Capítulo 24
Draco tinha três dias para descobrir o que Ginny queria dizer com um conto de fadas e sua cabeça doía pela falta de idéias. A única história que ele conhecia era do Cavalo de Tróia. Ele a conhecia porque estava lendo histórias de guerra quando pequeno e se deparou com ela acidentalmente.
Draco estava sentado no meio da reunião dos monitores murmurando consigo mesmo. – Conto de Fadas? – estava perdido no seu próprio mundo e não ouviu Hermione o chamar.
- Malfoy! – gritou no seu ouvido.
Draco se levantou bruscamente da cadeira por causa do susto.
- Você quer me deixar surdo ou coisa parecida, Granger? – ralhou. Hermione balançou a cabeça e suspirou.
- Realmente, Malfoy, pensei que você se tornaria mais responsável depois de se tornar Monitor-chefe, mas está aí sonhando acordado durante toda a reunião. – Hermione recriminou-o. Draco a encarou emburrado.
- Eu não estava sonhando acordado. Estava pensando em assuntos muito importantes. – discutiu e saiu da sala em direção à biblioteca.
Draco foi até a seção de livros trouxas secretamente e procurava por livros de conto de fadas.
Sei que deve haver algum por aqui. – pensou e puxou um livro e leu sua capa.
O que diabos é Cinderela? – e colocou o livro de volta na estante bruscamente, mas foi surpreendido por alguém pigarreando atrás dele.
Virou a cabeça e viu Hermione parada atrás dele com uma expressão irritada no rosto.
- Sendo um Monitor-chefe, você deveria tratar os livros da biblioteca com mais respeito. – disse ácida. Hermione passou por DRaco empurrando-o e foi colocar o livro no lugar direito.
- O que você está fazendo na seção de trouxas afinal, Malfoy? – Draco franziu o cenho.
- Não é da sua c...
Peraí, Granger é de família trouxa, ela vai saber sobre conto de fadas. – Draco então pigarreou.
- Uh, quero dizer nada muito importante, só procurando alguns contos de fada. Você saberia onde eles estão?
De jeito nenhum eu vou perder essa aposta, mesmo que eu tenha que pedir ajuda pra Granger.
Hermione olhou Draco estranhando-o, mas agachou e pegou alguns livros na parte de baixo da estante.
- Toma, Malfoy, são todos os contos de fada que a biblioteca tem. – e jogou os livros nos braços dele – O que você quer com eles afinal?
Não tem problema em dizer a verdade, eu acho.
- É pra ganhar uma aposta. – respondeu e saiu rapidamente.
Hermione sacudiu os ombros e também deixou a seção trouxa.
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Ginny passou pelo retrato do quarto de Draco, mas foi impedida de entrar por ele parado na frente dela.
- Diabos, Malfoy. O que você tá tentando fazer, me matar do coração? – Ginny disse colocando a mão no peito.
- Não, é só que você não pode entrar no meu quarto nos próximos dias. Estou me preparando para a nossa aposta e você não pode ver nada. – Ela levantou uma sobrancelha.
- Sério? Você já descobriu o que eu quero? – Draco deu um sorrisinho.
- Talvez, agora sai daqui, eu vou pegar meu remédio na Ala Hospitalar nas próximas noites, mas você tem que vir aqui na noite do seu aniversário, tá bem? – Ginny suspirou.
- Tudo bem, aqui, toma seu remédio. – deu a ele o frasco e saiu.
Depois que Ginny se fora, Draco relaxou. Seu quarto tinha papéis por toda parte. Eram cópias dos contos de fada que Hermione tinha dado a ele; ele os copiou e levou pro quarto para analisá-los. Até agora ele descobriu que a maioria tinha príncipes que salvavam donzelas em perigo. Sempre tinha um problema no começo, mas aí o herói, que era o príncipe, resolveria o problema matando o bandido e viveria feliz para sempre com a garota.
Eu não acredito que a Weasley gosta deste tipo de coisa. Bem , aposta é aposta, e eu não vou perder.
