Capítulo 18

Era Sábado à tarde e faltavam três dias para o Dia dos Namorados. Hogsmeade estava cheio de estudantes de Hogwarts e as lojas locais cheias de pessoas comprando presentes pros namorados.

Ginny andava com Colin e Amy, outra grifinória do 6o. ano, enquanto via os alunos correrem de um lado pro outro. Colin e Amy estavam de mãos dadas e melosos um com o outro, fazendo Ginny se distanciar sem que percebessem. Foi até um espaço entre duas lojas e tirou do bolso sua capa de invisibilidade encolhida. Fez um feitiço para fazê-la voltar ao normal e se cobriu com ela. Ela ia para as lojas colher as informações.

Ano passado, depois do Dia dos Namorados, ela tinha recebido muitas cartas perguntando pra ela descobrir quem tinham sido os admiradores secretos. Muitos garotos deram presentes a garotas sem assinarem seus nomes e elas estavam curiosas, então perguntaram à Fonte quem haviam sido. Ela não estava preparada para isso, resultando em perda de muito dinheiro e ela não iria cometer o mesmo erro duas vezes.

Ginny arranjou várias estratégias que bruxos espiões profissionais usavam. Este particularmente era um pingente de prata que funcionava como uma câmera. Ginny colocou o pingente escondido no caixa de cada loja para que ele gravasse tudo que uma pessoa comprou. Ela iria pegar o pingente e levar pro quarto onde colocaria o 'filme' gravado dentro de uma bola de cristal. A bola era especialmente feita para mostrar o conteúdo gravado. Não havia muitas lojas de presentes em Hogsmeade, então Ginny não teve que comprar muitos 'caça-visão's, o que era bom pois aquilo não era nada barato.

Ela tinha ido a todas as lojas um pouco antes de fecharem para pegar os pingentes, mas tinha uma loja que ela não podia colocar o caça-visão, porque os presentes não eram entregues para o comprador imediatamente. A floricultura. Muitas pessoas foram à floricultura encomendar flores que eram enviadas pra escola no Dia dos Namorados. Colocar um caça-visão não iria adiantar nada. Ao invés disso, Ginny pegou o livro de encomendas, que tinha o nome da pessoa que tinha feito o pedido, as flores encomendadas, a mensagem e também o preço.

Estava ficando tarde e todos os alunos esperavam as carruagens de volta. Foi nessa hora que Ginny foi ao florista com sua capa de invisibilidade. O dono estava nos fundos e Ginny aproveitou e pegou o livro de encomendas do balcão e fez uma duplicata dele. Outro livro apareceu imediatamente e ela o colocou na bolsa. Pôs o livro original de volta no lugar e saiu da loja retirando sua capa e correu até as carruagens. Ela não notou uma figura entrando na floricultura enquanto corria.

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O Dia dos Namorados chegou e todo mundo estava feliz e animado. As aulas foram encurtadas para celebrar a ocasião, então depois do almoço todos tinham tempo livre.

Foi também durante o almoço que as encomendas especiais do florista chegaram. Centenas de corujas com fitas vermelhas amarradas a elas voavam com flores a serem entregues, cartas de amor e caixas de chocolates. Todas as pessoas em volta de Ginny que receberam algo gritavam de alegria. Não era surpresa para Ginny porque ela já sabia o que as pessoas ganhariam; portanto ela só ficou sentada olhando as caras felizes a sua volta.

Ginny quase teve um ataque do coração quando uma caixa vermelha do tamanho de uma caixa de sapatos pousou ruidosamente em sua frente. Imediatamente ela pulou pra trás, colocando a mão no coração. A caixa ficou ali por um tempo porque Ginny estava muito surpresa e não sabia o que fazer. Resultado, ficou olhando pra caixa. De repente, a caixa de abriu e fogos vermelhos explodiram com uma música romântica. Todas as cabeças do Salão se viraram e borboletas rosas e vermelhas voavam em volta espalhando uma essência floral em volta dela. Ginny olhou pra cima e viu que as luzes dos fogos formavam uma mensagem no ar.

Feliz Dia dos Namorados, Virginia!

Ginny estava muito surpresa e levou sua mão à boca aberta, tapando-a. Depois que os fogos e as borboletas voltaram para a caixa, gritos de excitamento surgiram de todos os cantos. Garotas estavam à sua volta dizendo o quão sortuda ela era e perguntavam se ela sabia quem havia mandado. Ginny estava desconfortável devido a toda aquela atenção, acabou por ficar calada e corada durante toda a algazarra. Depois de um tempo, as meninas finalmente a deixaram em paz. Voltaram pros respectivos namorados para reclamar sobre o presente sem graça te tinham ganhado e algumas estavam com ciúmes do romântico presente que Ginny recebeu. Mas muitos olhos ainda estavam nela e até escutou-se algumas críticas.

