Capítulo 23

Draco olhava o mapa que Ginny tinha dado a ele enquanto caminhava pelo corredor. Ele olhou para o papel e depois pro corredor.

Deve ser por aqui – ele dobrou a esquina e, como no mapa, ali estava uma pequena escada. Colocou o mapa no bolso e subiu a pequena escada empoeirada. Lá encima havia uma porta que ele abriu.

A sala era bem iluminada comparando com a sombria escada. Havia uma janela enorme que ia do chão até o teto, o que permitia a luz do luar penetrar e iluminar a sala inteira. Ginny estava sentada de frete pra janela e abraçava as pernas. Ela se virou e olhou pra Draco.

- Está atrasado.

Draco foi até ela e sentou-se ao seu lado.

- A gente tem mesmo que se encontrar aqui?

- Claro que tem. Você tem uma namorada agora, deve querer ter privacidade no seu quarto. Não seria apropriado eu entrar lá de repente. Nos encontrarmos aqui é mais adequado.

- Mas é tão frio e sujo aqui. – reclamou Draco.

Ginny sorriu pra ele e pegou algo que estava em sua mochila. Era o cachecol que ela tinha dado a ele de Natal. Ginny se inclinou e enrolou o cachecol no pescoço de Draco.

- Sabia que você pararia de usar depois que voltasse para Hogwarts, então eu peguei do seu quarto esta tarde para que você o usasse agora.

Ela voltou a sua posição original e pegou um cobertor fino e o jogou sobre as costas. Depois deu a Draco seu remédio. Ele pegou o frasco e tomou.

- Eu estava pensando, Weasley, quantos Quartos Sagrados você conhece?

- Por que? Você quer conhecê-los? – disse enquanto olhava pra ele.

- É, queria, e por que nós não podemos nos encontrar em um deles ao invés daqui? O Quarto da Guerra era bastante interessante. – disse entusiasmado. Ginny balançou a cabeça.

- Eles são quartos lendários, Malfoy. Não podem ser usados assim, só para que nos encontramos e eu possa te dar seu remédio. Se você realmente não gosta daqui, pode pegar seu remédio na Ala Hospitalar. – disse. Draco suspirou.

- Tá bom. Aqui está bom. – disse aborrecido. Ginny sabia que ele não estava feliz com isso e riu do seu comportamento infantil. Draco a encarou.

- O que é tão engraçado?

Ginny controlou o riso – Nada.

Draco a olhou desconfiado e ela de repente se levantou, então Draco também o fez.

- Venha comigo, Malfoy. – disse e correu pela porta.

Draco correu atrás dela, tentando alcançá-la. Dobrando aqui e ali eles foram pelos corredores até ela parar.

Ginny sorriu pra ele e bateu na parede de pedra em um certo ritmo. Cada batida emitia um som musicado. Depois que parou, luzes brilhantes pareciam formar um retângulo e Ginny passou por ele. Draco a seguiu.

O quarto que estavam era grande e iluminado. O teto era em forma de cúpula e tinha lindos afrescos pintados nele.

- Bem-vindo ao Quarto da Música. – Ginny disse animada.

Draco observou à sua volta e viu instrumentos por toda a parte. Havia harpas, órgãos, tambores, flautas, sinos, xilofones, violinos, violoncelos e muito mais. Alguns instrumentos ele nem sabia o nome. Ginny pegou a mão de Draco e o levou ao centro do quarto.

Ela o colocou em frente a um grande objeto coberto por uma capa de veludo. Ela puxou a capa e revelou-se um grande e lustroso piano preto. Draco estava sem fala enquanto circulava o piano correndo a mão sobre ele.

- Você pode tocar alguma coisa pra mim? – Ginny pediu.

Draco parou de examinar o piano e olhou Ginny nos olhos. Ele assentiu e levantou a tampa das teclas. Pegou a mão de Ginny e a levou até o banquinho. A sentou ao lado dele e se posicionou para começar a tocar.

Ginny olhava enquanto os dedos de Draco percorriam as teclas tão naturalmente. A peça que tocava era radiante e magnética, levando Ginny a fechar os olhos e sentir a música. Ele aproveitou a oportunidade e passou a mão por trás dela para tocar as teclas do outro lado. Ginny riu da sua malícia e Draco sorriu. A peça acabou e Draco suspirou contente.