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A festa 'surpresa' de aniversário de Ginny tinha terminado e ela finalmente teve uma chance de ir até o quarto de Draco e ver o que ele tinha planejado. Disse a senha e entrou.
Ginny tinha certeza que Draco iria perder a aposta. Ele provavelmente nem sabia o que era conto de fadas, ainda mais dar um pra ela. Ora, ela nem sabia como ele poderia dar um conto de fadas pra ela. Ela tinha pedido isso porque quando era criança, seu pai lia histórias para ela dormir e ela tinha sonhos lindos sobres príncipes em cavalos brancos. Era maravilhoso.
Draco estava sentado na cadeira esperando por ela e no momento que a viu, se levantou para cumprimentá-la.
Ginny sorriu vitoriosa. Não parecia que Draco lhe daria o presente que ela desejava.
- Então, Malfoy, está preparado pra perder? – Draco deu um sorrisinho.
- Não, na verdade, estou preparado pra ganhar. – disse arrogante. Ginny arqueou uma das sobrancelhas.
- Sério? Agora eu realmente quero saber como você planeja ganhar nossa aposta.
- Simples. – Draco disse e pegou um livro de capa de couro vermelha de cima de sua mesa e deu a Ginny. – Acho que isto me qualifica como vencedor.
Ginny pegou o livro e viu a capa. Impresso em letra cursiva dourada estava escrito a palavra Rosalie.
Ginny passou os dedos sobre a palavra abismada – Como você soube que este é o meu segundo nome? – perguntou surpresa. Draco sorriu.
- Vi Granger escrever um cartão de aniversário pra você.
Ginny abriu o livro e leu as primeiras linhas. Era uma vez, uma terra muito distante, onde vivia um fazendeiro que tinha uma esposa, seis filhos e uma adorável filha chamada Rosalie.
Ginny não pôde se segurar mais e sentou em uma das cadeiras perto da mesa de Draco.
- Você escreveu um conto de fadas pra mim? – disse maravilhada e desacreditada.
- Era o que você queria, não era?
- É mais do que eu queria, é absolutamente maravilhoso! – disse animada e voltou a ler seu conto de fadas.
Era uma vez, uma terra muito distante, onde vivia um fazendeiro que tinha uma esposa, seis filhos e uma adorável filha chamada Rosalie. Este trabalhador e sua família viviam numa pequena fazenda longe da cidade. O fazendeiro e sua família trabalhavam juntos para manter a fazenda e assim eles poderiam comprar comida para alimentar a família toda.
Infelizmente, durante um certo ano, a terra do fazendeiro não produziu suficiente trigo para vender e pagar pela comida e outras necessidades. Então o fazendeiro teve que pedir dinheiro emprestado do malvado cientista, Gobbing. O fazendeiro prometeu pagar de volta o dinheiro no ano seguinte, quando ele esperava que a terra melhorasse e produzisse mais trigo.
Por um ano mais, o fazendeiro e sua família viveram felizes juntos, mas quando era hora de colher o trigo para vender e ganhar dinheiro, o fazendeiro descobriu que não era suficiente para pagar o malvado cientista. O fazendeiro estava muito preocupado, e na noite que vendia o prazo, o malvado cientista veio e exigia seu dinheiro de volta.
- Desculpe, senhor – o fazendeiro falou – Por favor, me dê mais um ano, e darei seu dinheiro de volta. – suplicou.
O cientista ficou com raiva e mandou o fazendeiro voando para o outro lado da sala. O barulho acordou a casa inteira e sua mulher e seus filhos vieram correndo para a sala.
O cientista viu a única filha do fazendeiro, Rosalie, e a capturou nos braços.
- Manterei sua filha comigo até você arranjar dinheiro para pagar o que me deve. – e o malvado cientista saiu da casa arrastando Rosalie que gritava.
O cientista fez com que Rosalie o ajudasse com suas poções todos os dias e durante à noite, para impedir que ela fugisse, a transformava numa Rosa Vermelha, e a colocava no batente de sua janela.
