Capítulo 21

Draco estava sentado numa cadeira da sala comunal e esperava Felicity. Ele se vestia casualmente com calças pretas, camisa de gola alta cinza e jaqueta preta. O cabelo estava sem gel e meio despenteado porque constantemente passava a mão por ele, tentando parar de pensar em Ginny. A escada rangeu e Draco olhou para ver Felicity descendo. Ela vestia um vestido preto justo e saltos altos. O vestido ia acima dos joelhos.

Draco se levantou e olhava intensamente para Felicity. Ela foi até ele e parou para que a observasse.

- Então, pronto pra ir? – perguntou.

- Tô – Draco disse normalmente – Você está ótima, Lateris.

- Me chama de Felicity – disse sorrindo.

- Claro, vamos então? – estendeu o braço para ela pegar.

Felicity assentiu e agarrou o braço dele; saíram da sala comunal e foram à festa.

A festa era numa antiga sala abandonada no segundo andar. Era enfeitiçada para parecer uma boate, com mesas, cadeiras e namoradeiras. Também tinha um bar onde era servido suco e cerveja amanteigada. A música tocava alto e a sala tinha um feitiço silenciador nela ou então a escola inteira teria acordado.

Draco dançou com Felicity e tomou alguns drinks também. Durante o tempo que estava com ela, não pensou em Ginny nem um segundo. Eles estavam na festa por umas horas e agora se encontravam sentados olhando um casal se agarrando. Draco podia ler as palavras 'Mystical Starlight' brilhando numa das camisas deles até Felicity dizer que queria ir embora. Eles deixaram a festa e ela queria ir até a Torre de Astronomia.

Chegaram na torre e ambos olhavam pela janela. Estavam muito juntos e Draco podia sentir o cheiro do cabelo dela.

- Que xampu você usa? – perguntou de repente.

Felicity estava um pouco surpresa que Draco perguntava uma coisa daquelas, mas só sorriu.

- Você gosta? Uma garota na Ala Hospitalar me deu quando eu fui lá pegar uma embalagem nova do xampu normal. Cheira muito bem, não é? – disse enquanto brincava com seu cabelo.

Draco só conseguiu olhar pra ela e concordar com a cabeça. Ele sabia que Ginny usava o mesmo tipo de xampu porque quando ela dormiu na sua cama da última vez, o cheiro dela ficou e ele sentia o perfume quando ia dormir à noite. Foi também esse cheiro que o ajudou a saber que era ela que queria entrar escondida na sala comunal da Sonserina.

Ele foi tirado de seus pensamentos pela sensação de Felicity se aproximando. Ele olhou pra ela e viu dois grandes olhos castanhos.

- Sabe, Draco – sussurrou – desde que te vi na primeira noite aqui, eu não consegui te tirar da minha cabeça. – Felicity estava muito perto agora e tinha as mãos no peito dele.

Draco continuou olhando pra ela e não se mexeu.

- Eu só queria te dizer que eu realmente gosto de você. – Ela aproximou seu rosto até estarem milímetros de diferença – E eu queria saber se você gosta de mim também. – sussurrou sensualmente e o beijou.

Draco fechou os olhos e aceitou o beijo. Foi ficando mais passional e ele colocou as mãos na cintura dela. Ela puxou a cabeça dele mais pra perto. Mãos não paravam pelos corpos e o ar foi faltando. Depois de algum tempo, eles se afastaram e respiravam pesadamente.

- E aí, o que você acha? – Felicity conseguiu dizer entre as respirações.

- Acho você ótima. – Draco respondeu.

Felicity sorriu abertamente e puxou Draco para outro beijo.

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Nos dias que se seguiram, Draco passou o máximo de tempo que podia com Felicity e a escola toda logo chegou à conclusão que eles eram um casal. O tempo que passava com Felicity era bom, eles conversavam sobre coisas normais, que não eram importantes e na maioria do tempo ficavam se beijando. Draco não se importava com o relacionamento que tinha com Felicity, era bem parecido com os outros namoros que tinha tido com as outras garotas de Hogwarts. Felicity era linda, inteligente e gostava de quadribol, o que vinha a calhar pra Draco. Ela tinha opinião própria e não se exibia como Pansy, o que era bom, mas Draco sabia que apenas um jogo. Não ia durar. Ela provavelmente só o estava usando pela fama e dinheiro, mas ele não ligava porque ele precisava de alguém e ela precisava dele, era só uma troca.