- Isso foi lindo!

- Eu quase me esqueci como é bom tocar. – disse triste. Ginny reparou sua tristeza e teve uma idéia para animá-lo.

- Que tal um dueto? – disse alegre. Draco a olhou e levantou a sobrancelha desconfiado.

- O que você toca?

Ginny sorriu e se levantou. Foi até uma bancada e pegou um violino.

- Qualquer coisa que você toque. – respondeu ao colocar o violino em posição.

Draco sorriu e começou uma peça composta para duetos. Ginny conhecia a peça e logo se juntou a ele.

Tocaram música atrás de música, algumas vezes curtinhas e engraçadas; eles até tiveram uma competição para ver quem conseguia tocar mais rápido. O tempo voou e ambos ficaram cansados. Draco colocava a capa sobre o piano enquanto Ginny devolvia o violino ao seu lugar.

Saíram do quarto e a porta brilhante voltou a ser uma parede de pedra.

- Por que pareceu que você não tocava piano há anos? – Ginny disse enquanto caminhavam pelo corredor. Draco colocou as mãos no bolso.

- Porque eu não tocava há anos.

- Por que?

- Acho que tinha acabado o encanto. Mas você o trouxe de volta pra mim esta noite. – disse e sorriu pra ela.

Ginny também sorriu de volta. Andaram em silêncio até chegarem à escada principal que levava às torres.

- Tenho que descer – Draco apontou para as masmorras.

- Boa noite, Malfoy – ela disse e se virou pra subir.

- Boa noite, Weasley – ele disse suave e voltou pro seu quarto.

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Draco entrou em seu quarto e imediatamente sentiu que havia alguém nele. Andou discretamente pra dentro do quarto e viu Felicity mexendo na gaveta de sua mesinha. Ela deve ter ouvido ele entrar, porque logo fechou a gaveta e sorriu pra ele.

Felicity se endireitou e se afastou da mesa pra sentar na cama.

- Onde você estava?

- Estava patrulhando os corredores. – respondeu e foi até sua mesa – Como você entrou aqui, afinal? – perguntou enquanto verificava o conteúdo de sua mesa e o resto de seu quarto para ver se havia alguma mudança.

- Tenho meus meios de conseguir a senha. Por que? Você não me quer aqui? – pretendia estar chateada e fez beicinho.

- É isso mesmo, não quero. – disse frio. Felicity estava surpresa com a resposta.

- P-Por que?

Draco foi até ela e pegou suas mãso para que ela se levantasse da cama. Ele não gostava que ela sentasse na sua cama e a colocou numa cadeira.

- Porque não gosto que os outros mexam nas minhas coisas.

- Ah, Draco, desculpa. – se desculpou – Prometo que não virei novamente a não ser que você queira, tá bem? – pediu. Draco suspirou.

- Tudo bem. – disse e foi fazer algum dever.

Felicity estava sentada no quarto por 20 minutos enquanto Draco fazia o dever. Estava ficando entediada, então foi até ele e o abraçou por trás pelo pescoço. Ela pôs os lábios perto da orelha dele e sussurrou.

- Você quer que eu fique esta noite, Draco? – perguntou sedutoramente. Draco riu. Virou-se na cadeira e retirou os braços de Felicity do seu pescoço.

- Acho que isso não será necessário. – disse indiferente.

Felicity  franziu a testa.

- Foi bom enquanto durou, Lateris. – Draco respondeu ao seu olhar. – Mas você sabe como é o jogo. É só pela curtição do momento, mas o momento acabou, então eu acho que é hora de terminar. – Felicity ficou furiosa.

- O que você quer dizer; foi só curtição de momento? – gritou. Draco sorriu debochadamente.

- Você realmente não espera que eu acredite que você realmente gosta de mim só depois de ter me encontrado uma vez, espera? Você mal me conhece, Lateris. Ser um casal por uns dias foi divertido, mas você não pode achar que eu iria te levar a sério.

Felicity ficou calada por um tempo e respirou profundamente para conter a raiva. Sabia que se reclamasse, só ia afastá-lo mais. Não, ela ia achar outro modo de atingi-lo.