Todos os anos o fazendeiro vinha e implorava ao cientista para devolver sua filha, mas o cientista recusava porque era ambicioso e sempre dizia que o fazendeiro não tinha dinheiro suficiente.
Anos se passaram e Rosalie tinha agora 16 anos. Ela era alta e magra com sardas nas bochechas e um longo e sedoso cabelo vermelho. Rosalie era uma garota feliz, mas não tinha amigos porque durante o dia o cientista sempre a mantinha presa na sua escura e sombria casa fazendo poções e à noite a transformava numa Rosa Vermelha para impedir sua fuga.
Foi num dia claro de sol que o Príncipe Drake...
Ginny deu risadinhas e olhou pra Draco que estava sentado na cadeira oposta a ela esperando pacientemente.
- Príncipe Drake? – provocou.
- Bem, não acho que exista outro nome no mundo melhor que este. – disse ele sorrindo.
Ginny sorriu de volta e voltou à leitura.
Foi num dia claro de sol que o Príncipe Drake estava andando pelos arredores da cidade em seu cavalo e veio ao encontro da sombria casa do cientista. Ele tinha ouvido das pessoas do vilarejo sobre todas as ótimas poções que este cientista podia fazer e queria visitá-lo. O Príncipe Drake bateu na porta e esperou pacientemente alguém atender.
O cientista estava fora fazendo negócios, então Rosalie ficou sozinha na casa, mas um feitiço a impedia de passar pela porta da casa. Rosalie abriu a porta e viu a bela face do Príncipe Drake. Ele era alto, tinha os cabelos louros e olhos cinza-prateados.
- Como posso ajudá-lo, senhor? – perguntou educadamente.
- Esperava falar com o grande cientista e saber se pode me ajudar. – respondeu educado.
- Meu mestre está fora no momento, mas pode entrar e esperar por ele se quiser. – informou ao príncipe.
O príncipe assentiu e entrou na casa. Rosalie indicou uma cadeira para o príncipe sentar e ele assim o fez.
- Posso perguntar o que você quer com meu mestre? – perguntou educada.
- Esperava que pudesse me ajudar a curar uma doença que tenho por muitos anos. – contou a ela.
- Talvez eu possa ajudar o senhor.
- Sério? – disse feliz – É uma doença que me faz tossir, se eu respirar poeira me dá falta de ar. – Príncipe Drake disse a Rosalie seus sintomas.
Rosalie assentiu e começou a pegar ingredientes das prateleiras e gavetas.
- O que está fazendo?
- Fazendo sua cura, senhor.
Príncipe Drake sentou em sua cadeira e observou Rosalie agilmente misturar ingredientes num caldeirão. Depois dela ter terminado, colocou um pouco da poção numa garrafa e deu ao príncipe. Ele pegou a garrafa e olhou Rosalie.
- Isto irá curá-lo, senhor.
O príncipe acreditou nela e bebeu a poção rapidamente. Ele não sentiu nenhuma diferença, era incapaz de dizer se funcionou ou não.
Rosalie pegou um punhado de poeira e assoprou no rosto de príncipe. Ele abanou as mãos para clarear a visão e parou.
- Ainda estou respirando! – disse animado. Rosalie sorriu.
- Então isso prova que está curado. – disse. O príncipe estava muito grato.
- Há alguma coisa que possa fazer para recompensá-la por ter me ajudado? – Rosalie sorriu triste.
- Gostaria de ser livre novamente. Pode me ajudar com isso? – perguntou em tom de súplica.
Rosalie então contou ao príncipe sua história e como o cientista era mau e mesmo quando sua família tinha dinheiro suficiente para pagá-lo, ele não a deixava ir.
O príncipe ouviu sua história e armou um plano para salvá-la. E a única maneira de fazer isso era matar o malvado cientista.
Montou um esquema de voltar à noite e matar e malvado cientista enquanto dormia, pediu para Rosalie fazer uma poção que fizesse ela se transformar de rosa de novo em gente.
