o sorriso triste.
- Não todos os casais, só um. – Draco franziu as sobrancelhas e pensou bastante. Daí pôs uma cara carrancuda.
- Potter – disse – Eu não acredito que você ainda não o esqueceu. – ele reclamou. Ginny riu.
- Eu já esqueci dele. Só invejo o maravilhoso relacionamento dele com a Hermione. – Draco agora estava confuso.
- O que tem pra ser invejado? – Ginny tinha um olhar esperançoso enquanto olhava para o lago.
- Você nunca quis ter alguém especial na sua vida, com quem você sempre pudesse contar e sempre estaria ali? Alguém que te viu nos melhores e piores momentos e não quer que você não seja nada além de você mesmo? Alguém que entenda você mais que você mesmo, e sempre colocará você em primeiro lugar? – Ginny virou para olhar pra Draco e ele viu o olhar desejoso dela.
- É disso que tenho ciúmes. – ela sussurrou. Draco só podia imaginar se um relacionamento desse existe.
- Então você está querendo demais, Weasley. – foi a única coisa que pôde pensar em dizer. Ginny gargalhou.
- Tô, não tô? – ela se levantou e Draco também.
Ele viu como ela dobrava a manta e jogava sobre o braço. Endireitou-se e olhou nos olhos dele.
- Se você quer realmente a Felicity, então chama ela pra sair, Malfoy. Eu acho ela perfeita pra você e você vai se arrepender se outra pessoa pedir primeiro. – Ginny disse antes de voltar ao castelo.
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N/T: Ok. Estou me desculpando aqui pelo H/H. Sei que há muitas pessoas que não gostam, eu sou uma delas. Cogitei a hipótese de mudar o par, mas se o fizesse, a história não faria sentido. Tentei, porém tem certas coisas que não se pode mudar. Desculpem desde já pelas futuras referências H/H. Não me matem, a culpa não é minha.
Mais uma vez, obrigada por todas as reviews. E quanto a pergunta que não quer calar... quando haverá D/G action. Bom, vai demorar um pouquinho, mas não percam as esperanças. Essa história é tão linda! Eu chorei quando a li.