- Tá, Malfoy, então acabou. Mas eu posso te dizer que eu não vou desistir tão fácil. Você vai ser meu, de um jeito ou de outro. Jogou o cabelo pra trás e saiu do quarto.

Draco balançou a cabeça com nojo.

Como se algum dia eu fosse ser seu. – pensou.

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Draco e Harry estavam sentados na sala vazia onde eles supostamente tinham aula, mas já que Sirius ainda não tinha chegado, eles estavam fazendo nada.

- Ei, Malfoy!

- Oi.

- O que você dá de presente pra uma garota?

Draco olhou pra Harry estranhamente.

- Por que você tá perguntando pra mim? – Harry suspirou.

- É aniversário da Ginny na semana que vem e eu não tenho idéia do que dar pra ela. Talvez você pudesse me ajudar.

É o aniversário da Weasley na semana que vem? Ela nunca me falou. Talvez eu devesse dar algo pra ela também? O que vou dar? Do que ela gosta?

- Malfoy, tá me ouvindo? – Harry disse dando um empurrão em Draco.

Draco parou de pensar e olhou pra Harry.

- Hã..., ah sim, tô ouvindo.

- Bem, então? O que eu dou pra ela? – perguntou com urgência.

- Eu não sei. Por que não vai perguntar pro irmão dela ou um dos seus outros amigos?

- Não posso, eles não conseguem pensar em nada. – Draco suspirou.

- Do que ela gosta?

- Não faço idéia.

Draco franziu a testa. - E ela costumava gostar de você também.

- Bem, você sabe alguma coisa sobre ela que possa te dar uma idéia do que ela gosta?

Harry pensou por um tempo, um bom tempo e nada.

- No que ela é boa? – Draco estava desesperado.

- Ah, ela está treinando pra ser Curandeira.

- Então dê a ela algo que tenha a ver com Curandeiros.

Harry pensou sobre o assunto e assentiu.

- Obrigado, Malfoy. Acho que sei o que vou dar a ela agora.

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Draco não falou pra Ginny que tinha terminado com Felicity porque pensou que ela provavelmente já soubesse, e ele não achava isso algo importante o bastante para falar sobre. Agora que ele estava solteiro de novo, Ginny podia vir ao seu quarto à vontade.

Ela estava sentada no chão com os livros em volta dela e Draco sentava na cama com seus livros em volta também. Ele estava cansado de estudar e se inclinou sobre o travesseiro para relaxar.

- Soube que seu aniversário está perto. – disse casualmente. Ginny continuou lendo seu livro ao responder.

- Pelo Harry, suponho. – disse sem ligar.

- É, ele me perguntou que presente ele deveria te dar.

- Sério? – disse no mesmo tom sem importância. Draco franziu o cenho com a falta de emoção dela.

- É, eu sugeri lingerie – disse tentando tirar alguma reação diferente dela. Funcionou, pois ela riu.

- Claro, Malfoy, eu já sei o que o Harry vai me dar. – virou a cabeça para olhá-lo. – Sua sugestão de algo que tenha a ver com Curandeiros o ajudou bastante a decidir. – Draco sentou-se.

- Então você já sabe o que vai ganhar de aniversário?

Ginny assentiu.

- Qual é a graça disso? – Ginny suspirou.

- É o preço que se tem que pagar por seu a Fonte. – disse triste. Houve um silêncio curto antes de Draco falar novamente.

- Bom, pelo menos você pode dar dicas do que você não gosta do que eles vão te dar antes deles te darem. Aí você pode mudar por outra coisa. – sugeriu. Ginny sorriu tristemente.

- O que eu quero não é fácil de ter. – disse suavemente.

- Sério? Me diz. Aposto que eu consigo. – disse arrogante. Ginny levantou a sobrancelha pra ele.

- Você está propondo uma aposta, Malfoy? – disse sorrindo. Draco arqueou o canto da boca.

- Sim, estou.

- Quais são os termos, então? – Draco estava bastante interessado agora.

- Simples, se eu conseguir te dar o que você quer de aniversário, você vai ter que me mostrar outro Quarto Sagrado.

- E se você não conseguir?