Era meia-noite e Príncipe Drake entrou na velha casa silenciosamente. Rosalie disse a ele onde o cientista dormia e ele foi direto ao quarto deste. O cientista estava realmente dormindo e não notou quando o Príncipe Drake empunhou sua espada no alto e a atravessou no coração do bruxo. Os olhos do cientista abriram e olharam para o príncipe enquanto sua mão agarrava a espada cravada em seu peito. O Príncipe Drake estava surpreso, mas com toda coragem empurrou mais fundo a espada. O cientista soltou a espada e fechou os olhos.
O príncipe embainhou a espada novamente e desceu as escadas procurando Rosalie. Olhou a casa inteira e finalmente a encontrou no batente da janela da cozinha. Príncipe Drake foi até ela e pegou a poção que Rosalie tinha feito à tarde. Jogou em cima da flor e observou enquanto esta se transformava de volta na garota que conheceu naquela manhã.
- Obrigada, Príncipe Drake.
- Acabou? – Ginny disse desapontada. Draco pigarreou inconformado.
- Bem, eu não sabia como terminá-la. Todos os finais das histórias que eu li eram melosos e chatos, sem mencionar muito clichê. – Ginny suspirou.
- Eu sei, mas mesmo assim, tem que ter um final feliz ou não seria conto de fadas.
- Por que você não me diz como quer que termine, é seu conto de fadas, afinal. – sugeriu.
Ginny pensou por um tempo e concordou. Ela deu o livro a Draco, que o pôs sobre a mesa e pegou uma pena, pronto pra escrever.
- Já que você não quer nada meloso, talvez o Príncipe Drake deveria levar Rosalie de volta para a família dela. – disse – E aí ela viveria feliz para sempre.
Draco pensou na idéia e concordou. – É bem melhor que o príncipe casar com ela, e os dois viverem felizes para sempre. – disse. Ginny assentiu.
- É, agora isso é original o bastante e não muito clichê? – Draco sorriu.
- É bom, mas acho que posso fazer melhor.
Virou-se e começou a escrever a história.
Príncipe Drake tirou Rosalie da sombria e escura casa e disse que a levaria de volta à sua família. Ela subiu no cavalo do príncipe e sentou na frente dele e eles deixaram a casa do malvado cientista.
Príncipe Drake e Rosalie finalmente chegaram à fazenda e ele a ajudou a descer do cavalo.
- Obrigada, senhor, por me libertar e devolver à minha família.
- Era o mínimo que podia fazer em troca de ter curado minha doença.
Rosalie sorriu.
Príncipe Drake pegou um amuleto de seu bolso e colocou na mão de Rosalie.
- Não sei se algum dia nos encontraremos de novo, mas gostaria de lhe dar isto para que se lembre de mim.
Príncipe Drake beijou Rosalie na bochecha e montou seu cavalo. Olhou uma última vez pra ela e foi embora.
Rosalie olhou a maravilhosa jóia que tinha nas mãos e viu o príncipe desaparecer no horizonte. Ela então entrou em sua casa para ver sua família novamente e viver feliz pra sempre.
Draco parou de escrever e deu o livro aberto para Ginny. Ela ficou lá lendo e não notou Draco indo até seu cofre secreto. Quando estava de volta ao lado de Ginny, ela tinha terminado de ler e estava sorrindo.
- Essa foi uma linda história, Malfoy. Acho que venceu a aposta.
- Sabia que iria vencer. – disse confiante – E agora, seu presente de aniversário.
Ginny estava confusa e mostrou o livro – Este era meu prese...
- Não, esse era pra ganhar a aposta. – DRaco cortou. Então pegou a mão de Ginny gentilmente e detrás de suas costas produziu um amuleto prata. – Este é seu verdadeiro presente. – Deslizou a jóia na mão dela.
Ginny segurava o livro firme em uma mão enquanto na outra, que tinha o amuleto, estava parada no meio do ar.
- Mas, Malfoy, não posso aceitar isso. É...
- É só um presente de aniversário – Draco terminou por ela.
Ginny olhou pra Draco e viu que ele era sincero e aceitou o presente.
- Obrigada, Malfoy. – disse sorrindo.
- Feliz aniversário, Weasley.
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