Capítulo 20

Draco tinha terminado de patrulhar os corredores e voltava pro seu quarto. Quando entrou viu que Ginny já estava ali, sentada numa cadeira ao lado da cama e lendo um pedaço de pergaminho. Ela olhou pra cima e seus olhos se encontraram. Ginny sorriu.

- Como foram os deveres de Monitor-chefe? – perguntou feliz. Draco levantou uma sobrancelha. Ela nunca pergunta sobre coisas tão insignificantes.

- Tudo bem. – disse casualmente.

Draco foi até sua cômoda e pegava suas coisa pra tomar um banho. Estava mexendo nas suas coisas quando Ginny falou.

- Malfoy, por que você me defendeu hoje? – perguntou. Draco ainda vasculhava suas coisas.

- Do que você está falando, Weasley? Eu não te vi o dia todo, como poderia ter te defendido? Não que eu fosse defender você. – disse meio relutante.

- Que tal na biblioteca quando Hermione foi falar com você? – Draco parou o que fazia e se virou carrancudo.

Não era para ela saber disso. – pensou mal-humorado e estava ficando raivoso.

- Você estava me espionando de novo, não é? – falou e fechou a gaveta com violência. Ginny piscou. – Só porque eu sei que você é a Fonte não te dá o direito de saber tudo sobre a minha vida, Weasley. – Draco gritava – Eu não ligo que você fique espionando todo mundo, mas eu acho você irritante. Pára de aporrinhar e me dê um pouco de privacidade, tá?

Ele realmente olhava de cara feia pra Ginny e ela pôde ver fúria nos seus olhos. Ginny estava quase chorando, mas se conteve bem. Pôs uma cara de pedra.

- Eu não estava te espiando de propósito, Malfoy. – disse serena. Se levantou e colocou um pedaço de pergaminho na mesa dele. – Eu só estava recolhendo isso na biblioteca. Eu coloco um debaixo de cada mesa lá; eu não pretendia saber sobre sua conversa com a Hermione.

Ginny não podia olhar nos olhos de Draco e olhava alguns livros que estavam ao lado. Draco ainda estava bravo e foi até a mesa e puxou o pergaminho dela. Olhou pra ele e viu que estava escrito como uma peça de teatro exatamente o que ele e Hermione tinham conversado na biblioteca.

Draco Malfoy: O que você quer, Granger?

Hermione Granger: Eu vim aqui te dar um aviso Malfoy. É melhor você não fazer nada com a Ginny ou então você vai se arrepender.

Draco Malfoy: Não sei do que você está falando, Granger. O que a Pequena Weasley tem a ver comigo?

O pergaminho continuou com a conversa toda escrita. Ele olhou pra Ginny que ainda mantinha a cabeça baixa. Ela respirou fundo e voltou a falar.

- É um feitiço que lancei nos pergaminhos que faz aparecer escrito tudo que qualquer um por perto disser. É o único jeito de eu saber das coisas secretas que acontecem pela escola. – explicou agora olhando pra Draco – Eu prendo eles em todos os lugares, até nas paredes, onde eu faço eles ficarem invisíveis. Eu estava recolhendo eles e lendo o que estava escrito quando me deparei com esse aí. Eu não tava te espionando de propósito, Malfoy, e eu só queria dizer obrigada. – Ginny logo pegou a mochila e correu pra fora do quarto.

Draco estava dividido entre correr atrás dela e continuar furioso. Ele não queria que a Weasley soubesse que ele a tinha defendido. Deixar alguém saber que ele tinha feito uma coisa boa pra alguém foi uma coisa que sempre evitou. Por isso ele explodiu com ela. Na hora que Draco voltou a si, ela já tinha ido há tempos e não adiantava ir atrás. Acabou sentado na poltrona a noite inteira segurando o frasco de remédio vazio enquanto pensava em Ginny e tentando descobrir o que eram os sentimentos que tinha por ela. Era mais tentando negar que sentia alguma coisa com ela.

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Ginny corria o máximo que podia. Virando um e outro corredor até que chegou numa parede particular. Ela bateu na parede num certo ritmo e uma porta dourada surgiu. Ela a abriu e entrou. A porta fechou por trás dela e voltou a ser uma parede de pedra. Ginny estava no Quarto Sagrado do Caráter.