- Quem diabos é ela para ganhar um presente tão extravagante?

- Eu sei, ela nem é linda nem nada.

- Você acha que ela mandou pra ela mesma pra chamar a atenção?

Ginny pegou a caixa vermelha e saiu do barulhento salão pra voltar pro seu quarto, enquanto muito olhos a seguiam. Hermione, Lavender e Amy também a seguiram. Quando chegaram ao quarto de Ginny, a viram na cama com as cortinas fechadas. Andaram até ela devagar e gentilmente abriram as cortinas revelando uma Ginny sentada na cama abraçando as pernas enquanto olhava fixamente para a caixa vermelha a sua frente. Ela não parecia muito feliz.

Hermione foi a primeira a falar.

- O que houve, Ginny? – perguntou gentilmente – Ainda um pouco chocada por receber um presente de Dia dos Namorados?

- Choque é uma ironia. – Amy gritou excitada – Vocês viram o presente? Foi fabuloso!

Hermione e Lavender a reprovaram, mas voltaram as cabeças para Ginny ao ouvi-la soltar risinhos.

- Está tudo bem, gente. Eu só não estava preparada pra receber um presente tão grande, é isso. Só preciso de um tempo pra registrar na minha cabeça o que aconteceu.

Todas as três suspiraram em alívio.

- Você sabe quem foi que te enviou ele? – Lavender perguntou com um brilho nos olhos.

Hermione e Amy também ficavam excitadas e morriam por saber. Ginny negou com a cabeça.

- Não, eu não tenho idéia quem mandou.

As três garotas pensaram por um tempo e não conseguiram pensar em ninguém também. Ginny não era uma garota muito popular. Ela era reservada e dificilmente se associava com outros meninos exceto Colin, Harry e seus irmãos. Era realmente um mistério quem havia mandado um presente de namorado, especialmente um tão grande.

Hermione. Lavender e Amy saíram do quarto depois que Ginny disse que queria um tempo para pensar. Mas ao longo do resto do dia muitas garotas vieram perguntar se podiam ver o presente. Quando ela abria a tampa, o que aconteceu no salão acontecia de novo só que em menores proporções e elas adoravam ver. Todas disseram como ela tinha sorte e que aquilo era muito romântico. Ginny só agradecia e esperava elas saírem. Teve que esperar até às 10 da noite para ter um tempo sossegada, e saiu para ir à Ala Hospitalar.

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Draco estava sentado na sua cadeira sorrindo consigo mesmo quando Ginny entrou. Ele escondeu o sorriso imediatamente e rodou em sua cadeira virando-se para ela.

Ginny estava parada e sua expressão não era muito boa. Ela bateu com o frasco de remédio na mesa.

- Foi você, não foi? – acusou-o. Draco fingiu estar confuso.

- Do que você está falando, Weasley? – Ginny ficou com mais raiva.

- Estou falando do presente de Namorados. Você sabe, aquele que explodiu e chamou a atenção de todo mundo. – gritou. Draco levantou-se e olhou em seus olhos.

- Primeiro de tudo, ele não explodiu, aquilo se chama fogos de artifício. E segundo, o que faz você pensar que fui eu?

- Só você gostaria de me humilhar na frente de todos, e eu aposto que se divertiu muito também.

- Bem, sua expressão surpresa foi bem engraçada, mas duvido que tenha sido humilhante.

- Como você pode saber, você não era o centro das atenções de toda a escola e nem foi interrogado sobre isso durante o resto do dia. – Draco ficou com raiva.

- Você é realmente incrível, sabia? Qualquer outra garota que recebesse aquele presente estaria agarrada ao cara que o mandou.

- Então você admite que foi você?

- Foi, e se eu soubesse que você reagiria assim, mandaria pra outra pessoa, pelo menos ela iria gostar, como qualquer garota normal.

- Bem, me desculpe que eu não seja normal, mas eu não gosto do fato de você ter usado um presente de Namorado pra tirar sarro da minha cara na presença da escola inteira.

- Não te ocorreu que talvez eu tenha mandado o presente porque eu gosto de você? – Ginny ficou mais furiosa.

- Isso tudo é muito engraçado pra você, não é? – ela nem esperou pela resposta dele e se virou para sair. Draco reagiu rápido e a segurou pelo braço prevenindo sua saída. Ele olhou nos seus olhos e viu o quão miserável ela estava. Ele não esperava que ela tivesse esse tipo de reação. Não estava mais com raiva e sua voz era suave.