- Impossível. – disse confiante.

- Mas e se for o caso. – disse sorrindo.

- Tudo bem, se eu não conseguir, farei qualquer coisa que você quiser. – Ginny pensou um pouco e concordou.

- Tudo bem, apostemos Malfoy.

Ela estendeu a mão e Draco a apertou.

- "timo, agora, o que é que você quer de presente, Weasley? – Ginny sorriu maliciosamente.

- Um conto de fadas. – Os olhos de Draco se arregalaram.

- O que? Mas eu mal sei o que é isso, como é que eu vou ter dar um? – gritou. Ginny apenas sorriu.

- É você quem tem que descobrir. – pegou seus livros e saiu.

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Ginny saiu do quarto de Draco e pegou sua capa de invisibilidade encolhida da mochila. Ela o aumentou ao tamanho normal e se cobriu com ele. Ginny ia até seu escritório para encontrar Felicity Lateris.

Felicity estava sentada numa cadeira em frente à mesa da Fonte, esperando pela mesma. Ela tinha vindo um tempo atrás para pegar um relatório sobre Draco, e agora queria mais informação. A Fonte entrou por uma porta secreta que havia atrás da mesa e emergiu das sombras.

Ginny, usando seu disfarce, sentou e olhou Felicity nos olhos.

- Como posso ajudá-la, Lateris? – Ginny disse na sua voz grossa.

- Quero saber tudo sobre Draco Malfoy. – Felicity disse com um ar de raiva.

Ginny inclinou-se na cadeira e olhou Felicity friamente.

- O que você que dizer tudo, Lateris? Tem que ser mais específica. – Ginny disse casualmente. Felicity inclinou-se pra frente e encarou Ginny.

- Quero dizer, quero saber todas as suas fraquezas e o que ele mais ama. Sei que ele tem um cofre secreto no quarto e eu quero saber onde é e qual é a combinação. Tem também uma passagem secreta pro quarto dele e quero saber onde e como usá-la. Quero saber quem gosta dele agora e se ele gosta de alguém. Preciso saber que tipo de garota ele gosta, quantas namoradas já teve e quem foram. – Felicity terminou, e respirou fundo. Ginny sorriu debochadamente.

- Essa informação toda vai te custar muito. Vale a pena, só porque ele terminou com você? – perguntou. Felicity a encarou.

- Isso não é da sua conta. Agora me diz quanto vai custar e quando vou ter a informação. – Felicity ralhou. Ginny só suspirou.

- Não posso te dar essa informação.

- O que? – Gritou – Você disse que podia me dizer qualquer coisas que eu quisesse, sobre qualquer um em Hogwarts. E agora você me diz que não pode me dar a informação que eu quero. Por que?

- Porque Draco Malfoy me pagou para manter as informações sobre ele secretas. – Ginny mentiu.

- Te pagarei o dobro se me der a informação. – Felicity gritou. Ginny balançou a cabeça.

- Acordo é acordo. Além do mais, não creio que você possa pagar.

- Como você sabe o que eu posso ou não pagar? – Felicity gritou. Ginny riu dela.

- Você não é tão estúpida, é Lateris? Abra os olhos e olhe com quem está falando. Sei exatamente quanto você tem naquele pequeno cofre em Gringots e confie em mim, não é o bastante. – Felicity chiou e bateu o pé.

- Obrigada por nada, sua lamentável desculpa de Fonte. – disse e saiu da sala.

Uma vez que Felicity tinha ido, Ginny trancou a porta com um feitiço e removeu o disfarce. Deixou a cabeça cair na mesa e gemeu em frustração.

- Não acredito que deixei passar uma chance de ganhar galeões, só pra salvar a pele de Malfoy. – Ginny balbuciou pra si mesma em censura, mas sorriu.

Ela levantou a cabeça de novo e pegou um livrinho de anotações. Folheou até achar sua última inscrição.

Lisa Hutchins, Corvinal  sexto ano – Duas semanas

Ginny pegou uma pena e escreveu mais alguém.

Felicity Lateris (aluna transferida), Sonserina sétimo ano – Uma semana

Ginny fechou o caderninho e suspirou.

Quando você vai parar de brincar e se comprometer com alguém sério?

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