O comprido quarto retangular era iluminado e suas cores variavam do dourado ao creme. O quarto continha 6 espelhos que iam do teto ao chão, três em cada lado do quarto. No meio havia um chafariz extravagante, jorrando uma água pura e cristalina. Atrás do chafariz tinha uma pequena plataforma coberta por lençóis dourados de seda e cheia de almofadas macias cremes.

Os espelhos revelavam cada um uma diferente característica da pessoa. E as seis características eram: Verdade, Conforto, Sonhos, "dio, Negação e Amor.

O espelho de Verdade sempre dizia que realmente estava na mente das pessoas.

O do Conforto fazia você se sentir melhor com palavras de incentivo.

O dos Sonhos falava o que uma pessoa queria e esperava que acontecesse.

O do "dio mostrava a raiva que a pessoas tinha dentro dela.

O da Negação ajudava a negar qualquer verdade dolorosa.

E o do Amor lembrava a pessoa daquilo que ela realmente amava.

Ginny foi sentar nos lençóis macios e se recostou numa enorme e fofa almofada. Ela estendeu a mão direita e alcançou um pedaço de chocolate em cima de uma pequena mesa cheia de frutas e doces. Colocou o chocolate na boca e foi até o espelho do Conforto. O espelho estava coberto por uma cortina. Ela puxou uma corda ao lado que abria a cortina para ver o espelho. O espelho era dourado, trabalhado à mão e possuía a palavra 'Conforto' escrita no topo. Ao lado estava o espelho da Verdade e depois o dos Sonhos. No lado oposto havia o Amor, "dio e Negação.

Ginny olhou no espelho do Conforto e viu sua própria imagem.

- Está bonita, Ginny, querida – a imagem disse a ela – Pega outro chocolate. Eles são 99% sem calorias.

Ginny se viu sorrindo das palavras do espelho, mas uma lágrima rolou pelo seu rosto e arruinou a imagem feliz. Deu as costas pro espelho e lágrimas jorravam pelas suas bochechas agora.

Todas as cortinas que cobriam os espelhos magicamente se abriram e o espelho da Verdade falou.

Ele me odeia. Não porque eu sou uma Weasley, mas por causa do que eu fiz disse a reflexão no espelho. Ginny chorava mais violentamente. A imagem do espelho dos Sonhos chamou do fundo do quarto.

Eu queria que a dor fosse embora

Controle-se, Ginny. E daí que o Malfoy te odeia. Ele é um Malfoy, ele sempre te odiou disse a imagem do "dio.

Você faz o que faz pela sua família, Ginny. Nada importa mais do que eles disse a imagem do Amor.

Todas as vozes faziam Ginny ficar confusa então ela levantou a varinha e fechou todas as cortinas e os espelhos estavam todos cobertos.

Ginny respirava profundamente e saiu da quarto. Tudo o que os espelhos falaram era verdade porque cada um refletia uma parte diferente dela.

Os Espelhos no quarto ajudaram a esclarecer o que Ginny sentia, especialmente o espelho do Amor – Você faz o que faz pela sua família, Ginny. Nada importa mais do que eles. Ela sabia o que fazer agora.

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Draco não pôde se concentrar o dia inteiro porque Ginny não saía de sua cabeça. Ele tinha gritado com ela e agora se sentia terrível.

Não que ela seja importante ou algo assim. – ele ficava dizendo a si mesmo. Mas não ajudava a tirá-la de sua mente ou de seu coração.

Finalmente estava anoitecendo e Draco esperava pacientemente por ela no seu quarto. Uma, duas, três horas. Ele esperou e esperou, mas ela nunca chegou. No início ele estava preocupado que ela não viesse porque ainda estava chateada com ele, mas duraste a última hora ele ficou com raiva por ela fazer ele esperar.

O retrato abriu e Draco encarou Ginny enquanto ela entrava. Ela encarou de volta e andou até a mesa dele e colocou a mochila. Vasculhou dentro dela e tirou um frasco com um líquido vermelho. Ela jogou pra ele que pegou facilmente no ar.

- O que é isso, Weasley?

- Seu novo remédio. – respondeu fria.

- O que aconteceu com o antigo? – perguntou curioso.

- Eu mudei.