- Me desculpa, tá bem? – ele sussurrou.

Os olhos dela se arregalaram e a raiva também passou. Draco quase nunca se desculpava com ninguém.

- Eu não quis te humilhar – continuou com o mesmo tom de voz – Só queria te dar algo em troca pelo cachecol que me deu de Natal. Pensei que fosse gostar.

Ginny olhava pra Draco e sentia vergonha. O presente realmente era maravilhoso, ela só estava com raiva por causa da surpresa, só isso. Depois de ser a Fonte, ela não tinha surpresas mais. Sabia de tudo em primeira mão e tinha se esquecido como era ser surpreendida.

- Eu... hã... quero dizer – enrolou – Foi bonito. Obrigada, Malfoy. Eu só não estou acostumada a surpresas, só isso. – Draco respirou aliviado.

- Então, não está mais brava? – perguntou. Ginny sorriu.

- Não, não estou mais brava. – Draco também sorriu um pouco.

- Estou feliz em ouvir isso.

Ficaram se encarando por um tempo até Ginny falar.

- É melhor eu ir andando. Tenho algumas coisas pra fazer. – disse suavemente.

Draco só assentiu e ela deixou seu quarto. Ele então se jogou na poltrona com um lindo sorriso estampado no rosto.

De volta ao seu quarto, Ginny deitava de lado na cama olhando para a caixa vermelha. Ela tinha um sorriso no rosto e uma gostosa sensação fluindo por ela logo antes de pegar no sono.

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Draco e Harry tremiam enquanto estavam fora do castelo na neve porque o Sr. Gilding os levara ao ar livre para treinar no clima frio.

- Hoje vocês irão defender meus ataques no clima frio. Quando forem Aurores, será esperado de vocês que dêem o melhor sobre quaisquer circunstâncias ou condições. Vocês têm que aprender a bloquear qualquer sentimento, que afetará sua habilidade de lutar. Até... – o Sr. Gilding foi impedido de terminar porque chegou um elfo doméstico e sussurrou algo em seu ouvido.

- Voltarei daqui a pouco, fiquem aqui. – disse e desapareceu dentro da escola.

Draco e Harry se olharam confusos e deram de ombros. Mesmo que Draco gostasse do frio, estando só de calças, camisa e suéter era congelante.

- Eu juro, se eu ficar doente eu com certeza vou informar o diretor e ver ele ser demitido. – Draco disse.

- Você não p-pode pedir para demiti-lo. E-Ele é membro da Ordem. – Harry bateu queixo.

Os dois ficaram ali esfregando os braços para tentar se esquentarem.

- Ei, Malfoy, que tal praticar um pouco para aquecer?

Draco olhou pra Harry e deu um sorrisinho.

- Tô dentro, Potter.

Os dois se afastaram e tomaram posições de duelo. A excitação de duelarem um com outro bloqueava todo frio e agora adrenalina corria pelas veias e estavam prontos para a luta.

Feitiços eram lançados de um lado e de outro, defesas eram feitas e desfeitas. Esse duelo não era tão mortal quanto o que tiveram no segundo ano. Eles estavam se segurando um pouco e se divertindo. Draco lançou um feitiço que mandava uma onda de neve do chão em cima de Harry.

Harry estava enterrado na neve e depois de uns segundos conseguiu tirar a cabeça da neve. Seus óculos estavam tortos e ele tinha um olhar engraçado no rosto.

Draco segurou a barriga de tanto rir. Estava tão concentrado rindo que não reparou Harry saindo debaixo da neve e lançando um feitiço que fez com que um furacão de neve se formasse nos pés de Draco, o jogando pra cima e fazendo com que caísse de bunda no chão.

Era a vez de Harry riu de doer da expressão de Draco. Este se levantou e sacudiu a neve de cima de si. Harry tinha parado de rir, mas ainda tinha um largo sorriso no rosto enquanto andava até Draco.

- Que tal darmos um empate, hein. Malfoy? – Draco guardou a varinha.

- Tudo bem, Potter, mas só dessa vez. – e também sorriu.

Os dois foram em direção à escadaria da entrada do castelo e sentaram em silêncio.

- Ei, Malfoy – Harry disse e Draco se virou pra ele – Você lembra de como nos conhecemos no primeiro ano? – Draco deu um sorrisinho.

- Como poderia esquecer? O grande Harry Potter não quis se associar comigo. – Harry sorriu com tristeza.

- É, bem, o que você acha da gente tentar de novo então? – Harry esticou a mão.

Draco olhou antes de esticar a sua e apertar a de Harry, o indício de uma nova amizade.

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