O que eu tenho com a Weasley também é só uma troca. – Pensou triste.

Draco tinha treinamento para Auror naquela manhã com Harry, mas ele não prestava atenção e o Sr. Gilding toda hora gritava com ele.

- O que houve com você, Malfoy? – Harry sussurrou.

- Nada. – respondeu melancólico.

Harry olhou pra Draco com preocupação, mas o deixou quieto sozinho. Draco começou a se concentrar mais para esquecer Ginny por um tempo.

Depois de um pouco de ataques e defesas com o Sr. Gilding, Draco via que alguma coisa não estava certa. Lançou um olhar significativo para Harry entre um ataque e outro; este retornou o olhar assinalando que também havia notado alguma coisa estranha. O Sr. Gilding estava atacando com mais força hoje e eles mal conseguiam se defender.

Harry achou que seria melhor dizer ao Sr. Gilding para aliviar um pouco porque ele e Draco já tinham recebido alguns cortes e queimaduras.

O Sr. Gilding apenas riu maquiavelicamente  - Por que eu aliviaria os ataques quando eu tenho a chance de me livrar de dois garotos irritantes que são vocês? – ele então jogou um feitiço muito forte que mandou Harry e Draco voando para o outro lado da sala fazendo com que eles batessem com força na parede.

Draco e Harry ficaram caídos por pouco tempo, mas logo se levantaram. O Sr. Gilding lançava outro ataque em cima deles e ambos levantaram as varinhas para fazer os feitiços de proteção que aprenderam. Não eram fortes o bastante para fazer os ataques se voltarem contra o agressor, mas eram fortes o suficiente para se protegerem.

- O que faremos agora, Malfoy?

- Como é que eu vou saber?

- Nós não podemos segurar este escudo de proteção pra sempre. Temos que ir chamar Dumbledore ou outro professor.

- Tudo bem, você pode segurar o escudo sozinho alguns segundos enquanto eu lanço um feitiço nele? – Draco perguntou. Harry estava lutando para manter sua varinha em punho.

- Vou tentar. Mas você vai ter que ser rápido. – disse Harry com os dentes cerrados.

Draco assentiu. Ele tinha que agir com rapidez. Parou de fazer o escudo e no mesmo instante, a força do ataque do Sr. Gilding empurrou Harry pra trás. Draco agachou e fez o feitiço.

- Locomater mortis!

Isso prendeu os pés do Sr. Gilding juntos e o ataque  parou porque ele caíra no chão. Draco usou esse tempo para ajudar Harry a se levantar e ambos correram pra porta.

Gilding esticou a mão e pegou o pé de Draco fazendo com que este caísse. Harry se virou para ajudar Draco, mas este o interceptou.

- Vai achar o Dumbledore, rápido!

Gilding livrou os pés e puxava a perna de Draco. Ele também tinha a varinha apontada para Harry, pronto para amaldiçoá-lo, mas Draco chutou sua mão e a varinha voou longe.

- Vai, Potter! – gritou.

Harry correu para buscar Dumbledore. Draco conseguiu se livrar de Gilding e se levantava, mas quando estava de pé, Gilding lhe deu uma chave-de-braço e tentava sufocá-lo.

- Seu traidorzinho patético. Não era para eu te matar, mas acho que vou fazê-lo como bônus. – Gilding sibilou.

- Você não vai se livrar dessa. – Draco disse enquanto lutava para respirar. Gilding riu malevolamente.

- Eu vou sim, mas só depois de pegar o que eu vim buscar. – começou a levar Draco pra fora da sala e ia em direção ao dormitório de Monitor-chefe de Draco. No caminho deram de cara com alguns estudantes e Gilding estuporou todos.

Chegaram à entrada do quarto e Gilding forçou Draco a dizer a senha. Dentro do quarto, Gilding jogou Draco numa cadeira e o manteve preso amarrado por um feitiço.

- O que você quer? – perguntou. Gilding vasculhava o quarto em busca de algo.