Draco olhou o frasco e observou cuidadosamente. Ginny cruzou os braços e o olhava mortalmente.

- Se você tá pensando que eu vou te envenenar, você não precisa se preocupar. Só porque eu levo a vida descobrindo os segredos dos outros, não quer dizer que estou moralmente corrompida o suficiente para querer matar alguém.

Draco sem querer se encolheu diante das palavras duras. Ela claramente ainda estava com muita raiva do que ele disse na noite passada. Então ele se levantou da poltrona e andou até ela. Estendeu os braços um pouco e ia abraçá-la, mas Ginny se esquivou, pegou a mochila e jogou sobre o ombro. Draco se sentiu rejeitado.

- Olha, Malfoy – bufou – Seu remédio é diferente porque eu passei o dia todo criando um novo que pudesse prevenir seus ataques por uma semana inteira. Então bebe logo e eu não vou ter que vir aqui até semana que vem. – Ginny girou os calcanhares e se preparava para sair quando Draco esticou o braço e a puxou de volta.

- Weasley, por que você está fazendo isso? É por causa do que eu disse ontem à noite? – perguntou parecendo arrependido. Ginny puxou seu braço de volta e se virou para encará-lo.

- O mundo nem sempre gira a sua volta, Malfoy. O que eu faço não é necessariamente por causa de você. Eu, na verdade, foi ficar fora com Madame Pomfrey no S. Mungo uns dias e não estarei aqui. Esse é o motivo pelo qual troquei seu remédio.

- Então esse remédio é só por essa semana. – disse esperançoso.

- Não, você vai tomar esse de agora em diante, aí eu não tenho que vir aqui todas as noites. Eu não gostaria de invadir a sua privacidade. – disse enfatizando bem as últimas palavras. Draco ficou com raiva.

- Ei, eu lamento pelo que eu falei ontem à noite, tá bom? O que mais você quer que eu faça? – gritou.

- Não você não lamenta – ela gritou de volta – Então não diga o que você não sente. Eu não quero que faça nada, Malfoy. Só não quero ter que vir aqui toda noite perder meu tempo com você. – Draco estava furioso agora. Ele tentava melhorar as coisas e ela só as tornava mais difíceis.

- Tá bom, Weasley. Faz logo a minha cura aí eu não vou ter que ver sua cara nunca mais. – Ginny tinha os punhos fechados em ódio.

- Tá bom, eu vou fazer o mais rápido possível aí eu fico livre de você de uma vez. – gritou.

Ginny saiu do quarto fumegando. Depois que ela saiu, Draco tirou a tampa do frasco violentamente e entornou o conteúdo goela abaixo. Pegou o frasco e jogou ele contra a parede, fazendo-o se estilhaçar.

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Ginny foi fiel a sua palavra e nos dias seguintes foi embora com Madame Pomfrey para o S. Mungo pra adquirir maior experiência de trabalho.

Draco viu pela janela de sua sala comunal como Ginny se afastava da escola com Madame Pomfrey. Ele a xingou por fazer ele se sentir tão desesperado. Ele quase nunca se desculpava e quando o fez na noite passada, ela jogou as desculpas de volta na cara dele como se não valessem nada.

Bem, você também não é nada, Weasley. Você não significa nada pra mim – tentou convencer a si próprio. E funcionou, mas só por um curto espaço de tempo.

Ela foi tirado de seus pensamentos por uma mão em seu ombro. Olhou pra cima e viu que era de Felicity Lateris.

- Oi, Draco – disse docemente.

- Oi. – respondeu melancólico.

Felicity ignorou seu tom de voz depressivo e continuou com o que queria fazer: convidá-lo para sair.

- Você sabia que vai ter uma festa hoje à noite, no segundo andar numa antiga sala de aula, e eu estava pensando se você não gostaria de ir. Comigo. – disse nervosamente. Draco suspirou cansado.

- Claro, tanto faz. – respondeu indiferente. Felicity estava extasiada. Ela queria gritar e pular, mas se conteve.

- Legal. – disse lutando pra se manter calma – Eu te encontro hoje às 10, então.

Draco só assentiu e Felicity saiu pulando de alegria.

Teimosa, irritante e incompreensível Weasley – Draco pensou rabugento – Já estou sentindo sua falta.

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