- A caixa que seu pai deixou pra você. – Draco se contorceu entre as ataduras.

- Pra que você quer ela e como você sabia que estava comigo? – Gilding ficava frustrado pois não achava a caixa. Ele se virou e se aproximou sua cara na de Draco.

- Diz, jovem Malfoy. Onde está a caixa? – ralhou. Draco curvou o canto da boca.

- Como se eu fosse te falar isso.

Gilding deu um tapa na cara de Draco e sangue escorria do canto de sua boca. Draco continuava com seu sorriso.

- Você pode me bater o quanto quiser, Gilding. Eu nunca vou te falar onde está. – Gilding estava furioso. Ele pegou o rosto de Draco e encarava seus olhos cinza.

- Você realmente é o filho de Lucius Malfoy. Os dois são dois tolos arrogantes – Draco cuspiu na cara de Gilding.

- Quem é você para ofender meu pai? – sibilou. Gilding limpou o cuspe do rosto e socou Draco no olho.

- Seu monte de bosta. Não há nada que uma pequena tortura não resolva.

Gilding empunhou a varinha e lançou o Cruciatus em Draco.

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Enquanto isso, Harry corria o mais rápido que podia até a sala de Dumbledore. Quando ele chegou na estátua, Dumbledore estava parado do lado de fora falando com vários professores.

- Levem todos os alunos para a ala oeste do castelo. Não deixem ninguém vir para este lado até que eu diga o contrário. Está claro? – Dumbledore os instruía. Depois logo se virou e viu Harry.

- Eu já sei de tudo, Harry. Precisamos correr.

Harry assentiu e foi em direção à sala deles. Dumbledore, Snape e McGonagall seguiram atrás.

Eles chegaram à sala, mas Draco e Gilding não estavam mais lá. Dumbledore olhou em volta e decidiu avançar pelo corredor. Não demorou muito e eles começaram a achar estudantes estuporados, caídos no chão. Dumbledore instruiu Snape e McGonagall a ajudá-los enquanto ele e Harry seguiam o rastro de alunos.

Harry e Dumbledore chegaram ao quarto do Monitor-chefe e se entreolharam. Dumbledore agitou a varinha e o retrato abriu abruptamente. Eles entraram no quarto e viram Gilding segurando uma faca contra o pescoço de Draco.

- Ora, olá Dumbledore. – Gilding disse arrogante.

- Deixe o Draco, Gilding. – Dumbledore falou. Gilding riu.

- Não posso deixá-lo ir. Ele vai garantir a minha fuga. – Gilding puxou Draco da cadeira com a faca tão firme contra sua garganta que fez o sangue escorrer.

Draco estava fraco depois do Cruciatus e tinha problemas para andar. Dumbledore e Harry recuavam para que Gilding pudesse sair do quarto.

Dumbledore e Harry seguiam Gilding e Draco a uma certa distância. Gilding ainda mantinha a faca no pescoço de Draco e ameaçava matá-lo se Dumbledore fizesse qualquer movimento.

Eles chegaram aos jardins da escola e Gilding parou. Ele levantou a varinha com seu outro braço e chamou sua vassoura. Ela veio como uma bala e ele colocou Draco sentado na frente dela.

- Voe Malfoy, ou vou cortar sua garganta.

Draco segurou a vassoura enquanto Gilding sentou-se atrás dele com a faca ainda em seu pescoço. Para ficar seguro, Gilding usou sua outra mão para segurar a parte de trás da vassoura.

Eles levantaram do solo enquanto Dumbledore e Harry olhavam. Harry chamou sua própria vassoura e montou nela rapidamente. Ele levantou vôo e ia atrás de Gilding e Draco.

Harry os alcançou e apontava sua varinha para a cabeça de Gilding.

- Deixe o Malfoy ir. – gritou. Gilding sorriu cinicamente.

- Tudo bem, já que você quer. – Ele então empurrou Draco pra fora. Harry ia mergulhar para buscá-lo, mas Gilding usou sua varinha para suspender Harry no ar, o impedindo de voar para pegar Draco.

- Malfoy! – Harry gritou ao debater-se para se mover. Gilding ria maleficamente.

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